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Excelentíssimo Senhor Ministro Saraiva Guerreiro,

Senhoras e Senhores:

Completamos hoje a tarefa que nos foi con-fiada há cerca de um ano pelos nossos presi-dentes — explorar meios de expandir nossa cooperação. Realizamos isso trabalhando

em cinco áreas de grande importância para nossos países: Questões Económicas, Ener-gia Nuclear, Ciência e TecnoloEner-gia, e Ativi-dades Espaciais e IndustriaI-Militar.

Em parte, essas áreas são de grande interes-se porque envolvem questões que têm tu-multuado durante um certo tempo o nosso relacionamento. Encontrar soluções para assuntos que, em algumas ocasiões, foram causa de persistente desentendimento, não foi uma tarefa fácil. A missão a nós confia-da era ambiciosa. E somente poderia ter si-do concebida por líderes de grande discer-nimento que não se desencorajaram por pessimistas que recordavam interesses diver-gentes e velhos ressentimentos.

Vossa Excelência e eu, Senhor Ministro, co-mo Chefes dos Grupos de Trabalho, aceita-mos essa responsabilidade e iniciaaceita-mos o programa após cuidadosa preparação. Am-bos convocamos pessoas capazes para traba-lhar nesse programa. Encorajamos seus es-forços. Em alguns casos, duras decisões fo-ram tomadas para assegurar seu prossegui-mento. Agora, que concluímos nosso tra-balho, acho que podemos nos orgulhar das nossas realizações.

Primeiro, o Grupo de Trabalho de Econo-mia. Nossas delegações abordaram seus as-suntos com perspectivas diferentes; uma com a perspectiva de um país em desenvol-vimento, a outra com a perspectiva de um país industrializado. Mas ambas reconhece-ram a gravidade da situação económica mundial.

Em discussões francas e diretas, consegui-ram reduzir as diferenças e aumentar as áreas de concordâncias, concluindo:

— Que o protecionismo é prejudicial para ambos os países e para todo o comércio mundial:

— Que devemos procurar expandir o comér-cio em ambas as direções;

— E que devemos lutar para reduzir a

infla-ção e os juros, e para fortalecer as institui-ções financeiras internacionais.

Nossas posições em várias questões econó-micas ainda são diferentes. Concluímos, no entanto, que nossas opiniões não são tão diferentes quanto pareciam ser. Tendo as-sentado as bases e reconhecendo a impor-tância de conciliar nossos pontos-de-vista, devemos continuar a trabalhar juntos num esforço determinado para solucionar nossas diferenças.

Segundo, o Grupo de Trabalho Nuclear en-controu várias possibilidades de cooperação na área de energia nuclear. Nossos especia-listas encontraram um meio de eliminar a divergência de longa data que envolvia, o reabastecimento de combustível para An-gra I, e acertaram um procedimento para reprocessar elementos de combustíveis de-feituosos estocados há algunsanos no Brasil. Eles também relacionaram vários projetos de interesse mútuo nos quais técnicos brasi-leiros e americanos podem trabalhar juntos. Mais importante ainda, as conversações nos propiciaram uma compreensão maior dos objetivos nucleares de cada um. As relações pessoais estabelecidas nesse programa e o es-forço conjunto a ser levado a efeito produ-zirão um grande aumento em contatos no curso dos próximos meses.

Terceiro, o Grupo Industrial-Militar chegou a um entendimento que abre a possibilida-de possibilida-de uma cooperação maior entre nossos setores industriais. Esse entendimento faci-litará a deliberação inter-governamental de transferência de tecnologia e, portanto, fa-cilitará mais programas binacionais.

Quarto, o Grupo de Trabalho sobre Ciência e Tecnologia negociou um novo acordo que:

— Aumentará a cooperação do setor indus-trial privado em pesquisa e

desenvolvi-mento;

- Fortalecerá a cooperação entre agências governamentais nas áreas de agricultura,

saúde, oceanografia, recursos naturais, ciên-cias básicas, meio ambiente, engenharia, e tecnologia industrial; e

— Conduzirá à criação de uma comissão bi-lateral para supervisionar a expansão da nossa cooperação em ciência e tecnologia. Finalmente, em quinto lugar, o Grupo Es-pecial delineou um programa para ativida-des práticas vitais à vida moderna: previsão do tempo, sensores remotos e ciência atmosférica. Um cientista brasileiro (pay-load specialist) deverá realizar experiências com equipamento brasileiro a bordo do nosso ônibus espacial (Shuttle) antes do f i -nal desta década. A esperança que o Presi-dente Reagan expressou durante a sua visita há quatorze meses será realizada.

Com o trabalho realizado até hoje, acredita-mos que tenha sido aberto o caminho para prosseguirmos rapidamente de uma política ampla de cooperação para projetos específi-cos de benefício para ambos os países. Po-demos prever, por exemplo, a cooperação técnica na exploração oceanográfica, in-cluindo a perfuração do leito do oceano em águas profundas. O Brasil tornou-se, no úl-timo trimestre do ano passado, membro consultor do Tratado da Antártida, e aguar-damos com expectativa a colaboração na pesquisa da Antártida. Os Estados Unidos e o Brasil estão agora em processo de defini-ção dos termos básicos para cooperadefini-ção no mapeamento, preparação de gráficos e geo-désia. Estamos também interessados na pes-quisa conjunta de tecnologia energética, particularmente na gaseificação do carvão.

O acordo industria-militar abre novos cam-pos para empreendimentos conjuntos. Aon-de eles nos levarão Aon-depenAon-derá da engenhosi-dade dos representantes de nosso governo e de nossos setores privados que desejam há muito tempo explorar possibilidades de co-operação.

No comércio e nas finanças, já estamos tra-balhando estreitamente para harmonizar e expandir nossas relações, sendo os Estados Unidos o maior mercado para as exporta-ções brasileiras, estou convencido de que o Brasil poderá expandir as suas vendas para os Estados Unidos, principalmente agora que a nossa economia está crescendo vigo-rosamente de novo. Igualmente, esperamos que nossas exportações para o Brasil come-cem também a crescer uma vez mais. Nosso comércio deve fluir em ambas as direções para assegurar uma base sólida. Nas finan-ças, nós e muitos outros estamos cooperan-do para apoiar os esforços brasileiros para superar a presente crise de liquidez a curto prazo. Considerando o bom senso e a atitu-de responsável que vejo em todos os lados, estou confiante em que o Brasil encontrará uma solução satisfatória para suas dificulda-des financeiras.

Todos nós devemos nos sentir satisfeitos pela realização de nossa tarefa. As realiza-ções dos grupos de trabalho servirão a am-bos os países. Mais importante ainda, a lon-go prazo, provamos que o Presidente Fi-gueiredo estava certo quando disse, em 1982, que nossos países, embora estivessem em diferentes estágios de desenvolvimento e ocupassem posições diferentes na ordem internacional, podiam se empenhar em um diálogo construtivo. Os Estados Unidos e o Brasil, disse ele corretamente, sabem como avaliar a situação de cada um, harmonizan-do realisticamente seus respectivos interes-ses e objetivos.

Minhas congratulações a todos que partici-param nos Grupos de Trabalho. Espero que seu espírito e engenhosidade nos ajudem a construir sobre as novas bases que foram estabelecidas.

itamaraty relata os resultados dos cinco