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2 ENQUADRAMENTO GERAL

INTERIOR NATUREZA DOS TRABALHOS

4 INTERFACES EM EDIFÍCIOS

4.4 Interfaces sistema-sistema

4.4.4 Envelope e instalações técnicas

As interfaces entre o envelope e as instalações técnicas são estabelecidas tendo em conta a integração de instalações técnicas em fachadas e coberturas, e a conjugação das características do envelope e instalações técnicas com vista ao conforto ambiental34

no interior.

4.4.4.1 Integração de instalações técnicas em fachadas e coberturas

A exibição dos elementos técnicos da arquitectura nas fachadas e coberturas do edifício pode assumir diversos gradientes, desde a simples exposição dos tubos de queda de drenagem pluvial ao longo das fachadas até à exibição de elevadores e diversos tipos de condutas, podendo estes elementos serem visualmente exaltados ou não. Neste sentido, as interfaces entre as instalações técnicas e envelope assumem um forte sentido estético na medida em que a exposição dos elementos técnicos contribui para imagem do edificado.

34 As condições de conforto ambiental são dependentes tanto de parâmetros objectivos como de factores dos utilizadores. Os parâmetros objectivos são independentes do uso do espaço e dos seus ocupantes, podendo ser quantificáveis por unidades físicas (temperatura, ruído, luminância) e contemplam também parâmetros como o espaço e o tempo. Os factores dos utilizadores relacionam-se com a percepção das condições ambientais por parte dos utilizadores, sendo dependente de condições biológicas-fisiológicas, sociológicas e psicológicas (UPC, 1995).

Outro aspecto reside na resolução dos pontos de entrada e terminais de redes de instalações técnicas e implicações inerentes ao desenho arquitectónico, quer num sentido de concepção global como de pormenor.

a) Integração de fotovoltaico e sistemas solares térmicos

Os sistemas solares térmicos funcionam como dispositivos que captam a energia solar e a distribuem sob a forma de calor, nomeadamente para águas quentes domésticas. O tipo de sistema solar mais utilizado é constituído por colectores planos definidos por uma caixa chata isolada na qual circula o termo-fluído. A sua montagem é realizada de modo a optimizar a captação de luz solar, geralmente orientados para o sul e inclinação em relação à horizontal equivalente à latitude no local (na Europa significa uma inclinação de 35-65º). Assim, as coberturas inclinadas viradas a sul constituem as condições ideais para a sua implementação. A implementação de sistemas solares térmicos assume um impacto considerável em termos de imagem do edificado (OA, 2001).

As células fotovoltaicas convertem a luz do sol directamente em electricidade, sendo limpas, silenciosas, dispensam manutenção e são eficientes na utilização da energia. Relativamente à sua integração com o envelope do edifício, novos desenvolvimentos desta tecnologia indicam a sua possibilidade de as integrar na cobertura, paredes, dispositivos de sombreamento e em janelas (OA, 2001).

4.4.4.2 Integração das características do envelope e instalações técnicas com vista ao conforto ambiental no interior

A inter-relação entre o envelope e as instalações técnicas, em conjunção com a definição dos espaços interiores, tem um papel relevante para a satisfação de requisitos de pureza do ar, dos requisitos térmicos e higrométricos e visuais. Ou por outras palavras, pode referir-se a aspectos de conforto ambiental, nomeadamente de conforto visual e climático (UPC, 1995).

a) Influência das interfaces entre envelope e instalações técnicas para o conforto visual

As questões relativas ao conforto visual prendem-se com a comodidade visual dependente de parâmetros como a quantidade de luz (luminância), encadeamento e cor da luz (UPC, 1995).

Envelope e instalações de iluminação podem conjugar-se com vista à obtenção de conforto visual. Numa instalação de iluminação devem ser contemplados os níveis de iluminação e outros critérios tais como a reprodução de cores, a cor aparente da luz, o ambiente em que se encontram as pessoas e as suas tarefas visuais, o controlo de encadeamento e a simultaneidade com a luz natural (VILA ARROYO, 2003).

A relação com o envelope, na medida em que este possibilita a existência de luz natural deve ser devidamente avaliada e compatibilizada. As características da superfície envidraçada, a orientação do edifício em relação ao sol e a proximidade de outros edifícios são factores a considerar.

Em termos de gestão das instalações de iluminação existe a possibilidade de aplicação de sistemas de regulação da iluminação artificial que contemplem as variações de utilização dos ambientes pelos utilizadores e sua dedicação a diferentes actividades. Os sistemas de regulação de iluminação também podem ser definidos de modo a compensar o ganho de luz natural que penetra pelos vidros tendo em vista a eficiência energética, considerando a avaliação da orientação e das características das superfícies envidraçadas.

b) Influência das Interfaces entre envelope e instalações técnicas para o conforto climático

Ao conforto climático pode associar-se a qualidade do ar e o conforto térmico. Os parâmetros para a qualidade do ar incluem a renovação do ar de um determinado local, essencial para a sua qualidade para a respiração e para a eliminação de odores. Os parâmetros térmicos incluem a temperatura do ar, temperatura de radiação, humidade relativa do ar e velocidade do ar. As características do envelope e das instalações de aquecimento, ventilação e ar- condicionado (AVAC) podem ser conjugadas tendo em conta o conforto climático.

As instalações AVAC são as responsáveis pela climatização de um edifício, com o objectivo de criar e manter condições adequadas de temperatura, humidade e pureza do ar. A criação de um clima interior confortável no interior dos edifícios deve partir de determinados pressupostos de concepção como a orientação, percentagem de vãos envidraçados e a sua protecção e a qualidade dos isolamentos. Os sistemas de aquecimento e arrefecimento devem surgir como complementares, a serem utilizados com moderação. A envolvente do edifício deve ter a capacidade de o proteger da radiação do Verão e reduzir a propagação do frio no Inverno. Para tal o edifício deve ser bem isolado e possuir inércia térmica, ou seja deve constituir um sistema que reaja lentamente às variações de temperatura, não permitindo a entrada ou saída muito rápida do calor (FERREIRA, 2005).

A implementação de instalações e equipamentos de aquecimento e ar-condicionado surge da necessidade de estabelecer determinados parâmetros de conforto térmico para os edifícios em complemento às estabelecidas com base em sistemas passivos de controlo, que por si só poderão não garantir essas condições. As instalações de ventilação surgem da necessidade de garantir essencialmente a qualidade do ar interior, pela evacuação de fumos e ar viciado e pela introdução de ar renovado nos diversos espaços dos edifícios.