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2 ENQUADRAMENTO GERAL

CATEGORIAS DE EXIGÊNCIAS EXEMPLOS

Estabilidade Resistência mecânica a acções estáticas e dinâmicas.

Resistência a impactos, abuso intencional e não intencional, acções acidentais. Efeitos cíclicos (fadiga).

Segurança contra-incêndio Risco de deflagração e desenvolvimento do fogo.

Efeitos psicológicos do fumo e aquecimento. Tempo de alarme (detecção e sistemas de alarme). Tempo de evacuação (caminhos de fuga).

Tempo de sobrevivência (compartimentação ao fogo).

Segurança na utilização Segurança em respeito a agentes agressivos (protecção contra explosões,

queimaduras, pontos e arestas afiadas, mecanismos em movimento, electrocussão, radioactividade, inalação ou contacto com substâncias venenosas).

Segurança a movimentos e circulação (limitações de pavimentos escorregadios, desobstrução de passagens, guardas, parapeitos).

Segurança contra intrusão humana ou de animais.

Permeabilidade Permeabilidade à água (chuva, águas do solo, águas de consumo e residuais).

Permeabilidade ao ar e gás, permeabilidade à neve e à poeira.

Higrotérmica Controlo da temperatura do ar, radiação térmica, velocidade do ar e humidade

relativa (limitações de variações no tempo e no espaço, resposta dos controlos). Controlo de condensações.

Pureza do ar Ventilação e controlo de odores.

Acústica Controlo de ruído exterior e interior (contínuo e intermitente).

Inteligibilidade do som e tempos de reverberação.

Visual Luz natural e artificial (exigências de iluminação, brilho, luminância, contraste e

estabilidade). Luz do sol (insolação). Possibilidade de obscurecimento.

Aspecto dos espaços e superfícies (cor, textura, regularidade, planura, verticalidade, horizontalidade, perpendicularidade.

Contacto visual, internamente e com o espaços exteriores (ligações e barreiras à privacidade).

Táctil Propriedades das superfícies, aspereza, secura, temperatura, flexibilidade.

Ausência de descargas de electricidade estática.

Dinâmica Limitações a acelerações e vibrações (transitório e contínuas).

Conforto de pedestres em áreas com vento.

Facilidade de movimentos (declive de rampas, inclinação de escadas).

Facilidade de manobra (abertura de janelas e portas, controlo de equipamentos).

Higiene Facilidades para limpeza e tratamento do corpo.

Fornecimento de água. Facilidades de limpeza. Evacuação de águas usadas, lixo e fumo. Limitações de emissão de contaminantes.

Conformidade dos espaços

para usos específicos

Número, tamanho, geometria, subdivisão e inter-relação de espaços. Instalações e equipamentos.

Possibilidades de mobilar, flexibilidade.

Durabilidade Conservação do desempenho durante o tempo de serviço exigido, sujeito a

manutenção regular.

Económica Custos de exploração e manutenção.

• Mecânicos:

- Gravidade (peso da neve e água da chuva, pressão do terreno, pressão da água, sobrecargas de ocupação, peso próprio);

- Forças e deformações impostas ou restringidas (pressão do gelo, dilatações térmicas, humidade, assentamentos e deslizamentos de terreno, forças de manuseamento de cargas, forças e deformações de elementos da construção); - Energia cinética (vento, granizo, impactos exteriores e interiores, terramotos,

desgastes);

- Vibrações e ruídos (vento, trovões, trânsito, máquinas, equipamentos domésticos, instalações técnicas).

• Electromagnéticos:

- Radiação (radiação solar, radioactividade, lâmpadas, superfícies radiantes); - Electricidade (Iluminação, electricidade estática, fornecimento eléctrico); - Magnetismo (campos magnéticos).

• Térmicos:

- Térmicos (aquecimento, arrefecimento, temperatura do solo, emissão de calor dos ocupantes, cigarros, aquecimento, fogo).

• Químicos:

- Água e solventes (humidade do ar, águas superficiais e do solo, detergentes, fornecimento e drenagem de águas);

- Agentes oxidantes (oxigénio, cargas electroquímicas positivas);

- Agentes redutores (amónia, agentes de combustão, cargas electroquímicas negativas);

- Ácidos (ácido carbónico, ácido sulfúrico, vinagre); - Bases (cal, cimento);

- Sais (sal em ambientes marítimos);

- Químicos neutros (poeiras, calcário, sílica, gordura, petróleo). • Biológicos:

- Vegetal e microbiano (bactérias, sementes, bolor, raízes, fungos, plantas); - Animal (insectos, pássaros, roedores, térmitas, caruncho, animais domésticos).

Os agentes que influenciam no desempenho do edifício e seus componentes devem ser contemplados separadamente ou em combinação uns com os outros, considerando-se o efeito das suas acções.

A norma ISO 6241 (1984) assume-se de grande importância pela definição de terminologia associada ao desempenho dos edifícios e suas partes, estabelecendo uma base para preparação de normas de desempenho relativas a diversos produtos da construção.

2.3.6 Projecto e facilidade construtiva: conceitos de construtibilidade e edificabilidade

A concepção do projecto para a construção deve proporcionar que esta última ocorra com facilidade, de modo ligeiro e com economia (ALLEN, 1993). Metodologias adequadas na concepção do projecto assumem uma importância crucial na sua qualidade, no sentido de proporcionar a regularidade da construção. Também, o conhecimento e as experiências da construção poderão constituir um contributo de grande utilidade para a concepção dos projectos.

A necessidade da construção se processar com facilidade e de modo eficaz encontra eco nos conceitos de “construtibilidade” e de “edificabilidade”8. Assim, “construtibilidade”9 pode ser definida como “a aplicação e utilização adequada dos conhecimentos e das experiências da construção, durante as várias fases do ciclo de vida de um projecto de construção, como instrumento de garantia do cumprimento dos objectivos do mesmo”. De modo semelhante o termo “edificabilidade”10

designa “a extensão com que o projecto de edifícios proporciona a facilidade da construção, subordinado a todas as exigências para um edifício completo”.

Desde o início dos anos oitenta que a construtibilidade tem vindo a ser estudada por diversos autores, tendo grande parte da investigação sido realizada pelo Construction Industry Institute (CII) nos Estados Unidos, que identificou várias metodologias de aplicação do conceito de construtibilidade. Deste modo, foram identificados procedimentos e orientações para a construtibilidade aplicáveis a diferentes momentos da vida dos projectos, como as fases de planeamento, de concepção, de adjudicação do projecto e construção (CAMPOS; TEIXEIRA, 2003).

Segundo o CII o projecto que enfatiza a construtibilidade assume quatro características comuns (WRIGHT, 1994):

8

Maria Helena Campos e José Cardoso Teixeira (CAMPOS; TEIXEIRA, 2003) referem-se aos termos construtibilidade e edificabilidade como resultado da tradução para o português dos termos respectivos a “constructability” e “buildability”, utilizados na língua inglesa.

9

Conceito de “construtibilidade” apresentado pelo “Construction Industry Institute” (CII) em 1986 nos Estados Unidos da América (CAMPOS; TEIXEIRA, 2003).

10

Conceito de “edificabilidade” apresentado em 1983 pelo “Construction Industry Research and Information Association” (CIRIA) na publicação “Buildability: An Assessment” (EMMITT, 1999)

• Gestores de projecto e construção estão empenhados na eficácia construtiva de todo o projecto reconhecendo a grande influência nos custos das decisões iniciais de projecto; • Estes gestores usam a construtibilidade como uma ferramenta primordial para alcançar

os objectivos de projecto, no que concerne à qualidade, custos e prazos;

• Estes gestores contemplam a construção de forma atempada. Isto significa usar pessoal experiente que possua um entendimento total de como um projecto é planeado e construído;

• Os projectistas estão receptivos à implementação da construtibilidade. Estes pensam a construtibilidade, requerendo o “input” da construção de forma livre e avaliando esse “input” objectivamente.

Um dos aspectos essenciais na definição do edifício consiste na eficácia da sua pormenorização. Neste sentido, e segundo Edward Allen (1993), a construtibilidade pode ser orientada para a facilidade de ligação entre componentes, a minimização de inexactidões e erros, e para a eficiência dos recursos construtivos disponíveis.

A construtibilidade apresenta benefícios associados a melhorias no projecto e na construção, conforme estabelecido nos seguintes pontos (CAMPOS; TEIXEIRA, 2003):

• Melhoria das relações entre intervenientes no projecto; • Melhoria da segurança dos trabalhadores e da obra; • Redução dos defeitos, dúvidas e revisões do projecto; • Redução dos custos globais de projecto;

• Redução dos prazos de projecto;

• Redução de disputas e contenciosos em obra;

• Melhoria da qualidade do projecto e da sua conformidade com as exigências do dono de obra.

No quadro 2.3 contemplam-se algumas orientações para a concepção do projecto no sentido da sua construtibilidade e/ou edificabilidade (CAMPOS; TEIXEIRA, 2003; EMMITT, 1999; ALLEN, 1993; GRIFFITH, 1984; WRIGHT, 1994):

Quadro 2.3 – Orientações na concepção do projecto no sentido da construtibilidade e/ou edificabilidade (CAMPOS; TEIXEIRA 2003; EMMITT, 1999; ALLEN, 1993; GRIFFITH, 1984; WRIGHT, 1994):