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4 APRESENTAÇÃO DOS DADOS

4.3 Desempenho Escolar Antes e Depois dos Tablets

Para analisar o desempenho escolar antes e depois do projeto que inseriu os tablets no ensino fundamental, foram comparadas as notas dos estudantes que receberam o aparelho. O objetivo desta análise documental foi verificar se houve melhora nas avaliações destes estudantes. A partir destes dados foram elaborados os quadros, figuras e tabelas que serão apresentados a seguir. O nome dos estudantes foi ocultado conforme acordo com a secretaria de educação e os responsáveis dos alunos. A média foi calculada pela soma dos conceitos e divisão pela quantidade de alunos. A tabela 48 apresenta as notas dos alunos da turma 1 em 2013, 2014, 2015 e 2016.

Tabela 4 – Desempenho dos alunos da turma 1 em 2013, 2014, 2015 e 2016.

Alunos Ano/Nota 2013 2014 2015 2016 Aluno 1 95 89 88 88 Aluno 2 96 88 88 88,5 Aluno 3 64 60 72 66 Aluno 4 94 85 88 87 Aluno 5 70 63 78 79,5 Aluno 6 83 72 78 76 Aluno 7 92 84 80 82 Aluno 8 79 60 78 78,5 Aluno 9 94 94 83 79 Aluno 10 93 85 84 77 Aluno 11 92 78 87 86

8 A tabela apresenta apenas os alunos que estiveram todos os anos (2013, 2014, 2015 e 2016) matriculados na

Média turma 86,5 78 82,2 80,7 Fonte: dados da pesquisa, 2016.

O desempenho dos alunos apresentado na tabela 4 refere-se à turma que recebeu o tablet em 2014, desta maneira, foram analisadas as notas do ano anterior a inserção do equipamento nos processos de ensino e aprendizagem e nos três anos posteriores. Os dados evidenciam que o desempenho escolar dos alunos caiu 8,6 pontos no ano em que receberam os tablets em relação ao ano anterior. Contudo o desempenho cresceu 4 pontos no ano posterior (2015), mas ainda assim ficou inferior ao inferido em 2013. Em 2016 a média dos estudantes decresceu 1,5 pontos, entretanto, a média da maioria dos estudantes se manteve constante com pequenas oscilações de um ou dois pontos. Os alunos 3 e 10 foram os que apresentaram maior queda no desempenho, sendo seis e sete pontos respectivamente.

Professores e alunos justificam o desempenho com o “deslumbramento” dos estudantes com o aparelho por ser uma ferramenta nova e isso distanciou os alunos dos estudos. Superada esta etapa na qual houve maior exploração do equipamento para fins particulares ou de diversão, ele passou a ser utilizado como instrumento pedagógico e isso pode ser constatado na melhora do conceito na maioria dos alunos entre 2014 e 2015. Em 2015, a turma que recebeu o tablet estava no sexto ano, dessa maneira, o currículo sofreu algumas mudanças, a principal delas é a divisão das disciplinas entre diferentes professores. Para compor a nota de 2015, foi calculada a média do aluno em todas as disciplinas. A figura 13 apresenta o comparativo do desempenho escolar dos alunos da turma 1.

Legenda: Os números de 1 a 11 representam os alunos que tiveram o desempenho analisado Fonte: elaborado pelo autor, 2016.

O aluno 9 foi o que apresentou a maior queda no período analisado. Segundo a equipe diretiva da escola, isso ocorreu em virtude de problemas pessoais (doença) que afastaram o aluno da escola por um longo período, sendo que até o conceito na disciplina de educação física diminuiu de 94 para 79. Neste tempo em que não frequentou as aulas, o estudante “perdeu” parte importante dos conteúdos de disciplinas como matemática. A família procurou a instituição para que o aluno recuperasse o conteúdo em turno inverso, porém, o aproveitamento diminuiu.

Com base na mesma figura, também é possível inferir que a diferença entre os conceitos dos estudantes também diminuiu, o que contribuiu para redução na média de desempenho da turma,. Em 2013, a diferença entre o melhor e o pior desempenho da turma era de 32 pontos. Em 2016, essa disparidade caiu para 22,5 pontos, fato conquistado a partir da igualdade de acesso a informação por todos os alunos.

A segunda turma analisada, (classe “B”), apresenta resultados diferentes para o mesmo período analisado. A Tabela 5 mostra as notas dos alunos da segunda turma entre 2013 e 2016. 55 60 65 70 75 80 85 90 95 100 2013 2014 2015 2016 Nota

Aluno 1 Aluno 2 Aluno 3 Aluno 4

Aluno 5 Aluno 6 Aluno 7 Aluno 8

Tabela 5 – Desempenho dos alunos da turma 2 em 2013, 2014, 2015 e 2016. Ano/Nota 2013 2014 2015 2016 Aluno 1 74 76 85 83 Aluno 2 82 90 86 85,5 Aluno 3 82 82 88 87,5 Aluno 4 89 95 89 89,5 Aluno 5 70 71 77 73 Aluno 6 94 95 91 90,5 Aluno 7 74 75 84 84,5 Aluno 8 68 80 86 87 Aluno 9 85 83 87 84,5 Média turma 79,8 83 85,9 85

Fonte: dados da pesquisa, 2016.

Assim como a turma 1, os alunos da classe 2 receberam o equipamento em 2014. Diferente do primeiro grupo de alunos analisados, a turma dois apresentou leve evolução nas notas entre 2013 e 2015 e uma pequena queda inferior a um ponto em 2016. Um dos motivos para essa melhora, segundo a equipe diretiva, é a quantidade de estudantes em sala de aula. A turma 1 teve doze alunos a mais no período analisado. Destarte, quanto menor a turma maior o rendimento, pois são menos alunos para questionar, assim a aula rende mais e o professor pode explorar mais conteúdos, fazer mais exercícios, etc.

Outro fator preponderante para o desempenho é a maturidade dos alunos. As professoras entrevistadas informaram que o rendimento das aulas varia conforme a turma. Na Turma 2 há mais disciplina e comprometimento com os estudos e consequentemente o aproveitamento dos tablets também é maior. Na Figura 14 está uma representação comparativa do desempenho escolar dos alunos da turma 2.

Legenda: Os números de 1 a 9 representam os alunos que tiveram o desempenho analisado Fonte: elaborado pelo autor, 2016.

Assim como na turma anterior, a diferença entre o maior e o menor conceito dos estudantes diminuiu no período analisado. Nesta classe, apenas o aluno 5 possui média inferior a 80 pontos, os demais estão com notas entre 90,5 e 83, uma diferença de apenas sete pontos. O aluno 8 foi o que apresentou maior evolução durante os quatro anos, melhorando em quase 20 pontos o seu conceito (68 em 2013 e 87 em 2016).

O desempenho dos alunos da Turma 3 são apresentadas na tabela 6. Estes alunos receberam o aparelho em 2015, desta maneira, foram analisados o ano anterior (2014) e o posterior à cedência dos tablets.

Tabela 6 – Desempenho dos alunos da turma 3 em 2014, 2015 e 2016.

Alunos Ano/Nota 2014 2015 2016 Aluno 1 72 65 76,5 Aluno 2 75 62 75 55 60 65 70 75 80 85 90 95 100 2013 2014 2015 2016 Nota

Aluno 1 Aluno 2 Aluno 3 Aluno 4 Aluno 5

Aluno 3 100 97 96 Aluno 4 86 75 71,5 Aluno 5 85 68 76 Aluno 6 70 60 70,5 Aluno 7 95 88 87,5 Aluno 8 88 71 65,5 Aluno 9 87 81 82,5 Aluno 10 89 77 85,5 Aluno 11 74 62 63 Aluno 12 94 72 74,5 Aluno 13 91 79 73 Aluno 14 65 60 68 Aluno 15 100 96 95 Média turma 85 74,2 77,3

Fonte: dados da pesquisa, 2016.

No primeiro ano em que os alunos tiveram acesso aos tablets (2015) a média da turma caiu quase onze pontos. No ano seguinte (2016), o conceito evoluiu três pontos, porém ainda abaixo do ano anterior à política pública (2014). Em 2014, quando cursavam a quarta série, alguns estudantes tinham média máxima, situação de difícil manutenção de um ano para outro. Segundo a equipe diretiva ocorrem mudanças curriculares a partir da quinta série, principalmente pela troca de uma professora única que ministrava todas as disciplinas na quinta série, para um docente por matéria no sexto ano escolar.

Houve recuo ainda maior entre os estudantes que tinham média entre 70 e 85 e isso ocorreu porque enquanto no quarto ano os estudantes são estimulados a formular frases, compor parágrafos. Na área de ciências exatas, na quarta série os alunos aprendem expressões matemáticas básicas e a tabuada, sendo imprescindível o domínio destes conteúdos para avançar ao quinto ano.

A figura 15 apresenta um comparativo do desempenho escolar dos alunos da turma 3 nos anos 2014 e 2015.

Legenda: Os números de 1 a 15 na figura acima representam os alunos que tiveram o desempenho analisado Fonte: elaborado pelo autor, 2016.

Assim como nas turmas anteriores, a diferença entre o maior e o menor conceito também diminuiu na Turma 3. Assim como os alunos 6 e 10, outros melhoraram significativamente o desempenho do primeiro ano com o tablet (2015) para o segundo (2016). O aluno 6 saltou de 60 pontos (média mínima para aprovação) em 2015 para 70,5 pontos em 2016, igualando o seu desempenho (70 pontos) com o ano anterior a inserção dos aparelhos na classe (2014). O aluno 10, por sua vez, havia decrescido mais de 10 pontos de 2014 para 2015. Em 2016, este estudante teve uma boa recuperação ficando apenas 3 pontos da sua nota do seu conceito em 2014 (89 pontos).

A quarta turma analisada também recebeu o tablet em 2015. Esta classe também teve queda de rendimento (10 pontos) entre 2014 e 2015. No quinto ano escolar, os alunos precisam calcular expressões matemáticas, frações entre outras tarefas que exigem o domínio da tabuada até o nove. Por outro lado, em 2016 a média da turma apresentou evolução de quase oito pontos, ficando a menos de dois pontos do ano anterior a implementação da política pública (2014). Estes resultados estão expressos na tabela 7.

Tabela 7 – Desempenho dos alunos da turma 4 em 2014, 2015 e 2016.

55 60 65 70 75 80 85 90 95 100 2014 2015 2016 Nota

Aluno 1 Aluno 2 Aluno 3 Aluno 4

Aluno 5 Aluno 6 Aluno 7 Aluno 8

Aluno 9 Aluno 10 Aluno 11 Aluno 12

Alunos Ano/Nota 2014 2015 2016 Aluno 1 99 90 95 Aluno 2 91 76 86,5 Aluno 3 72 66 71 Aluno 4 79 60 70 Aluno 5 88 88 88 Aluno 6 82 60 72,5 Aluno 7 72 65 71 Aluno 8 97 95 95 Aluno 9 70 67 79,5 Aluno 10 68 60 75,5 Aluno 11 73 60 79 Aluno 12 83 65 72,5 Aluno 13 71 61 77 Aluno 14 66 60 66 Aluno 15 97 88 83 Aluno 16 86 74 72 Média turma 80,9 70,9 78,3 Fonte: dados da pesquisa, 2016.

Ainda, os estudantes têm que redigir redações completas que expressem início, meio e fim, sendo esta uma das maiores dificuldades dos alunos. Os estudantes que não dominam os conhecimentos básicos da quarta série, citados anteriormente, sofrem as consequências no ano seguinte e isso se reflete nas notas apresentadas em 2015.

Durante o período analisado o aluno 5 manteve a sua média nos três anos. Outros estudantes tiveram pequena variação de notas, como os alunos 1 e 8. Ainda houve os que melhoraram significativamente o conceito do primeiro ano da política pública (2015) para o segundo (2016) como, por exemplo, o aluno 11 que avançou 19 pontos e o aluno 13 que evoluiu 16 pontos.

Entre 2015 e 2016 houve decréscimo apenas com os alunos 15 (88 pontos em 2015 e 83 pontos em 2016) e 16(74 pontos em 2015 e 72 pontos em 2016) entretanto, esta queda é muito baixa se comparada à evolução apresentada por outros estudantes conforme citado anteriormente. A figura 16 apresenta um gráfico comparativo do desempenho escolar dos alunos da turma 4.

Legenda: Os números de 1 a 16 na figura acima representam os alunos que tiveram o desempenho analisado Fonte: elaborado pelo autor, 2016.

A análise das notas dos alunos que receberam os tablets do poder público municipal em 2014 e 2015 apresenta queda significativa no desempenho, o que preocupa os docentes e a família do aluno. Além das dificuldades convencionais ocasionadas pela dificuldade dos conteúdos cobrados de uma série para a outra, se os estudantes utilizarem o aparelho incorretamente esse afastamento dos estudos prejudica o desempenho escolar.

Apenas a Turma 2 apresentou melhoria no desempenho. O menor número de estudantes também significa menos aparelhos conectados à internet, fato que melhora o desempenho das atividades com o tablet, pois os alunos podem acessar mais conteúdo online.

As outras três turmas apresentaram regresso na avaliação. Nestes casos a política pública pode ser revista de forma a auxiliar em uma mudança nos números. Existem aplicativos específicos de matemática e português que podem ser utilizados pelas professoras para mudar a metodologia de ensino e facilitar o aprendizado tendo em vista que os jogos interativos podem chamar mais a atenção dos alunos que estão com dificuldades.

4.4 Discussão dos Resultados