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Com relação específica a esta tese, trata-se de um trabalho conceitual, que foi elaborado totalmente pelo discente, mas que ambiciona consolidar-se como uma metodologia ágil de pesquisa científica. Para tal, precisará de testes empíricos e de mais trabalhos que bordem e façam melhorias ou adequações, mas fica como contribuição este esboço inicial.

O progresso deste trabalho foi iniciado ao concluir a Qualificação da tese no mês de novembro de 2018, onde houve algumas alterações no rumo, sendo a mais significativa, a substituição da viagem para fazer as entrevistas na Espanha, por um trabalho mais conceitual e de cunho investigativo.

A tese estabeleceu como estratégia uma pesquisa bibliográfica ao invés de pesquisa de campo, e escolheu-se a metodologia ágil Scrum, como norteadora deste trabalho. Destarte, primeiramente foram analisados os papéis do Scrum e adaptados à metodologia de trabalhos científicos, iniciando com o product owner. Como esta abordagem era de conhecimento unicamente do discente, então este teve que assumir esta tarefa. Os outros papéis Scrum Master e Development Team, também tiveram que ser atribuídos ao discente pelo mesmo motivo.

Isto conduziu a uma metodologia conceitual e ausente de empirismo, o que poderia refletir em algum viés. Mas, poderá ser solucionado em trabalhos futuros, ao identificar o viés ou confirmar a ausência deste e no melhor caso, melhorar e ratificar esta metodologia.

A seguir foram avaliadas as responsabilidades de cada papel e atribuídas ao discente que ficou alternando tanto os papéis como as responsabilidades inerentes a cada papel. Passou-se então a iniciar o ciclo Scrum, sendo a primeira atividade a definição por parte do Project Owner sobre o objetivo da tese (produto que deve ser criado).

A primeira seção é a mais importante da tese, porque é ela quem dá o direcionamento e o escopo do trabalho a ser realizado. A figura 17 apresenta um exemplo de como deve ser usada Lista de Tarefas (product backlog). No topo da pilha estão as atividades mais urgentes, nas quais deve ser focar inicialmente, no fundo da pilha estão relacionadas as atividades menos importantes neste momento, aquelas cuja prioridade no momento é baixa.

Assim, trabalhou-se na primeira seção desta tese, isto porque a metodologia determina que o trabalho mais importante deve ser realizado primeiramente. Para tal, o Product Owner criou o Product Backlog, que corresponde a um conjunto de requisitos que o projeto deve contemplar.

Figura 17 - Product Backlog

Fonte: https://imasters.com.br/agile/o-que-nao-devemos-fazer-scrum

Para atender esta tese, e visando resolver a primeira seção do trabalho, foi construída uma primeira Lista Priorizada de Tarefas (product backlog grooming), contendo breves descrições de todas as funcionalidades desejadas para a tese. O quadro 21 apresenta esta lista. O tom ou a intensidade do azul usado nesta lista, destaca a prioridade de cada funcionalidade.

A primeira tarefa (construir o referencial) foi executada ao longo de todo o trabalho, atualizada em cada momento que surgiu uma nova fonte de dados. A partir a 2ª tarefa até a 7ª, tratou-se de um processo de releitura e adaptação baseadas na Qualificação da tese. As outras funcionalidades estão macro descritas pela não necessidade de trabalhar nestas no momento.

Quadro 21 - Lista Priorizada de Tarefas (product backlog grooming)

1 Construir o Referencial

2 Definição do problema O que fazer

3 Elaboração da questão de pergunta O que fazer

4 Objetivo principal da tese O que fazer

5 Objetivos intermediários O que fazer

6 Motivação e justificativa Porque fazer

7 Escopo da pesquisa Até aonde fazer

8 Elaboração da metodologia científica Como fazer

9 Revisão sistematizada da literatura

10 Adequar o marco teórico

11 Análise, desenvolvimento e resultados

12 Considerações finais

A seguir, a metodologia indica que o trabalho deve ser realizado em pequenos ciclos (iterações) chamados de sprints, o termo usado nesta tese é Etapa, onde todos os ciclos têm a mesma duração de tempo (Scrum, 2019). Esta duração é predefinida no início do trabalho, negociado entre os orientadores e o discente, de acordo ao volume de trabalho de cada um e a prioridade que será dada à tese.

A metodologia sugere usar ciclos entre 15 dias e até no máximo de um (1) mês de calendário para cada Etapa (sprint). Para esta tese, foi escolhido o período (time-boxed) de 15 dias corridos (incluindo os finais de semana, que podem ser usados eventualmente para concluir alguma tarefa) para cada Etapa. Finalmente, de acordo com a metodologia, as atividades realizadas pelo discente em cada uma das Etapas, devem criar algo de valor tangível (Scrum, 2019).

Quando por algum motivo o discente não conseguiu concluir ou criar algum artefato previsto, no final da Etapa, voltou ao product backlog para ser novamente priorizado pelo Product Owner, podendo entrar na próxima Etapa ou não. O Scrum trata da mesma maneira as tarefas não acabadas ou paradas por algum motivo (Scrum, 2019).

A figura 18 apresenta o ciclo de cada Etapa, onde o discente retira uma atividade da Lista de Tarefas (product backlog), a subdivide cada tarefa em 4 partes que são: 1) definição dos parâmetros que determinarão a conclusão do artefato. 2) Determinação dos procedimentos. 3) Planejamento do artefato a ser elaborado. 4) Pesquisa e desenvolvimento do artefato.

Figura 18 - Ciclo de uma Etapa

No primeiro ciclo foram escolhidas as três primeiras tarefas (Construir o Referencial, definição do problema e elaboração da questão de pergunta). Fundamentados no documento que cada avaliador deixou no final da Qualificação, foram realizadas as adequações e alterações requeridas.

O Scrum define que todo dia deve ter uma reunião do time de desenvolvimento (Daily Scrum Meeting), para mostrar o quanto se progrediu no dia anterior e os planos de progresso de hoje. Nesse ponto houve falha do discente por deixar de lado esta atividade, e acarretou em perder um pouco o controle das atividades no cotidiano. Acumulando atrasos e falta de comprometimento.

Conclui-se que sem perseverança e disciplina, os atrasos surgem e têm consequências no final do projeto. Recomenda-se que sejam feitas todos os dias as 3 perguntas do Scrum. 1) O que fiz ontem que ajudou o time a atingir a meta da Etapa? 2) O que vou fazer hoje para ajudar o time a atingir a meta da Etapa? 3) Existe algum impedimento que não me permita atingir a meta desta Etapa?

De acordo com a metodologia, no final da Sprint, existem duas atividades a serem realizadas 1) Sprint Review. Voltado para produto, conferir se o que foi construído está adequado. 2) Sprint Retrospective. Voltado para o processo, tem como objetivo verificar se o processo de trabalho funcionou bem, ou se há necessidade de melhorias.

Para a tese, as duas reuniões foram transformadas em uma única reunião, que ocorreu no final de cada Etapa. O discente no papel de Product Owner, realizou no final de cada Etapa uma reunião com a Equipe de Tese (representado pelo próprio discente). Primeiramente foi apresentado o material produzido, avaliado na sua funcionalidade; isto é, se foi construído aquilo que foi descrito no início da Etapa (sprint backlog). Dito de outra maneira, se o trabalho correspondeu à expectativa do professor orientador.

Em seguida foi avaliada a qualidade do material, se a quantidade de material produzido esclarece totalmente (ou parcialmente) a ideia que se deseja transmitir. Também foi avaliada a necessidade de apoiar a ideia com algum gráfico ou ilustração. Finalmente, verificou-se a qualidade da escrita e do português estavam adequados.

A Equipe da Tese ideal deveria ser formada por um pesquisador, um ilustrador e um especialista em português (revisor), responsável pela análise sintática e semântica e pela adequação do texto as normas ABNT e APA. Com exceção do pesquisador, os outros componentes da Equipe de Tese, não precisariam estar em dedicação exclusiva, bastaria que a cada final de Etapa, intervissem.

Caso tivesse uma equipe de trabalho e com o objetivo de que todos os membros visualizarem o estágio de cada atividade no quadro de progresso de tarefas (ver figura 15) deveria ser incrementada uma nova coluna de status de tarefa, que poderia ser denominado de: (EM REVISÃO). Indicando que a tarefa foi concluída, mas que antes de ser entregue, primeiro passará pelo processo de revisão semântica e sintética.

Para cada uma das funcionalidades descritas acima, foram executadas essas atividades até que finalmente, após refinamentos diversos chegou-se no mês de maio de 2019 ao ponto ideal, tendo sido aprovada a primeira seção pelo professor orientador. Esta seção em estado de “aprovado”, foi encaminhada a um revisor que verificou o português e adaptou o trabalho às normas ABNT e APA para as citações.

Dando prosseguimento, novamente foi elaborada uma nova Lista Priorizada de Tarefas (product backlog grooming), atualizada contendo breves descrições de todas as funcionalidades desejadas para a tese. O quadro 23 apresenta esta lista. Novamente o tom, ou a intensidade do azul usado nesta lista, destaca a prioridade de cada funcionalidade

Quadro 22 - Nova Lista Priorizada de Tarefas (product backlog grooming) 1 Ela bo raç ão da m et odo log ia ci en tí fi ca Construir o Referencial

2 Natureza da Pesquisa e Posicionamento Epistemológico

3 Unidades de Análise e Sujeitos da Pesquisa

4 Caracterização da Pesquisa

5 Procedimentos da Pesquisa Bibliográfica

6 Desenho e Proposta da Pesquisa

7 Contexto do Desenvolvimento

8 Processos de Coleta, Análise e Tratamento dos Dados

9 Introdução

10 Estudo de caso

11 Revisão sistematizada da literatura

12 Adequar o marco teórico

13 Análise, desenvolvimento e resultados

14 Considerações finais

Fonte: dados da pesquisa (2019).

Todo o ciclo de Etapas foi novamente seguido, e os artefatos: Natureza da Pesquisa e Posicionamento Epistemológico foram construídos segundo os rituais do Scrum adaptado à metodologia científica de trabalhos acadêmicos. Os outros artefatos obtidos em cada Etapa ou em cada conjunto de Etapas, fazem parte da seção 4 desta tese.

Reiterar que o ciclo de etapas foi seguido várias vezes, até extinguir a lista de funcionalidades se torna redundante, por demais está continuar descrevendo como cada artefato da metodologia foi elaborado e refinado várias vezes até atingir o padrão de qualidade

esperado, já que se trata de seguir o ciclo de cada Etapa repetidamente. Destarte, cabe destacar que a seção 4 foi finalizada no mês de agosto de 2019.

Tanto a segunda como a terceira seção, que versam sobre a revisão sistematizada da literatura e o marco teórico, foram basicamente elaborados no processo de Qualificação da tese. E como foram aprovados, não foi preciso realizar muitas modificações, os resultados foram aproveitados porque o tema central da tese não foi mudado.

Contudo, criou-se uma funcionalidade na Lista de Tarefas (product backlog) denominada: adequar às solicitações da banca de qualificação, onde foi desdobrada em algumas tarefas, umas para atender à revisão da literatura e maioria para fortalecer o marco teórico. Além de, atender as contribuições dos professores avaliadores e adicionados os elementos que faltaram naquele momento.

Alguns dos artefatos elaborados nesse desdobramento foram: texto sobre o desempenho organizacional; texto sobre a norma padrão de governança da TIC ISO 38500; norma padrão ISO 15504 (trata-se de um modelo cujo foco está na melhoria dos processos de desenvolvimento de software e a determinação da capacidade de processos de uma organização). Esta norma, foi a inspiração inicial para a elaboração do framework resultante em 5 camadas.

Como consequência, houve um desdobramento do desdobramento (coisa que a metodologia ágil, permite) adicionando novas tarefas e criados outros artefatos. Buscou-se outros modelos já consolidados internacionalmente, que fossem baseados na melhoria constante, que atendessem às necessidades deste trabalho e também foram adicionados no marco teórico. Daí surgiu o modelo SW-CMM que também influenciou na elaboração desta tese.

Além disso, para desenvolver o framework de governança para destinos turísticos inteligentes, foram acrescentados documentos ou guias dos principais órgãos internacionais de governança para extrair seus princípios e os elementos que fazem parte da boa governança. Estes órgãos foram:

1) Comissão das Comunidades Europeias com o Livro Branco da Governança Europeia (2001);

2) Conselho da Europa com seus 12 Principles of Good Governance and European Label of Governance Excellence (2008);

3) Banco Mundial com seu Governance and Management (2007);

4) Instituto de Governança do Canadá com o Partnerships: Putting Good Governance Principles in Practice (2006);

5) Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) com seus Princípios de Governo das Sociedades do G20 (2016);

6) OMT, Organização Mundial de Turismo - UNWTO Guidelines for Institutional Strengthening of Destination Management Organizations (DMOs) – Preparing DMOs for new challenges (2019);

7) PMI-AL Project Management Institute - Guia Agile (2017); e o

8) TCU, Tribunal de Contas da União com seu Referencial Básico de Governança, aplicável a Órgãos e Entidades da Administração Pública. (2014).

Esta funcionalidade implicou em criar uma atividade para entrar em uma Etapa (sprint) e foi concluída pela Equipe de Tese. Porém, diferentemente da primeira seção, desta vez não seguiu para a revisão de português, tendo em vista que para apresentar na qualificação uma parte da tese já tinha passado pela revisão e adaptação às normas. Ao invés disso, esperou-se que o professor orientador aprove todo o trabalho para enviar de uma única vez para colocar nas normas e fazer a revisão de português. Logo, a segunda e terceira seção foram dadas por concluídas.

A quinta seção seguiu o mesmo caminho. Elaborar uma Lista Priorizada de Tarefas, pegar uma a uma desdobrando em pequenos artefatos, entrar no ciclo da Etapa e confeccionar o texto requerido, fazer sucessivos refinamentos até chegar ao objeto ideal. Repetir tudo novamente até concluir a seção.

Para fazer o uso adequado desta metodologia há uma mudança de postura por parte de todos os participantes, porque impacta diretamente no tempo, na disponibilidade dos professores orientadores e na produtividade do discente. Na engenharia de software funciona bem, porque são times atuando em conjunto e há várias pessoas envolvidas em uma tarefa, que apoiam e estimulam à participação da equipe como um todo.

Como o trabalho na elaboração da tese é um trabalho mais isolado, mais individual, mais específico para o discente, logo, pode até funcionar bem, mas sem esse envolvimento de todos perde a essência de metodologia ágil. Este tipo de metodologia demanda alto comprometimento porque busca obter resultados rapidamente, e sem a elaboração veloz do artefato em questão, ou o feedback rápido, não faz sentido usar o Scrum.

Esta metodologia começa a se espalhar em outras áreas além do desenvolvimento de sistemas e da gestão de projetos. Indo para os princípios da produção enxuta (Gerdau - RS) e para área de recursos humanos, no desenvolvimento de pessoas (OdontoPrev - SP), as telecomunicações (Algar Telecom - MG) e outras, por conta dos ganhos de produtividade e de

níveis de sucesso obtidos em alguns projetos. “O modelo ágil permite quebrar o projeto em pequenas entregas e, caso não atenda às expectativas, dá para corrigir o processo durante o desenvolvimento” (Martins, 2019). Esta metodologia precisará de estudos empíricos para validar a adaptação aos procedimentos técnico-científicos em ambientes acadêmicos.

No próximo segmento, serão apresentados os resultados obtidos após aplicar a metodologia e as leituras provenientes do marco teórico, na tentativa de buscar respostas às questões de pesquisa.

5 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Seguindo à revisão da literatura, à metodologia, ao marco teórico e nas taxonomias construídas nas seções anteriores, nesta quinta seção aborda-se a análise e discussão do material colhido embasado nos métodos de análise anteriormente explicitados. Por sua vez, esta parte do trabalho está seccionado em três segmentos.

O primeiro, discorre sobre as cidades e os destinos turísticos inteligentes, enfatizando a governança, seu escopo, a relação entre a governança da cidade e a governança do turismo, a governança multinível e apresenta quatro inferências conduzem ao conceito de governança do turismo inteligente.

A seguir, no segundo segmento, são abordados os conceitos do framework da governança do turismo inteligente, criado e desenvolvido neste trabalho. É fundamentado nos conceitos de governança dos destinos turísticos inteligentes de INVAT.TUR e embasado nos princípios para a boa governança dos principais órgãos internacionais tais como: Banco Mundial com seu braço IEG–World Bank; Comissão Europeia; Conselho da Europa; Institute On Governance do Canadá; Norma ISO 38500 que versa sobre governança da tecnologia da informação e OCDE sobre o Governo das Sociedades.

No terceiro segmento, a partir dos dados coletados na revisão da literatura, dados estes que foram devidamente analisados, agrupados, codificados e categorizados, e então descreve-se detalhadamente a governança do turismo inteligente, cerne desta tese.

Subdivididas em três partes, sendo a primeira relativa aos aspectos que definem o grau ou níveis de inteligência a serem usados para a elaboração deste framework, destacando as caraterísticas mais importantes de cada estágio de inteligência.

Seguidamente, esclarece-se a definição de paradigma da DMO. Para chegar a tal, as atividades da DMO são agrupadas em processos padrão, que são processos abstratos das principais funções que a organização deve realizar no seu cotidiano. Estes processos servem de guias para que os projetos sejam desenvolvidos. Para esclarecer, é usado um processo padrão e exemplificando, para tal, foi escolhido o processo de participação.

O segmento conclui com um exemplo de como poderiam ser os cinco estágios de inteligência deste processo, aplicando ao processo padrão de participação. Embora se trate apenas de um exemplo, mas como todas as DMO tem em comum este processo, pode ser utilizado futuramente ao criar um modelo de inteligência organizacional.

Esta tese, considera o turismo como um ativo (bem); que deve ser tratado com a importância requerida, não como um produto, manufaturado, elaborado e que pode ser

substituído facilmente. Semelhantemente a os outros ativos do território como a cultura, os valores, as paisagens e muitos outros, que precisam ser preservados, cuidados e protegidos.

A tecnologia entra como elemento médio, pelo qual pode-se agregar valor a estes bens. A governança e a gestão do destino são facilitadas pelo uso adequado destas tecnologias e, portanto, precisam que alguma maneira seja dada a importância requerida, bem como a prioridade, e sejam alocados os recursos necessários.

O objetivo principal desta seção é apresentar um framework multinivelado que seja capaz de identificar o nível de inteligência na governança de um destino turístico para analisar a competência tática-operacional e estratégica no âmbito dos destinos turísticos inteligentes.