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3.3 Empresa Virtual

3.3.3 Ciclo de vida de uma Empresa Virtual

Goranson (1999) descreve a formação de uma EV a partir de uma oportunidade de negócio, onde as empresas parceiras oferecem suas competências umas às outras. Ele propõe cinco etapas que descrevem o ciclo de vida de uma EV, que são:

identificação da oportunidade, seleção dos parceiros, formação, operação e dissolução/reconfiguração (Figura 3.1). Identificação da Oportunidade Identificação do Parceiro Formação da EV Operação da EV Reconfigur ação da EV Identificação da Oportunidade Identificação do Parceiro Formação da EV Operação da EV Reconfigur ação da EV

Figura 3.1: Ciclo de vida de uma EV.

Fonte: GORANSON, H. T. The agile virtual enterprise: cases, metrics, tools. USA: Quorum Books, 1999.

• Identificação da Oportunidade: nesta etapa um agente de negócios (broker), que pode ser um líder em potencial da EV ou um grupo de especialistas, possui a responsabilidade de identificar, refinar e/ou caracterizar a oportunidade de negócio;

• Identificação e Seleção dos Parceiros: uma vez que a oportunidade foi identificada, é necessário encontrar os parceiros adequados para participar na EV. Aqui se criam as metodologias para identificar e auxiliar a desenvolver as competências essenciais dos parceiros. Faz-se necessária uma pré- qualificação e uma qualificação dos parceiros. Pode-se, também, ter um histórico do desempenho de cada parceiro;

• Formação da EV: tendo identificado a oportunidade de negócio e selecionado os parceiros, é necessário elaborar um plano de negócio detalhado, estabelecer comprometimentos mútuos e formar a EV. A EV deve ser cuidadosamente constituída a fim de garantir o sucesso nas suas fases de operação e dissolução. Os atributos que devem ser considerados são os seguintes: re-uso (dos componentes de infra-estruturas de EVs previamente existentes), escalabilidade (agrupar os membros da EV por competências essenciais que se complementem melhor para atender o negócio), organização própria (distribuir a infra-estrutura entre os parceiros) e separação (diminuindo os custos de retirada de parceiros como condição de mudança);

• Operação da EV: tendo sido formada a EV, ela é colocada em funcionamento. A impressão causada ao cliente deve ser a de uma única organização, sendo responsabilidade desta etapa criar uma visão externa semelhante à de uma

organização convencional. Devem ser estabelecidos itens de controle para medir o desempenho dos parceiros e a satisfação entre os parceiros para avaliar o relacionamento entre cliente e fornecedor;

• Dissolução/Reconfiguração da EV: quando a oportunidade é plenamente satisfeita ou quando é necessária alguma modificação na EV, a EV deverá ser dissolvida ou reconfigurada com outro tipo de estratégia. Quando isso acontece, deve existir um processo que identifique e responsabilize os parceiros em relação aos seus respectivos compromissos e obrigações, como por exemplo, a garantia do produto, a preocupação ambiental, os benefícios dos empregados, bem como a análise e distribuição dos ativos e os lucros conseguidos, inclusive os intangíveis.

De uma forma semelhante, segundo Camarinha-Matos e Afsarmanesh (1999a) o ciclo de vida de uma EV representa as fases pelas quais esta passa desde a sua criação até à sua dissolução. Segundo os autores, este ciclo está dividido em, no mínimo, quatro fases, quais são: criação, operação, evolução e dissolução (Figura 3.2). Criação Criação Dissolução Dissolução Evolução Evolução Operação Operação Criação Criação Dissolução Dissolução Evolução Evolução Operação Operação

Figura 3.2: Ciclo de vida de uma EV.

Fonte: CAMARINHA-MATOS, L. M.; AFSARMANESH, H. The virtual enterprise concept. In: ____.

Infrastructures for Virtual Enterprises – Networking Industrial Enterprises. Kluwer

Academic Publishers, 1999a.

• Criação: é a fase onde a EV é configurada. Nela, é detectada uma oportunidade de negócio, são selecionados os parceiros aptos para atender essa oportunidade, estabelecem-se os contratos de negócio, os direitos de acesso e nível de compartilhamento de informação e definem-se os procedimentos de entrada e saída dos parceiros.

• Operação: fase na qual a EV desenvolve os seus PNs visando atingir um objetivo comum. Esta fase requer funcionalidades próprias tais como: mecanismos básicos, seguros, de troca de dados, troca de informação, visibilidade dos direitos de acesso, gerenciamento das ordens de trabalho, processamento das ordens de trabalho, planejamento dinâmico do processo, gerenciamento distribuído de tarefas, coordenação de alto nível das tarefas, etc..

• Evolução: durante a operação da EV podem ser necessárias “evoluções” quando for necessário adicionar ou substituir um parceiro. Esse fato pode acontecer excepcionalmente, por exemplo, no caso da incapacidade (temporária) de um dos parceiros, ou a necessidade de aumentar a carga trabalho, etc.. Funcionalidades similares àquelas utilizadas para a criação da EV são necessárias e devem ser consideradas nesses casos.

• Dissolução: atendida a oportunidade de negócio, a EV pode ser dissolvida. Duas situações podem propiciar a dissolução de uma EV: o cumprimento de todos os objetivos definidos para a EV ou uma decisão (de todos os parceiros envolvidos) em parar a operação da EV. A definição das responsabilidades de todos os parceiros envolvidos é um aspecto importante a ser discutido e negociado. O surgimento de uma nova oportunidade de negócios poderá propiciar a recriação parcial (ou completa) desta EV ou a formação de uma nova.

Percebe-se que ambos os modelos são muito semelhantes quanto aos aspectos de estrutura e de dinâmica de funcionamento. No presente trabalho adota-se o modelo proposto por Camarinha-Matos e Afsarmanesh (1999a) e a palavra “formação” de uma EV, dando a entender a ocorrência das fases de “criação, operação, evolução e dissolução” de uma EV.

A fase de evolução da EV, trata da inclusão ou substituição de uma empresa quando uma EV está em andamento. No presente trabalho, esta fase tem uma abrangência maior e se integra com o ciclo de Gestão do Conhecimento. Os registros das experiências passadas, informação e conhecimento gerados em uma EV podem ser muito úteis para otimizar, não simplesmente a formação de futuras EVs, mas sim o ciclo de vida de futuras EVs como um todo. Propõe-se uma nova abordagem ao longo de todo o ciclo de vida de uma EV, em um sentido mais amplo e necessário, como será visto mais adiante. Mediante o registro das melhores

práticas, informação e conhecimento, e pela disseminação e reutilização dos mesmos, as empresas podem se tornar mais competitivas, otimizando os seus PNs e formando EVs mais eficientes.

Quando surge uma oportunidade de negócio e um grupo de empresas pretende formar uma EV para atender aquele negócio, uma série de normas e procedimentos devem ser seguidos. No ciclo de vida de uma EV, na fase de criação são selecionadas as empresas que farão parte daquela EV, são estabelecidos os contratos de cooperação, os direitos de acesso e compartilhamento da informação e são estabelecidos os critérios de distribuição dos ganhos a serem obtidos. No início da fase de operação da EV, são definidos e distribuídos os PNs entre as empresas participantes da EV. Esses PNs são fundamentais para gerenciar todas as atividades relacionadas ao funcionamento da EV e formam o Processo de Negócio Distribuído (PND). Segundo Klen et al. (1999) um PND é o conjunto dinâmico e temporário de PNs, os quais, integrados, representam o produto final de uma EV.

Segundo Klen et al. (1999), um PND é decomposto em vários PNs, por sua vez, cada PN é decomposto em outros “subPNs” (Figura 3.3). A empresa coordenadora é responsável por gerenciar o PND e coordenar para que os diferentes PNs sejam executados pelas empresas membros.

EV-M1 EV-M2 EV-C EV-M3 Produto Final 1 da EV PN1_1 PN1_10 PN1_11 PN1_22 PN1_11A PN1_22C PN1_22A PN1_22B PN1_10A 22C1 22C2 22C3 PN1_111 Nó 1 Nó 2 Nó 3 Nó 5 Horizonte do tempo EV-M1 EV-M2 EV-C EV-M3 Produto Final 1 da EV PN1_1 PN1_10 PN1_11 PN1_22 PN1_11A PN1_22C PN1_22A PN1_22B PN1_10A 22C1 22C2 22C3 PN1_111 Nó 1 Nó 2 Nó 3 Nó 5 Horizonte do tempo

Figura 3.3: Decomposição de um PND no contexto de uma EV.

Fonte: KLEN, A. P. et al. Distributed Business Process Management. In: L. M. CAMARINHA-MATOS, H. AFSARMANESH. Infrastructures for Virtual Enterprises – Networking Industrial

Na figura 3.3 pode-se observar que existe uma seqüência lógica temporal para a execução dos diferentes PNs. Entende-se que uma empresa membro estará desempenhando uma atividade na qual tem competência diferenciada, mas que pela interação com outras empresas terá a oportunidade, também, de avaliar o seu desempenho. As experiências bem sucedidas, a informação e conhecimento podem auxiliar no aprimoramento do desempenho de futuros PNs em futuras EVs.

Como citado anteriormente, na bibliografia pesquisada existe uma sobreposição entre as definições de EV e OV. Bremer et al. (1999) propõem um modelo para a formação de EVs Globais a partir de OVs. Esse modelo é apresentado a seguir pela importância que representa para o presente trabalho, em função da sua estrutura e abordagem de aspectos culturais.