• Nenhum resultado encontrado

2 ENQUADRAMENTO GERAL

ESPECIALIDADE NOME DO TÉCNICO

ARQUITECTURA Arq. Phillip Kurby; Arq. Fernando Carlota ESTRUTURAS Eng.º João Brandão

ÁGUAS E DRENAGEM Eng.º João Palma ELECTRICIDADE/

TELECOMUNICAÇÕES/ SEGURANÇA

Eng.º Nuno Carvalho

AVAC Eng.º Rui Batista

ELEVADORES Eng.ª Susana Lopes

Os questionários abertos proporcionaram a obtenção de uma vasta informação, conforme sintetizado no quadro 5.5.

Quadro 5.5 – Pontos críticos nas interfaces entre as instalações técnicas e o edifício, segundo vários especialistas

PONTOS CRÍTICOS DESCRIÇÃO

Definição da localização e dos espaços afectos às diversas redes de instalações técnicas e equipamentos associados, tais como ductos, armários e compartimentos técnicos, considerando aspectos de racionalização das redes e de organização dos espaços interiores.

Organização das

instalações

Negativos em elementos estruturais (lajes, vigas, paredes resistentes) para atravessamentos de instalações.

Previsão de tomadas (electricidade, TV, telefone), interruptores e pontos de luz em número e localização adequada em função das actividades a realizar nos diferentes espaços e das possibilidades de posicionamento do mobiliário.

Disponibilidade de

equipamentos e dispositivos

Previsão de torneiras de corte ao abastecimento de água em cozinhas e sanitários de modo a facilitar eventuais reparações.

Facilidades de acessos

para manutenção e reparação

Previsão de facilidades de acessos às instalações técnicas e equipamentos de modo a facilitar a sua manutenção e reparação (armários, compartimentos elementos amovíveis, instalações visíveis e outros).

Definição de equipamentos, nomeadamente os electrodomésticos, tendo em conta a sua certificação energética associada ao consumo.

Previsão de disposições que promovam a eficiente gestão energética, a poupança de água e o controlo de desperdícios. (por exemplo, recurso a painéis solares para aquecimento de águas de consumo e aquecimento, reaproveitamento de águas sanitárias e gestão de iluminação).

Aspectos ambientais e

de eficiência energética

Utilização de materiais considerando a sua energia incorporada, a capacidade de reaproveitamento, reciclagem e ainda o impacto para a saúde.

Controlo da integração estética das instalações e equipamentos (interior e exterior) quer através da sua ocultação quer da dissimulação ou visibilidade.

Estética

Compatibilização da localização das condutas de ventilação com a imagem arquitectónica pretendida para o posicionamento das chaminés na cobertura. Controlo da climatização em integração com outras disposições de concepção geral do edifício (orientação, isolamentos e outros) no sentido de promover uma optimização de recursos com vista ao conforto climático das habitações.

Aplicação de equipamentos adequados de combate a incêndio e anti-intrusão. Previsão de iluminação artificial apropriada em conjugação com as características dos espaços e eventual necessidade de balanço com a iluminação natural. Controlo do nível de ruído dos diversos equipamentos (eléctricos, mecânicos).

Desempenho

Controlo do ruído (aéreo, percussão) através da adequada localização das instalações técnicas e equipamentos, utilização de material isolante e outros dispositivos que promovam a atenuação do ruído.

Controlo dos espaços e da localização dos diversos equipamentos electrodomésticos, considerando as actividades a realizar.

Controlo dos pontos de ligação aos equipamentos de cozinha.

Instalações e

equipamentos em cozinhas

Controlo da eficiência dos sistemas de ventilação e exaustão.

Instalações e

equipamentos em sanitários

Controlo dos espaços e da localização dos equipamentos sanitários considerando aspectos antropométricos, a conjugação com a definição das prumadas e ductos afectos às diversas canalizações.

Outros Adequação das características das instalações e equipamentos ao tipo de cliente

5.4 Discussão e sistematização dos resultados

5.4.1 Discussão dos resultados

A realização dos questionários abertos induziu os diversos entrevistados a reflectirem em termos de pontos críticos nas interfaces entre sistemas do edifício, tendo-se verificado, de um modo geral, uma fácil apreensão desta acepção. Contudo, a abordagem a esta noção desdobrou-se em diferentes interpretações tendo-se integrado em diferentes contextos. Deste modo, em consonância com o desenvolvido nos capítulos anteriores, verifica-se que a ideia de interface pode assumir diferentes naturezas e apresentar relevância para diferentes âmbitos do projecto e da edificação.

Os pontos críticos referenciados transpuseram, por vezes, o âmbito da noção de interface que se pretende estabelecer na presente dissertação. Deste modo, algumas das indicações mencionadas aludem a questões de desempenho associadas a determinados componentes ou sistema do edifício que não reflectem um sentido de interface38

(por exemplo, características dos envidraçados “per si”).

Determinados aspectos referidos remetem para questões ligadas à definição dos detalhes, podendo ser contempladas no âmbito das interfaces na pormenorização. Um dos exemplos a este nível refere-se à integração dimensional dos diferentes componentes e materiais do envelope, considerando aspectos estéticos e funcionais, patentes na conjugação de estereotomias, dimensões de vãos e outros factores. Verificaram-se, também, indicações de pontos críticos que remetem para processos construtivos específicos, nomeadamente a definição do betão à vista que tende a assumir simultaneamente funções estruturais e associadas ao envelope.

Muitos dos pontos críticos referenciados integram-se no âmbito estabelecido para as interfaces entre sistemas, cuja natureza é definida ao nível da organização, percepção, desempenho ou junção na interligação entre sistemas, conforme definido no capítulo 4.

38

A definição de limites e fronteiras para a noção de interface pode ser difícil de estabelecer, dado que em última instância todos os componentes e materiais do edifício estabelecem interfaces a um determinado nível. Contudo, no âmbito da presente dissertação este sentido é remetido para as lógicas associadas à interligação entre sistemas do edifício (interface sistema-sistema) ou entre componentes (interfaces na pormenorização). A interligação entre componentes pode ser estabelecida em termos de sistemas diferenciados ou dentro de um mesmo sistema. Contudo, tendo em conta o desenvolvimento do método proposto as interfaces na pormenorização apenas são consideradas no sentido em que são estabelecidas entre componentes de diferentes sistemas.

Diversas indicações de pontos críticos nas interfaces são definidas ao nível da organização dos diversos sistemas no edifício, tendo em conta a sua interligação em termos espaciais e formais, constituindo um aspecto inerente a todos os sistemas do edifício.

O sentido de percepção ou estético nas interfaces entre sistemas foi também contemplado. Alguns dos aspectos mencionados neste sentido referem-se à preponderância arquitectónica dos elementos da estrutura, à integração estética das instalações e ao controlo da relação recíproca entre estrutura, a fachada e o interior.

Questões inerentes ao desempenho dos diversos sistemas foram amplamente mencionadas. Contudo, verifica-se que nem todos os requisitos de desempenho têm especial relevância ao nível das interfaces dado que remetem para as funções restritas de cada sistema face ao edifício. Alguma ambiguidade a este nível pode ser verificada nas questões inerentes ao desempenho do envelope, na medida que este constitui a interface privilegiada entre o meio exterior e o interior, e neste sentido enquadra-se essencialmente na óptica da interface edifício-sítio, que não é desenvolvida na presente dissertação.

No contexto da presente dissertação o âmbito relativo à interface deve implicar um determinado grau de interacção entre sistemas (interface sistema-sistema) ou entre componentes (interface na pormenorização) destacando-se da acepção de sistema “per si” e da sua função mais restrita.

Assim, considera-se que as questões relativas ao desempenho de determinado sistema do edifício, quando contempladas isoladamente, sem a interacção de outros sistemas, não se enquadram no contexto de interface estabelecido na presente dissertação. Assim, a interface definida em termos de desempenho deve ser considerada tendo em conta a interacção mútua entre sistemas com vista a dar resposta aos requisitos dos utilizadores (conforto, térmico, visual, acústico e outros).

As interfaces estabelecidas com as instalações técnicas contemplam um vasto âmbito de questões, sendo o sistema que incorpora mais pontos críticos, nomeadamente ao nível da interacção com o interior. Destacam-se os aspectos referentes às interfaces envolvendo as instalações técnicas com incidência na definição das cozinhas e instalações sanitárias, nomeadamente ao nível da localização dos equipamentos considerando os usos associados a estes espaços.

Outro dos aspectos contemplados ao nível das interfaces prende-se com a adaptabilidade das habitações, patente na flexibilidade entre paredes divisórias e a estrutura de modo a possibilitar a reformulação dos espaços. Ao nível das instalações técnicas destacam-se as referências na definição de facilidades de acessos a instalações técnicas tendo em conta operações de

manutenção e reparação. Ainda relativamente às instalações técnicas são referidos, também, aspectos relativos à capacidade de reaproveitamento e reciclagem destas. Estes aspectos remetem para um entendimento da interface em termos das características da junção entre sistemas e seus elementos.

Em seguida, procede-se a uma sistematização dos dados decorrentes dos questionários abertos, de modo a definir um enquadramento dos parâmetros a constar no método proposto para controlo das interfaces em projectos de edifícios de habitação colectiva.

5.4.2 Sistematização de dados

Os dados decorrentes dos questionários abertos apresentados foram organizados em quadros que sintetizam os pontos críticos definidos para as interfaces entre cada sistema (estrutura, envelope, interior e instalações) e o edifício. Contudo, e no sentido de convergir com a abordagem realizada no capítulo 4, procede-se a uma sistematização dos pontos críticos referenciados em termos de interfaces sistema – sistema39

.

Deste modo, define-se um quadro síntese que estabelece uma correspondência com os seis tipos de interface entre sistemas. Deste modo, procede-se a uma reorganização da informação decorrente da pesquisa de campo que é decomposta no sentido de proporcionar uma selecção de parâmetros a utilizar na metodologia para controlo das interfaces em edifícios de habitação a definir no capítulo 6.

O quadro 5.6 condensa e organiza os diversos pontos críticos nas interfaces referenciados nos questionários abertos em termos de interfaces sistema – sistema. Alguns dos pontos críticos referenciados nas entrevistas não são agora considerados, na medida em que não se enquadram na acepção de interface sistema – sistema (por exemplo, integração das estereotomias do envelope) ou ainda por remeterem a processos construtivos específicos, como é o caso da definição do betão à vista.

39

Ressalva-se um determinado grau de reinterpretação da informação decorrente dos questionários no sentido de organizá-la em termos de interfaces sistema-sistema.

Quadro 5.6 – Sistematização dos pontos críticos nas interfaces sistema – sistema decorrentes da pesquisa de campo

PONTOS CRÍTICOS NAS INTERFACES