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Capítulo 2 Revisão da Literatura Factores de Sucesso no EDI

2.2 O Conceito de IOS

2.2.1 Classificações de IOS

As classificações de sistemas de informação interorganizacionais (IOS) que se apresentam definidas na bibliografia existente, consideram de forma genérica os IOS como meios electrónicos de troca de informação entre duas ou mais empresas. A maioria das definições apresentada enfatiza que estes sistemas atravessam os limites organizacionais das organizações para unir duas ou mais organizações com o recurso ao computador e às tecnologias de comunicação. Nas várias definições de IOS que se encontram na bibliografia que versa sobre este assunto, um factor assume preponderância: o facto dos IOS estarem intimamente ligados a sistemas sofisticados de telecomunicações que o computador veio a permitir implementar. Contudo, como um IOS por definição une duas ou mais organizações, outros sistemas se podem identificar como exemplos de IOS, como é o caso do correio e do telefone (Bakos, 1991).

Na literatura encontramos várias definições de IOS. Por exemplo, Barret e Konsynsky (1982) definem IOS como sendo um termo geral que se refere a sistemas que envolvem recursos partilhados entre duas ou mais organizações. Para Cash e Konsynski (1985) um IOS é um sistema de informação automatizado partilhado por duas ou mais companhias. Também Johnston e Vitale (1988) colocam a ênfase na partilha de informação, onde um IOS é construído em redor das tecnologias da informação, i.e., em redor das tecnologias da informação e comunicação que facilitam a criação, armazenamento, tratamento e transmissão da informação em que o acesso a programas e à informação armazenada é partilhado, por vezes em graus diferentes, pelos participantes nos IOS. Para Bakos (1991) os IOS são

“sistemas baseados na informática que cruzam limites organizacionais”, um IOS típico é um sistema de informação que liga uma ou mais empresas, seus clientes ou seus fornecedores e facilita a troca de produtos e serviços. Kumar e van Diessel (1996) e Lu et al. (2006) indicam-nos que os IOS são sistemas baseados nas tecnologias de informação e comunicação que transcendem os limites legais da empresa.

Têm sido propostos na literatura várias formas de classificar os IOS, nomeadamente várias tipologias de IOS são apresentadas com base nos nível de participação das empresas no IOS (Barrett e Konsynski, 1982), nas funções que são executadas pelo IOS, no nível de dependência, e na estrutura de governação (Malone, Yates e Benjamim, 1987).

Barrett e Konsynski (1982) indicam cinco níveis de tipologias baseadas na intensidade da participação das empresas no IOS: (1) Nível 1 - Nó remoto de Input / Output (“Remote Input / Output Node)”; (2) Nível 2 - Nó de processamento de aplicação (“Application Processing Node”); (3) Nível 3 - Nó de troca multiparticipantes (“Multi Participant Exchange Node”); (4) Nível 4 - Nó de controle de rede (“Network Control Node”); (5) Nível 5 - Nó de rede de integração (“Integrating Network Node”). Esta classificação assenta nas funções que a empresa desempenha no todo da infra-estrutura da rede que interliga os vários parceiros de negócio.

Já Cash e Konsynski (1985) apresentam uma estrutura com três níveis de IOS baseadas nas funções: (1) Entrada e recibo de informação (“Information Entry and Receipt”); (2) Desenvolvimento e manutenção (“Development and Maintenance”); (3) Gestão da rede e de processamento (“Network and Processing Management”).

O modo como se interligam os vários parceiros de negócio e a capacidade de acrescentar valor está na base da classificação de Bakos (1987). O autor define duas dimensões, nomeadamente, (a) a estrutura funcional, descrevendo as interconexões entre sistemas participantes, para as quais o autor propõe os seguintes tipos de estruturas funcionais:

Tipo 1 - Um fornecedor, um intermediário, e um cliente; Tipo 1A - O mesmo que 1, mas sem intermediário;

Tipo 2A - Um cliente ou intermediário, muitos fornecedores; Tipo 2B - Um fornecedor ou intermediário, muitos clientes;

Tipo 3A - Como 2A, excepto que o cliente e intermediário são diferentes; Tipo 3B - Como 2B, excepto que o fornecedor e intermediário são diferentes; Tipo 4 - Muitos fornecedores e muito clientes.

(b) O local de origem do processo de valor acrescentado o qual transformou os inputs em outputs.

Para Malone, Yates, e Benjamin (1987) as configurações dos IOS correspondem aos mercados ou às estruturas hierárquicas de governação de acordo com a análise do custo de transacção: (1) Mercados electrónicos, nos quais múltiplos compradores e vendedores negoceiam; (2) Hierarquias electrónicas, que integram tarefas e funções num acordo pré-definido de limites organizacionais.

Johnston e Vitale (1988) classificam os IOS de acordo com três dimensões: (1) função empresarial, ou IOS que suportam as actividades empresariais básicas, versus os IOS que suportam aqueles que são os negócios em si mesmo; (2) relação entre os IOS e os sponsors; (3) a função informação levada a cabo pelos IOS.

Para Benjamin, de Long e Scott (1990) existem duas classificações de IOS: (1) os que espelham mercados electrónicos versus hierarquias; (2) os IOS que suportam apenas rotinas de processamento das transacções ou que também fornecem tarefas de apoio.

Três tipos de IOS baseados na estrutura de interdependência são apresentados por Kumar e van Dissel (1996): (1) Interdependência agrupada (“Pooled Interdependency”); (2) Interdependência em série (“Sequential Interdependency”); (3) Interdependência recíproca (“Reciprocal Interdependency”).

Tal variedade de propostas coloca alguma dificuldade em adoptar uma só classificação. Das várias tipologias apontadas dos IOS se uma tivermos que escolher como a mais englobadora e exaustiva esta deveria ser capaz de representar a natureza das relações de troca entre parceiros comerciais. Assim, a relação entre comprador e vendedor deve ser estudada. Choudhury (1997) apresenta uma classificação de IOS que assenta na relação entre comprador e vendedor: (1) díade electrónica, (2) monopólio electrónico, (3) sistema electrónico de compras, e (4) mercado electrónico. As díades electrónicas são IOS bilaterais “onde o comprador (ou vendedor) estabelece ligações lógicas com cada um dos vendedores (ou compradores) seleccionados para um produto (Choudhury, 1997, p.3). O EDI apresenta-se como um exemplo de díade electrónica.

Nos monopólios electrónicos, que recorrem a um IOS apresentam uma só fonte de fornecimento para um produto (ou conjunto de produtos) (Choudhury, 1997, p.3). Os monopólios electrónicos também podem ser considerados como um caso especial de uma díade electrónica considerando a restrição de uma única fonte de fornecimento para uma determinada categoria de produto. As figuras seguintes representam as possíveis configurações (a nomenclatura, 1:m, significa que o primeiro termo, 1, representa o vendedor e o segundo termo, m, representa muitos compradores, e vice-versa).

Redes com muitos vendedores e muitos compradores interligados, ou seja, IOS multilaterais, recorrem a um sistema que permite a uma empresa comunicar com um grande número de p o t e n c i a i s p a r c e i r o s c o m e r c i a i s ( m : m ) u t i l i z a n d o p a r a i s s o u m ú n i c o c a n a l interorganizacional lógico, podendo conduzir a um sistema de compras electrónico que se pode desenvolver para um sistema de mercados electrónicos (Krcmar; Bjørn-Andersen, e O'Callaghan, 1995).

Senn (2000) refere que, através dos IOS, comprador e vendedor estabelecem primeiro as várias rotinas de trocas, de modo que as transacções inerentes aos negócios se possam realizar sem a necessidade de constantes negociações. O mesmo não se verifica nos mercados

1:m (Díade Electrónica) 1:1

(Monopólio)

Fonte: Adaptado de Choudhury, 1997; e Krcmar; Bjørn-Andersen, e O'Callaghan, 1995.

Figura 7 - Tipologia de EDI 1:m e seu caso particular.

Vendedor Comprador Comprador Comprador Vendedor Vendedor Vendedor Comprador

electrónicos, em que o mercado se apresenta como uma rede de interacções e relações onde todo um conjunto de informações, produtos, serviços, e pagamentos são trocadas, não existindo necessariamente a presença de acordos anteriores que predeterminam a relação entre o comprador e o vendedor. O autor identifica os cinco mais importantes IOS, como sendo: (1) Transferência Electrónicas de Dados - EDI; (2) Transferência Electrónica de Fundos (EFT12) - transferência automática de dinheiro entre parceiros de negócio; (3) Modelos Electrónicos - desenvolvimento e/ou preenchimento online de documentação legal inerente à actividade comercial da empresa (ex: transferência de documentos pré-formatados com campos em branco para preencher, que podem incluir a assinatura digital); (4) Integração de Mensagens - através de uma simples ligação electrónica efectuar a entrega de correio electrónico e documentos provenientes de fax; (5) Base de dados partilhadas - informação armazenada em base de dados que é partilhada pelos parceiros de negócio e acessível a ambos.

12. Electronic Funds Transfer.

Fonte: Adaptado de Choudhury, 1997; e Krcmar; Bjørn-Andersen, e O'Callaghan, 1995.

m:m

(Sistema Electrónico de Compras)

Figura 8 - Tipologia de EDI m:m com desenvolvimento para mercados electrónicos. Vendedor (Comprador) Comprador (Vendedor) Comprador (Vendedor) Comprador (Vendedor) Sistema Electrónico de Compras

Dentro das díades electrónicas podem ser usados vários sistemas para encomendar e comunicar, tais como, a encomenda electrónica, factura electrónica, o auto reabastecimento, nota de encomenda, transferência electrónica de fundos (todos estes meios constituem níveis avançadas do uso do EDI), o correio electrónico, a transferência CAD/CASE de dados (que se pode encontrar nas relações fornecedor – OEM), e outros podem ser usados. Também o correio e o telefone podem ser usados bilateralmente.