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TOXICIDADE DAS ÁGUAS DO RIO JACUTINGA EM ÁREA DE INFLUÊNCIA DO RESERVATÓRIO DA UHE DE ITÁ, SC RESULTADOS PRELIMINARES

No documento Anais... (páginas 128-131)

Maico R. L. R. Silva1, Cristine Redecker1, Luciano José da Silva1 e Neide Armiliato4

1Graduando em Ciências Biológicas pela Universidade do Contestado, Campus Concórdia, maik.roberto@hotmail.com

2Professora da Universidade do Contestado Campus Concórdia, neidearm@hotmail.com

Palavras-chave: genotoxicidade, micronúcleo, Astyanax spp. INTRODUÇÃO

A interferência do homem na qualidade da água é bastante significativa e pode ser estimada pelo uso e

ocupação do solo em uma determinada bacia hidrográfica (1). No oeste do Estado de Santa Catarina, a

bacia hidrográfica do rio Jacutinga é fortemente marcada pela presença da pecuária e a agricultura (2), sendo que nos últimos anos houve um fortalecimento da produção agrícola e consequentemente da utilização de agrotóxicos, sendo estes potenciais poluidores aquáticos (4). Os lançamentos de esgoto doméstico, urbano e industrial também estão entre os principais responsáveis pelos impactos na bacia (5). A poluição da água pode estar sendo agravada ainda mais em decorrência da presença do reservatório da UHE de Itá, na parte baixa do rio Jacutinga, visto que problemas ambientais em reservatórios são bastante relatados em todo o país (6). Os contaminantes que atingem ecossistemas aquáticos podem produzir consequências a curto, médio, e longo prazo na biodiversidade, podendo apresentar propriedades mutagênicas e/ou clastogênicas (6). Organismos aquáticos expostos a estes contaminantes genotóxicos podem bioacumular tais compostos e transferi-los através da teia alimentar, a outros seres vivos (7). Em vista disto, o Teste de Micronúcleo é um dos métodos mais utilizados para avaliar o dano genético nos organismos (8). Neste sentido, propôs-se utilizar como modelo experimental peixes Astyanax spp. com o objetivo de avaliar o potencial genotóxico da área alagada e não alagada do rio Jacutinga.

MATERIAL E MÉTODOS

O estudo foi desenvolvido ao longo da parte baixa do rio Jacutinga, onde foram demarcados 6 pontos de coleta. Foram coletados seis peixes do gênero Astyanax spp. em cada um dos pontos amostrados, no período referente ao verão e ao outono. Utilizou-se varas de pesca com diversidade de iscas com um esforço de captura de 60 minutos em cada ponto. Para a amostragem do material biológico e montagem das lâminas, ainda em campo os peixes foram dessensibilizados em água gelada com solução de benzocaína (1 g/15 L de água), posteriormente foram realizados cortes na brânquias e em seguida a coleta de sangue com o auxílio de lâmina histológica para realização do esfregaço. Para fixação do material biológico nas lâminas, realizou-se a fixação em álcool metílico e coloração com Giemsa 5%. Os eritrócitos foram analisados em microscópio de luz em aumento de 1000X. Foram contadas 2000 células por peixe avaliado a formação de micronúcleos (MN), conforme metodologia modificada (9).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Embora os dados sejam preliminares, visto que as amostras de inverno e primavera ainda não foram avaliadas, verificou-se diferença significativa (p<0,05) no percentual de micronúcleos entre as áreas alagada (MN: 2,44 ± 0,41) e não alagada (MN: 1,14 ± 0,19) (Figura 1) sendo que a área alagada é composta por um maior volume de água, onde possíveis compostos genotóxicos são mais facilmente diluídos, como citam Bartram e Balance (1996). Houve também diferença significativa (p<0,05) entre as estações verão (MN: 2,28 ± 0,38) e outono (MN: 1,31 ± 0,22) (Figura 2), assim como nos trabalhos de Marion (2012) e Gabiatti (2014), onde no verão observou-se um percentual de micronúcleos significativamente maior do que no outono, dados estes, que podem estar relacionados com períodos de maior ou menor pluviosidade. Referente a comparação entre os pontos amostrais (Figura 3), observa-se que o ponto 1 e o ponto 2 apresentaram um número maior de micronúcleos em relação aos demais pontos. Supõe-se que o número elevado de micronúcleos nestes pontos, decorre da proximidade com uma área urbana, como observado também no estudo de Zenkner et al. (2011), onde possíveis lançamentos de efluentes podem estar contribuindo para a poluição aquática.

CONCLUSÕES

Os resultados obtidos com a avaliação do percentual de micronúcleo indicam a presença de contaminantes genotóxicos nas águas do rio Jacutinga, sendo uma preocupação séria para o ecossistema aquático do ambiente estudado, resultados estes que devem ser levados em consideração nos estudos de impactos ambientais. Novos padrões podem ser revelados com a continuidade do projeto, permitindo uma melhor avaliação e compreensão os resultados obtidos.

REFERÊNCIAS

1. ANA. AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS. Qualidade de água em reservatórios. 2015. Disponível

em: <https://www.aguaegestao.com.br>. Acesso em: 28 mar. 2015.

2. ANSARI, R.; RAHMAN, S.; KAUR, M.; ANJUM, S.; RAISUDDIN, S. In vivo cytogenetic and oxidative stress-inducing effects of cypermethrin in freshwater fish, Channa punctata Bloch. Ecotoxicology and Environmental Safety, New Delhi, v. 74, n. 1, p. 150-156, out. 2010.

3. BAVARESCO, P. R. Colonização do extremo oeste catarinense: contribuições para a história campesina da América Latina. São Miguel do Oeste: UNISINOS, 2006. Tese (Doutorado em

Ciências Sociais) - Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais, Universidade do Vale do Rio dos Sinos. São Miguel do Oeste, 2006.

4. FILIPINI, G. T. R. Os recursos hídricos na bacia do Rio Jacutinga, meio-oeste de SC: o uso da terra e qualidade das águas. Florianópolis: UFSC, 2013, 256 f. Tese (Doutorado em Geografia) -

Programa de Pós-Graduação em Geografia, Universidade Federal de Santa Catarina. Florianópolis, 2013.

5. JHA, A. N. Genotoxicological studies in aquatic organism: an overview. Mutation rechearch, v.

552, n. 1-2, p. 1-17, ago. 2004.

6. LOPES, A. R. B. C. Recursos hídricos e uso da terra na bacia do Rio do Peixe/SC, mapeamento das áreas de vulnerabilidade e risco de contaminação do Sistema Aquífero Serra Geral.

Florianópolis: Universidade Federal de Santa Catarina, 2012. Tese - (Doutorado em Geografia) Programa de Pós-Graduação em Geografia, Universidade Federal de Santa Catarina. Florianópolis, 2013. Florianópolis: UFSC, 2012.

7. VAN DER OOST, R.; BEYER, J.; VERMEULEN, N. P. E. Fish bioaccumulation and biomarkers in environmental risk assessment: a review. Environmental toxicology and pharmacology, v. 13, n. 2,

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8. CESTARI, M. M.; ALMEIDA, M. I. M.; ASSIS, H.; RAMSDORF, W.; CALEGARI, R.; VICARI, T. Avaliação de impacto ambiental através do teste de micronúcleo písceo e ensaio cometa no Rio Jordão (PR), utilizando como bioindicador a espécie de peixe astyanax spB. In: Congresso Brasileiro de Mutagênese, Carcinogênese e Teratogênese Ambiental, 7, 2005, Natal. Anais Genetics and Molecular Biology. Ribeirão Preto: Editorial and Business Office, 2005. p. 267-267.

9. Bartram J, Balance R (1996) Water quality monitoring: a practical guide to the design and implementation of freshwater quality studies and monitoring programmes. E&FN Spon, London,

UK

10. MARION, L. F. A. O uso de biomarcadores genéticos em Astyanax aff. Paranae (pisces) para avaliar a contaminação Aquática na região centro-oeste do Paraná. Campo Mourão: Universidade

Tecnológica Federal do Paraná, 2012. 46f. TCC (Engenharia Ambiental) – Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Campo Mourão, 2012.

11. GABIATTI, S. Genotoxicidade das águas do Rio Caçador, Seara – Santa Catarina. Concórdia:

Universidade do Contestado, 2014. 54f. TCC (Graduação em Ciências Biológicas) – Universidade do Contestado. Concórdia, 2014.

12. ZENKNER, F; SOARES, A. P. T.; PRÁ, D.; KÖHLER, A.; RIEGER, A. Avaliação genotoxicológica em peixes nativos do Rio Pardinho, RS, Brasil. Caderno de Biologia, v. 23, n. 1, p.5-16, jan/abr.

2011.

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Figura 2. Percentual de Micronúcleos na comparação entre estações do ano.

ESTUDO CINÉTICO DA ATIVIDADE NITRIFICANTE EM UM REATOR BIOLÓGICO

No documento Anais... (páginas 128-131)

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