• Nenhum resultado encontrado

Na atualidade, a Gestão do Conhecimento está sendo considerada como um fenômeno econômico, social e cultural (CARRILLO, 1999). Segundo Prusak (apud VAN’T HOF, 2003), os primeiros estudos e práticas envolvendo a Gestão do Conhecimento iniciaram há uma década atrás, mas desde então, a área tem crescido significativamente com diversas abordagens como a econômica, sociológica, psicológica, filosófica e a de gestão da informação.

A prática da Gestão do Conhecimento surgiu muito antes, desde os primórdios da humanidade, visto que antropólogos sociais se referem ao conhecimento como o meio pelo qual as sociedades articulam suas experiências coletivas tornando-as permanentes (através de alguma forma de registro) e permitindo a sua continuidade (através de alguma forma de transferência). Isto se aplica às tradições orais nas sociedades nômadas e agrícolas, aos registros impressos ou gravuras em sociedades urbanas, e aos arquivos digitais nas atuais sociedades pós-modernas (WIIG, 1993; CARRILLO, 1999).

Diante do exposto pode-se entender a origem das várias definições de Gestão do Conhecimento considerando diferentes pontos de vista. Dentre as várias definições pesquisadas foram selecionadas algumas apresentadas no quadro 4.1.

Quadro 4.1: Definições de Gestão do Conhecimento

Autor Definição

Wiig (1997)

É entender e administrar sistemática, explícita e intencionalmente a construção, renovação e aplicação efetiva dos ativos de conhecimento da organização.

Spek e Spijkevert (1997) (apud TARAPANOFF, 2001)

É o controle e o gerenciamento explícito do conhecimento dentro da organização, de forma a atingir seus objetivos estratégicos.

Davenport e Prusak (1998)

É uma coleção de processos que governa a criação, disseminação e utilização do conhecimento para atingir plenamente os objetivos da organização.

Beckman (1999)

É a formalização das experiências, conhecimentos e expertise, de forma que se tornem acessíveis para a organização, e esta possa criar novas competências, alcançar desempenho superior, estimular a inovação e criar valor para seus clientes.

Probst et al. (1999) (apud WUNRAM et al.,

2002)

Compreende toda a cognição e habilidades, utilizados pelos indivíduos, para resolver problemas. Isto inclui percepções teóricas, bem como, regras práticas e diretrizes do dia a dia.

Leming (2002)

Tem como objetivo criar um ambiente onde dados e informação possam ser metodicamente organizados, realçando seu valor para satisfazer uma série de propósitos garantindo a sua disponibilidade para serem utilizados.

Wunram et al. (2002)

É a sistemática para aplicação de medidas para guiar, controlar e promover recursos de conhecimento tangíveis e intangíveis de organizações, com o objetivo de utilizar o conhecimento existente dentro e fora destas organizações possibilitando a criação de um novo conhecimento, gerar valor, inovação e promover melhorias.

Schreiber et al. (2002)

É um modelo de gestão que possibilita a melhoria da infraestrutura de conhecimento da organização, com o objetivo de fornecer o conhecimento certo para as pessoas certas, na forma certa e no momento certo.

Segundo Van’t Hof (2003), geralmente as organizações implementam a Gestão do Conhecimento buscando dois objetivos. Enquanto o primeiro deles visa incentivar a criação de novos conhecimentos que permitam acelerar a inovação e desta forma ganhar em competitividade, o segundo visa compartilhar o conhecimento existente, tentando aumentar a eficiência da organização sem “reinventar a roda” seguidamente.

Segundo Leming (2002), a implementação de um programa de Gestão do Conhecimento requer a garantia de que as pessoas aceitem culturalmente a necessidade de compartilhar conhecimento e que as ferramentas tecnológicas sejam amigáveis e permanentemente disponíveis. O motivo para implementar um

programa de Gestão do Conhecimento consiste em que as pessoas de uma organização distribuam suas habilidades, idéias, experiências e energia entre elas.

As pessoas trabalham em conjunto através de PNs para fornecer um bem ou serviço. As pessoas são o centro de atenção e o motivo pelo qual se implementa um programa de Gestão do Conhecimento. São elas que detêm o conhecimento, elas que o criam, validam-no, usam-no e distribuem-no pela organização, fazendo uso de diversos artefatos, incluindo máquinas, equipamentos, instrumentos, computadores, telefones, anotações, entre outros.

Quando se procuram informação e conhecimento tende-se a encontrar e estabelecer contato com colegas e/ou especialistas que possuem habilidades, competência ou experiências relevantes (LEMING, 2002). Logo, é importante saber onde procurar informação, conhecimento e especialistas. Assim sendo, o autor sugere a utilização de sistemas computacionais, como a Intranet, que seja atrativo, fácil de utilizar, confiável, preciso e moderno. Alem disso, sugere que cada item seja organizado por uma hierarquia de temas ou uma taxonomia. Caso tenha que ser criada uma taxonomia, deve-se prestar atenção em uma ontologia que garanta o mesmo entendimento para todos. Cada item de informação incluído na Intranet deve ser orgânico, isto é, ser capaz de aceitar a inclusão de novos comentários feitos pelos usuários durante sua utilização, com o intuito de contribuir com as suas próprias experiências. Desta forma, o conhecimento tácito é continuamente capturado enquanto o valor da informação aumenta permanentemente.

Lima (2001) afirma que os projetos ou iniciativas de Gestão do Conhecimento estão apoiadas em uma tríade formada por pessoas, tecnologia e PNs. Segundo o autor, quando se fala em “criação, disseminação e utilização de conhecimento”, se esta falando de pessoas, pois conhecimento está nas pessoas, é criado pelas pessoas e é utilizado pelas pessoas. As TIC ajudam a manter os PNs bem estruturados e auxiliam também na disseminação do conhecimento. As TIC podem incentivar a interação mais freqüente entre os usuários que se encontram geograficamente distribuídos. Dependendo do porte da empresa e da abrangência do projeto de Gestão do Conhecimento, pode-se prescindir do uso da tecnologia, mas na maioria dos casos, as TIC ajudam em muito.

Para Van’t Hof (2003) o conhecimento que tem maior valor para uma organização reside nas pessoas, não nos documentos. A disseminação deste conhecimento é importante em uma organização para estimular a inovação. Em organizações de

pequeno ou médio porte, a disseminação do conhecimento se dá através da interação (conversação) entre as pessoas, o que permite identificar, eventualmente, o detentor do conhecimento buscado. Para organizações maiores isto não é mais possível, fazendo-se necessário recorrer à utilização de ferramentas computacionais. A tecnologia pode ajudar a encontrar o conhecimento procurado (e.g., os especialistas sobre um determinado tema) propiciando, ao mesmo tempo, um ambiente de comunicação e interação amigável.

O autor adverte que implementar um programa de Gestão do Conhecimento em uma organização não é uma tarefa simples. Por um lado, as atividades de compartilhamento de conhecimento dependem da participação voluntária das pessoas e, por este motivo, deve-se considerar as atividades de troca de conhecimento existentes, tentando sistematizá-las com o devido suporte. Por outro lado, deve-se implementar uma mudança de cultura organizacional, na qual a alta administração deve dar o exemplo mostrando os benefícios e as recompensas que o compartilhamento de conhecimento pode trazer.