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1 INTRODUÇÃO 1.1 TEMA

CARACTE RÍSTICAS

2.3 O CONCEITO “CONTROLE” NAS CIÊNCIAS CONTÁBEIS, NAS CIÊNCIAS JURÍDICAS E ÓRGÃOS PÚBLICOS DE CONTROLE

2.3.1 O Conceito nas Ciências Contábeis

A consideração do Conceito de Controle exclusivamente pela Contabilidade é pouco abordada na literatura da Controladoria, pois a maioria dos autores não restringe o enfoque na Contabilidade. Os autores que abordaram dando especial enfoque para esta área, são os apresentamos neste tópico.

Matos (2000) considera que o controle pode ser conceituado como o conjunto das características de conceitos genéricos e específicos. O conceito com características de Auditoria, segundo o autor, possui sentido de verificação, exame, e constatação, e implica na idéia de finalidade, exame de um ou de alguns objetos precisos, correspondendo à análise, síntese, dedução, indução, informação, decisão, restrição, observação, verificação, avaliação, mensuração. Com relação a característica como sistema de informação é de registro, como identificação, equivalência, autenticação, significando a inscrição em partidas dobradas, no sentido contábil, e inscrição em sistemas de informação gerencial, no sentido administrativo geral.

O sentido de Controle para o autor é de vigilância ou fiscalização, ou dá a ideia de supervisão, inspeção, contendo o sentido de continuidade, tal como controle do fluxo de caixa; controle do desempenho operacional. Tem como qualidade o controle, segundo o autor, a de direção, de comando, de aplicador da gestão, significando possuir um comando inquestionável, exercendo influência determinante, dominando quaisquer situações, como por exemplo, controlar as finanças, na dimensão da qualidade do controle.

Silva Júnior (2000) relata sobre o entendimento do conceito de Controle Interno a partir da definição de Procedimentos de Auditoria do Instituto Americano de Contadores Públicos Certificados, pela qual passa o controle que compreende o plano de organização e todos os métodos e medidas utilizados na empresa para salvaguardar seus ativos, verificar a exatidão e fidelidade dos dados contábeis, para ampliar a eficiência das operações e estimular o seguimento das políticas administrativas prescritas.

Para Oliveira et. al. (2011, p. 71) o Controle refere-se aos sistemas contábeis e de controles internos, no entanto explicita que é ele o “conjunto de procedimentos que, integrados ao fluxo operacional da empresa”, cujo

objetivo é “detectar e prevenir desvios – erros e irregularidades, intencionais ou não”, os quais podem vir a “afetar negativamente o desempenho da entidade”; “ocasionar impactos em sua lucratividade e/ou estrutura financeira”; e “resultar em reflexos significativos em suas demonstrações contábeis para o usuário interno ou externo, relatórios gerenciais e demais análises e demonstrativos operacionais e financeiros”.Essa definição é provavelmente mais ampla do que o significado que, às vezes, se atribui ao termo. Na realidade, ela reconhece que um sistema de controle interno projeta-se além das questões diretamente relacionadas com as funções dos departamentos de contabilidade e finanças, mostrando que o sistema inclui outros importantes aspectos, tais como:

a) Sistema de orçamentos da empresa;

b) Definições de custos-padrões e análise das variações; c) Relatórios operacionais e análise das variações;

d) Relatórios operacionais e análises estatísticas do mercado e no qual a empresa atua;

e) Comportamento e desempenho dos concorrentes;

f) Programa de treinamento que visa capacitar os colaboradores da empresa;

g) Planejamento estratégico, etc.

Silva Júnior (2000, p. 73-74) explicita o conceito, apresentanto a identificação dos seguintes aspectos: salvaguarda de ativos; acompanhamento e manutenção da eficiência operacional; garantia da eficácia do sistema de informações e garantia do cumprimento de normas definidas pela administração.

O objeto do controle, segundo Matos (2000), pode ser sobre pessoas e atividades. O controle sobre as pessoas, segundo o autor, está relacionado à conduta das pessoas que desempenham atividades na Administração, podendo incidir sobre uma única manifestação dessa conduta ou sobre um conjunto de atos dessa pessoa. Com relação ao controle sobre a atividade administrativa, descreve o autor que este abarca toda a gestão ou um ato ou fato determinado realizado pela Administração, no sentido genérico. De acordo com o autor, os controles sobre atividades possuem várias subespécies, como o controle de gestão, contábil e de resultados.

Para Matos (2000), o processo de controle, ou o controle enquanto atividade, é essencialmente preventivo e objetiva impedir a Administração de cometer ilegalidade e erros, de atuar arbitrariamente, de causar dano, e acontece antes da edição dos atos. O controle posterior também possui caráter corretivo, acrescenta o autor, e ele ocorre após a emissão dos atos com o objetivo de censurar os erros cometidos para eliminar ou reparar as

consequências desses erros.

Com relação à amplitude do controle, relata o autor que este tanto abrange atos isolados como o conjunto de condutas ou comportamentos em decorrência da atuação de pessoas. A respeito do exercício do controle, Matos (2000) afirma que este pode ser exercido por um órgão controlador, ou indiretamente, por órgãos externos como, por exemplo, os auditores independentes e a fiscalização tributária. A função do Controle, acrescenta o autor, é a de limitação, ou seja, de regulamentação, proibição, e tem subjacente o aspecto negativo, restritivo ou inibidor, como: controlar os investimentos, as compras, vetar um plano de negócio; estabelecer um limite de gastos ou de atividades específicas.

Padoveze (2010) entende que a Controladoria seria uma Ciência Contábil considerando-se o enfoque controlístico da escola italiana, mas pelo enfoque da escola americana, a Contabilidade Gerencial é o que se denomina Controladoria. Para o autor não há razão para se distinguir entre Contabilidade e Contabilidade Gerencial, pelo fato de que a Contabilidade Gerencial apresenta todos os aspectos da Contabilidade, somente algumas vezes recebendo o nome de Controladoria. Com relação à divisão entre Contabilidade Gerencial e Contabilidade Financeira é uma divisão utilizada para o mercado, mas ambas seguem as regras ou princípios contábeis na mensuração econômica adequada; sendo a Contabilidade Financeira tida como um instrumento contábil para usuários externos para suprir as necessidades de informações regulamentadas e sociais, enquanto que a Contabilidade Gerencial é utilizada para suprir informações aos usuários internos da empresa.Assim ambas não deixam de ser segmentos da Contabilidade, que compõem um todo, sendo ambas utilizadas para controle e tomada de decisão sobre empreendimentos negociais, mas a Contabilidade Financeira está mais essencialmente relacionada à demanda de informações para planejamento, controle, avaliação de desempenho e tomada de decisão.

Apresenta ainda Padoveze, citando Iudícibus (1987 apud PADOVEZE, 2010, p. 11), a perspectiva americana da Contabilidade Gerencial, que retrata, como a Associação Nacional dos Contadores dos Estados Unidos (Relatório nº 1A), essa área como “um processo de identificação, mensuração, acumulação, análise, preparação, interpretação e comunicação de informações financeiras”, utilizadas pela administração para elaborar o planejamento, a avaliação e o controle dentro de uma organização e também para assegurar e contabilizar o uso apropriado de seus recursos.

Para Correia (2002), ao tratar sobre o conceito de Controle Interno aborda sobre essa perspectiva. O Controle, segundo o autor envolve vários elementos (como plano de organização, métodos e medidas, proteção do patrimônio , entre outros), os quais são interdependentes e a adequação do

controle interno está vinculada ao equilíbrio do funcionamento destes elementos.

Correia (2002) afirma que se pode constatar que o controle interno passou a ter um novo foco a ser observado pela gestão pública, ganhando extrema importância, pois ampliou além da ótica de uma revisão contábil, e passou a englobar toda a operacionalidade da administração, possibilitando a produção de informações necessárias para garantir o cumprimento de objetivos definidos pela gestão.

Correia (2002) apresenta uma distinção entre os controles contábeis e os administrativos. De acordo com o autor, pode-se depreender que os controles contábeis objetivam proteger os ativos da organização e checar a acurácia e confiabilidade de seus dados contábeis, e os controles administrativos visam promover a eficiência operacional e estimular a obediência às diretrizes estabelecidas pela alta administração.

Das discussões de Castro (2011) sobre a Contabilidade Aplicada ao Setor Público, destaca-se a sua menção à importância desta para garantir fidedignidade aos órgãos aos órgãos de controle interno e externo, além de subsidiar os dirigentes e dar transparência à sociedade.

No entanto, observa o autor que para a área pública, as informações apenas patrimoniais não são suficientes para atender as necessidades dos administradores. Desta forma, aponta o autor, a Contabilidade Aplicada ao Setor Público tem buscado explicar de forma integrada os efeitos da ações de governo, bem como o reflexo no patrimônio e nas finanças públicas, do atendimento às demandas da sociedade.

Castro (2011) destaca que a Contabilidade Aplicada ao Setor Público assumiu um papel de fonte de informações para as organizações do setor público, servindo como referência de consulta, registro, mensuração e evidenciação das políticas e atos da gestão pública. Em 1987, relata o autor, com a implantação do Sistema Integrado de Administração Financeira (SIAFI) a importância da contabilidade como suporte à informação gerencial foi resgatada, inclusive por meio da aplicação de suas técnicas e como base de sustentação das operações financeiras e de execução orçarnentária no Governo Federal. Dessa forma, acrescenta o autor, foram automatizados os lançamentos contábeis para transformar a contabilidade em fonte oportuna de informações.

O SIAFI, segundo o autor, alterou a lógica contábil de registrar atos e fatos somente após os pagamentos, como acontece com os sistemas contábeis em geral, pois o sistema exige o registro contábil prévio à emissão do documento de pagamento e exigiu a implantação da Conta Única como uma conta contábil, o que deu consistência aos números utilizados para tomada de decisão nos diversos escalões do Governo Federal e transformou a

contabilidade em fonte primária dos dados financeiros e orçamentários. Com a Conta Unica, destaca o autor, os gestores trocaram a cultura do extrato bancário pelo razão contábil.

Castro (2011) afirma que uma nova mudança está se processando com a implantação das Normas Brasileiras de Contabilidade Aplicadas ao Setor Público (NBCASP), pois ela unifica os conceitos da Contabilidade aplicada ao setor público, com a aplicada no setor privado, em termos patrimoniais. Explicita o autor que, com a nova estrutura, são equiparados os conceitos patrimoniais e preserva-se a diferença entre as duas na particularidade do setor público dos controles contábeis do orçamento e sua execução e dos controles contábeis dos potenciais que não afetam o patrimônio, no momento, mas que podem vir afetá-lo no futuro.