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3.6 Projetos de Referência na Área de EVs

3.6.5 Projeto THINKcreative

O projeto THINKcreative (Thinking network of experts on emerging smart

organizations) é um projeto que iniciou no ano de 2000 e está sendo desenvolvido

no âmbito do programa IST da Comunidade Européia, por um consórcio formado por institutos de pesquisa e universidades européias (http://www.thinkcreative.org).

O objetivo do projeto THINKcreative é estabelecer um grupo de trabalho que atue como um Conselho Europeu na área de organizações emergentes e inteligentes no contexto da economia do conhecimento. O propósito geral é de identificar e caracterizar as formas organizacionais emergentes, a infra-estrutura necessária, ferramentas para modelagem e aplicação, e necessidades sócio-organizacionais para os próximos 5, 10 e 20 anos. Como objetivos específicos citam-se: entendimento das novas formas de cooperação, esclarecimento das novas relações entre pessoas e organizações (teleworkers, e-lancers), definição dos novos sistemas de valor e desempenho de medição dos intangíveis, identificação da integração necessária entre a produção global e a customização local, e identificação das exigências de treinamento e necessidades sociais (http://www.thinkcreative.org).

Como recomendações gerais do trabalho desenvolvido no projeto THINKcreative, Camarinha-Matos e Afsarmanesh (2004), resumem nos seguintes itens:

• Entendimento e modelagem do comportamento emergente nas novas formas de colaboração é o grande desafio e pré-requisito para a concepção e desenvolvimento da infra-estrutura e serviços de suporte necessários;

• Estabelecimento dos fundamentos teóricos, baseados em modelos e metodologias consistentes já validados;

• Para o estabelecimento dos fundamentos teóricos é necessária a contribuição de outras disciplinas, tais como: sistemas multi-agentes, teoria complexa, sistemas auto-organizacionais, teoria gráfica, análises de redes e teoria de jogos, métodos formais de engenharia, teoria formal, lógica temporal e modal, semiótica, dinâmica de ontologias, metáforas, entre outras;

• Não existe somente uma abordagem formal de ferramentas, não existe uma “linguagem universal”, que cubram adequadamente todas as perspectivas e necessidades para a modelagem das organizações em redes de colaboração. Portanto, a integração e interoperabilidade de diferentes ferramentas e abordagens de modelagem são necessárias;

• Devido à importância crescente dos aspectos humanos nas redes colaborativas, são necessários novos fundamentos para modelagem de aspectos sociais;

• Devem ser desenvolvidos novos modelos apropriados para o tratamento de aspectos tais como obrigações, crenças, compromissos, comportamento e valores.

3.7 Considerações Finais do Capítulo

No ano de 2001, Lima (2001) concluiu que embora existam elementos comuns nos modelos propostos e desenvolvidos por projetos na área de EV e OV naquela época, a situação global estava bastante fragmentada com resultados isolados. Por exemplo, não existia, uma arquitetura de referência padrão que possa ser adotada como base comum de trabalho.

Quatro anos depois da análise de Lima (2001) a situação do estado da arte na área de EV e OV não tem mudado muito. Mesmo existindo uma proposta recente para uma terminologia comum, submetida por Camarinha-Matos e Afsarmanesh (2004), a mesma deve ser discutida e assimilada pela academia em um futuro próximo.

Vivemos em um “mundo em rede” de complexidade crescente, no qual os modelos de colaboração entre empresas têm uma importância relevante para a sociedade atual. O modelo de “Empresa Virtual” é promissor e tem um grande potencial para ser aplicado por empresas, principalmente por PMEs (CAMARINHA- MATOS e AFSARMANESH, 2004). No presente trabalho, propõe-se a aplicação do modelo de EV em um grupo de PMEs, podendo ser estas concorrentes entre si, e defende-se a idéia de que aplicando essa forma de cooperação, pode-se conseguir mais benefícios do que conflitos, tornando estas empresas mais eficientes e competitivas no atual mercado.

O modelo de EV requer maiores esforços para a sua concretização e implantação prática. Faz-se necessário integrar os resultados e experiências de diferentes áreas, tais como sistemas multi-agentes, teoria complexa, sistemas auto-organizacionais, métodos formais de engenharia, semiótica, dinâmica de ontologias, metáforas, entre outras. Uma característica das EVs é a sua existência temporária, visto que uma EV é criada para atender uma oportunidade de negócio e, uma vez concluído o produto, a EV é dissolvida. Com o objetivo de reutilizar experiências bem sucedidas e conhecimento em futuras EVs, propõe-se a criação de um ambiente que permita o relacionamento dessas empresas a longo prazo.

Nos projetos de Evs apresentados anteriormente alguns aspectos comuns chamam a atenção. Um deles é a utilização do conceito de PNs para estruturar, executar e controlar as diversas atividades que ocorrem em uma EV. Percebe-se ainda, que o fluxo de informação entre as empresas que formam uma EV é intenso e fundamental para a concretização do ciclo de vida de uma EV. Os projetos liderados pela Comunidade Européia, principalmente, têm se concentrado em desenvolver metodologias e soluções de infra-estrutura computacional que forneçam suporte à criação e operação das EVs baseado nos PNs.

A gestão da informação ao longo dos PNs de uma EV, além de ser importante para a efetivação do ciclo de vida da EV, pode ser útil e vital para o sucesso das futuras EVs. No presente trabalho defende-se a idéia de que a gestão da informação e também do conhecimento, são fundamentais para propiciar um melhor desempenho das empresas, tornando-as mais eficientes e competitivas.

Em uma EV existe conhecimento sendo criado e reutilizado. Em empresas, principalmente em PMEs, o conhecimento poucas vezes é documentado, ficando o mesmo retido na mente de algumas pessoas. Se esse conhecimento for documentado, organizado e socializado, de forma que possa ser reutilizado em futuros trabalhos, será de grande valia para o aprimoramento dos PNs de uma organização. Esse processo tem a ver com a Gestão do Conhecimento.

O tema de Gestão do Conhecimento é abordado no próximo capítulo com o intuito de compreender melhor o que é conhecimento e como esse conhecimento pode ser gerenciado, visando sua aplicação em um ambiente de EVs.

4 GESTÃO DO CONHECIMENTO

4.1 Introdução

Desde os primórdios da humanidade algumas pessoas têm se preocupado com a forma de passar o conhecimento para as próximas gerações. Da mesma forma, universidades e instituições de ensino, desde a sua criação, têm se interessado nos processos de criação, aplicação e disseminação do conhecimento. Em um período curto de tempo, entre 1986 e 1989, surgiram vários projetos e eventos tratando sobre o tema: “como administrar o conhecimento explicitamente”. Em 1989, nos Estados Unidos de América foi realizada uma pesquisa envolvendo 50 empresas de consultoria na qual verificou-se que o conhecimento passou a ser um fator fundamental para o sucesso das atividades de uma organização (WIIG, 1997). Desde aquela época até o presente momento houve uma explosão de projetos de pesquisa e aplicações práticas na área de Gestão do Conhecimento, a mesma que pela sua abrangência e disseminação está sendo considerada atualmente como “moda”, por alguns pesquisadores.

Malhotra (2000) afirma que o atual ambiente dos negócios, caracterizado por mudanças dinâmicas, descontínuas e radicais, necessita de uma nova abordagem conceitual na qual a Gestão do Conhecimento deve ser considerada. As rotinas organizacionais necessitam ser reavaliadas continuamente para dar suporte aos processos de tomada de decisão nas organizações. Segundo Malhotra (2000), com a evolução dos sistemas de informação, a Gestão do Conhecimento pode ser caracterizada pelo Benchmarking e pela transferência das melhores práticas. Esses sistemas podem registrar a história, a experiência e a competência de uma organização levando em conta o conhecimento que os seus funcionários possuem. Os sistemas de informação, não os funcionários, podem tornar-se estruturas estáveis da organização. As pessoas são livres para entrar e sair, mas o valor da sua experiência deve ser incorporado aos sistemas corporativos a fim de manter intacto o funcionamento do negócio.

A Gestão do Conhecimento traz conceitos e modelos importantes que serão explorados no presente capítulo. Inicialmente apresentam-se as diferenças entre

tácito. Posteriormente, aborda-se o conhecimento organizacional e justifica-se

porque a Gestão do Conhecimento está sendo visto como estratégia empresarial. Finalmente, apresentam-se alguns modelos de Gestão do Conhecimento, relevantes para o desenvolvimento dessa tese.