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4 APRESENTAÇÃO DOS DADOS

4.2 Tecnologia na Educação na Escola Municipal

4.2.3 Competências Tecnológicas dos Professores

Para analisar as competências profissionais dos professores que trabalham com as turmas beneficiadas pela política pública de concessão de uso de tablets foram realizadas entrevistas com todos os docentes que também receberam o equipamento e trabalham com estes alunos. Desta maneira o pesquisador conversou com seis profissionais que, conforme acordo, serão identificadas com o nome de flores, sendo elas Margarida, Dália, Rosa, Orquídea, Camélia e Hortência.

A região noroeste do Rio Grande do Sul não possui muitas instituições que oferecem curso de licenciatura. A maioria dos professores são formados pela Unijui campus Santa Rosa e com a popularização dos cursos a distância, alguns docentes possuem pós-graduação nestas entidades.

A Margarida tem 34 anos e formou-se em 2006 e é Licenciada em Letras/Espanhol na Unijui. A docente planeja suas aulas nas quatro horas que são dedicadas a isso, conforme contrato de trabalho. Todos professores municipais têm contrato de trabalho para vinte horas de trabalho semanais, sendo dezesseis em sala de aula e quatro de planejamento. Alguns docentes possuem dois contratos, ou seja, 32 horas de docência e oito horas de planejamento.

Para planejar as aulas Margarida 1 informa que utiliza livros, sites da internet e o tablet que recebeu do município. Quando questionada se utiliza tecnologia em sala de aula Margarida demonstrando insegurança afirmou: “De vez em quando. Mais para mostrar um vídeo curto, vídeos do youtube. Por exemplo, hoje eu utilizei um vídeo de 1:30min da família dinossauros onde eles aprenderam a falar não é a mamãe em espanhol”. Dessa maneira, se observa que Margarida não utiliza ou desconhece aplicativos relacionados a sua disciplina para trabalhar em sala de aula.

Nem sempre a Margarida consegue aplicar tudo o que planeja para uma aula, inclusive se for a mesma série mas com turmas A e B, as vezes, o rendimento é diferente. Ela explica

que com o ensino de línguas para que a aula seja produtiva é necessário a interação dos alunos, caso não ocorra esta colaboração, a aprendizagem fica prejudicada.

As vezes tem que primeiro conversar e eles [os alunos] interagirem, eles colaboram, e em outra turma as vezes tu pergunta e eles não se manifestam. Daí tem que ir mudando um pouco se não a próxima atividade que vem a seguir não tem como responder porque eles não se manifestaram. Na área de línguas se eles não ajudam, colaboram, aí tranca todo o aprendizado.

A Margarida demonstra estar segura sobre sua forma de trabalhar, apenas é receosa com a tecnologia durante as aulas. Isso se justifica porque ela, durante sua graduação, teve apenas uma disciplina eletiva relacionada a tecnologia/informática. Ela informa que fez esta matéria opcional e gostou, mas acredita que para hoje é muito desatualizado. A Margarida considera muito importante a formação docente porque “Se fala tanto em usar tecnologia na educação, mas nós [professores] não estamos preparados”.

Conforme citado anteriormente, ocorreu capacitação técnica com os docentes. Margarida comenta que “Eram coisas bem legais, questionários, querycode, é uma coisa que pra nós tem que praticar bastante para nós sabermos fazer”. Porém, ela explica que não foi muito produtivo porque:

Foi muito pouco e muito rápido. A professora que veio tinha um conhecimento maravilhoso, mas como nós estávamos meio zerados, não adiantava porque ela achava que estávamos entendendo as coisas, mas nós não tínhamos aprendido. Ela fazia uma coisa com nós e em outro dia mandava aplicar e outro dia nós não sabíamos mais fazer e ela achava que nós tínhamos assimilado aqui para fazer uma coisa nova.

É notório, com esta fala, que a docente não possui os conhecimentos básicos mínimos em informática. Não adianta ter um curso se não existe interesse, conhecimento prévio do assunto e persistência porque para aprender a trabalhar com as ferramentas tecnológicas é necessário praticar. Apenas assim o professor estará seguro para ministrar suas aulas com o tablet.

As aulas não são muito proveitosas com o tablet porque falta maturidade para os alunos. Os estudantes apenas observam as opções de divertimento que o equipamento pode proporcionar. A Margarida explica que tenta utilizar o aparelho muitas vezes durante a aula mas que os alunos sempre tentam acessar jogos de alguma forma. Nas suas palavras:

Por mais que tentássemos direcionar para atividades em sala de aula eles não levavam isso a sério. Para eles o tablet era para joguinhos tanto que se solicitasse que pesquisasse alguma coisa quando eu menos esperava aparecia um daqueles barulhos de joguinhos.

Os aparelhos deveriam, conforme a Margarida, ser disponibilizados aos alunos apenas no início da aula (planejada para o uso do tablet e não em todos os encontros) e ser recolhido no final, da mesma forma como a diretora havia sugerido. Ela explica que “Aí vai ser

proveitoso, porque o aluno vai ter o tablet na mão quando o professor quer para a atividade que ele planejou”. A Margarida também considera que as famílias não estão preparadas para auxiliar os filhos com o aparelho, na sua visão “É ilusão pensar que os pais vão conseguir controlar o que eles estão fazendo com o tablet”. A docente reconhece, por outro lado, que o equipamento não influencia no comportamento do estudante porque “Aqueles que são indisciplinados são indisciplinados de qualquer jeito”. A Margarida está preocupada com o futuro do projeto. Nas suas palavras:

Eu acho difícil de trabalhar tecnologia, sempre temos cinco alunos que se destacam entre vinte e os outros quinze não se organizam nem no próprio caderno, nem para copiar as coisas do quadro. Como eles iriam conseguir se organizar para fazer uma atividade do tablete onde eles podem anotar tudo em um aplicativo que simula um caderno.

A preocupação da docente é pertinente, porém, os alunos precisam ser estimulados a utilizar a tecnologia a favor da educação. Como foi frisado pelo secretário de administração, é uma inovação e tudo que é novo gera resistência, mas é preciso sair da zona de conforto e mudar as velhas práticas de ensinar.

A Dália tem 34 anos e possui graduação em desenho concluída em 2010 e pós- graduação em ensino de arte a distância, finalizada em 2015. Diferente da Margarida, esta informou que utiliza bastante a internet para pesquisar material para aula e justificou dizendo que na grande rede de computadores se encontra novidades todos os dias e nos livros o conteúdo depende de uma reedição para ser atualizado. Muitas vezes, a Dália não consegue colocar em prática tudo o que planeja e isso varia de uma turma para outra.

Durante a sua formação, Dália teve uma disciplina obrigatória e outra eletiva relacionada ao uso de tecnologia na educação. Ela cursou ambas e nas suas palavras “Eu gostei, inclusive eu utilizo bastante ainda o que aprendi”. Sobre o uso dos tablets em sala de aula a professora é favorável, porém, com o devido planejamento:

Eu acho muito bom, desde que seja direcionado. Dependendo de uma turma, se ela for muito grande você precisa ter um domínio grande para não virar bagunça. As vezes quando você vê eles estão fazendo atividades diferentes do que eu solicitei. Pra a minha disciplina é bem interessante utilizar o tablet com a internet para que eles tenham contato visual com as imagens.

A Dália está segura para trabalhar com o equipamento, ela gosta e torna as suas aulas mais atrativas para os alunos. A disciplina de artes também possui grande quantidade de conteúdo que pode ser facilmente encontrado na internet e não existe perigo com relação a qualidade dos conteúdos uma vez que são desenhos, pintura entre outros itens, que diferentemente da disciplina de história, por exemplo, na qual o docente precisa filtrar o conteúdo pesquisado para não repassar informações equivocavas aos alunos.

Assim como a Margarida, a Dália também acredita que o comportamento dos alunos não muda pela presença do tablet. Nas suas palavras: “Depende mais da forma como o professor procede com a aula. Depende de como você planejou a aula, o aluno fica indisciplinado se a tua aula não for interessante para o aluno. Se esse aluno não achar interessante ele vai atrapalhar a aula com ou sem tablet”. Dessa maneira, a visão da docente é que o aluno prestar ou não atenção na aula também é responsabilidade do professor. Se a aula for expositiva e o estudante não tem oportunidade de participar ele reage procurando algo mais “interessante” do que a explicação do professor.

A Dália, influenciada pela diretora, também acredita que seria mais produtivo se os tablets permanecessem na escola e fossem retirados pelos professores apenas quando a aula fosse planejada para isso. Mesmo com o equipamento sempre em posse dos alunos, a Dália consegue impor limites aos estudantes, mesmo que em algumas vezes precisa ser mais rígida para que eles mantenham-se concentrados na aula. Ela explica que:

Enquanto os alunos tem o tablet o tempo todo, os alunos não tem a noção de que em determinados momentos eles tem que guardar, eles não criaram essa disciplina ainda. É complicado porque algumas vezes eu acabo me indispondo com o aluno quando ele não quer guardar, mas eu insisto porque ele acaba sendo prejudicado por isso.

Para a Dália as famílias também não estão preparadas para auxiliar os filhos com o tablet. Atualmente, muitas famílias “terceirizam” a educação dos seus filhos para a escola, sendo que a escola é um complemento da educação que deveria ser ensinada em casa. A Dália defende o equilíbrio entre o uso do tablet para lazer e para estudos porque mesmo enquanto o estudante joga, ele está aprendendo. Nas suas palavras:

A família não está sabendo lidar com isso, não conseguem impor limites. Acho que esse conjunto família e escola deveria ser trabalhado. Eles precisam saber dosar o estudo com o lazer. Eles usam mais para o lazer do que para o estudo. A família entra neste sentido. Nós usamos na escola como um complemento para a educação, para o cognitivo e em casa ele deve ser usado da mesma forma, pode ser usado para o lazer também, mas tem que dar limite, é necessário existir uma parceria entre escola e família e eu acho que isso não está acontecendo.

A Dália comenta que o tablet ajuda muito na sua aula e é a favor que o projeto continue. A docente defende o uso da tecnologia a favor da educação porque proporciona o complemento do aprendizado do aluno. Ela explica que:

Para mim melhora, porque quando eles tem esse contato visual com a arte pra mim melhora muito. No momento que eu faço um xerox em preto e branco eles não tem contato com a cor. Na biblioteca não tem tudo o que eu preciso em termos e arte e na internet eu tenho. Para mim é fantástico.

A Rosa tem 33 anos e é formada em Artes e Geografia, com pós-graduação em supervisão e orientação escolar obtido em 2004 pela Unijui. Elabora as suas aulas utilizando

bastante o tablet e a internet porque considera os livros desatualizados. A docente explica que os livros adquiridos pela escola são para todo o ensino fundamental, dessa forma, alguns conteúdos no terceiro e quarto anos ficam obsoletos, assim, a tecnologia é uma aliada para tornar as aulas melhores. Nas suas palavras:

Eu uso muito a questão da tecnologia em todos os planejamentos. Em sala de aula eu uso o tablet em todas as aulas. Eu uso muitas questões do ENEM e aulas de pré- vestibular. Como nós temos a televisão que é compatível com o tablet na maioria das salas de aula eu coloco direto na televisão.

Na maioria das aulas, a Rosa consegue implementar todo o seu planejamento. O sucesso, para a docente, ocorre em virtude da tecnologia, que deixa as aulas mais atrativas, ela explica que uma aula tradicional é cansativa para os estudantes, mas com recursos eletrônicos torna-se mais dinâmica e é considerada por todos como “mais moderna”. Ela exemplifica:

Eu estava trabalhando a água. Passei para eles o que era interessante do livro e depois um vídeo sobre a carta de 2070 [vídeo fala sobre os cuidados que temos que ter com este recurso natural] e eles ficaram impressionados e neste dia eu consegui desenvolver tudo e chegou a faltar conteúdo. Como eu tinha o tablet a aula foi andando. Então se torna muito melhor trabalhar os conteúdos tendo a tecnologia junto. Geralmente eu consigo desenvolver tudo porque eles gostam de uma coisa mais dinâmica.

A Rosa se preocupa com o aprendizado dos alunos, ela conta que a tecnologia auxilia a passar mais conteúdo em menos tempo, também utilizando a televisão o que diminui o uso do quadro. Ainda, com esta metodologia o estudante compreende melhor os conceitos o que diminui a necessidade de provas para as quais ele simplesmente “decore” o conteúdo.

Esta docente não teve nenhuma disciplina que a orientou a trabalhar com equipamentos tecnológicos em sala de aula. Mesmo assim, a Rosa, utiliza muito o tablet em sala de aula provando que a falta de incentivo durante a formação acadêmica não impede que o docente procure, por sua própria iniciativa, metodologias diferentes visando a melhora do desempenho dos estudantes. Nas suas palavras:

Não tive nada, nenhuma disciplina, nenhuma eletiva. Na minha formação eu descobri o que era um laboratório de informática e fiquei sabendo o que era um e- mail. Eu tive meu primeiro e-mail aquela vez. Nós não sabíamos nada. Nesta época eles estavam implementando os laboratórios de informática.

A Rosa entende que o projeto possui pontos positivos e questões a melhorar, porém, está sendo mais positivo do que negativo. Para ela, o aluno indisciplinado vai causar transtornos com ou sem o tablet. Da mesma forma, se não fosse o tablet, o aluno busca outra forma de “distração” como o celular se a aula não está atrativa para ele. Ela explica que “É bem mais prático usar o tablet do que o laboratório por exemplo. Eu não dispenso a possibilidade do aluno ter a aula tradicional, mas a tecnologia só vem a acrescentar”. A

docente reitera a importância de mudar a metodologia tradicional de ensino, para ela. “Nós ainda temos que caminhar para que tenhamos aulas mais atrativas para os nossos alunos”.

A Orquídea tem 39 anos, é graduada em pedagogia/séries iniciais pela UNIJUI em 1999 e pós-graduação em psicopedagogia a distância pela Unopar. Ela pesquisa bastante na internet os conteúdos do plano curricular porque nem sempre encontra o material nos livros da escola. Nem sempre a docente consegue implementar todo o seu planejamento e isso ocorre conforme o desempenho da turma porque alguns conteúdos que a priori seriam mais simples, acabam levando mais tempo para serem assimilados.

A docente, assim como a anterior, conta que não teve nenhuma disciplina relacionada ao uso de tecnologia em sala de aula apenas que “na pós[-graduação] a gente só comentou mas não que tivesse aula, mas a gente comentou os usos que a gente poderia fazer, mas não uma matéria especifica”. Ela explica que isso faz falta hoje em dia porque ela teve que aprender sozinha, contando com a ajuda de alguns colegas, a utilizar a tecnologia, como o tablet, por exemplo.

A Orquídea gosta de utilizar o tablet com a turma, ela exemplifica que “estudamos os vulcões, um assunto legal, tu trabalha no papel, no livro aí eu botava imagens ou vídeos ou algum jogo sobre o assunto”. O objetivo da docente, neste caso, era mostrar para os alunos em tempo real, de uma forma mais visual, o funcionamento de um vulcão. Essa assimilação do conteúdo ocorreu muito graças a tecnologia. Para ela, também, o tablet não tem influência na indisciplina do aluno e exemplifica que o bom aluno, melhora ainda mais a partir do uso do aparelho.

A docente gostaria que o projeto fosse ampliado, mas que iniciasse pelos professores para que eles pudessem ir explorando o equipamento com mais tranquilidade e depois repassar aos alunos. Também, que fosse ampliada a estrutura de internet porque em alguns momentos ela deixa a desejar quando os docentes querem trabalhar com aplicativos on line em vários tablets.

Para a Orquídea, a tecnologia na educação é um caminho sem volta. Nas suas palavras: “Não, e todo mundo é bem consciente todo mundo vai usar para aquilo que precisa”. A docente entende que a partir dos equipamentos eletrônicos é mais fácil para os alunos entenderem os conteúdos e que a cada dia eles estarão mais presentes nas escolas.

A Camélia tem 47 anos e é graduada em matemática pela UNIJUI em 2006 e pós graduação em educação matemática a distância pela Fael em 2011. O planejamento da aula é prejudicado pelo pouco tempo que os docentes possuem para isso. Ela explica que tem uma tarde para planejar uma semana inteira de aula. Desta maneira, muitas vezes, a preparação das

aulas é feita em casa mas isso não impede que o tablet seja utilizado em aula. Nas suas palavras:

Na aula eu utilizo o tablet conectando ele na televisão principalmente para conteúdos de ciências, história e geografia que são as disciplinas onde encontro bastante material na internet. Com o tablet eu consigo enriquecer muito a minha aula, tem uma vasta gama de conteúdo na internet.

A Camélia tem muita segurança para trabalhar com o equipamento com a turma. Atos de indisciplina são raros porque sempre no início do ano deixa claro para os estudantes que o papel dela é explicar os conteúdos e o dos estudantes é estudar para aprender. Ainda, um aluno que atrapalha a aula impede o progresso dos colegas e caso isso ocorra, ela faz intervenções firmes para garantir o bom andamento das aulas. Nas suas palavras:

Eu penso que eu tenho que ir na sala de aula para trabalhar e passar os conteúdos e eles tem que vir para aprender então é isso que tem que acontecer. Se eu tenho alunos que não colaboram com isso eles não têm o direito de atrapalhar os outros que querem aprender.

A docente explica, por outro lado, que fora das aulas muitas vezes visualizava os alunos utilizando o equipamento para diversão e até acessando conteúdo impróprio na internet. Isso ocorre, na visão da Camélia, por que “Falta um amadurecimento por parte deles para saber usar” e que as famílias deveriam prestar mais atenção no que os seus filhos estão fazendo com o aparelho. Para ela “falta direcionamento dos pais, para que eles saibam usar melhor isso para adquirir conhecimento”.

Os alunos poderiam aproveitar melhor esta oportunidade de ter acesso a equipamentos de última geração. Camélia conta que os estudantes não sabem dimensionar a grandiosidade da tecnologia e os efeitos educacionais que ela pode ter para eles. Assim como as professoras Margarida e Dália, a Camélia também sugere que os tablets deveriam ficar no laboratório de informática a disposição dos professores que retirariam o equipamento e devolveriam quando ao final da aula. Ela defende isso porque, na sua visão, a maioria dos conteúdos está na internet e que os estudantes poderiam acessar eles de outra forma.

O projeto deve continuar, para a Camélia, porque os equipamentos já foram adquiridos, desta maneira, hoje é uma importante ferramenta pedagógica que está a disposição dos professores. Ela explica que “o tablet nos traz muitos conteúdos da internet que não encontramos nos livros, nós podemos adquirir este conhecimento, se nós temos o equipamento não temos porque não utilizar ele”.

A Camélia também acredita que as famílias dos alunos não estão preparadas para ajudar os filhos a utilizar a tecnologia a favor da educação. Ela exemplifica que muitas pessoas não sabem nem usar o celular para realizar tarefas simples e, consequentemente, não

vão conseguir auxiliar os estudantes com eventuais dúvidas com o manuseio do tablet. A docente explica que em casa deve ocorrer o complemento dos ensinamentos da escola, inclusive quando isso envolver o uso de tecnologia, porque “O que as crianças aprendem de tecnologia apenas na escola não sei se é o suficiente para ensinar e as famílias teriam que pelo menos saber um pouco”.

Durante a formação acadêmica Camélia teve duas disciplinas relacionadas ao uso de tecnologia na educação. A docente conta que gostava muito destas aulas mas que não consegue aplicar nada do que aprendeu porque a universidade utilizava sofwtares pagos que são de difícil acesso à escola. Ela poderia utilizar a planilha eletrônica instalada no laboratório de informática mas a versão que está instalada (LibreOffice) não é do seu domínio.

A Camélia é contra os estudantes levarem o tablet para casa uma vez que isso é um risco para a integridade dos equipamentos. Para ela, os alunos, culturalmente não sabem dar valor ao equipamento. Ela conta ainda que existe um mito de que os alunos por estudarem em escola pública não tem condição financeira de adquirir estes equipamentos. “Muitas vezes nós pensamos que eles não têm condições, mas eles dão um jeito de comprar. Eles têm as vezes