• Nenhum resultado encontrado

de 2020, que tentou instituir uma Nova Política Nacional de Educação Especial: Equitativa, Inclusiva e com Aprendizado ao Longo da Vida52. Tal Decreto tinha como um dos seus principais objetivos permitir a substituição do atendimento obrigatório das pessoas com necessidades específicas nas escolas. Nessa Nova – “Velha” – Política, embora se entitulasse como “Equitativa” e “Inclusiva”, falsea-se a real intenção: dificultar o acesso, retroceder e intensificar a exclusão dessas pessoas ao direito de estarem na escola regular, convivendo com seus pares de desenvolvimento integralmente. Apesar de compreender a necessidade de uma reestruturação da escola como um todo, como políticas públicas e formação continuada, entende-se, aqui, que não é cabível através de práticas segregatórias e inconstitucionais (Brasil, 2009), que retrocedam aos avanços dos direitos já garantidos da pessoa com desenvolvimento atípico. Pois, dessa maneira, caminha-se no sentido contrário ao de uma sociedade mais justa e democrática.

Vale ressaltar a importância de Leis, Decretos e Políticas para a manutenção da garantia desses direitos. É possível observar no gráfico abaixo (Figura 25) que o ponto de divergência com maior diferença significativa entre as linhas comparativas do acesso de crianças com autismo em classes com e sem pares de desenvolvimento se dá, exatamente, em 2015. Nesse ano foi instituída a mais recente Lei Brasileira de Inclusão – LB1 (Brasil, 2015a), na qual se reitera e efetiva o direito fundamental ao acesso obrigatório em classe regular de crianças com desenvolvimento atípico entre outros direitos destacados das pessoas com necessidades específicas.

Figura 25 - Gráfico de crianças com autismo em classes com e sem pares de desenvolvimento típico no Distrito Federal e no Brasil, entre 2008 e 2019, observando Leis, Decretos e a Política Nacional de 2008.

Fonte: elaboração própria.

Compreende-se aqui que a LBI (Brasil, 2015a) surge para atualizar a Legislação no que diz respeito aos direitos das pessoas com desenvolvimentoa atípico, tendo como papel fortalecer e reiterar documentos anteriores que surgiram com o mesmo propósito. Sendo assim a LBI reafirma a necessidade do acesso integral dessas pessoas na sociedade com um todo, tal como já se pontuava em diversos documentos os quais o Brasil é signatário. Nesse sentido, é possível citar o Decreto nº 6.949 (Brasil, 2009), que promulga a Convenção sobre os Direitos da Pessoa com Deficiência; a Política Nacional da Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva – PNEEPEI (Brasil, 2010), que já enfatizava a necessidade das crianças com desenvolvimento atípico estarem dentro da escola regular; e a Lei nº 12.764, de 2012 (Brasil, 2012), que instituiu a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com

2008 2010 2012 2014 2016 2018 0 500 1000 1500 2000 2500

Crianças com Autismo em classes com e sem pares de desenvolvimento típico no DF

Ano Com pares Sem pares Lei n. 13.146 (LBI) Lei n. 12.764 Decreto n. 6.949 PNEEPEI 2008 2010 2012 2014 2016 2018 0 50000 100000 150000

Crianças com Autismo em classes com e sem pares de desenvolvimento típico no Brasil

Ano Com pares Sem pares Lei n. 13.146 (LBI) Lei n. 12.764 Decreto n. 6.949 PNEEPEI 2008 2010 2012 2014 2016 2018 2000 4000 6000 8000 10000 12000 14000

Crianças com Deficiência em classes com e sem pares de desenvolvimento típico no DF

Ano Com pares Sem pares Lei n. 13.146 (LBI) Lei n. 12.764 Decreto n. 6.949 PNEEPEI 2008 2010 2012 2014 2016 2018 200000 400000 600000 800000 1000000

Crianças com Deficiência em classes com e sem pares de desenvolvimento típico no Brasil

Ano Com pares Sem pares Lei n. 13.146 (LBI) Lei n. 12.764 Decreto n. 6.949 PNEEPEI

Transtorno do Espectro Autista. Sendo assim, as leis são fundamentais, não só à transformação, mas à manutenção da inclusão efetiva. Apesar disso, nenhuma lei se mantém na prática sem a mudança social, a partir das pessoas que fazem parte desse processo, enquanto sociedade (Ribas, 2020). E por isso urge debater, defender e reiterar tais posicionamentos.

9 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Sou feita de retalhos. Pedacinhos coloridos de cada vida que passa pela minha e que vou costurando na alma. Nem sempre bonitos, nem sempre felizes, mas me acrescentam e me fazem ser quem eu sou. Em cada encontro, em cada contato, vou ficando maior. Em cada retalho, uma vida, uma lição, um carinho, uma saudade. Que me tornam mais pessoa, mais humana, mais completa. E penso que é assim mesmo que a vida se faz: de pedaços de outras gentes que vão se tornando parte da gente também. E a melhor parte é que nunca estaremos prontos, finalizados. Haverá sempre um retalho novo para adicionar à alma. Portanto, obrigada a cada um de vocês, que fazem parte da minha vida e que me permitem engrandecer minha história com os retalhos deixados em mim. Que eu também possa deixar pedacinhos de mim pelos caminhos e que eles possam ser parte das suas histórias. E que assim, de retalho em retalho, possamos nos tornar, um dia, um imenso bordado de “nós”.

(Cris Pizziment, 201353)

Esta pesquisa teve como objetivo analisar os processos criadores de crianças com autismo e a importância de espaços brincantes na Educação Infantil de uma escola pública de Brasília, mediante a observação triádica criança com autismo-objeto/brinquedo-outro. Além disso, teve como interesse, especificamente, compreender a unidade imaginação-emoção na brincadeira de faz de conta de crianças com autismo, identificar como ocorrem e o que impulsiona seus processos criadores e entender o papel do coletivo na vivência dessas crianças em espaço escolar, observando diferentes contestos – uma classe especial só para crianças com autismo, sem interação com pares de desenvolvimento típico e uma classe em que a criança com autismo está em interação integral com outras crianças de desenvolvimento típico.

Os resultados mostram conteúdos imaginativos no brincar das crianças com autismo, embora nem sempre hegemônicos e considerando suas singularidades. Assim, ressalta-se a necessidade de compreender a subjetividade da criança com autismo (Almeida & Alves, 2020)

Outline

Documentos relacionados