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Temos uma ou várias vidas? Estamos destinados a nascer, morrer e renascer? De onde provêm as crenças em vidas anteriores?

No documento Astrologia e Artes Adivinhatórias (páginas 35-37)

Q

uanto mais envelheço, mais acredito na imorta- lidade porque quanto mais velho sou, mais preparado es- tou para viver", dizia o filósofo norte-americano William Ja- mes (1842-1910) no final de sua existência. As crenças na imortalidade da alma, em pos- síveis vidas anteriores e even- tuais reencarnações, sustentam a existência de um além e uma vida diferente, em outro plano, depois de uma pessoa ter dado

o último suspiro. Esta hipótese de uma vida depois da morte — que os especia- listas chamam hoje "pós-vida" — aponta para algumas questões prévias, às quais todos deveríamos estar em condições de responder, sobre a alma e a consciência, se possível abstraindo-nos das crenças e idéias relacionadas com este tema. Com efeito, acontece muito freqüentemente que os adeptos e defensores incondicio- nais da alma, de sua libertação e passa- gem garantida para o pós-vida, fascina- dos ou cegos pela perspectiva de não morrerem, se esquecem de se interrogar sobre sua própria atitude face à morte.

O QUE É A MORTE?

Se não uma fatalidade, é pelo menos a fase última que nos espera a todos e da qual ninguém escapa.

"Entramos, gritamos: é a vida. Gritamos, saímos: é a morte", diz um ditado po- pular da Idade Média. Quer queiramos quer não, a morte faz parte da vida. Os sonhos de imortalidade estiveram sem- pre muito presentes no homem; por essa razão, sempre considerou ou viu seus deuses como imortais. N o entanto, ele nunca formou uma imagem dela muito gratificante ou idílica, como se não ti- vesse sido humanamente acessível e fac- tível. Rapidamente teve o pressenti-

mento de que não podia pen- sar na imortalidade sem a al- teração nem a transformação do invólucro carnal, do as- pecto terrestre. A perspectiva desta metamorfose que po- deria implicar em uma perda de nossas faculdades, de nos- sa consciência, do nosso eu, de tudo aquilo que somos, produzia, evidentemente, cer- ta angústia. Tinha de encon- trar justificações e razões pa- ra tudo isso.

A MANEIRA DE VER A MORTE SEGUNDO AS CIVILIZAÇÕES Para os Sumérios, o morto entrava no Kur, o "Grande Abaixo". Ali, apresen- tava oferendas aos deuses com os quais queria se conciliar. Em seguida, era aco- lhido por outros mortos, com quem vi- veria no "País sem regresso".

Para os egípcios, a alma do morto ace- dia ao reino do Am-Duat, onde se be- neficiava dos favores de Osíris, deus da imortalidade. Mas antes de viver em paz toda a eternidade, a alma tinha de pas- sar por uma segunda morte e uma res- surreição. Para isso, a alma sofria várias provas, reveladas no Livro dos Mortos, assim chamado pelos arqueólogos que A ressurreição dos mortos no cristianismo.

Detalhe do Livro dos Mortos procedente do Egito ptolemaico.

encontraram o manuscrito, mas que seria mais correto traduzir como Livro

da Saída para a Luz do Dia.

N o antigo Egito, a morte não era con- siderada um final em si, mas sim um nascimento. Na índia, as crenças na reencarnação ba- seiam-se em um complexo sis- tema que permite saber se a alma do morto voltará ou não à terra. Segundo o hinduísmo, existem dezesseis portas divi- didas em três grupos pelas quais a alma pode sair. Dependendo do grupo de portas pelas quais escapa, o morto poderá aceder a um reino superior, ou talvez renascer, ou então, finalmente, se transfigurará e entrará defi- nitivamente em um ciclo de re- nascimentos. Como vemos, na índia a sobrevivência da alma é antes considerada uma nova prova, enquanto sua transfigu- ração se vê como uma libertação. O que é certo é que a reencarnação, contrariamente à morte, não é uma fa- talidade, mas sim uma oportunidade de redimir nossas falhas renascendo na Terra. Devemos sublinhar bem estes matizes, já que no Ocidente é fre- qüente interpretar-se erroneamente esta doutrina, julgando que, depois da morte outra vida na Terra nos está pro- metida. Sejam quais forem os ritos, os mitos, as crenças dos povos da Anti- güidade relacionados com a sobre- vivência da alma depois da morte (al- guns ainda existentes até hoje) não explica a necessidade e a fatalidade da morte. Assim, a explicação científica moderna da degeneração das células devido ao envelhecimento não é su-

ficiente como resposta à pergunta de por que morremos. Entretanto, deve- mos sublinhar também que enquanto nossa tendência hoje é opor a morte

à vida, antigamente as pessoas enfren- tavam mais facilmente a morte como um renascimento em uma vida verda- deiramente diferente.

TESTEMUNHOS PO PÓS-VIDA

As dificuldades da vida, o medo de viver, os sofrimentos e dramas huma- nos, tudo acentua a angústia de morrer. Em conseqüência disto, nossos con- temporâneos procuram razões para acreditar em uma eventual sobrevivên- cia da alma depois da morte. Atualmen- te, pelo fato de termos perdido os pon- tos de referência que eram os deuses,

os mitos e os símbolos aos quais se refe- riam nossos antepassados, avançamos na névoa com passos titubeantes duran- te sua procura.

Desde há alguns anos, por to- das as partes surgem numero- sos testemunhos de pessoas que experimentaram o fenô- meno da sobrevivência da al- ma, da morte vista como uma passagem ou um nascimento do qual podemos aprender a seguinte lição: a morte, se- gundo os que a experimen- taram, não é dolorosa.

Tem muitas semelhanças com o nascimento de uma criança durante o parto (visão de um longo túnel pelo qual avançamos e no final do qual aparece a luz resplandecente, ofuscante, que nos atrai, ben- fazeja). Durante esta passa- gem, estamos perfeitamente conscientes de nossos atos bons e maus que parecem fazer parte integrante de nós mesmos. Somos, portanto, nosso próprio juiz, o que confirmaria os prin- cípios enunciados pelo karma hindu. Também nesta passagem descobrimos em nós mesmos faculdades que nos eram desconhecidas, como a capaci- dade de voar como um pássaro, por exemplo.

Finalmente, é o espírito, a luz e a vida que dominam. Toda pessoa que tenha vivido esta experiência última e tenha regressado está na vida.

A morte, depois de se juntar à barca do Sol, parte para o mundo subterrâ- neo, o reino de Osíris, deus dos mortos. A mulher Prenhe e a Parteira, de

O espiritismo

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