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Como compreendemos atualmente o Além? Ainda acreditamos nele? Em caso afirmativo, sob que forma e por quê?

No documento Astrologia e Artes Adivinhatórias (páginas 33-35)

A

pós fazer alusão às visões, crenças e interpretações do Além dos antigos, vamos nos concentrar em suas represen- tações no mundo moderno.

TESTEMUNHOS DO ALÉM

Para quem acredita no Além, não há nenhuma dúvida de que existe, embo- ra não tenhamos provas tangíveis ou científicas neste campo de investigação. Em contrapartida, há uma grande quan- tidade de testemunhos sobre o assunto. Referimo-nos, por exemplo, a pessoas que estiveram em coma profunda e avançada, devido a uma doença ou a um acidente, ou a outras que foram consideradas mortas mas que, graças ao progresso da ciência médica ou mi- lagrosamente, voltaram à vida. Falamos de milagre porque é cientificamente

inexplicável que estas pessoas tenham sobrevivido. Em todos os casos, as pes- soas que saíram desta experiência dolo- rosa, que a sofreram sem terem conhe- cimento de experiências semelhantes vividas anteriormente por outras pes- soas, fazem um relato relativamente semelhante.

A médica e psiquiatra norte-americana Elisabeth Kubler-Ross — cujos estu- dos sobre a morte e os moribundos, iniciados nos anos setenta e ainda em evolução, são desde então muito céle- bres — reuniu numerosos testemu- nhos provenientes do mundo inteiro, dados por pessoas que foram capazes de descrever com bastante detalhe tudo que acontecia à sua volta enquanto es- tavam imersas em uma coma profunda ou até, algumas vezes, dadas como

mortas. E todas elas vivendo ao mesmo tempo uma experiência individual gra- tificante, durante a qual, segundo suas próprias palavras, se sentiam freqüen- temente confusas, inquietas ou surpre- sas, mas nunca aterrorizadas.

A partir destes testemunhos, resultado do que chamam nos Estados Unidos N D E (near death experiences, experiências

próximas da morte), fica demonstrado

que o que conhecemos como corpo as- tral, etéreo ou fluido, existe... e que parece o veículo do ser, cuja alma acha- mos que abandonou. N o entanto, ain- da que se duvide cada vez menos da fiabilidade destes testemunhos; e que haja muitas coincidências entre os tes- temunhos de indivíduos que nunca se conheceram; e, embora tudo deixe en- trever que, depois da morte chamada

"Comecei a ir à deriva, sentia-me tão rapidamente no meu corpo como fora dele e ouvia uma música lindíssima. Flutuava ao longo de um corredor. Aí, foi como se uma luz me envolvesse. Eu continuava a flutuar em direção a essa luz de cristal puro, uma luz branca que brilhava; uma luz muito bonita, muito brilhante, radiosa."

(Testemunho de Raymond Moody, que experimentou uma NDE, recolhido em 1977.)

hoje em dia clínica, parecem ocorrer outros fenômenos menos parecidos aos da vida — confirmando assim o que acreditavam e explicavam os egíp- cios da Antigüidade e, mais recente- mente, os lamas tibetanos —, apesar de tudo isso, nada nos demonstra, a partir das citadas experiências, que o Além existe.

Com efeito, que uma pessoa conside- rada clinicamente morta volte à vida, por excepcional que nos pareça, entra no campo do possível. Atualmente, não temos n e n h u m testemunho de uma pessoa morta há mil anos, um século ou, para sermos mais credíveis, há ape- nas u m mês, que tenha voltado para nos falar de sua própria experiência e de tudo que nos espera. "Que estra- nho, na verdade, que entre uma quan- tidade tão grande de homens que antes de nós passaram pela porta das Trevas, nem um só voltou para nos descrever o caminho que descobriremos unica- mente no final de nossa viagem", in- terrogava-se o poeta, astrólogo, filóso- fo e matemático persa Omar Khayyâm, no início do século XII. Evidentemente, isto nunca aconteceu. E quando nas lendas relativas a certos mitos acontece que deuses ou imortais voltem dos mortos, nunca é para testemunhar sua experiência no reino das sombras, mas para prosseguir seu destino mítico no reino dos vivos.

A TRANSCOMUNICAÇÃO Não obstante, quem crê no Além ofe- rece outros testemunhos, tão n u m e - rosos quanto os anteriores, inclusive há mais atualmente, que provêm desta vez de pessoas que perderam u m ou vários entes queridos de forma pre- matura e/ou em circunstâncias dra- máticas, e que afirmam que continuam em comunicação com eles.

Entramos aqui no domínio do que se chamou espiritismo ou dos médiuns, sobretudo no século XIX e durante a primeira metade do século XX, e que hoje em dia conhecemos pelo nome de "fenômeno de transcomunicação", cujos princípios e regras estão parcial-

mente estabelecidos. Segundo estes, à margem da idéia ancestral do Além como reino dos mortos, das almas, da outra vida, do Paraíso e do Inferno, seria possível entrar em contato com qualquer forma de espírito, seja deste mundo ou de outro.

Esta idéia parte do postulado segundo o qual, no universo e no absoluto, o es- pírito é superior à matéria e assim, de uma certa forma, imortal. Quando di- zemos "seria possível", referimo-nos às palavras dos adeptos da transcomuni- cação instrumental, que acham que cada um de nós pode facilmente pôr-se em condições de entrar em comunicação com os "espíritos".

E SE O ALÉM FOSSE SIMPLESMENTE A OUTRA

VERTENTE DAVIDA? Sejam quais forem as pesquisas, estu- dos e trabalhos relacionados com o Além, não podemos admitir com toda a certeza que este existe. De certa forma, não podemos deixar de afirmar que, ao viver em um mundo cada vez mais materialista, pouco a pouco pri¬ vamo-nos de uma estreita relação com

as forças da natureza e da vida na Terra.

Em contrapartida, nossos antepassa- dos, que viviam muito mais perto da- quelas, tinham uma visão do Além sem dúvida bastante fantasmagórica, mas paradoxalmente mais pura, mais sim- ples, mais natural e mais realista. Para eles, era normal, por exemplo, que os mortos se manifestassem, aqui e ali, visto que existiam portas, pas- sagens, entre o m u n d o dos vivos c o dos mortos, entre o visível e o invi- sível, e que os vivos e os mortos po- deriam passá-las a qualquer momento, às vezes até sem estarem conscientes disso. Pelas mesmas razões, valia mais honrar os mortos para que vivessem em paz, por assim dizer, e pudessem eventualmente interceder a nosso favor.

Tratar bem os mortos significava tra- tar-se bem a si mesmo. E viver bem era assegurar uma vida tranqüila no Além. Do mesmo modo que uma montanha tem uma vertente iluminada e outra imersa na escuridão, não será o Além, afinal de contas, a outra vertente da vida?

No documento Astrologia e Artes Adivinhatórias (páginas 33-35)

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