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Comunicado de Imprensa Brasil-Paquistão, divulgado em Islamabad, em 4 de março de 1984, ao final da visita do Ministro de Estado das Relações Exteriores, Ramiro Saraiva Guerreiro.

Sua Excelência o Senhor Embaixador Ra-miro Saraiva Guerreiro, Ministro das Rela-ções Exteriores do Brasil, acompanhado de uma delegação de 33 membros, dentre eles altos funcionários do Governo brasileiro, fez uma visita oficial ao Paquistão entre os dias 2 e 4 de março de 1984. Durante a visita, o Ministro das Relações Exteriores do Brasil manteve conversações com o Mi-nistro das Relações Exteriores do Paquis-tão, Sr. Sahabzada Yaqub-Khan, e com o Ministro das Finanças, Sr. Ghulam Ishaq Khan. O Ministro Saraiva Guerreiro foi igualmente recebido pelo Presidente do Pa-quistão. As discussões se desenrolaram nu-ma atmosfera cordial que reflete os estrei-tos laços de amizade entre o Brasil e o Pa-quistão.

Os Ministros examinaram as principais questões do atual panorama internacional,

tanto no plano global como no regional, com especial ênfase aos assuntos asiáticos e latino-americanos. Os Ministros dedicaram particular atenção à avaliação das relações bilaterais entre o Brasil e o Paquistão. Esse debate revelou convergência de pontos de vista existentes entre os dois Governos so-bre as questões de maior relevância. Ambas as partes expressaram a firme determinação de fortalecer a amizade e cooperação dos dois países em todas as áreas.

As duas partes expressaram profunda preo-cupação com o agravamento das tensões mundiais, decorrente da contínua confron-tação entre Leste e Oeste e a persistência da corrida armamentista, que ameaça a própria existência humana. Consideraram igualmen-te com preocupação as igualmen-tentativas de solu-ção das disputas internacionais por meio da força, ou da ameaça da força.

Ambas as partes reiteraram seu repúdio às tentativas de imposição de hegemonia ou estabelecimento de esferas de influência. Tais tendências foram consideradas um ris-co à paz e segurança mundiais e uma viola-ção dos princípios da Carta das Nações Uni-das.

Concordaram em que a situação na Améri-ca Central exige solução negociada entre os países diretamente envolvidos e expressa-ram seu apoio aos esforços do Grupo de Contadora, com vistas a evitar a escalada do conflito e a assistir aqueles países na conse-cução de uma solução pacífica.

Concordaram em que a presença continu-ada de tropas estrangeiras no Afeganistão representa séria ameaça à segurança na re-gião e tem implicações de longo alcance pa-ra a paz e a segupa-rança globais. Exortapa-ram a retirada imediata de todas as tropas estran-geiras do Afeganistão e, nesse contexto, acolheram com satisfação os esforços do Secretário Geral das nações Unidas em pro-mover uma solução política abrangente, com base nos princípios enunciados nas re-soluções pertinentes das Nações Unidas que contam com o apoio da comunidade inter-nacional. O Ministro das Relações Exterio-res do Brasil expExterio-ressou sua profunda solida-riedade pelos três milhões de refugiados afegães que foram forçados a procurar abri-go no Paquistão. Apreciou a assistência hu-manitária que tem sido a eles prestada pelo Paquistão e reiterou o apoio do Brasil e to-dos os esforços envidato-dos, com vistas a pos-sibilitar aos refugiados o retorno a seus la-res com honra e dignidade.

O agravamento da crise no Oriente Médio foi considerado com grave preocupação. Com referência ao tema, os Ministros con-clamaram todos os países envolvidos a exer-cerem esforços adicionais no sentido de uma solução justa, abrangente e duradoura para a questão, baseada entre outros princí-pios, no reconhecimento dos direitos alie-náveis do povo palestino, inclusive o do es-tabelecimento de um Estado próprio.

Ambas as partes expressaram profunda preocupação pelo prolongado conflito en-tre o I rã e o Iraque e renovaram o seu apelo a ambos os países a colocarem um fim ime-diato a esse conflito fratricida.

Reafirmaram sua firme condenação à polí-tica do apartheid e reiteraram a necessidade de uma solução urgente para a questão da Namíbia, em conformidade com as resolu-ções pertinentes das Naresolu-ções Unidas.

A respeito da situação económica mundial, os Ministros expressaram que a crise mun-dial, que afeta tanto os países do Norte quanto os do Sul, revelou drasticamente as distorções estruturais do sistema económi-co internacional, em função das quais um ónus desproporcional de reajuste recai so-bre os países em desenvolvimento. Os Mi-nistros expressaram sua preocupação com o alto nível de endividamento internacional dos países em desenvolvimento causado, em grande medida, por fatores alheios a seu controle, tais como as políticas económicas dos países desenvolvidos. Ressaltaram que soluções efetivas para o problema requerem o ressurgimento da cooperação internacio-nal por meio de um maior acesso aos mer-cados dos países desenvolvidos e do aumen-to e melhoria de condições do fluxo de re-cursos financeiros para o desenvolvimento. Ao reconhecerem que a cooperação entre países em desenvolvimento não é um subs-tituto à cooperação Norte—Sul, os Minis-tros sublinharam a importância crucial da cooperação Sul—Sul. Os Ministros reafirma-ram seu comprometimento em envidar es-forços, tanto internamente, quanto no seio do Grupo dos 77, com vistas a acelerar a implementação do Programa de Ação de Caracas, permitindo, assim, aos países em desenvolvimento maximizar a complemen-taridade de suas economias, com base no benefício mútuo.

Os Ministros notaram, com satisfação, pers-pectivas promissoras para o incremento da cooperação bilateral, particularmente nas áreas de comércio, ciência e tecnologia. Os

Ministros discutiram as modalidades desti-nadas a imprimir maior dinamismo ao inter-câmbio comercial, em especial no tocante aos produtos prioritários especificados nos Anexos do Protocolo Adicional ao Acordo de Comércio, que assinaram a 4 de março. Os Ministros debateram, igualmente, modalida-des para incrementar a participação de em-presas de ambos os países em projetos de desenvolvimento que implementem em seus respectivos territórios, bem como o estabe-lecimento de "joint ventures".

Quanto à ciência e tecnologia, reconhece-ram o interesse mútuo das comunidades científicas e agências de ciência e tecnolo-gia pelo estabelecimento de um quadro le-gal que permita uma troca sistemática de

informações, um intercâmbio periódico de cientistas e técnicos, bem como a imple-mentação de programas conjuntos de pes-quisa, e a transferência de tecnologia em áreas como as fontes novas e renováveis de energia, irrigação, desertificação, tecnologia de alimentos, habitação popular, pesquisa agrícola, informática, microeletrônica e biotecnologia. Os Ministros concordaram na necessidade de celebração a curto prazo de um acordo de cooperação sobre a ciên-cia e tecnologia.

O Ministro das Relações Exteriores do Bra-sil estendeu um caloroso convite ao Minis-tro das Relações Exteriores do Paquistão para visitar o Brasil em data próxima. O convite foi aceito com grande satisfação.

impulso renovado nas relações