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Capítulo 2 Revisão da Literatura Factores de Sucesso no EDI

2.3 O Conceito de EDI

2.3.3 O EDI sobre a Internet

A utilização da tecnologia EDI tendo como suporte de infra-estrutura a Rede Privada Virtual14 (VPN) ou recorrendo a linhas alugadas apresenta-se como um custo a somar à utilização desta tecnologia. Como forma de minimizar estes custos de comunicação as empresas ponderam a utilização da Internet como plataforma de comunicação para o EDI. A possibilidade de utilizar a Internet de banda larga vem a possibilitar às empresas um modo alternativo de comunicar de forma rápida e a custos inferiores. Contrariamente às Redes de Valor Acrescentado15 (VAN), estas com velocidades de comunicação mais lenta, a Internet de banda larga apresenta-se, não só com uma maior velocidade de comunicação, mas também

14. Virtual Private Network. 15. Value-Added Network.

o de ser uma plataforma de comunicação já utilizada por um grande número de empresas, por exemplo no envio e recepção de e-mail. Segundo dados da OCDE (2003, p.127) para cada 100.000 habitantes Portugal tem 2,1 servidores de Internet seguros. A média dos países da UE é de 8,8. Os documentos de EDI circulam na Internet sob as mesmas vantagens e restrições que qualquer outro documento.

Também ao nível das operações existem diferenças. Nas soluções com o recurso às VANs os dados sob a forma de ficheiros são colocados nas caixas postais dos prestadores do serviço, ficando aí a aguardar serem descarregadas pelos parceiros comerciais, enquanto nas soluções com o recurso à Internet o emissor envia os dados após serem tratados pelo tradutor, estes passam pelo gateway local sobre a forma encriptada para o parceiro comercial.

A figura seguinte apresenta a estrutura da comunicação do EDI via Internet.

Fonte: EDIFICE Internet Group (1999). “EDIFICE INTERNET EDI Implementation Guideline”, Issue 1, Retrieved November 10, 2004, p5.

Figura 11 - Configuração típica do EDI sobre a Internet

Aplicação Aplicação Tradutor EDI Tradutor EDI EDI Internet handler EDI Internet handler Cliente SMTP(*) Cliente SMTP(*) TCP/IP TCP/IP

Serviços Standard da Internet

Transporte Mensagem S/MIME Resposta ao documento EDI protegido

Documento EDI protegido Envio em EDIFACT

Confirmação do recebimento do envio em EDIFACT Mensagem enviada pela aplicação (i.e. ordem de compra)

Resposta da aplicação (i.e. confirmação da ordem de compra)

Receptor Emissor

O processo é similar ao EDI sobre as VAN’s, mas nestas a informação após ser trabalhada pelas aplicações normalmente passa por um tradutor que estrutura a informação de acordo com o formato da norma EDI utilizada na comunicação, por exemplo ANSI X.12 ou EDIFACT.

Por exemplo quando um cliente encomenda um livro através do site da Amazon.com ocorrem várias comunicações com o recurso à tecnologia EDI. A encomenda do cliente sobre a Amazon.com gera automaticamente uma comunicação EDI sobre o fornecedor do respectivo livro, por exemplo a Ingram Book. A Ingram Book responde sobre a data provável de fornecimento do livro à Amazon.com com o recurso ao EDI, por sua vez a confirmação de bom pagamento por parte da Amazon.com junto da entidade gestora do cartão de crédito apresentado para pagamento da encomenda, também é realizada por EDI (Segev et al., 1995). A utilização da Internet coloca problemas de segurança acrescidos, que no caso da utilização das VPN`s estão minimizados pelas características da prestação do serviço e do suporte tecnológico. O EDI sobre a Internet apresenta vantagens (Gore, 1996), apesar do recurso à Internet como suporte de comunicação colocar a necessidade de cuidados acrescidos, como a utilização de programas de firewall instaladas nos servidores de forma a barrar o acesso aos dados da empresa por parte de utilizadores não autorizados, contribuindo desta forma para garantir a segurança destes, ainda outras restrições têm que ser satisfeitas, como é o caso, entre outras, da gestão da rede informática e politicas de acesso aos dados.

A utilização da Internet como suporte para o EDI apresenta várias vantagens, facilmente identificáveis de acordo com o até agora exposto, nomeadamente: um ciclo de vida mais pequeno no envio e recepção das mensagens, maior largura de banda afecta à comunicação e também uma redução dos custos na implementação e utilização desta ferramenta. De acordo com Edwards (1999) a Internet coloca à disposição das empresas esta tecnologia até então afastadas da adopção por muitas das empresas pelos custos inicialmente elevados e complexidade acrescida na sua implementação, que tornam o EDI com o recurso às VANs uma tecnologia demasiado exigente. O autores Mak e Johnston (1999) e Fu, Chung, Dietrich, Gottemukkala, Cohen e Chen (1999) apresentam várias vantagens da utilização do EDI sobre a Internet, referindo como as mais significativas o facto de uma comunicação em EDI ser quase em tempo real, permitir uma melhor integração vertical na estruturas das empresas, e apresentar um menor custo. Os autores Mak e Johnston (1999) referem ainda que os presentes

desafios no âmbito dos processos de procurement vão para além da concepção do modo de recepção e envio suportado pelas VAN`s com o recurso a mailboxes. Wilde (1997) apresenta uma estimativa de que a utilização do EDI sobre as VAN`s é 3 a 10 vezes superior ao custo da utilização do EDI sobre a Internet. O facto de se passar a ter um custo calculado com base num serviço de ligação à Internet prestado pelo ISP (Internet Service Provider) e não com base no volume de dados transmitidos contribuiu para retirar a pressão dos custos sobre a quantidade de dados transmitidos.

Para a redução dos custos do EDI sobre a Internet em muito contribui o facto de ser uma tecnologia simples de utilizar para ambas as partes, vendedor e comprador, a par desta vantagem apresenta-se a capacidade de integração, uma vez que o EDI sobre a Internet funciona numa área de comunicação que permite gráficos, sons, vídeo, apresentações sobre a rede de comunicações digitais com o recurso ao protocolo TCP/IP (Transmission Control Protocol/Internet Protocol). Para além de ser muito mais fácil redesenhar a topologia da rede de acordo com as necessidades da organização. Os autores Edwards (1999), e Dunn (1998) salientam o facto destes dois sistemas requererem necessidades ao nível das capacidades técnicas bastante diferenciadas. Para Dunn um técnico com pouca experiência pode implementar um sistema não sofisticado de EDI sobre a Internet com o recurso a um computador e uma ligação à Internet escusando-se assim de se embrenhar nas tecnologias mais complexas do EDI sobre as VAN`s. Para Dykeman (1997) as vantagens da utilização do EDI via Internet são várias: (a) aprovação de normas comuns para todos os utilizadores e sistemas já aprovadas; (b) aprovação e uso de um serviço de directórios difundido, o que permite uma organização contactar prontamente outra organização em qualquer parte do mundo; (c) empenhamento de outras organizações na gestão do tráfego da rede, resolução de problemas de endereçamento, e manutenção das normas comuns estabelecidas; (d) possibilidade de em qualquer hora e em qualquer lugar a organização poder solicitar o nível do serviço pretendido aos fornecedores dos serviços; (e) aumento de camadas funcionais, como o EDI que funciona em cima de aplicações já existentes; (f) é um processo standard igualmente utilizável por clientes e fornecedores; (g) o software é de domínio público e encontra-se extensamente disponível, inclusive aplicações e protocolos.

Timmers (1999) sugere a existência de nove características chave na Internet que podem constituir vantagem para o negócio: disponíveis 24 horas e 7 dias da semana, ubiquidade, conectividade global, reforço da presença local e das relações, possibilidade de digitalização e multimédia, interactividade, relação um-para-um, efeito de rede, e integração da informação. Algumas destas características são também comuns aos sistemas de EDI sobre as VAN’s.

Senn (2000) também identifica vários factores de grande importância para o uso da Internet: (a) Recurso público - este facto constitui um dos seus factores mais distintivos; (b) Alcance global - em termos geográficos não apresentar barreiras, ou estar condicionada a sua utilização apenas aos países desenvolvidos; (c) Capacidade de interligação - as capacidades para a Internet interligar empresas não parece estar esgotada nas actuais tecnologias; (d) Propriedade partilhada - a existência de um vasto conjunto de entidades operadoras sobre a Internet (Estados, empresas, indivíduos) mas que não são detentores deste, configura relações de colaboração entre estas entidades; (e) Plataforma flexível / diversificada - as empresas são livres de utilizar os recursos informáticos que bem estenderem para se conectarem à Internet; (f) Vantagens nos custos - os custos financeiros inerentes ao desenvolvimento e realização de negócios pela Internet são modestos, implicando tecnologias ao alcance de todos, tais como a World Wide Web (WWW).

Outros factores são apontados como fontes de vantagens na utilização do EDI via Internet, como é o facto desta se apresentar como uma extensão com baixos custos das redes de comunicação já utilizadas pelas organizações, como o caso das intranet e extranet. Considerando uma intranet como uma “business-wide network” privada usando o protocolo de comunicação TCP/IP standard, e extranet como uma wide-area network (WAN) privada (Centers for Research in Electronic Commerce, 2004).

Estes factores têm exercido pressão sobre as VAN`s que procuram ajustar as suas estratégias de negócio (Davis e Parsons, 1995). Assim as VAN`s têm sido pressionadas a fornecer ligações sobre a Internet. Em resposta a estas pressões, as VAN`s estão proporcionando plataformas de EDI sobre a Internet (Nurmilaakso, 2007).

2.4 - Factores influenciadores e de sucesso da adopção, da