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Itamaraty e CNPq articulam parceria com apoio do PNUD visando à competitividade mundial da indústria de software brasileira

A assinatura no Itamaraty, em 2.2.93, do Projeto «Desenvolvimento Estratégico da Informática» constituiu o mais recente exemplo da implantação de um novo tipo de parceria entre o Ministério das Rela- ções Exteriores, as autoridades e a comu- nidade de ciência e tecnologia, e o empre- sariado nacional.

O projeto, assinado pelos Ministros Fernando Henrique Cardoso, das Relações Exteriores, e Israel Vargas, da Ciência e Tecnologia, bem como pelo Representan- te Residente, interino, do PNUD no Brasil, Nikhil Chandavarkar, prevê apoio direto ao setor da Informática nacional.

Com um custo total estimado em apro- ximadamente US$ 28 milhões, o projeto tenciona promover, nos próximos quatro anos, o fortalecimento institucional do se- tor em quatro frentes principais:

a) mudanças estruturais na indústria nacional de software;

b) apoio à pesquisa estratégica; c) apoio à Rede Nacional de Pesquisa; e

d) articulação dos esforços nas três áreas supracitadas. Os beneficiários di- retos do projeto são os centros de pes- quisa e desenvolvimento, o setor pri- vado da indústria de software e as de- mais instituições brasileiras do seg-

mento de Ciência e Tecnologia da In- formática.

A formulação do referido projeto en- volveu estudos do quadro internacional e iniciativas complementares dos setores privado e governamental. Identificaram- se, por meio delas, oportunidades para a entrada de novos atores no mercado inter- nacional de software, hoje da ordem de mais de 100 bilhões de dólares e que cresce cerca de 10% ao ano. Relativa- mente desconcentrado, esse mercado re- presenta um novo paradigma industrial, que o Brasil pode aproveitar, por já dispor de pré-condições básicas que o Projeto visa a levar ao nível dos principais con- correntes internacionais.

A indústria nacional de informática produz anualmente cerca de 7 bilhões de dólares, o que equivale a aproximadamen- te 2% do PIB brasileiro. As empresas na- cionais conseguiram, apesar das dificulda- des do último decénio, não só estabelecer- se no mercado interno mas, de alguns ni- chos específicos, como a automação ban- cária, alcançaram níveis de competitivida- de internacional.

No momento em que a abertura do mercado interno se configura como meca- nismo de estímulo à modernização com- petitiva da economia brasileira, o segmen- to da informática começa a voltar-se para

o mundo e identificar as oportunidades que se perfilam no mercado global.

A contribuição do Itamaraty para o Projeto, coordenada pela sua Divisão de Ciência e Tecnologia, envolve a rede de setores de Ciência e Tecnologia nos Postos no Exterior, que integram o Sistema de Informação Científica e Tecnológica do Exterior, Sictex. A modernização desse sistema e a renovação das modalidades de cooperação internacional em ciência e tec-

nologia são importantes objetivos do De- partamento de Cooperação Científica, Técnica e Tecnológica do Itamaraty, que além do Projeto «Desenvolvimento Estra- tégico da Informática» vem colhendo re- sultados significativos em outras frentes, como a primeira participação brasileira no Projeto Eureka, da Comunidade Europeia, e a criação de programa específico de alta tecnologia com a França, primeiro a en- volver o setor privado na cooperação in- ternacional.

Posição do Governo brasileiro sobre as negociações do Novo Acordo Internacional do Café

Nota do Governo brasileiro a propó- sito da declaração conjunta sobre as ne- gociações para a conclusão de um novo Acordo Internacional do Café, emitida pelos presidentes da Colômbia, Costa Rica, El Salvador, Guatemala, Hondu- ras, México, Nicarágua, Panamá e Vene- zuela, reunidos em Caracas, no dia 12 de fevereiro de 1993:

«Os presidentes da Colômbia, Méxi- co, Venezuela e dos produtores centro- americanos de café, reunidos em Caracas após a Reunião de Cúpula dos produtores latino-americanos de banana de Guaya- quil (11-2), decidiram emitir declaração à imprensa endereçada aos países consu- midores, de apoio às negociações para a conclusão de um novo Acordo Interna- cional do Café (AIC).

2. Na declaração, os mandatários latino- americanos ressaltam os esforços envida-

dos por seus Governos para adaptar-se às exigências formuladas pelos países consu- midores na recente reunião de Londres e lamentam a reduzida flexibilidade revela- da pelos consumidores quanto ao atendi- mento dos justos pleitos dos produtores. Assinalam, igualmente, a importância do AIC como instrumento para assegurar a recuperação das economias cafeeiras da região e a reversão da tendência da queda dos preços internacionais do café, que, nos últimos anos, atingiram seus níveis histó- ricos mais baixos.

3. O Brasil, na condição de maior produ- tor mundial de café, está ativamente envol- vido nas negociações do Acordo, em ínti- ma coordenação com os demais países produtores. O Governo brasileiro partilha integralmente das preocupações manifes- tadas pelos presidentes reunidos em Cara- cas na declaração conjunta, que considera

oportuna. Com efeito, como eles, pro- pugna a conclusão de um AIC equilibra- do, que reflita adequadamente as legíti- mas aspirações dos produtores, como passo essencial para a estabilização da economia cafeeira mundial e, por conse- guinte, para a recuperação da economia dos produtores latino-americanos, me- diante preços remunerativos.

4. A exiguidade de tempo para completar a negociação nos prazos previstos torna indis- pensável uma clara definição de compromis- so político com o Acordo, por parte dos países consumidores, em geral, e dos Estados Uni- dos, maior consumidor mundial, em particu- lar, a fim de superar as dificuldades decor- rentes da pouca flexibilidade que tem carac- terizado suas posições até o momento».

Brasil eleito para a Comissão

de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas

O Brasil foi eleito, em 16 de fevereiro de 1993, pelo Conselho Económico e Social das Nações Unidas (Ecosoc) para integrar a Comissão de Desenvolvimento Sustentável. A Comissão, criada durante a XLVII Sessão

da Assembleia Geral, tem por objetivo implementar as disposições da Agenda 21, documento adotado por ocasião da Confe- rência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e Desenvolvimento (Rio-92).

Declaração do Grupo do Rio, divulgada em Santiago, em 11 de março de 1993

«Los países integrantes dei Grupo de Rio expresan su decidida condena a Ia ocupación de Ia Embajada de Nicarágua en Costa Rica por parte de un grupo arma- do y a Ia mantención, em calidad de rehe- nes, de los funcionários de esa misión diplomática.

«Junto con reiterar el respaldo a los avances logrados en los procesos de de- mocratización y participación en Cen- troamérica, rechazan energicamente to-

dos aquellos actos de fuerza que atenten contra el Estado de Derecho y los princi- pios consagrados de Ia Carta de Naciones Unidas y de Ia Organización de Estados Americanos.

«Los miembros dei Grupo de Rio con- fián en que esta delicada situación será solucionada en el más breve plazo, res- guardando debidamente Ia integridad de los rehenes y de acuerdo a Ias normas consagradas en el Derecho Internacional».

Segundo ano do Tratado de Assunção

O dia 26 de março de 1993 marca a passagem do segundo ano da assinatura do Tratado de Assunção, celebrado em 1991. A decisão do Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai de constituir um mercado co- mum - o Mercosul - até o final de 1994 representa o início de nova etapa nos es- forços de integração na América Latina.

O Mercosul já exibe, hoje, significati- vo acervo de realizações. De acordo com o cronograma de desgravação tarifária, já está em vigor margem de preferência de 68%. Na última reunião de cúpula, reali- zada em Montevidéu em dezembro de 1992, os Presidentes dos quatro países chegaram a importante entendimento so- bre os princípios para o estabelecimento de tarifa externa comum.

O processo de construção do Mercosul reflete-se na expressiva dinamização das relações econômico-comerciais entre os países membros. Em 1990, o comércio do Brasil com a Argentina, Paraguai e Uru- guai limitava-se, nos dois sentidos, a US$ 3,6 bilhões. No ano passado, essa cifra atingiu US$ 6,3 bilhões, o que reflete um crescimento de 75% em dois anos. Em 1992, os parceiros do Mercosul absorve- ram 11,4% das exportações brasileiras, contra 4,2% em 1990.

O Mercosul não se limita, hoje, à di- mensão econômico-comercial. No âmbito do Tratado de Assunção, foram criadas

Reuniões de Ministros da Educação, da Justiça e da Agricultura, bem como Reu- niões Especializadas de Ciência e Tecno- logia, Cultura, Meio Ambiente e Turismo. O engajamento do setor privado no Mercosul tem sido elemento essencial para essa mostra de vitalidade. Multipli- cam-se as iniciativas de associações, in- vestimentos diretos ejoint ventures entre empresas dos países-membros. A partir de 31 de março, em iniciativa paralela ao Mercosul, poderão ser formalmente cons- tituídas empresas binacionais brasileiro- argentinas.

Esses avanços não devem fazer esque- cer o fato de que, em uma iniciativa do alcance e da complexidade do Mercosul, conduzida em meio a dificuldades enfren- tadas por nossos países, é natural o apare- cimento de tensões conjunturais. No en- tanto, a vontade política no sentido de concretizar o Mercosul contribui de forma decisiva para a superação das dificuldades inerentes ao processo.

O Mercosul, além dos benefícios recí- procos já sentidos pelos países membros, deu novo impulso aos esforços de integra- ção da América Latina. Representa, igual- mente, contribuição altamente significati- va para a modernização de nossas econo- mias e sua inserção competitiva na econo- mia internacional.

Comunicado de Imprensa emitido pelos Ministros das Relações Exteriores da República Federativa do Brasil e da República da Colômbia

A Ministra das Relações Exteriores da República da Colômbia, Doutora Noemi Sanín de Rubio, realizou uma visita oficial ao Brasil entre os dias 13 e 16 de abril de 1993, atendendo a convite do Ministro das Relações Exteriores da República Federa- tiva do Brasil, Senador Fernando Henri- que Cardoso.

Durante sua estada, a ilustre visitante desenvolveu um programa de atividades oficiais, entre as quais cabe salientar uma entrevista com o Presidente da República Federativa do Brasil, Itamar Franco, oportunidade que lhes permitiu analisar assuntos de interesse regional e bilateral. A Ministra Sanín de Rubio manteve reu- niões de trabalho com o Ministro de Edu- cação e Desporto e com o Ministro da Justiça e realizou visitas aos Presidentes do Senado Federal e da Câmara dos De- putados e ao Presidente do Supremo Tri- bunal Federal. O programa da Chanceler colombiana prevê ainda audiências com os Governadores dos Estados de São Pau- lo e do Rio de Janeiro, com os Prefeitos das cidades de São Paulo e do Rio de Janeiro, além de encontros com persona- lidades e empresários.

Nas reuniões que mantiveram, os dois Chanceleres expressaram seu pleno apoio à Conferência de Direitos Humanos, a rea- lizar-se em Viena, de 14 a 25 de junho próximo. Manifestaram, a propósito, a as- piração dos respectivos Governos no sen- tido de que a Conferência, além de conso- lidar as conquistas alcançadas pelas Na- ções Unidas nos esforços de promoção e

proteção dos direitos humanos, fortaleça tais conquistas, tanto através da reafirma- ção de compromissos nessa esfera, quan- to através do estabelecimento de novas formas de cooperação internacional, in- clusive técnica e financeira, em apoio aos projetos nacionais incidentes sobre o fortalecimento de instituições do Estado de Direito. Ressaltaram, ainda, a impor- tância de que a Conferência dedique aten- ção adequada às interrelações existentes entre direitos humanos, democracia e de- senvolvimento.

Brasil e Colômbia concordaram em que as discussões em torno da composição de uma «Agenda para o Desenvolvimen- to» devem constituir um dos temas cen- trais de debate na XLVIII Sessão da As- sembleia Geral das Nações Unidas. A re- novação do diálogo mundial sobre o de- senvolvimento económico é pré-requisito indispensável da implementação, pela ONU, de uma verdadeira «Agenda para a Paz», capaz de evitar a eclosão de conflitos armados nas próximas décadas.

Os dois Chanceleres consideraram conveniente que, ao aproximar-se o cin- quentenário das Nações Unidas, em 1995, seja realizado amplo debate sobre a ques- tão da composição do Conselho de Segu- rança das Nações Unidas, ao qual compete a tarefa essencial de garantir a paz e segu- rança internacionais. Os dois Ministros entendem que as mudanças ocorridas no mundo, a partir de 1945, recomendam a ampliação do número de membros perma- nentes no Conselho, a ser regida por crité-

rios de representatividade e equilíbrio in- ternacionais.

Os dois ministros convieram em que se deveria buscar promover a expansão do intercâmbio comercial. Nesse sentido, a inclusão do petróleo na pauta das exporta- ções colombianas para o Brasil poderia constituir-se em instrumento para a conse- cução de tal objetivo a curto prazo, na medida em que aumentaria as vendas co- lombianas ao Brasil.

No tocante à cooperação na área das negociações multilaterais sobre café, os dois ministros lamentaram que, apesar do esforço dos países produtores e dos países consumidores, não tenha sido possível concluir o processo negociador de um novo Convénio Internacional do Café.

Notaram, no entanto, como importante corolário do processo negociador a união que, a partir do entendimento entre Brasil e Colômbia, foi lograda entre os Produto- res em torno de uma plataforma comum negociada na cidade do México.

Concordaram na necessidade de man- ter coordenação bilateral com vistas a evi- tar efeitos negativos das políticas nacio- nais respectivas sobre o mercado interna- cional do café, buscando a recuperação do valor representativo do grão no mercado.

Manifestaram, ademais, firme apoio dos seus respectivos Governos à Organi- zação Internacional do Café e à sua preser- vação, introduzindo os ajustes derivados da última negociação em Londres.

Os dois Ministros concordaram sobre a importância que assumiu para o dinamis- mo económico da região a abertura econó-

mica e o livre fluxo de bens, capitais, investimentos, serviços, informação e tec- nologia, assim como um comércio não discriminatório.

Os Chanceleres oferecem seu total apoio para estimular encontros entre em- presários de ambos países, para o mútuo conhecimento das oportunidades de in- vestimento e comércio, necessário para dinamizar o desenvolvimento e a integra- ção regional.

Destacaram a importância que têm os atuais processos de integração e coopera- ção regional em marcha como mecanis- mos adequados para assegurar uma maior participação e presença da América Latina no âmbito internacional. Sublinharam a importância da Aladi em prol da integra- ção regional e assinalaram, em particular, a relevância que atribuem ao Acordo de Complementação Económica a ser cele- brado entre o Brasil e a Colômbia.

Os Chanceleres tomaram nota das ob- servações efetuadas pelos setores importa- dores e exportadores de ambos países, re- lativas às limitações existentes atualmente em matéria de transporte aéreo para carga e passageiros entre Colômbia e Brasil; nesse sentido, consideram que o assunto deve continuar a ser objeto de exame por parte dos Governos dos dois países, para alcançar com rapidez uma solução mutua- mente satisfatória para o problema.

Os Ministros encerraram a segunda reunião da Comissão Mista de Cooperação Económica e Técnica, onde foram avalia- dos os programas e instrumentos bilaterais existentes, assim como a primeira reunião

do Grupo de Cooperação Consular, que tratou de temas de interesse comum para os dois países e avançaram nos entendi- mentos quanto à natureza e ao fonnato da Comissão de Vizinhança entre os dois paí- ses; reiteraram, outrossim, a necessidade de que a mesma seja criada com a brevi- dade possível.

Os dois Chanceleres subscreveram um Acordo sobre o Exercício de Ativida- des Remuneradas por parte do Pessoal Diplomático, Consular, Administrativo e Técnico, e um Acordo sobre Sanidade Vegetal para a Proteção de Zonas Fron- teiriças e Intercâmbio de seus Vegetais e seus Produtos.

Determinaram reativar os trabalhos do Plano de Desenvolvimento das Comuni- dades Vizinhas ao Eixo Tabatinga-Apápo- ris, de forma a concluir a etapa de formu- lação de projetos, e sua execução, buscan- do apoio financeiro internacional.

Decidiram impulsionar os trabalhos da Comissão Mista de Inspeção de Marcos da Fronteira Brasileiro-Colombiana e a den- sificação de marcos sobre a fronteira e decidiram convocar a X Reunião da men- cionada Comissão para reunir-se entre os dias 24 a 28 de maio vindouro.

Os dois Chanceleres ressaltaram a im- portância do Tratado de Cooperação Ama- zônica como foro que congrega os oito países aos quais pertence a maior área florestal do planeta. Concordaram sobre a

necessidade de fortalecê-lo institucional- mente. Nesse sentido, reiteraram a impor- tância da próxima reunião ordinária do Conselho de Cooperação Amazônica, a ser realizada em junho próximo, em Quito, ocasião já prevista para tratar da criação de uma Secretaria Permanente com sede em Brasília, em substituição ao atual sistema de Secretaria Pr o Tempore do Tratado.

Em cumprimento ao Artigo XIX do Acordo Cultural firmado em Bogotá, em 20 de abril de 1963, ambas as Partes acor- daram negociar, por via diplomática, um plano de trabalho, que será subscrito em prazo não maior que três meses.

O Ministro das Relações Exteriores do Brasil aceitou com satisfação o convite formulado por sua colega, em nome do Governo da Colômbia, para visitar esse país, em data a ser oportunamente fixada. A Ministra das Relações Exteriores da Colômbia, Doutora Noemi Sanín de Rubio, agradeceu, em nome próprio e no da comitiva que a acompanhou, as aten- ções recebidas durante sua permanência no Brasil.

Brasília, aos 14 de abril de 1993.

Fernando Henrique Cardoso

Ministro de Estado das Relações Exterio- res da República Federativa do Brasil

Noemi Sanín de Rubio

Ministra de Estado das Relações Exterio- res da República da Colômbia •