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4.3 COMPETÊNCIAS: ORIGENS, O QUE SÃO E COMO DESTINGUI-LAS

4.3.2 Competências Gerenciais

Para determinar a competência gerencial é adequado entender o ambiente onde o gestor atua. Este personagem está em constante ação no universo sócio-econômico das empresas, cabe a ele enfrentar: constantes mudanças e incertezas, volatilidade e interdependência de mercados financeiros, desenvolvimento da tecnologia da informação, etc. “Por essa razão, parcela importante da literatura tem caracterizado o perfil do gestor para os próximos anos a partir dessa ‘demanda’ do ambiente” (RUAS, 2000, p. 3). Estas demandas resultam na elaboração de competências desejáveis e de diversos atributos para a ocupação de um cargo de gestão.

Apresentadas no tópico anterior as noções de competências de Fleury, A e Fleury, M. (2000), Dutra (2001; 2013) e Ruas (2005) fazem conexões entre as necessidades, objetivos e processos da organização com a noção de competências. Partindo das reflexões desses autores, para entender o papel do gestor e as competências gerenciais, é necessário antes abordar o tema competência organizacional.

O estudo do tema se baseia na teoria de core competence (CC) consolidada por Prahalad e Hamel (1995). A partir da abordagem de Resource Based View (RBV),os autores propuseram que as competências essenciais de uma organização envolviam a combinação de recursos organizacionais como pessoas de diferentes níveis da organização, maquinário, clientes, fornecedores e recursos externos, para que a empresa com intento estratégico seja capaz de se adaptar continuamente a diferentes mercados e ambientes.

Para identificar uma CC é necessário que a empresa atenda a três critérios: (a) contribuir para agregação de valor de um produto aos clientes da empresa, (b) garantir acesso a uma variedade de mercados e (c) ser de difícil imitação. O conceito foi popularizado, mas

1 Nota do autor: Devido à heterogeneidade do conceito de competências existe um debate acerca da noção de competências, dentre os expoentes destacam-se a escola Francesa e a escola Americana, o assunto é debatido na obra de Dutra (2013). Nesta pesquisa a noção de competências pende para a escola americana. Justifica-se a escolha por: a objetividade do conceito de competências, o alinhamento dos objetivos da pesquisa com os conceitos, a nomenclatura utilizada nas competências, a possibilidade de generalizar as listas de competências para com as empresas estudadas.

devido às implicações e a raridade de encontrar empresas que possuíam competências essenciais, diferentes autores propuseram o termo ‘competência organizacional’(FLEURY, A; FLEURY, M., 2000; DUTRA, 2001; RUAS, 2005).

Nessa dissertação optamos pelo conceito de Ruas (2005). O autor divide o conceito de competência organizacional em três: O primeiro, as competências organizacionais básicas que contribuem para a sobrevivência da organização no médio prazo; o segundo, as competências organizacionais seletivas que diferenciam a organização no espaço de competição onde ela atua, contribuindo para uma posição de liderança, ou quase, no mercado; e por fim, as core competence, que “diferenciam a empresa no espaço de competição internacional, contribuindo para uma posição de pioneirismo” (RUAS, 2005, p. 46). A Figura 11 apresenta a relação entre os intentos estratégicos e as competências organizacionais.

Figura 11 - Configurações Organizacionais da Noção de Competência

Fonte: Adaptado de Ruas (2005).

As competências organizacionais se desdobram através das competências funcionais, um intermediário entre competências da organização e dos indivíduos; essas podem ser classificadas como competências coletivas representadas por um grupo de pessoas ou uma área da organização; contudo, são abordadas sobre o ponto de vista estratégico da empresa, essas competências oferecem benefícios ao cliente e agregam valor econômico à organização (RUAS, 2005).

Tendo em vista os intentos estratégicos, os grupos organizacionais, os objetivos do negócios, e assegurar a continuidade dos processos, entra o papel fundamental do gestor, que, para Ruas (2005), deve apresentar competências inter-relacionadas às competências organizacionais, e são montadas através de uma teia complexa de recursos, ações e aprendizagem. Na perspectiva do autor, a competência gerencial é a mobilização de CHA em que se colocam recursos e restrições em uma condição particular, e gera um repertório de

Visão Missão Intenção Estratégica Competências Organizacionais Competências Funcionais Competências Gerenciais

respostas e alternativas às situações que se apresentam à organização contemporânea (RUAS, 2000; 2005).

A definição de Oderich (2005) tem a influência de Ruas (2000), para a autora, o gestor é responsável pela coordenação entre estratégia, pessoas e recursos. Esse atua como um intermediário entre os resultados esperados e os indivíduos da organização, ele distingue-se do profissional comum por um perfil gerencial (Quadro 12).

Quadro 12 - Componentes do Perfil do Gestor Atual

Fonte: Oderich (2005, p. 94).

A noção de perfil gerencial ainda se confunde com competência gerencial. Um perfil gerencial pode compreender várias competências gerenciais. Todavia, “as competências gerenciais são um conceito teórico relativamente preciso, relacionado ao desempenho do gestor” (ODERICH, 2005, p. 91); o desempenho propriamente dito passa a ser contemplado em forma de ação esperada pela organização nos eventos enfrentados pelo gerente. As competências gerenciais tem como objetivo articular a estratégia da organização e dos indivíduos.

Porém, para Dutra (2008, p. 32), ‘algumas competências individuais são exigências para todas as pessoas que mantêm relação de trabalho com a organização. A definição das competências exigidas pela organização irá depender das necessidades estratégicas da organização e do cargo que o indivíduo ocupa; a diferença são as atribuições e as responsabilidades. Os gestores devem possuir competências para articular os objetivos do negócio com as pessoas e recurso da organização, sendo ele um agente norteado pela estratégia.

Segundo o autor, não basta ter um conjunto de pessoas competentes individualmente, é necessário que uma pessoa harmonize o conjunto para formar um todo coerente. Ao longo

 Visão sistêmica e estratégica.  Domínio pessoal.

 Capacidade de trabalhar em equipe.  Habilidades humanas e interculturais.  Criatividade.

 Flexibilidade.

 Capacidade de inovação.  Comportamento ético.

do processo de desenvolvimento das competências individuais, um profissional pode demonstrar vocação para ser um gestor de outros indivíduos (DUTRA, 2008).

O papel do gestor é coordenar e integrar recursos; aprender constantemente; e reconfigurar os departamentos funcionais conforme as demandas da organização. Logo, as competências gerenciais são a integração de pessoas e recursos, para desenvolver um saber e agir combinatório para realizar uma entrega a qual toma parte na atuação de competências organizacionais (BITENCOURT; AZEVEDO; FROEHLICH, 2013).

O Quadro 13 apresenta as principais definições de competência gerencial:

Quadro 13 - COMPETÊNCIAS GERENCIAIS– Principais definições

Principais Definições – Competências Autores

É a mobilização de CHA aonde se colocam recursos e restrições em uma condição particular, e gera um repertório de respostas e alternativas às situações que se apresentam à organização contemporânea.

(RUAS, 2000; 2005)

As competências gerenciais têm como objetivo articular as estratégias da organização e os indivíduos.

(ODERICH; 2005) As competências gerenciais são diferenciadas pelas atribuições e as

responsabilidades do cargo. As competências gerencias deve marticular os objetivos do negócio com as pessoas e recursos da organização, sendo o gestor um agente norteado pela estratégia.

(DUTRA, 2013)

As competências gerenciais são a integração de pessoas e recursos, para desenvolver um saber e agir combinatório para realizar uma entrega a qual toma parte na atuação de competências organizacionais.

(BITENCOURT; AZEVEDO; FROEHLICH, 2013) Fonte: Adaptado de Ruas (2000; 2005); Oderich (2005); Dutra (2008); e Bitencourt, Azevedo e Froehlich

(2013).

Nesta dissertação é adotada a seguinte definição para as competências gerenciais: A mobilização de um conjunto de capacidades, habilidade e atitudes com o intuito de mobilizar e articular pessoas e recursos da organização, buscando resultados norteados pelos objetivos e estratégias da empresa (RUAS, 2000, 2005; ODERICH, 2005; DUTRA, 2013; BITENCOURT, AZEVEDO; FROEHLICH, 2013).

Essa definição tem forte influência de Ruas (2000, 2005) pela correlação entre as intenções estrégicas, e as competências organizacionais e gerenciais. E também a influência de Dutra (2013) pela forte articulação de pessoas e recursos para atingir objetivos, e a responsabilidade sobre o cargo. A responsabilidade de gerir um negócio faz parte da sucessão de cargos por um indivíduo que possa nutrir as necessidades de uma função (DUTRA, 2010). Esse tópico será explorado no próximo capítulo.