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5 ETAPA QUALITATIVA

5.2 Análise qualitativa das entrevistas em profundidade realizadas em Portugal

5.2.1 Caracterização do perfil dos entrevistados de Portugal 1 Público do CouchSurfing

5.2.2.1 Análises por categoria – Entrevistas com consumidores do CouchSurfing (Portugal)

5.2.2.1.6 Categoria 6: Momento no ciclo de vida

Nas entrevistas de Portugal, notou-se que a motivação dos participantes em utilizar o CouchSurfing esteve muito atrelada ao estágio no ciclo de vida. A fase da vida e as condições que ela tinha no momento foram cruciais para a utilização. A entrevistada 1, por exemplo, destacou dois momentos da sua vida em que teve diferentes motivações para o uso do CouchSurfing. No primeiro momento, na etapa de sua vida em que ainda era estudante, muito jovem e não tinha muito dinheiro para investir em viagens, utilizou o CouchSurfing pela primeira vez como forma de economizar custos de hospedagem na viagem. Porém, em outra fase posterior da vida, a entrevistada destacou que utilizou com o objetivo de explorar mais o intercâmbio de experiências com os locais.

Já o entrevistado 2 relatou que utilizou o CouchSurfing há alguns anos, gostou muito da experiência, mas atualmente não está disposto a viver a experiência novamente, porque se encontra em outro momento da vida no qual, segundo ele, “não tem tempo nem idade”. É interessante que o entrevistado faz referências ao período em que utilizou o CouchSurfing como um momento em que era jovem, com disposição e sem muitas preocupações. Na idade atual, ele afirma que necessita de mais privacidade e diz que se identifica mais com a proposta do AirBnb. O entrevistado atribui o uso do CouchSurfing a uma questão geracional em que

pessoas mais jovens teriam uma mente mais aberta para este tipo de experiência. De forma semelhante, o entrevistado 5 expõe também que o estilo de vida que tinha na época em que utilizou o CouchSurfing era diferente do estilo de vida que tem atualmente e, por isso, não tem interesse em utilizar a plataforma novamente.

O entrevistado 3 reforça esta ideia trazida pelo entrevistado 2 e pelo entrevistado 5, quando afirma que o CouchSurfing está mais indicado para jovens e que atualmente ele “tem idade para isso”, porque é jovem. Porém, ao mesmo tempo, o entrevistado 3 também contradiz este pensamento no momento em que diz que “o limite da idade, somos nós que impomos” e que já conheceu couchsurfers na faixa dos 50 e 60 anos.

Quadro 36 - Citações ligadas à categoria Momento no ciclo de vida (CouchSurfing, Portugal)

Entrevistado Citações

Entrevistada 1 Sem dúvida. Sim, porque quando eu fiz mais couchsurfing foi em dois momentos da minha vida. Um quando era estudante e não tinha muito dinheiro para viajar, mas queria viajar. Então, o CouchSurfing era uma opção bem econômica para alojamento. Outra foi quando eu decidi viajar com a mochila nas costas em que meu interesse maior não era conhecer tanto as atrações da cidade, mas ter experiências com as pessoas locais.

Era porque era muito nova ainda e estava a estudar. Precisava de ficar num alojamento barato.

Eu viajo muito e da primeira vez que utilizei o CouchSurfing foi quando ia fazer uma viagem pela Europa toda durante um mês e ainda era estudante. Então, tinha pouco dinheiro para fazer esta viagem. Entrevistado 2 Foi a única vez que usei. Não foi que a experiência tenha sido má. Simplesmente, eu... Já na minha

idade, não é uma coisa um bocado natural. Ter pessoas em casa e ficar na casa das pessoas. Não gosto muito. Prefiro o AirBnb onde estou mais à vontade, onde tenho a minha privacidade, mais escolha, digamos assim.

Na altura, foi aquilo que disse. Eu tinha saído do Erasmus. Estava muito contente. Já faz muito tempo. Já foi há cinco anos, seis anos. Foi num local um bocado mais longe. Estava extremamente contente com as trocas culturais. Como estava sozinho e vivia sozinho na altura, acho que foi uma experiência que decidi fazer e gostei de fazer. Hoje em dia, não faria, porque não tenho nem tempo nem idade, nem a vontade, para fazer. Acho que é preciso uma certa vontade e um certo tempo. Quando nós fazemos visita, nós tentamos fazer o melhor para que elas também sintam-se à vontade na casa delas. E foi um bocado disso (as trocas de culturas, as trocas de ideias, conhecer novas pessoas, conhecer um bocado o novo mundo). Foi muito bom. Se tivesse na idade mais ou menos até os 27 anos, tava a repetir. Comecei um bocado tarde. Mas, como disse agora, não faria agora.

Nós, em Portugal, temos umas gerações bastante distintas umas das outras. Se nós estivermos a falar da geração mais jovem, pessoas que nasceram depois de 85, sim. Sem dúvida nenhuma, é uma população extremamente aberta, com o nível de tabus bastante menos rígida. Só que Portugal também é um país extremamente tradicionalista e nós temos várias zonas de Portugal onde as pessoas são um pouquinho mais fechadas. Estamos a falar principalmente a nível de norte, temos a zona de Traz-os-montes, a zona do Alentejo... Nestas zonas do interior, estamos a falar de pessoas numa faixa etária bastante mais alta, estamos a falar de 55, 60, 70 e, portanto, que não é fácil, principalmente na parte de CouchSurfing que até gostam de dividir, mas não pessoas que não conheçam. Têm sempre algum receio. E muito menos então de AirBnb. Há pessoas que fazem assim: a senhora mesmo que eu falei são os filhos que inscreveram porque são pessoas que não fazem ideia, não sabem o que é uma conta no Facebook, Twitter. São pessoas um bocado mais fechadas à parte de tecnologia. Por isso, tens um bocado de tudo. Tensa a zona mais até junto ao mar. Por incrível que pareça, a zona de Porto, Lisboa, o Algarve inteiro, são zonas turísticas, zonas que são um bocado perto do mar. São pessoas que já estão mais abertas à plataforma, a este tipo de tecnologia. Mas também tem as pessoas com uma faixa etária um pouco mais avançada, que nem sequer estão interessadas em conhecer, porque há um ditado que diz que “burro velho não aprende novas lições”. E é um bocado isso. As pessoas não querem saber, não estão interessadas, porque já aprenderam tudo que tinham para aprender e isso é para os jovens. Então, funciona um bocado disso. Então, se tu perguntas se Portugal está aberto, meio, meio.

Foi numa altura em que eu estava muito... Não tinha trabalho. Tinha vindo do Erasmus. A vida era um bocado sem preocupações. Era bem por aí. Hoje em dia não tinha nem tempo. Nem disposição para isso. Na altura, foi o momento ideal e correu bem. O CouchSurfing foi no Dubai. Foi extremamente cultural. Foi muito bom, foi diferente, foi engraçado. E quando eles tiveram aqui também, foi bem enriquecedor.

Como disse, já não. Não combina, porque ter uma pessoa em minha casa, da maneira que eu fui educado (cada qual pensa a sua maneira), faz com que eu tenha que ter tempo para esta pessoa, que faça ficar bem recebida, que lhe apresente um bocado a minha cidade, que conheça as tradições, que eu me preocupe um bocado, que eu tome conta desta pessoa. Por isso, que eu faça que ela tenha tido um bom momento tanto na minha casa quanto na minha cidade. Por isso, neste momento, não tenho tempo. Como hóspede também não, justamente por aquilo que eu já falei há algumas semanas atrás. Chega a uma certa idade que a pessoa se dá conta de algumas mordomias como a privacidade. No CouchSurfing, não temos isso. Não é que nem antigamente que, se calhar, eu ia acampar. E era capaz de passar dois ou três dias sem tomar banho. Hoje em dia, eu não consigo sequer imaginar a fazer tal coisa. Portanto, CouchSurfing não.

Entrevistado 3 Tenho idade para isso. Sou jovem. Está mais indicado para jovens. Mas também porque vejo e lido com outros couchsurfers, pessoas de todas as idades. Já tive couchsurfers com 50, 60 anos. Por isso, acho que o limite da idade, somos nós que impomos. É nossa mente. Tudo depende de nós. Por isso, acho que toda a gente pode usufruir disso. Uma pessoa de 60 anos pode estar no sofá de uma pessoa de 20 anos e curtir com ele. Passar um bom momento, não é?

Entrevistado 5 Fiz há seis anos o Couchsurfing e o AirBnb fiz há quatro. Eu há seis anos vivia uma vida muito mais despojada, fazia voluntariado em vários sítios, viajava muito, tentava gastar dinheiro mais nas viagens (alimentação), procurava acampar, ficar na casa de amigos, porque tenho muitos amigos e não precisava utilizar tanto as plataformas, porque ia para sítio onde tinha gente conhecida. Ficava a fazer couchsurfing mais informal. Para mim, fazia todo sentido entrar numa cadeia que se identificasse, que houvesse uma identificação mútua, de estilo de vida.

Mas agora assim, eu... Para mim, a ideia do CouchSurfing eu não tenho tanto interesse em receber pessoas desconhecidas só para conhecer pessoas. Porque eu conheço pessoas suficientes para não sentir tanta necessidade de estar incessantemente a receber pessoas. Mas eu recebo muitas pessoas, amigos ou amigos de amigos em casa. É informal. É por via da minha rede de contatos.

Entrevistado 7 Os primeiros dois anos eu só utilizei para viajar. Depois, eu comecei a receber, porque vivia com uma rapariga, com uma namorada, que não era muito receptiva ao CouchSurfing. Mas assim que me separei dela, desta namorada, comecei a fazer e nunca mais parei. Eventualmente, se eu casar e tiver filhos, eu vou deixar de fazer. Talvez. Penso em fazer até poder.

Entrevistado 8 Eu deixei de fazer couchsurfing por isso mesmo, deixei de ter tempo para poder estar com as pessoas. Porque acho que o Couchsurfing só faz sentido se tu tiveres tempo para poder acompanhar a pessoa. Eu, neste momento, trabalho 12 horas por dia e não consigo, não me dá gozo estar com uma pessoa, dar-lhe a chave de casa, a pessoa ficar lá em casa e eu ir embora, e eu... Para isso, vai ficar em um hostel, vai para um sítio qualquer.

Fonte: Dados do estudo (2018)

Apesar de uma parte dos entrevistados relacionar o uso do CouchSurfing a uma geração mais jovem, esta questão pode ser contraposta com o fato de que três entrevistados estão na faixa dos 40 anos e ainda utilizam o CouchSurfing. No entanto, é interessante observar que a utilização atual ocorre mais no papel de host do que de hóspede. O entrevistado 7, de 41 anos, expressou uma opinião interessante em relação a isso quando disse que pensa em fazer CouchSurfing até quando puder, mas que, se casar e tiver filhos, vai deixar o hábito. Este trecho da fala do entrevistado indica, portanto, que a utilização do CouchSurfing pode estar atrelada à questão do estágio no ciclo de vida.

É importante observar que a questão do momento no estágio do ciclo de vida não foi algo apontado anteriormente pela literatura acerca da economia compartilhada no turismo. Entretanto, há, na literatura acerca do comportamento do consumidor de modo geral, autores

que apontam que o estágio no ciclo de vida é um dos fatores que interferem na decisão dos consumidores (HAWKINS; MONTHERSBAUGH; BEST, 2007; MOWEN; MINOR, 2008). Devido ao fato de a categoria Momento no estágio do ciclo de vida ter aparecido apenas nas entrevistas relacionadas ao público do CouchSurfing de Portugal e não nos outros grupos de entrevistas, optou-se por não incluir tal categoria no modelo teórico proposto para a etapa quantitativa do estudo.

5.2.2.1.7 Categoria 7: Risco Percebido

Nas entrevistas realizadas em Portugal, não foram relatados muitos fatores restritivos do consumo do CouchSurfing. Apenas dois entrevistados (entrevistada 1 e entrevistado 2) mencionaram a possibilidade de dependência do anfitrião durante o período da estadia, a possível falta de privacidade e o receio de incomodar o host.

Acho que às vezes há alguma dependência face ao host, porque, por exemplo, quando vamos visitar uma cidade e temos um tempo limitado. Queremos fazer x coisas durante aquele tempo e o host tem uma expectativa diferente sobre os programas que vai fazer conosco naqueles dias. Depois, nós nos sentimos na obrigação de não dizer que não ao host e fazemos as atividades que eles querem fazer e não as atividades que tínhamos planeado para nossa viagem. Então, há uma certa dependência ou sentimento de dependência do host, e isso pode ser um aspecto negativo (Entrevistada 1).

Mas falta sempre alguma coisa e às vezes, invade um bocado a nossa privacidade. Temos que sair para fazer alguma coisa. Em um mundo de civismo, teoricamente, temos que nos preocupar com a nossa educação e com o que é que as pessoas pensam de nós. Então, a pessoa fica sempre com medo de fazer uma coisa ou outra, de estragar uma coisa sem querer, chegar a fazer uma coisa como eu estou falando agora no tom de brincadeira, deixar o tampo da sanita levantado ou abaixado, exatamente porque estamos na casa da outra pessoa e dizemos: “temos que baixar, temos que baixar”. Por isso, foi bom e tal em nível cultural, mas em nível de privacidade nos falta muito, não estamos à vontade. Não estamos como queremos estar (Entrevistado 2).

Tais questões mencionadas pelos entrevistados não foram encontradas na literatura anteriormente e podem ser vistas como um achado novo da investigação.

5.2.2.1.8 Categoria 8: Percepção de Cocriação de Valor

A Percepção de Cocriação de Valor foi uma categoria também presente nos relatos dos entrevistados de Portugal do CouchSurfing, assim como nos do Brasil. Para os participantes, a cocriação de valor correspondeu ao relacionamento construído entre eles e os anfitriões, que muitas vezes culminou em uma amizade e em experiências memoráveis. Na visão deles, os hosts não ofereceram simplesmente o “sofá” para a estadia e nada mais. Nas entrevistas, as pessoas se disseram surpreendidas ao perceber que os anfitriões ofereceram um pouco do seu tempo livre para mostrar a cidade, apresentaram amigos locais e confiaram neles (ao ponto de dar a chave de casa). Tais experiências levaram o entrevistado 3, por exemplo, a querer ser um couchsurfer e receber pessoas na sua casa em retribuição ao que lhe foi proporcionado por outras experiências com o CouchSurfing.

O entrevistado 4 afirmou que, por ser uma plataforma gratuita, sentiu vontade de oferecer algo em agradecimento ao anfitrião como pagar um jantar ou oferecer umas bebidas. Isso mostra o desejo de cooperar e colaborar com o host. O entrevistado 5 relatou algo parecido quando contou que, assim como o anfitrião recebeu-o com bolo de chocolate, ele também ofereceu um jantar em retribuição. Neste sentido, o entrevistado 5 referiu-se à experiência com o anfitrião como uma “partilha justa”, na qual buscou perceber o que era bom para ter o melhor convívio.

A experiência de cocriação de valor entre o guest e o host agregou conhecimento e sensibilidade aos problemas das pessoas na visão dos entrevistados (entrevistado 3, entrevistado 4, entrevistado 7). O entrevistado 7 expôs que a experiência com o CouchSurfing tornou-o uma pessoa mais aberta a novas vivências, com mais conhecimento de mundo e com menos preconceitos em relação a outras culturas.

Quadro 37 - Citações ligadas à categoria Percepção de Cocriação de Valor (CouchSurfing, Portugal)

Entrevistado Citações

Entrevistada 1 Foi boa. Eu fiquei surpreendida com a amabilidade da pessoa que me tava a receber, porque, afinal, mais do que um sofá para dormir, deu-me um pouco do seu tempo livre para me mostrar a cidade. Convidava-me para jantar e para atividades que ia fazer com os amigos locais também. Isso tornou a minha viagem muito mais interessante. Além do que, algumas pessoas das vezes que fiz CouchSurfing, algumas destas pessoas, acabaram por ficar minhas amigas mesmo. Foi muito bom.

Eu achei que ia ser mais formal, ou seja, que iam me apresentar o local que eu ia poder dormir e iam dizer que horas que eu tinha de chegar para estarem em casa para me receber. No entanto, a experiência foi mais positiva do que eu esperava. Esta pessoa tirou o dia para passear na cidade comigo, mostrar os locais, apresentar-me aos amigos e convidou para jantar. Tive toda uma surpresa boa.

Entrevistado 3 Então, quando fiz Couchsurfing, foi em Frankfurt. Foi esta experiência que eu tive e foi brutal estar no sofá de um desconhecido, acordar e fazer um pequeno almoço, estávamos com ele o dia todo, a tirar o tempo dele para mostrar a cidade a nós. Depois, mais tarde, levou-me também a ser couchsurfer e receber alguém em minha casa para proporcionar um bom momento da mesma maneira que

proporcionaram a mim. Foi mais ou menos isso.

Nós, quando vamos para um hotel, nós já sabemos onde vamos parar, não é? Com todo conforto... Mesmo tendo no CouchSurfing, alguns casos com as fotografias da casa e com os sofás do couch, nós não sabemos bem o que esperar. Não sabemos o que a pessoa é em casa, se é uma pessoa organizada, se é uma pessoa limpa. Não sabemos. Vamos à aventura e vamos. É ir. E as minhas experiências todas as vezes que estive em CouchSurfing foram muito boas. Fui muito bem recebido. As pessoas super bem organizadas, comunicativas. Não é daquelas pessoas que simplesmente vai nos dar o sofá e acabou. Vimos um show juntos, bebemos juntos, saímos juntos. Parecia que tínhamos um elo de ligação, que éramos amigos há um ano ou dois, que já nos conhecíamos. E também para ser couchsurfer e receber uma pessoa estranha em casa, temos que ter mente aberta. Não é qualquer pessoa que tem esta capacidade de fazer isso. E isso também me motiva muito a usar o Couchsurfing.

Eu não olho muito para rótulos nem para imagens. Eu vi se era uma pessoa sociável, que me abriu as portas de casa. Acho até que as descrições que tinham eram bem humildes, poderiam pôr uma descrição bem maior. Mas todos os couchers que eu tive foram super gente boa, a descrição, as fotos da casa. Um dos couchsurfers me deu a chave da casa dele. “Vá dá uma volta e podes chegar a hora que quiseres”. Também é uma responsabilidade para nós e uma loucura da parte dele dar a chave a uma pessoa que não conhece de lado nenhum, né? Há de tudo.

Tive duas experiências diferentes. Duas na Europa e duas na América central, sendo que a América Central é um pouquinho mais subdesenvolvido, um bocadinho diferente, mas foi uma experiência completamente diferente. Porque aquilo era uma família gigante e nós estávamos ali no meio. Foi um

couch muito diferente, muito bom. Aliás, até tenho falado com ele para vir para Portugal para vir nos

visitar. Ele está sempre a dizer: vou, vou, quero ir. Desculpa, qual é a pergunta mesmo. Ah, eu não tenho pontos negativos. Nunca me aconteceu nada de mal. Tudo o que eu tenho é positivo.

Acrescentou valor, conhecimento, o fato de ter sempre pessoas disponíveis para ajudar. Estes couchs têm uma vida. Eles não estão só a receber, porque eles não ganham dinheiro com isso.

Entrevistado 4 Como é uma plataforma que não estamos a pagar nada pelo serviço, é uma coisa gratuita, acho que fica sempre aquele bichinho de “Ah, vamos pagar um jantar ou vamos comprar umas bebidas”. Depois, temos uma conversa ou proporcionar um momento interessante, como forma de agradecimento e eu acho que essencialmente é isso.

Lembro que não estava à espera de conhecer pessoas tão interessantes. Foi muito interessante a nível cultural, porque foi uma experiência cultural muito interessante de partilha cultural, de partilha de ideias. Foi muito interessante neste aspecto.

Eu acho que, no CouchSurfing, acaba por surgir, no meu caso ali, uma amizade.

A maior parte das experiências foram positivas, porque conheci com outras culturas, outras visões. Muitas vezes acabam por alargar um bocadinho as nossas visões. Muitas vezes, no CouchSurfing, aconteceu muito isso: a troca de pontos de vista. Acaba sendo um fator que as pessoas alertam para várias questões e tu se tornas sensível a questões que se calhar não tinha pensado antes. E neste sentido, acaba por alargar um pouco a tua visão das coisas e perceber um bocadinho quais são os problemas das pessoas. No CouchSurfing, tive uma experiência em que as pessoas estavam um bocadinho apertadas e eu resolvi ajudá-las, fazer as compras. Foi no caso que fiquei uma semana também. É normal. As pessoas tentam ser o mais amáveis possíveis e nós também. Nós, pessoas que ficam.

Entrevistado 5 No caso do CouchSurfing, nós fizemos uma apresentação do nosso contexto, de nós. Fomos acolhidos por isso. A pessoa que nos recebeu fez-nos um bolo de chocolate. Deixou um bocado claro qual era o motivo de nos ter aceito. Entretanto, jantamos juntos e houve uma confiança mútua. Só deixou-nos a chave de casa e ia trabalhar. Sentiu-se à vontade conosco. Nós também partilhamos as coisas. Fizemos um coquetel que sabíamos fazer. Fizemos um jantar. Ela deixou-nos lavar roupa. Deixou-nos muito à