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Capítulo III – Dinâmicas no Apoio Social

3.1 Bolsas de Estudo

3.1.1 Conceito de Bolsa e Condições de Elegibilidade

De acordo com o regulamento7 de atribuição de bolsas de estudo atualmente em vigor, entende-se

por “bolsa de estudo uma prestação pecuniária anual para comparticipação nos encargos com a frequência de um curso ou com a realização de um estágio profissional de caráter obrigatório, atribuída pelo Estado, a fundo perdido, sempre que o agregado familiar em que o estudante se integra não disponha de um nível mínimo de recursos financeiros.”

Este apoio é um instrumento do Ministério da Ciência Tecnologia e Ensino Superior (MCTES), para a ação social escolar direta, dirigido aos estudantes do ensino superior e tem em vista que nenhum cidadão português seja privado do acesso ao ensino superior por insuficiência económica, assim como, o combate ao abandono escolar.

O presente sistema de bolsas de estudo, de acordo com o previsto no n.º 1, do artigo 2.º, do regulamento, baseia-se nos seguintes princípios fundamentais: no princípio da “garantia de recursos”, que assegura um nível mínimo adequado de recursos financeiros, contribuindo para a consagração da igualdade material de oportunidades; princípio de “confiança mútua” entre os estudantes e o Estado, e entre ambos e as instituições de ensino superior, tendo por base a partilha de responsabilidades académicas, sociais e económicas; e o princípio da “boa aplicação dos recursos públicos”, ou seja, o apoio financeiro público deve ser gerido de modo a maximizar a sua eficiência centrando-se nos estudantes economicamente mais carenciados.

O processo de atribuição de bolsas de estudo, de acordo com o previsto no n.º 2, do artigo 2.º, do regulamento, norteia ainda as seguintes linhas de orientação: “contratualização”, assegurando este apoio ao estudante durante o ciclo de estudos que frequenta, desde que satisfaça as condições de elegibilidade; ”linearidade” que garante que o montante do apoio de que o estudante beneficia varia em função das dificuldades económicas da sua família; “adição de apoios” assegura aos estudantes deslocados ou com necessidades educativas especiais, complementos à bolsa de estudo destinados a suportar os seus custos acrescidos; “simplificação administrativa” com vista à desmaterialização dos

7 Despacho n.º 7031-B/2015, de 24 de junho.

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processos baseando-se em declarações de honra dos estudantes, estabelecendo-se medidas sancionatórias em caso de fraude; “qualidade dos serviços” com base em processos sistemáticos de controlo de qualidade e de auditoria interna.

O estudante da UTAD, para beneficiar de bolsa de estudo, tem de reunir as seguintes condições de elegibilidade, nomeadamente:

- Nacionalidade8: tem de satisfazer uma das seguintes condições, designadamente: ser nacional

português, ser cidadão nacional de Estado membro da União Europeia com direito de residência permanente em Portugal e seus familiares9, ser cidadão nacional de país terceiro titular de autorização

de residência permanente10, ser beneficiário de estatuto de residente de longa duração11, ser

proveniente de Estados com os quais hajam sido celebrados acordos de cooperação prevendo a aplicação de tais benefícios, ser proveniente de Estados cuja lei, em igualdade de circunstâncias, conceda igual tratamento aos estudantes portugueses, ser apátrida ou ser beneficiário do estatuto de refugiado político;

- Matrícula: tem de estar matriculado e inscrito em curso de 1.º ou 2.º ciclo e não ser titular do mesmo grau do curso que frequenta;

- N.º Mínimo de ECTS Inscrito: tem de estar inscrito a no mínimo 30 ECTS, salvo se inscrito para terminar o curso ou por a isso obstarem as normas regulamentares à inscrição na tese, dissertação, projeto ou estágio do curso;

- Aproveitamento Escolar: no último ano letivo em que esteve inscrito tem de ter obtido aprovação a, pelo menos 60% dos ECTS, se inscrito a 60 ou mais ECTS, ou a 36 ECTS, se inscrito entre 36 e menos de 60 ECTS, ou à totalidade dos ECTS, se inscrito a menos de 36 ECTS. Não se aplica este requisito para os estudantes que se inscrevem pela primeira vez num curso, na sequência de mudança de curso e caso não tenha sido bolseiro no ano letivo anterior. Também não se aplica este requisito caso a falta de aproveitamento escolar se deva a doença grave prolongada, devidamente comprovada ou devido a outras situações especialmente graves ou socialmente protegidas igualmente comprovadas;

- N.º de Inscrições: tem de ser possível terminar o curso com um número total de inscrições no ciclo de estudos não superior a n (número de anos do curso) + 1, se a duração normal do curso for igual ou inferior a 3 anos, ou n + 2, se a duração normal do curso for superior a 3 anos. Os trabalhadores estudantes e os estudantes cuja primeira inscrição no curso tenha sido na sequência de uma mudança de curso beneficiam de mais uma matrícula;

8 Artigo 1.º, do Decreto-Lei n.º 204/2009, de 31 de agosto. 9 Artigo 10.º, da Lei n.º 37/2006, de 9 de agosto. 10 Artigo n.º 80.º, da Lei n.º 23/2007, de 4 de julho. 11 Artigo n.º 125.º, da Lei n.º 23/2007, de 4 de julho.

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- Limiar de Carência: a família do estudante não pode ter um rendimento per capita (rendimento total anual dividido pelo n.º de elementos do agregado familiar) anual superior a 16 vezes o IAS acrescido da propina máxima (€7.770,99);

- Património Mobiliário Máximo do Agregado Familiar: a família do estudante não pode ter um património mobiliário (depósitos bancários à ordem ou a prazo, certificados de aforro, títulos do tesouro, ações ou outros instrumentos financeiros), superior a 240 vezes o IAS (€100.612,80);

- Dívidas Segurança Social ou Finanças: o estudante não pode ter dívidas para com a Segurança Social e/ou com as Finanças.