• Nenhum resultado encontrado

O mundo como conteúdo do pensamento científico é um mundo particular, autônomo, mas não separado, e sim integrado no evento singular e único do existir através de uma consciência responsável em um ato-ação real.

Bakhtin

Após fazer a leitura do corpus sob as lentes dos postulados teóricos que adotamos nesse trabalho, é possível afirmar que há no Facebook, especificamente nas páginas Verdade sem manipulação e Movimento Endireita Brasil, embates dialógicos constituídos por posicionamentos ideológicos, tendo em vista que há, no mínimo, dois centros de valor. As páginas analisadas, nesta investigação, são alimentadas/geridas por sujeitos situados sócio-historicamente e que, como pudemos observar, possuem posicionamentos divergentes em relação à legitimidade do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff. Tais posicionamentos, manifestados nos enunciados analisados, constituem uma polêmica aberta, conforme os pressupostos teóricos adotados pelo Círculo de Bakhtin.

Na pesquisa, com enfoque qualitativo-interpretativo dos dados, sistematizamos a abordagem dos embates dialógicos, observados nas páginas Verdade sem

manipulação e Movimento Endireita Brasil, e que foram investigados com base nos

pressupostos do Círculo de Bakhtin e em outros aportes teóricos que problematizam os tempos atuais, quer seja em sua liquidez (BAUMAN, 2001), quer seja na exigência de desempenho (HAN, 2015), quer seja na configuração da identidade pessoal e social do sujeito que foi reorganizada para se adequar a uma sociedade 24/7 (CRARY, 2016).

Nessa modernidade líquida, os sujeitos estão imersos em práticas discursivas, cujas relações sociais são substituídas por conexões, marcadas pelo provisório, pela instantaneidade, pela efemeridade da “curtida”. Compreender esse processo foi fundamental para construir um entendimento sobre o funcionamento da rede social digital que emerge nesses tempos e se consolida nessas práticas sociodiscursivas que nos condicionam a viver em responsividade “on-line” 24/7, ou seja, aquela que nos conduz a existir em um modo on-line 24 horas por dia e sete dias por semana, em uma vigília permanente tal qual os serviços oferecidos aos sujeitos nessa sociedade de consumo.

Refletir sobre a contemporaneidade, a partir desses pensadores que questionam/problematizam o modo de vida atual, permite-nos, também, discutir quem é esse sujeito e como ele constrói responsividade na rede social digital, especificamente, no Facebook. Também nos foi premente abordar a história do advento dessa rede que está ubiquamente na vida e nas práticas discursivas de sujeitos em diferentes partes do planeta.

Necessário se fez, também, historicizar o cenário brasileiro que abrigou diferentes pontos de vista, embates, conflitos, confrontos que levaram à aceitação do processo de impeachment da Presidente Dilma Rousseff. Se golpe ou impeachment, a cena discursiva brasileira foi inundada por enunciados em polarização cujo acirramento levava à defesa e à luta encarniçada por uma “verdade” assumida por um determinado grupo em confronto com o outro.

Portanto, sem perder de vista o objeto dessa pesquisa – embates discursivos sob a forma de polêmica aberta – passaremos à sistematização das respostas construídas para as duas questões propostas para essa investigação.

Considerando-se que os sujeitos constroem posicionamentos e valorações acerca da aceitação do processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff, nas fanpages Verdade sem manipulação e Movimento Endireita Brasil, como se constroem dialogicamente esses posicionamentos?

Para responder essa questão, partimos da assertiva de que os sujeitos constroem posicionamentos e valorações, uma vez que isso é constitutivo das práticas de linguagem, considerando-se a concepção dialógica de linguagem assumida nessa pesquisa.

Assim, considerando-se o tema “aceitação do processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff”, inevitavelmente, gerou/gera posicionamentos e valorações diversas. A investigação das duas fanpages permitiu compreender a dialogicidade constituinte desses embates polarizados nos quais há, no mínimo, dois centros de valor que constroem, reproduzem, revozeam, manipulam palavras e imagens para manifestar seus posicionamentos e valorações no cronotopo da virtualidade constitutivo da rede social digital. Desse modo, respondemos ao objetivo de problematizar como se constroem, dialogicamente, os posicionamentos e

valorações acerca da aceitação do processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff, nas fanpages Verdade sem manipulação e Movimento Endireita Brasil.

Considerando-se que os posicionamentos se constroem no embate dialógico, como se configuram, discursivamente, as polêmicas abertas nessas duas

fanpages?

Para responder a essa segunda questão, cotejamos, dialogicamente, os posicionamentos e valorações nas fanpages Verdade sem manipulação e Movimento

Endireita Brasil a partir da constituição das polêmicas abertas analisadas. Para tanto,

analisamos cada post, em sua singularidade temático-composicional. Assim, percebemos, seguindo pistas e indícios e com as lentes da teoria, que as polêmicas abertas se configuraram por meio dos processos dialógicos de bivocalidade, de subversão, de reacentuação, de reenquadramento de enunciados alheios em uma luta encarniçada na arena discursiva, Facebook.

Não há a primeira nem a última palavra. Ancorados nessa visão bakhtiniana, temos clareza de que essa pesquisa não se constituiu com a primeira, tampouco como a palavra definitiva sobre a temática investigada. Desse modo, a verdade pravda (BAKHTIN, 1993), singular, sócio-historicamente construída, é sempre provisória e contingente. Assim é essa pesquisa-pravda, situada na LA, nos estudos sobre as práticas discursivas, nos postulados do Círculo de Bakhtin quanto às concepções de embates discursivos e, mais especificamente, nos processos dialógicos constitutivos das polêmicas abertas gestadas no cronotopo fluido da arena discursiva que se configura o Facebook. Assumimos que as incompletudes e as lacunas fazem parte da conclusibilidade possível (BAKHTIN, 2016) que podem alimentar pesquisas futuras e outros enunciados da cadeia discursiva da esfera acadêmico-científica.

REFERÊNCIAS

AMARAL, I. Redes Sociais na Internet: Sociabilidades Emergentes. Covilhã: LabCom. IFP. 2016.

AMORIM, M. Cronotopo e exotopia. In: BRAIT, Beth (Org.). Bakhtin: Outros Conceitos-chave. São Paulo: contexto, 2012, p. 95 -114.

AMORIM, M. O pesquisador e seu outro: Bakhtin nas ciências humanas. SP: Musa Editora, 2004.

AMORIM, M. Para uma Filosofia do Ato: válido e inserido no contexto‟. In: BRAIT, B. (Org.) Bakhtin: Polifonia e Dialogismo. SP: Contexto, 2009.

ARAÚJO, J. C. (Org.). Internet e ensino: novos gêneros, outros desafios. Rio de Janeiro: Lucerna, 2007.

AXELROD, R. The complexity of cooperation. New Jersey, Princeton University Press, 1997.

AZZARI, E. F.; MELO, R. Olhares sobre a linguagem em redes sociais e suas interfaces com a educação crítica e pluralista. In: Texto Livre, v. 9, p. 94-113, 2016. BAKHTIN, M. Estética da criação verbal. Trad. Paulo Bezerra. 4 ed. São Paulo: Martins Fontes, 2003.

BAKHTIN, M. Notas sobre literatura, cultura e ciências humanas. Trad. Paulo Bezerra. São Paulo: Editora 34, 2017.

BAKHTIN, M. Os gêneros do discurso. Trad. Paulo Bezerra. São Paulo: Ed. 34, 2016.

BAKHTIN, M. Para uma Filosofia do Ato. Tradução, não-revisada e de uso didático e acadêmico, de C. A. Faraco e C. Tezza. 1993.

BAKHTIN, M Problemas da poética de Dostoiévski. 5ª ed. Trad. Paulo Bezerra. Rio de janeiro: Forense Universitária, 2015.

BAKHTIN, M. Questões de literatura e de estética: a teoria do romance. Trad. Aurora Fornoni et al. 4 ed. São Paulo: UNESP, 1998.

BAKHTIN, M. Teoria do romance I: A estilística. São Paulo: Ed. 34, 2015.

BAKHTIN, M. Teoria do romance II: As formas do tempo e do cronotopo. Trad. Paulo Bezerra São Paulo: Ed. 34, 2018.

BASTOS, P. P. Z. Ascensão e crise do governo Dilma Rousseff e o golpe de 2016: poder estrutural, contradição e ideologia. In: Rev. Econ. Contemp., núm. esp., 2017, p. 1-63.

BAUMAN, Z. Modernidade líquida. Trad. Plinio Dentzien. Rio de Janeiro: Jorge Zahar

Editores, 2001. Disponível em:

https://onedrive.live.com/view.aspx?resid=71B7E7833E24C047!614&ithint=file%2c.p df&app=WordPdf&authkey=!AMCsFRTcqsMZZBk acesso em: 16.set.2015.

BOYD, D.; ELISSON, N. Social Network Sites: Definition, History, and Scholarship. Journal of Computer-Mediated Communication. 2007. Disponível em: http://jcmc.indiana.edu/vol13/issue1/boyd.ellison.html. Acesso em: 23.06.18.

CASADO ALVES, M.P. O Cronotopo da Sala de Aula e os Gêneros Discursivos. In: Revista Signótica, v. 24, p. 304-322, 2012.

CASADO ALVES, M.P. O enunciado concreto como unidade de análise: a perspectiva metológica bakhtiniana. In: Estudos dialógicos da linguagem e pesquisas em Linguística Aplicada. São Carlos-SP: Pedro e João Editores, 2016.

CASADO ALVES, M.P. O gênero discursivo intercalado como dispositivo da cultura. No prelo.

CASSIANO, A. Ativismo político a partir das redes sociais. Disponível em: https://paineira.usp.br/celacc/sites/default/files/media/tcc/426-1204-1-PB.pdf. Acesso em 30. Mai. 2019.

CASTELLS, M. Redes de indignação e esperança: movimentos sociais na era da internet. Rio de Janeiro: Zahar, 2013.

CASTELLS, M, A Sociedade em rede — A era da Informação: economia, sociedade e cultura. Vol. 1. 10. ed. São Paulo: Paz e Terra, 2007.

CASTELLS, M. A Galáxia da Internet. Reflexões sobre a internet, os negócios e a sociedade. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2003.

CHIZZOTTI, A. A pesquisa qualitativa em ciências humanas e sociais: evolução e desafios. In: Revista Portuguesa de Educação, año/vol. 16, número 002 Universidade do Minho, Braga, Portugal, 2003, pp. 221-236

CORREIA, P. M. A. R; MOREIRA, M. F. R. Novas formas de comunicação: história do Facebook - Uma história necessariamente breve. In: Revista ALCEU - v. 14 - n.28 - p. 168-187, 2014. Disponível em: http://revistaalceu.com.puc-rio.br/media/alceu %2028 %20-%20168-187.pdf acesso em: 15.ago.2018.

CRARY, J. 24/7: Capitalismo tardio e os fins do sono. São Paulo: Ubu Editora, 2016. MAIA, R. L. G. S. Temos Todo O Tempo Do Mundo?: um estudo sobre possibilidades contemporâneas de espera e criação a partir dos casos do Projeto “Viajo, logo existo” e “Eduardo e Mônica”. Rio de Janeiro, 2018. FARACO, C. A. Linguagem & Diálogo: as idéias lingüísticas do Círculo de Bakhtin. Curitiba/PR: Criar Edições, 2006.

FELDMANN, A. L. Antes e depois do Like: Valor para o cliente e as pages das marcas no Facebook. Disponível em: https://lume.ufrgs.br/handle/10183/39235 Acesso em: 23.06.19.

GINZBURG, C. Mitos, Emblemas e Sinais. SP: Cia das Letras, 1989.

GOHN, M.G. Abordagens teóricas no estudo dos movimentos sociais na América Latina. Dossiê. In: Caderno CRH, Salvador, 2008. v. 21, n. 54, p.439 – 455. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/ccrh/v21n54/03.pdf>. Acesso em: 15 de mai. 2019. GOHN, M.G. Movimentos sociais e redes de mobilizações civis no Brasil contemporâneo. 2. ed. Petrópolis: Vozes, 2010.

GOHN, M.G. 1997. Teoria dos movimentos sociais: paradigmas clássicos e contemporâneos. São Paulo: Loyola, 1997.

GRAMSCI, A. Notas sobre o Estado e a política In: Cadernos do Cárcere, volume 3; Rio de Janeiro: Civilização brasileira, 2000.

HALL, S. A identidade cultural na pós-modernidade. Rio de Janeiro: DP&A, 2011. HAN, B-Chul. Sociedade do cansaço. Petrópolis, RJ: Vozes 2015

HAN, B-Chul. No enxame: perspectivas do digital. Petrópolis, RJ: Vozes, 2018. JENKINS, H. Cultura da conexão: criando valor e significado por meio da mídia propagável. São Paulo: Aleph, 2014.

KIRKPATRICK, D. O Efeito Facebook. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2011.

LAROSSA, J. Notas sobre a experiência e o saber de experiência. In: Revista Brasileira de Educação, Jan/Fev/Mar/Abr, 2002, n. 19.

LÉVY, P. O que é o virtual?. São Paulo: Ed. 34, 1997.

LIMA, R. R. P. Vozes Sociais em diálogo: uma análise Bakhtiniana dos diários de leituras produzidos por alunos do ensino médio. Dissertação UFRN, 2013, Natal. MELO NETO, J. C. Obra completa: volume único. Org. Marly de Oliveira. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1994.

MELO, R. Cronotopo por Bakhtin e Bauman: iniciando o diálogo. 2016; Tema: estudos discursivos. (Blog).

MOITA LOPES, L. P. (Org.). Por uma lingüística aplicada (in)disciplinar. São Paulo: Parábola, 2006.

MOTTA, B; BATISTA, L. Prosumer e o engajamento online: uma proposta de

classificação em níveis. 2013. Disponível em:

https://netativismo.files.wordpress.com/2013/11/artigos-gt5.pdf acesso em: 30.ago.2018.

OLIVEIRA. M. B. F. A noção de verdade e a pesquisa em Linguística Aplicada: Bakhtin Como Um Possível Interlocutor. In: Trab. Ling. Aplic., Campinas, n. (52.2): 203-216, jul./dez. 2013.

PAZ, M. L. S. O cronotopo virtual: abordagem dialógica da rede social digital facebook. In: Casado Alves, M. P.; Faria, M.V. B.; Oliveira, M. B. F. (Org.). A pesquisa na heterociência: a perspectiva do Círculo de Bakhtin. 1ed.São Carlos: Pedro e João Editores, 2019, v. 1, p. 914-929.

PAZ, M. L. S. O post nosso de cada dia: uma análise dos enunciados concretos nas fanpages verdade sem manipulação e movimento Endireita Brasil. In: grupo de estudos bakhtinianos [grubakh]. (org.). IV Encontro de Estudos Bakhtinianos [EEBA]: DAS RESISTÊNCIAS À ESCATOLOGIA POLÍTICA: risos, corpos e narrativas enunciando uma ciência outra. 1ed.São Carlos - SP: Pedro & João editores, 2017, v. 1, p. 466-474.

PAZ, M. L. S.; Faria, M.V.B. Linguagem como prática social: diálogos entre Bakhtin e Freire. In: Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Rio Grande do Norte - SINTE/RN. (Org.). IV Seminário Internacional Diálogos com Paulo Freire: Políticas Públicas, Escola e Estratégias de Intervenção Social: Construção de Possibilidades. 1ed.São Carlos - SP: Pedro & João Editores, 2017, v. 1, p. 954-959.

PAZ, M. L. S.; Faria, M.V.B. Facebook: embates dialógicos e valorações. In: SINALGE: Simpósio Nacional de Linguagens e Gêneros Textuais, 2017, Campina Grande. Anais IV

SINALGE. Campina Grande: Realize Eventos e Editora, 2017. v. 1. p. 1-12.

PORTAL DE NOTÍCIAS G1. Facebook completa 10 anos; veja a evolução da rede social. Disponível em: http://g1.globo.com/tecnologia/noticia/2014/02/facebook- completa-10-anos-veja-evolucao-da-rede-social.html Acesso em: 15.ago.2018.

RAJAGOPALAN, K. Por uma linguística crítica: Linguagem, identidade e a questão ética. São Paulo: Parábola, 2003.

RAJAGOPALAN, K. Resposta aos meus debatedores. In: F. LOPES DA SILVA & K. RAJGOPALAN. (Org.). A linguística que nos faz falhar - Investigação crítica. São Paulo: Parábola, 2004.

ROJO, R. H. (Org.). Escol@ conectada: os multiletramentos e as Tics. São Paulo: Parábola, 2013.

ROJO, R. H, R. ; Nascimento, E. L. (Org.). Gêneros de texto/discurso: e os desafios da contemporaneidade. Campinas/SP: Pontes, 2016.

ROJO, R. H, R.; BARBOSA, J. Hipermodernidade, multiletramentos e gêneros discursivos. São Paulo: Parábola, 2015.

ROHLING, N. As implicações cronotópicas da aula virtual na Educação a Distância. Revista da ANPOLL (Impresso), v. 1, p. 185-232, 2013.

RONSON, J. Humilhado: como a era da internet mudou o julgamento público. Rio de Janeiro: Bestseller, 2015.

SANTAELLA, L. Cultura e artes do pós-humano: da cultura das mídias à cibercultura. São Paulo: Paulus, 2003.

SANTAELLA, L. Para inteligir a complexidade das redes. In: Revista Famecos – Mídia, cultura e tecnologia. v. 21, n. 2, p. 742-765, maio-agosto 2014. Disponível em:http://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/revistafamecos/article/view/1592 3/11814. Acesso em 28 de mai. 2019.

RHEINGOLD, H. Smart mobs. USA, Basic Books, 2002.

RHEINGOLD, H. Virtual communities - exchanging ideas through computer bulletin boards. Journal of Virtual Worlds Research. 1987. Disponível em: http://journals.tdl.org/jvwr/article/view/293/247. Acesso em: maio de 2018.

SOUZA, G. T. Introdução à teoria do enunciado concreto do círculo Bakhtin /Volochinov/Medvedev. SP: Humanitas/FFLCH/USP, 1999.

TOFFLER, A. A Terceira Onda. Rio de Janeiro: Record, 1980.

THOMPSON, J. B. A mídia e a modernidade: uma teoria social da mídia. Petrópolis: Vozes, 1998.