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COMPOSIÇÃO DA ICTIOFAUNA DO BAIXO RIO JACUTINGA EM ÁREA DE INFLUÊNCIA DA UHE DE ITÁ RESULTADOS PRELIMINARES

No documento Anais... (páginas 76-80)

Cristine Redecker¹, Jonatas Alves², Aline Schuck3, Maico Roberto L. R. da Silva4, Luciano J. da Silva4 e Larissa Simioni5

¹Graduanda em Ciências Biológicas pela Universidade do Contestado, Campus Concórdia, bolsista UNIEDU/FUMDES, crisredecker@hotmail.com

²Universidade do Contestado, Curso de Ciências Biológicas, jonatas@unc.br

3Universidade do Contestado, Curso de Engenharia Ambiental e Sanitária, aline.schuck@unc.br 4Graduando em Ciências Biológicas pela Universidade do Contestado, Campus Concórdia 5Graduanda em Engenharia Ambiental e Sanitária pela Universidade do Contestado, Campus Concórdia

Palavras-chave: biodiversidade, impactos ambientais, fauna de peixes. INTRODUÇÃO

Os peixes, com cerca de 33 mil espécies descritas, representam atualmente mais da metade dos vertebrados conhecidos (1). As maiores diversidades e riquezas de peixes são encontradas em águas tropicais (2), particularmente na região Neotropical, onde são descritas cerca de 4.475 espécies de água doce (3). Deste total, o Brasil abriga aproximadamente 2.587 espécies, existindo ainda muitas desconhecidas (4). A região do alto rio Uruguai caracteriza-se por ser um dos mais importantes corredores da biodiversidade do Cone Sul. Devido às suas particularidades geográficas, foram instaladas várias usinas hidrelétricas na calha principal do rio, principalmente em função da acentuada inclinação e consequente velocidade de corrente observadas neste curso d’água (5). A instalação destes empreendimentos, dentre os quais a UHE Itá, situada mais a jusante do rio Uruguai, alterou significativamente o hábitat, a diversidade e a estrutura das espécies de peixes desse ambiente (6). Entre os principais afluentes do rio Uruguai, o rio Jacutinga, objeto deste estudo, tem sua nascente no município de Água Doce e suas águas banham diversos municípios do oeste catarinense, dentre eles: o próprio município de Água Doce, Catanduvas, Vargem Bonita, Jaborá, Irani, Lindóia do Sul, Ipumirim, Concórdia, Arabutã e Itá. O rio cobre uma área de 992 km2, com extensão de 154 km e desemboca na Bacia do Rio Uruguai, no lago da UHE Itá (7). O objetivo desta pesquisa foi conhecer a composição e distribuição da ictiofauna do rio Jacutinga, comparando porções do rio que não foram afetadas pela inundação resultante da implantação da UHE Itá com áreas diretamente influenciadas pelo represamento. A determinação da biodiversidade das assembleias de peixes e dos seus padrões de variação espacial e temporal é de grande importância para verificar a qualidade ambiental. Os peixes ocupam variadas posições na cadeia trófica e o seu monitoramento biológico é essencial para identificar respostas do ambiente aos impactos antrópicos (8), permitindo o planejamento e execução de ações de manejo e conservação adequadas.

MATERIAL E MÉTODOS

As amostragens da ictiofauna serão realizadas mensalmente, durante o período mínimo de um ano, a fim de identificar variações sazonais na composição da comunidade de peixes. Até o presente momento, foram realizadas quatro amostragens, entre os meses de março a junho de 2015. As capturas foram conduzidas em 10 pontos de coleta ao longo do rio, sendo cinco na área alagada e cinco na área não alagada (Figura 1). Para a coleta dos indivíduos foram utilizados anzóis e linhas de espera, aplicados simultaneamente, com esforço de captura de 60 minutos em cada ponto de amostragem. As capturas foram realizadas exclusivamente no período diurno, independentemente do clima. Depois de capturados, os exemplares foram fotografados, catalogados biometricamente, identificados com base em catálogos e chaves de identificação específicos (3,9,10), fixados em formol 10% por 24 horas e posteriormente conservados em álcool 70%.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Durante o período foram capturados 623 peixes. A área alagada foi a que apresentou as maiores capturas, com 417 exemplares (66,9%) capturados. Já na área não alagada foram capturados 206 exemplares (33,1%) (Figura 2). Foram identificadas três ordens e quatro famílias, sendo que as ordens mais representativas foram Characiformes (n = 481; 77,2%), Perciformes (n = 129; 20,7%), e Siluriformes (n = 13; 2,1%) (Figura 3). As famílias mais representativas foram Characidae (n = 481; 77,2%) e Cichlidae (n = 129; 20,7%) seguidas das famílias Pimelodidae (n = 7; 1,1%) e Heptateridae (n = 6; 1,0%) (Figura 4). Os resultados obtidos até o momento não permitem identificar variações na composição da fauna de peixes das áreas alagada e não alagada do rio. Entretanto, podemos verificar uma significativa dominância da ordem Characiformes (em especial da família Characidae) em ambas as porções do rio estudadas. Além disso, os resultados preliminares mostram uma manutenção na composição da ictiofauna ao longo do rio, com os mesmos grupos taxonômicos sendo observados em proporções semelhantes nas diferentes áreas amostradas.

CONCLUSÕES

As capturas mais elevadas na área alagada podem estar relacionadas à uma maior proliferação de espécies oportunistas nesta área do rio, principalmente em função da disponibilidade de recursos promovida pela variação diária de vazão a jusante da barragem, além do confinamento de populações e ausência de mortandades significativa.

O aumento da abundância em locais situados na área de transição do reservatório também pode ter ocorrido em função das modificações do ambiente, provavelmente influenciada pelo alagamento da vegetação marginal, que disponibilizou maior suprimento alimentar e abrigo para as espécies presentes. Isto ressalta o caráter generalista das espécies em relação às estratégias de alimentação e reprodução. A semelhança na composição da fauna de peixes observada nas diferentes áreas estudadas sugere que, pelo menos até o momento, as alterações na dinâmica hídrica do rio provocadas pelo alagamento da UHE Itá não afetaram a composição e a distribuição dos peixes.

A manutenção da composição da ictiofauna ao longo do rio mesmo após o barramento da usina pode ser explicada a partir de duas hipóteses principais: 1) a pressão seletiva causada pelo impacto ambiental agiu igualmente em todos os grupos taxonômicos; 2) o potencial de resiliência das espécies é muito semelhante e parece não ser afetado pelas condições ambientais.

A continuidade do projeto certamente poderá revelar novos padrões na distribuição e composição da ictiofauna do rio, permitindo uma melhor avaliação e compreensão dos resultados.

REFERÊNCIAS

1. FROESE, R. and D. PAULY. Editors. 2015. FishBase. World Wide Web electronic publication.

Disponível em: <www.fishbase.org>. Acesso em: 12 mai. 2015.

2. LOWE-McCONNELL, R.W. Estudos ecológicos de comunidades de peixes tropicais. São Paulo:

EDUSP, 1999. 453 p.

3. REIS, R.E., KULLANDES, S.O., FERRARIS-JUNIOR, C.J. Check list of the Freshwater fisher of South and Central America. Porto Alegre: EDPUCRS, 2003. 729 p.

4. BUCKUP, P.A, MENEZES, N.A., GHAZZI, M.S. Catálogo das espécies de peixes de água doce do Brasil. Rio de Janeiro, Museu Nacional, 2007. 195 p.

5. SILVA, Rodrigo Nascimento e. Diversidade espacial e temporal da ictiofauna do alto rio Uruguai: aliando técnicas de geoprocessamento. Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Santa

Catarina, Centro de Ciências Biológicas, Programa de Pós-Graduação em Ecologia, Florianópolis, 2014.

6. MEURER, Samira. Implantação de barragens no Alto Rio Uruguai (Brasil): influência sobre a assembléia e biologia das principais espécies de peixes. Tese (doutorado) - Universidade Federal

de Santa Catarina, Centro de Ciências Agrárias, Programa de Pós-graduação em Aquicultura, Florianópolis, 2010.

7. PREFEITURA MUNICIPAL DE CONCÓRDIA. Geografia Municipal: Caracterização do território. Disponível em:< www.concordia.sc.gov.br> Acesso em 01 de fev. de 2015.

8. SHIBATTA, O. A., ORSI, M. L. & BENNEMANN, S. T. Os peixes do Parque Estadual Mata do Godoy. p. 156-167. In: Torezan J. M. (Org.). Ecologia do Parque Estadual Mata do Godoy. Ed. Itedes,

Londrina. 169 p., 2006. 39.

9. MENEZES, N.A., WEITZMAN, S.H., OYAKAWA, O.T., LIMA, F.C.T. de, CASTRO, R.M.C, WEITZMAN, M.J. Peixes de água doce da Mata Atlântica: lista preliminar das espécies e comentários sobre a conservação de peixes de água doce neotropicais. Museu de Zoologia –

Universidade de São Paulo, 2007. 408 p.

76

Figura 1. Pontos de captura de peixes no baixo rio Jacutinga.

Figura 2. Porcentagens das capturas nas áreas alagada e não alagada do baixo rio Jacutinga.

[VALOR]% [VALOR]%

Figura 3. Composição percentual das ordens de peixes capturadas nas diferentes porções (áreas alagada e não

alagada) do baixo rio Jacutinga.

Figura 4. Composição percentual das famílias de peixes capturadas nas diferentes porções (áreas alagada e não

alagada) do baixo rio Jacutinga.

0 10 20 30 40 50 60

Characiformes Perciformes Siluriformes

Área alagada Área não alagada

0,0 10,0 20,0 30,0 40,0 50,0 60,0

Characidae Cichlidae Heptapteridae Pimelodidae

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DIAGNÓSTICO DO SISTEMA DE ESGOTAMENTO SANITÁRIO NO MUNICÍPIO DE

No documento Anais... (páginas 76-80)

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