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Nota do Itamaraty à imprensa, divulgada em Brasília, em 6 de fevereiro de 1984, a propósito do encerramento das tarefas dos cinco Grupos de Trabalho Brasil-Estados Unidos da América.

0 Ministro de Estado das Relações Exte-riores do Brasil, Embaixador Ramiro Sarai-va Guerreiro, e o Secretário de Estado dos EUA, Senhor George P. Shultz, encaminha-ram, hoje, aos Presidentes de seus países, por meio de carta assinada conjuntamente, os relatórios finais dos cinco Grupos de Trabalho Brasil-Estados Unidos da Améri-ca, criados em decorrência de decisão toma-da durante os encontros presidenciais em Brasília, em dezembro de 1982, e que con-sideram as possibilidades de intensificação da cooperação entre os dois países nos cam-pos de atividade económica; industrial-mili-tar; de energia nuclear; de ciência e tecnolo-gia; e espacial.

O Grupo sobre Assuntos Económicos foi co-presidido pelo Ministro da Fazenda do Brasil e pelo Secretário do Tesouro dos Estados Unidos da América, e proporcionou um fó-rum de alto nível no qual ambos os países puderam alcançar melhor entendimento das respectivas políticas comerciais e financei-ras bilaterais e multilaterais e das circuns-tâncias específicas dos programas económi-cos e de desenvolvimento de cada país. O trabalho do Grupo auxiliou a estabelecer as bases para o fortalecimento das relações económicas entre os dois países. Para esse f i m , o Grupo foi assistido por representan-tes do setor privado de cada país, que pre-pararam análises separadas das condições económicas e de negócios.

Ambas as partes reconheceram a gravidade da recente recessão económica e da crise de endividamento e de seus efeitos graves e persistentes sobre os países em desenvolvi-mento. Concordaram em que soluções glo-bais para os problemas que enfrentam o

sis-tema económico internacional devem ser buscadas através do fortalecimento da co-operação internacional. Expressaram, tam-bém, sua crença em que, ao enfrentar os problemas da atual situação económica mundial, todos os países devem buscar po-líticas que conduzam a um caminho de crescimento real mais sustentado e a que se evite o protecionismo. Concordaram, ade-mais, em trabalhar em prol da retomada de níveis mais elevados de comércio bilateral, tendo em mente a necessidade de que o Brasil aumente suas receitas em divisas es-trangeiras.

Os participantes reafirmaram também sua convicção quanto à necessidade urgente de cooperação mais estreita no tratamento da crise financeira internacional e afirmaram que suas políticas para tal fim devem visar a: 1) reduzir taxas de juros e expandir finan-ciamentos líquidos, tanto de fontes oficiais quanto privadas;

2) alcançar uma redução sustentável da in-flação como elemento para produzir uma expansão contínua da produção e um de-créscimo no desemprego;

3) dotar as instituições financeiras interna-cionais de recursos adequados para apoiar programas de ajustamento de balanças de pagamentos e projetos de desenvolvimento nos países em desenvolvimento.

O Grupo sobre Cooperação IndustrialMilitar examinou as possibilidades de novos t i -pos de empreendimentos em sua área espe-cífica, levando em consideração a legisla-ção, políticas, interesses e níveis de

desen-volvimento industrial de cada país. O Gru-po concordou em que, em termos gerais, ambos os países beneficiar-se-iam com o au-mento da cooperação no setor industrial-militar. Para estimular a cooperação sob os auspícios de ambos os Governos, o Grupo concluiu um memorando de entendimento que estabelece as bases para o intercâmbio de informações técnicas e de pessoal com vistas à realização de programas industriais de interesse mútuo.

No Grupo de Trabalho sobre Energia Nu-clear, três áreas principais foram examina-das em ambiente muito positivo: a) os pro-gramas de energia nuclear do Brasil e dos Estados Unidos da América; b) questões pendentes e perspectivas nas relações nu-cleares bilaterais; e c) os pontos de vista de cada país com referência a questões multi-laterais.

Ao final das reuniões, concordou-se em que os objetivos estabelecidos para o Grupo ha-viam sido plenamente alcançados, na medi-da em que foram estabelecimedi-das as bases para um relacionamento renovado, no contexto do Acordo Bilateral de Cooperação de 17 de julho de 1972. Cada parte compreende agora mais integralmente a importância da energia nuclear para as necessidades globais de desenvolvimento energético da outra parte.

O Grupo deu andamento a soluções para problemas como o do suprimento de com-bustível para o reator de ANGRA I e da utilização de elementos combustíveis forne-cidos pelos Estados Unidos da América pa-ra o Reator de Pesquisa do IPER. Fopa-ram identificadas sete áreas específicas em que se realizarão intercâmbios de cooperação, sem prejuízo da legislação, das políticas e dos programas de cada país.

Realizou-se, também, um exame abrangen-te dos compromissos inabrangen-ternacionais com re-lação ao uso pacífico da energia nuclear. A esse respeito, ambas as delegações expressa-ram seus pontos de vista quanto ao Tratado

de Tlatelolco e ao Tratado de Não-Prolife-ração. Efetuou-se exposição detalhada dos controles de exportação na área nuclear existentes em ambos os países. Ao mesmo tempo, as duas partes salientaram a impor-tância da Al EA para assegurar o uso pacífi-co da energia nuclear e para pacífi-contribuir para os programas nucleares dos países em de-senvolvimento.

O Grupo de Trabalho sopre Cooperação Es-pacial examinou os resultados já alcançados durante a longa e frutífera cooperação espacial entre os dois países. Além disso, foram estabelecidos programas específicos para o aumento da cooperação bilateral em diversas áreas relacionadas com o espaço, tais como ciência espacial e suas aplicações, intercâmbio de pessoal e participação de um especialista brasileiro em carga útil em uma missão do ônibus Espacial. Em conse-quência, abriram-se perspectivas novas e promissoras para entendimentos entre os órgãos brasileiros, INPE e CTA, e seus cor-respondentes norte-americanos, NASA, NOAA, NSF e USAF.

Os objetivos do Grupo de Trabalho sobre Cooperação Científica e Tecnológica foram plenamente atingidos. O grupo negociou novo acordo sobre cooperação científica e tecnológica, que amplia o escopo da coope-ração bilateral, especialmente nas áreas de agricultura, saúde, oceanografia, espaço, metrologia, recursos naturais, ciências bási-cas, meio ambiente, engenharia e tecnologia industrial. Além de promover as modalida-des tradicionais de cooperação, tais como a troca de informações técnicas e científicas, o intercâmbio de cientistas, atividades con-juntas e pesquisa e desenvolvimento, o no-vo acordo proporcionará bases para conta-tos direconta-tos renovados e atividades de coope-ração entre empresas privadas de ambos os países, que conduzam a inovações tecnoló-gicas conjuntas. O acordo permitirá tam-bém a participação de terceiros países e de organizações internacionais nos programas sob sua égide.*

Na seção Tratados, Acordos, Convénios, página 116, o texto do Acordo, por troca de Notas, entre o Brasil e os Estados Unidos da América, colocando em vigor o Memorando de Entendimento para Cooperação Militar-lndustrial, de 31 de agosto de 1983; na mesma seção, página 119, a íntegra dos relatórios finais dos cinco Grupos de Trabalho Brasil-EUA.

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