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2 ENQUADRAMENTO GERAL

I1.6: DURABILIDADE E ADAPTABILIDADE: (ENVELOPE – ESTRUTURAS)

Objectivo

Os elementos da estrutura situados no envelope devem ser protegidos do contacto directo com os agentes exteriores de modo a promover a sua durabilidade. Deve também ser contemplado um determinado grau de individualização dos elementos do envelope face à estrutura de modo a possibilitar a substituição de elementos degradados ou obsoletos tendo em conta a durabilidade e adaptabilidade do edifício.

Verificação

O projecto contempla as seguintes disposições relativas à durabilidade e adaptabilidade dos elementos afectos à estrutura e ao envelope:

I1.6.1 Os elementos da estrutura apresentam-se protegidos do contacto directo com os agentes exteriores, através de disposições estabelecidas ao nível do envelope (interposição de elementos) ou de outros elementos de protecção (camadas sacrificiais, como pinturas ou tratamentos adequados e outros) que garantam a sua durabilidade;

I1.6.2 A ligação entre a estrutura e o envelope possibilita um determinado grau de individualização dos seus elementos, considerando a possibilidade de substituição dos elementos degradados ou obsoletos, nomeadamente de painéis ou revestimentos exteriores.

Notas

No caso de se utilizarem betões à vista devem ser consideradas disposições especiais no sentido de prever a utilização de betões compactos de pouca permeabilidade, um aumento dos recobrimentos das armaduras e uma cofragem cuidada.

A definição dos critérios apresentados pressupõe uma hierarquia dos elementos da estrutura face aos do envelope, em termos de longevidade ou durabilidade dos seus elementos. A verificação do primeiro ponto poderá ser facilmente comprovado através da observação do projecto ou do caderno de encargos, de modo a averiguar a existência de disposições para protecção da estrutura face à exposição aos agentes exteriores.

Na verificação do segundo ponto deve ser estabelecido um juízo crítico, tendo em conta o tipo de solução construtiva adoptada para o envelope e a vida útil dos seus elementos, de modo a estabelecê-los como permanentes ou substituíveis46. Revestimentos que estejam sujeitos a

uma vida útil reduzida devem ser contemplados como substituíveis, devendo ser previstas disposições de suporte e fixação que assim o permitam.

6.4.2 Controlo das interfaces estrutura – interior

O controlo das interfaces estrutura – interior visa observar a adequação da interligação entre a estrutura e o interior. Deste modo, são apresentados os parâmetros a serem verificados, procedendo-se ao seu enquadramento e à definição de critérios a serem considerados no projecto. Posteriormente, é estabelecido o fluxograma que determina o procedimento de verificação dos parâmetros estabelecidos, sendo associado a uma folha de registo de conformidades.

No sentido de sistematizar a análise da interface estrutura – interior, deve ser usado o fluxograma que define o procedimento de controlo e respectivo registo associado, conforme apresentado nos anexos B e C (figura B.2 e quadro C.2).

6.4.2.1 Interface estrutura – interior: parâmetros

O quadro 6.9 sintetiza os parâmetros contemplados no controlo das interfaces estrutura – interior, com a indicação do âmbito ou natureza da interface. Em sequência, é definido o enquadramento para cada parâmetro e indicação dos critérios a serem observados no projecto.

Quadro 6.9 – Síntese de parâmetros para a interface estrutura – interior com a indicação do âmbito da interface

46

Neste sentido assume especial importância as recomendações da norma ISO 15686 (2001) para o planeamento da vida útil do edifício, tendo em conta a distinção de elementos de vida longa (estrutura), substituíveis ou reparáveis e outros factores.

I2.1 Organização (estrutura – interior)

A interface entre a estrutura e o interior deve observar a organização dos espaços e compartimentação do interior e sua interligação com a definição dos elementos estruturais. Neste sentido assume grande importância a localização e configuração dos elementos da estrutura e suas métricas. Deve, também, ser considerado o potencial de integração da estrutura associado a núcleos de serviços (ductos e compartimentos) e de circulações (caixas de escada e elevadores). Por sua vez, a organização do interior e da estrutura deve considerar a existência de plantas com diferentes usos tais como caves para estacionamento automóvel, uso comercial no rés-do-chão e pisos de habitação, que podem também assumir diferentes configurações.

Os regulamentos de segurança contra incêndio em edifícios de habitação (DL 64, 1990) e parques de estacionamentos cobertos (DL 66, 1995) definem um conjunto de requisitos ao nível da compartimentação corta-fogo, com especial incidência nas características das escadas, comunicações horizontais comuns e suas ligações, dos ductos para canalizações, instalações e elevadores. Neste sentido, a associação do betão armado a núcleos de circulação ou serviços pode apresentar também vantagens em termos de segurança contra incêndio, dado o seu bom desempenho em termos de resistência ao fogo. Assim, a interface entre a estrutura e o interior deve contemplar disposições para o desempenho com vista à segurança contra incêndio. De modo a estabelecer referências para o controlo de projecto deve ser verificado o critério definido no quadro 6.10.

Quadro 6.10 – I2.1: Organização (estrutura – interior)

I2.1: ORGANIZAÇÃO (ESTRUTURA - INTERIOR)

Objectivo

A definição da estrutura e do interior deve contemplar as potencialidades inerentes à concepção dos núcleos de circulação e núcleos afectos a instalações, no sentido de desempenharem funções estruturais, apresentando uma localização e configuração adequada às suas funções combinadas.

Verificação

O projecto contempla as potencialidades inerentes à associação da estrutura com as seguintes disposições do interior, caso aplicável e conveniente:

I2.1.1 Caixas de escada; I2.1.2 Caixas de elevador; I2.1.3 Ductos para canalizações.

Notas

Devem também ser contempladas as disposições relativas à segurança contra-incêndio e outras na organização do interior e da estrutura.

A comprovação do critério apresentado pressupõe uma coordenação estreita entre a definição da arquitectura e a estrutura e também de disposições com vista à segurança contra incêndio. A verificação deste parâmetro no projecto deve ser estabelecido através de um juízo crítico, tendo em conta as soluções preconizadas.

I2.2 Organização: circulação automóvel (estrutura – interior)

A organização do interior deve contemplar a definição da estrutura para pisos com diferentes ocupações e necessidades de circulação. Neste sentido, assume especial importância a conjugação da estrutura com a circulação automóvel e estacionamento, nomeadamente em caves, e sua adequação às ocupações nas diversas plantas do edifício.

Assim, a definição da estrutura e do interior devem ser conjugadas no sentido de possibilitar a circulação e parqueamento automóvel, através do controlo das métricas da estrutura e dos espaços necessários a uma correcta funcionalidade. Neste sentido, o edifício além de contemplar as facilidades para a circulação de pessoas, deve também integrar as lógicas inerentes à circulação automóvel. Alguma bibliografia (ADLER, 1999; NEUFERT; NEFF, 1999) apresenta informação relativa às necessidades de acessos, espaços e circulação de veículos, assim como referências para a modulação dos elementos estruturais em estacionamentos.

Segundo Neufert e Neff (1999) o estacionamento perpendicular à faixa de circulação pode considerar afastamentos entre pilares de 4,8 m (2 veículos) ou de 7,10 m (3 veículos), associado a afastamento no sentido transversal de 4,25 m e 8 m. Contudo, deve também ter-se em conta a configuração e espaço ocupado pelos pilares, podendo ser conveniente definir um acréscimo no afastamento entre pilares referido.

Em termos regulamentares destaca-se a Deliberação n.º 41/AM/2004 relativa ao “Regulamento de Construção de Parques de Estacionamento do Município de Lisboa” que define exigências aplicadas à concepção, licenciamento e construção de parques de estacionamento no município de Lisboa. A proposta final para revisão do “Regulamento Geral das Edificações Urbanas” (RGE, 2004) estabelece igualmente disposições aos espaços para estacionamento de viaturas em geral coincidentes com as disposições definidas pelo Município de Lisboa.

Alguns dos aspectos considerados dizem respeito à caracterização dos acessos e definição de zonas de acumulação (espera), dos espaços necessários à circulação (considerando raios de curvatura e cruzamento de veículos) e dos espaços para parqueamento.

O quadro 6.11 estabelece critérios para a verificação do projecto ao nível da circulação e parqueamento automóvel, tendo como referência os dados do “Regulamento de Construção de Parques de Estacionamento do Município de Lisboa”, relativos a parques reservados a

residentes ou serviços de utilização exclusiva dos respectivos edifícios e da proposta final para revisão do RGEU (RGE, 2004).

Apesar destas exigências serem definidas ao nível da organização do interior, considera-se que este âmbito apresenta uma influência decisiva na caracterização dos elementos estruturais, que se devem acomodar às disposições necessárias para o estacionamento e circulação automóvel.

Quadro 6.11 – I2.2: Circulação automóvel (estrutura – interior)