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Serviços de Ação Social da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro: a origem sócio-educacional dos estudantes da UTAD

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UNIVERSIDADE DE TRÁS-OS-MONTES E ALTO DOURO

SERVIÇOS DE AÇÃO SOCIAL DA

UNIVERSIDADE DE TRÁS-OS-MONTES E ALTO DOURO

“A Origem Sócio-educacional dos Estudantes da UTAD”

Relatório da Atividade Profissional

Para a Obtenção do Grau de Mestre em Serviço Social

Daniel da Costa Borges

Realizado sobre a orientação de:

Professora Doutora Elsa Rocha de Sousa Justino

Professora Doutora Vera Lúcia Ferreira Mendonça

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UNIVERSIDADE DE TRÁS-OS-MONTES E ALTO DOURO

SERVIÇOS DE AÇÃO SOCIAL DA

UNIVERSIDADE DE TRÁS-OS-MONTES E ALTO DOURO

“A Origem Sócio-educacional dos Estudantes da UTAD”

Relatório da Atividade Profissional

Para a Obtenção do Grau de Mestre em Serviço Social

Daniel da Costa Borges

Realizado sobre a orientação de:

Professora Doutora Elsa Rocha de Sousa Justino

Professora Doutora Vera Lúcia Ferreira Mendonça

Composição do Júri:

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Enquadramento Institucional

Este relatório da atividade profissional para a obtenção do grau de mestre ao abrigo da “recomendação do CRUP”, foi desenvolvido no Setor de Bolsas de Estudo, da Divisão de Apoio ao Estudante, dos Serviços de Ação Social da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (SASUTAD).

Os SASUTAD são uma unidade orgânica integrada na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), com autonomia administrativa e financeira, que têm por fim a execução da política de ação social no ensino superior, através da prestação de apoios e serviços, visando promover a igualdade de oportunidades para o sucesso de frequência de um curso de ensino superior e para a formação integral do estudante.

A UTAD nasceu, não como universidade, mas como Instituto Politécnico de Vila Real, em 1973, posteriormente, em 1979, assumiu o papel de Instituto Universitário de Trás-os-Montes e Alto Douro e 7 anos depois, em 1986, face ao reconhecimento universal da sua intensa atividade nos domínios do ensino e da investigação científica e tecnológica passou a Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro.

Atualmente esta Universidade tem como objetivos fundamentais o Ensino, a Investigação, a Extensão e Apoio à Comunidade, deverá constituir um Centro de Excelência para a educação permanente e para a criação, transmissão e difusão da cultura, da ciência e da tecnologia. A UTAD goza de autonomia administrativa, científica e pedagógica de estruturas intermédias, é composta por 6 órgãos, pelo Conselho Geral, pelo Reitor, pelo Conselho de Gestão, pelo Provedor do Estudante, pelo Conselho Académico e pela Comissão de Ética e está organizada internamente em 5 escolas, nomeadamente, na Escola de Ciências Agrárias e Veterinárias (ECAV), na Escola de Ciências Humanas e Sociais (ECHS), na Escola de Ciências e Tecnologia (ECT), na Escola de Ciências da Vida e do Ambiente (ECVA) e na Escola Superior de Enfermagem de Vila Real (ESEnfVR), e é constituída ainda, para além dos Serviços de Ação Social, por outros Serviços, por Centros de Investigação e outras unidades, como o Jardim Botânico, o Hospital Veterinário, o Museu de Geologia, Laboratórios, Gabinetes, entre outras unidades.

Na UTAD1 são lecionados mais de 100 cursos, cerca de 116, correspondentes aos seguintes graus de

ensino: Licenciatura (1.º ciclo), Mestrado ou Mestrado Integrado (2.ª Ciclo) e Doutoramento (3.º Ciclo). Possui ainda cursos de Pós-Graduações e de “Ano Zero”, programa para estudantes internacionais que leva ao acesso a uma variedade de programas educativos do 1º e 2.º ciclo de estudos.

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ii

Agradecimentos

Agradeço, em primeiro lugar, à minha orientadora, Doutora Elsa Justino, por me ter incentivado à realização deste trabalho, pela prontidão que sempre demonstrou para me orientar e pela disponibilidade que manifestou sempre que foi solicitado.

Agradeço também à Professora Doutora Vera Mendonça por se ter disponibilizado e sempre me ter motivado a avançar com o mestrado após uma longa pausa de aproximadamente 2 anos.

Agradeço aos Serviços Académicos da UTAD, mais precisamente, ao Eng.º Jorge Godinho, pela disponibilidade em facultar os dados que foram essenciais para a realização do estudo.

Agradeço à estudante de doutoramento Cláudia Santos, do Instituto Superior das Ciências do Trabalho e da Empresa - Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE-IUL), visto que este trabalho teve o seu reinício após colaboração da estudante num estudo com os SASUTAD.

Agradeço, aos colegas de trabalho, principalmente ao Eng.º Márcio Cordeiro, que sempre se disponibilizou para me ajudar no tratamento de dados no programa informático Excel, à Dr.ª Sofia Sequeira pela sua prontidão em colaborar, visto que também se encontra a realizar a sua tese de mestrado em Serviço Social, ao Dr. Joaquim Pereira, responsável pela Divisão de Apoio ao Estudante, que permitiu as minhas ausências e me apoiou no decorrer do trabalho, à Dr.ª Ana Maria Oliveira, à D. Franquelina Carvalho e à D. Paula Lopes.

Agradeço ao colega de profissão Dr. Carlos Monteiro, dos Serviços de Ação Social do Instituto Politécnico de Bragança, pela ajuda preciosa no desenvolvimento deste trabalho.

Pretendo deixar uma palavra de apreço e de reconhecimento aos profissionais e colegas da área da ação social no ensino superior e de outras áreas, com quem contacto com alguma regularidade, nomeadamente, ao Dr. Miguel Cordeiro, à Dr.ª Ana Paula Machado, à Dr.ª Helena Pereira, à Dr.ª Fernanda Carvalho, ao Eng.º Rui Mestre, à Dr.ª Sónia Vilarinho e ao Dr. Nuno Amaral.

A realização deste trabalho não foi uma tarefa fácil, tendo em consideração a limitação no tempo e aos diferentes papeis a que estamos sujeitos hoje em dia, nomeadamente, de Assistente Social, de Pai, de Companheiro, de Familiar, de Amigo, entre outros, onde a ausência e menor participação foi manifestamente visível. Por último, mas não menos importante, agradeço profundamente à minha esposa Catarina Coutinho, que foi sempre o meu suporte e fonte de constante apoio e estímulo, assim como, aos meus filhos, Lia e Levi.

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iii

Índice Geral

Índice Geral ... iii

Índice de Quadros ... v

Índice de Figuras ... vii

Lista de Abreviaturas... viii

Título ... x

Resumo ... xi

Abstract... xii

Capítulo I – Introdução ... 13

1.1 Introdução ... 13

1.2 Serviços de Ação Social da UTAD ... 15

Capítulo II – Ação Social ... 22

2.1 Ação Social no Ensino Superior ... 22

2.2 Evolução Histórica da Legislação na Atribuição de Bolsas de Estudo no Ensino Superior ... 27

Capítulo III – Dinâmicas no Apoio Social... 42

3.1 Bolsas de Estudo ... 42

3.1.1 Conceito de Bolsa e Condições de Elegibilidade... 42

3.1.2 Rendimentos do Agregado Familiar ... 44

3.1.3 Montante da Bolsa Base e Complementos ... 45

3.1.4 Plataforma de Atribuição de Bolsas de Estudo: BeOn e SICABE ... 47

3.1.5 Breve Caracterização dos Bolseiros e Evolução das Bolsas de Estudo... 50

3.1.6 Um Olhar por Dentro das Bolsas de Estudo ... 56

3.1.7 Entrevistas ... 62

3.1.8 Visitas domiciliárias ... 65

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iv

3.2 Fundo de Apoio Social ... 73

3.2.1 Subsídio de Emergência ... 73

3.2.2 Bolsa de Colaboração ... 74

Capítulo IV – Estudo ... 75

4.1 A origem sócio-educacional dos estudantes da UTAD ... 75

4.1.1 Introdução ... 75

4.1.2 Caracterização da população abrangida ... 78

4.1.3 Método, Instrumentos e procedimentos ... 81

4.1.4 Resultados ... 82

4.1.5 Discussão e Conclusões ... 89

Capítulo V – Controlo ... 93

5.1 Auditorias e Controlo ... 93

Capítulo VI – Conclusão ... 98

6.1 Conclusão e Estratégias Futuras ... 98

Referências Bibliográficas ... 102

Legislação ... 107

Anexos ... 113

Anexo 1: Resumo da Evolução da Legislação no Século XXI ... 114

Anexo 2: Listagem de Documentos ... 125

Anexo 3: Registo de Entrevista ... 127

Anexo 4: Visitas Domiciliárias: Ficha de Sinalização de Casos ... 129

Anexo 5: Registo de Visita Domiciliária ... 131

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v

Índice de Quadros

Quadro 1 – Organograma dos SASUTAD. ... 16 Quadro 2 – Resumo das alterações à legislação no âmbito das bolsas de estudo ocorridas no século XXI. ... 37 Quadro 3- Situações familiares fictícias para simulação do valor da bolsa de estudo. ... 38 Quadro 4 - Evolução dos montantes da bolsa de estudo nas 3 situações. ... 39 Quadro 5 – Percentagem de estudantes bolseiros, candidatos a bolsa e total de estudantes na UTAD, por distrito de origem. ... 50 Quadro 6 – Evolução do número de estudantes, candidatos a bolsa, estudantes bolseiros, e várias taxas no âmbito das bolsas de estudo dos estudantes da UTAD. ... 51 Quadro 7 – Evolução dos motivos de indeferimento da bolsa de estudo na UTAD. ... 54 Quadro 8 – Novas variáveis apuradas após a reavaliação dos processos de candidatura a bolsa de estudo. ... 57 Quadro 9 – Número e percentagem de candidatos a bolsa de estudo por atividade das suas famílias. ... 58 Quadro 10 – Percentagem de candidatos a bolsa de estudo em função da origem dos rendimentos das famílias dos estudantes candidatos a bolsa de estudo. ... 59 Quadro 11 – Percentagem e número de processos cujo resultado é alterado após a intervenção do Assistente Social. ... 59 Quadro 12 – Bolsa média por atividade antes e depois da avaliação dos processos pelos Assistentes Sociais... 60 Quadro 13 – Fator que motivou a alteração do resultado após avaliação do Assistente Social... 61 Quadro 14 – Número de visitas domiciliárias efetuadas ao logo de vários anos e suas consequências no resultado. ... 66 Quadro 15 – N.º de estudantes no ensino superior, desde 1940 até 2015 e respetiva taxa de crescimento anual, por sexo. ... 76 Quadro 16 – Percentagem de estudantes por sexo e por escolas da UTAD. ... 78

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vi

Quadro 17 – Percentagem de estudantes por sexo e por alguns cursos da UTAD. ... 78

Quadro 18 – Percentagem de estudantes em várias categorias e por sexo. ... 79

Quadro 19 – Nacionalidade dos estudantes da UTAD. ... 79

Quadro 20 – Distribuição dos estudantes da UTAD por nível de ensino. ... 80

Quadro 21 – Distrito de origem dos estudantes da UTAD. ... 80

Quadro 22 – Distribuição da população da região norte de Portugal, com mais de 40 anos de idade, em função da origem sócio-educacional e do sexo e distribuição por várias tipologias de estudantes e pela origem sócio-educacional em função do sexo. ... 83

Quadro 23 – Distribuição dos estudantes pela origem sócio-educacional e em função dos cursos mais numerosos da UTAD, que representam cada um deles uma área científica distinta, e do sexo. ... 84

Quadro 24 – Distribuição dos estudantes pela origem sócio-educacional, em função das escolas da UTAD e do sexo... 85

Quadro 25 – Média e distribuição dos estudantes pela origem sócio-educacional e em função do escalão da nota de ingresso na UTAD e do sexo. ... 86

Quadro 26 – Média e distribuição dos estudantes pela origem sócio-educacional e em função do escalão de bolsa de estudo e do sexo. ... 86

Quadro 27 – Quadro de distribuição dos estudantes pela origem sócio-educacional e em função do motivo de indeferimento da candidatura a bolsa de estudo e do sexo. ... 87

Quadro 28 – Quadro de distribuição dos estudantes pela origem sócio-educacional e em função da situação na profissão do pai e da mãe. ... 88

Quadro 29 – Quadro de distribuição dos estudantes pela origem sócio-educacional e em função do estatuto de trabalhador estudante e da situação de alojamento em residência universitária dos SAUTAD, por sexo. ... 88

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Índice de Figuras

Figura 1 – Evolução do montante das bolsas de estudo nas 3 situações. ... 40 Figura 2 – Evolução do número de estudantes, candidatos a bolsa e bolseiros da UTAD... 52 Figura 3 – Evolução das taxas de candidatura, aprovação, cobertura no âmbito das bolsas de estudo e percentagem de bolseiros na UTAD e em Portugal. ... 53 Figura 4 – Evolução dos motivos de indeferimento na UTAD. ... 54 Figura 5 – Comparação, em percentagens, dos motivos de indeferimento, em 2015/2016, nos ensinos superiores público e privado e na UTAD. ... 55 Figura 6 – Evolução da Bolsa Média no Ensino Superior e na UTAD. ... 56 Figura 7 – Evolução do número de visitas domiciliárias efetuadas ao longo de vários anos e consequências no resultado da bolsa. ... 67 Figura 8 – Evolução do n.º de estudantes no ensino superior, desde 1978, por sexo. ... 77

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Lista de Abreviaturas

BeOn – Programa Informático de Bolsas de Estudo On-Line

CAS – Conselho de Ação Social

CCSIP – Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos CEE – Comunidade Económica Europeia

CET – Curso de Especialização Tecnológica

CIRS – Código do Imposto sobre Rendimentos de Singulares CNASES – Conselho Nacional para a Ação Social no Ensino Superior CRUP – Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas CTSP – Curso Técnicos Superiores Profissionais

DAE – Divisão de Apoio ao Estudante DAL – Divisão Alimentar

DRHFF – Divisão de Recursos Humanos, Físicos e Financeiros DGES – Direção-Geral do Ensino Superior

ECTS – European Credit Transfer System

ECTS – Sistema Europeu de Acumulação e Transferência de Créditos FAE – Fundo da Apoio ao Estudante

FAS – Fundo de Ação Social

GRIM – Gabinete de Relações Internacionais e de Mobilidade IAS – Indexante dos Apoios Sociais

IBM-SPSS – International Business Machines - Statistical Package for the Social Sciences IPC – Índice de Preços ao Consumidor

IPSS – Instituição Particular de Solidariedade Social

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ix

MCTES – Ministério da Ciência Tecnologia e Ensino Superior NAF – Núcleo Administrativo e Financeiro

NAP – Núcleo de Aprovisionamento e Património

OBEGEF – Observatório de Economia e Gestão de Fraude.

OCDE - Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico PIB – Produto Interno Bruto

RMMG – Remuneração Mínima Mensal Garantida RSI – Rendimento Social de Inserção

SAS – Serviços de Ação Social

SASUTAD – Serviços de Ação Social da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro SICABE – Suporte Informático ao Concurso de Atribuição de Bolsas de Estudo SIGAcad – Sistema Integrado de Gestão Académica

SMN – Salário Mínimo Nacional

UTAD – Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro VAS – Verificação Administrativa Sistemática

(13)

x

Título

O título deste relatório de atividade profissional “Serviços de Ação Social da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro: A Origem Sócio-educacional dos Estudantes da UTAD” pretende efetuar uma caracterização da ação do Serviço Social no apoio aos estudantes do ensino superior. O contexto, a prática e as dinâmicas nos SASUTAD.

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xi

Resumo

A atividade profissional em análise, Serviço Social na Ação Social do Ensino Superior, retrata os Serviços de Ação Social da UTAD, a política de ação social, mormente as bolsas de estudo, analisa a intervenção do Assistente Social na análise processual e qual o impacto do seu trabalho e em que setores de atividade.

Na análise dos processos de candidatura a bolsa de estudo os Assistentes Sociais intervêm diretamente em cerca de 36% das candidaturas, sobretudo em processos provenientes de famílias com atividades empresariais e o principal motivo, em 85% dos casos, deve-se à própria atividade empresarial que não corresponde ao declarado nas Finanças.

Na parte final é apresentado um ensaio de um estudo sobre a “A Origem Sócio-educacional dos Estudantes da UTAD”, em função de indicadores sócio-educacionais dos pais. Apesar do aumento significativo de estudantes no ensino superior no século XXI e de, consequentemente, recrutar cada vez mais em estratos sociais menos favorecidos, a origem sócio-educacional dos estudantes é ainda seletiva no acesso ao ensino superior e a UTAD não é exceção.

O estudo aponta para que os estudantes da UTAD, tendencialmente, provêm de estratos de origem sócio-educacional mais elevados que a população em geral, assim como, a sua origem e sexo influencia a escolha dos cursos, o seu desempenho escolar e seu estado social. Estudantes de níveis sócio-educacionais mais baixos tendem a escolher cursos com médias de acesso mais baixas, são economicamente mais carenciados, pois beneficiam de bolsa de estudo em maior número e de montantes mais elevados e têm um pior desempenho escolar, enquanto as estudantes do sexo feminino tendem a escolher cursos das ciências sociais e do sexo masculino cursos das ciências tecnológicas.

Apenas uma “contra-tendência” a salientar, apesar dos estudantes dos cursos de Serviço Social e Medicina Veterinária serem maioritariamente do sexo feminino, provêm de estratos sócio-educacionais opostos, enquanto os estudantes de Serviço Social provêm de estratos mais baixos os de Medicina Veterinária provêm de estratos significativamente mais elevados.

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xii

Abstract

The professional activity in analysis, is about Social Work in Higher Education, regarding Students Support Services, in what concerns the University of Trás-os-Montes e Alto Douro, the policies in the Social Welfare, mainly the scholarships/grants, and the intervention of the Social Worker in the real field.

In the analysis of the applications for scholarships, the Social Worker sets directly in about 36% of the applications, over all proceedings from families with business activities, in 85% of the cases, the main reason for incomes adjustment is a failure in tax return.

In the final part, a preliminary study on the “UTAD Students Background”, in order of parent’s educational background. Although the significant increase of students in higher education in the XXI century, recruiting also in the disadvantaged social strata, the parents educational background of the students is still selective in the access to higher education, and UTAD’s are no exception.

The study indicates that UTAD students, tends to come from higher strata with educational background, that the general population, as well as their origin and gender influences the choice of courses, their school performance and their social strata achievement. Students from lower educational levels tend to choose courses with access average lower, are economically disadvantaged, but benefit from a greater number of scholarships/grants and higher amount. However, have a poorer school performance, while female students tend to choose courses in the social sciences and male students, courses of technological sciences.

Just a "countertendency" to stress, despite the students of Social Work courses and Veterinary Medicine are mostly female, they come from opposite social and educational strata, while the students of Social Work come from lower strata, in opposite the students of Veterinary Medicine come from significantly higher strata.

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Capítulo I – Introdução

13

Capítulo I –

Introdução

1.1

Introdução

Este relatório de atividade profissional está dividido em 6 capítulos. No primeiro capítulo faz uma apresentação dos objetivos do documento, caracterização dos trabalhos desenvolvidos, os meios materiais e humanos envolvidos, assim como, é efetuada uma apresentação sumária da instituição onde é desenvolvida esta atividade. No capítulo 2 é efetuada uma revisão da literatura com referência a conhecimentos académicos e científicos pertinentes sobre o tema, nomeadamente, sobre a ação social e a evolução da legislação no ensino no ensino superior, com uma descrição pormenorizada de todos os regulamentos de atribuição de bolsas de estudo no ensino superior desde o seu início até aos dias de hoje. No capítulo 3 são descritos os trabalhos realizados na instituição, designadamente, nas Bolsas de Estudo e no Fundo de Apoio Social, que são os eixos principais de atuação do Assistente Social nos SASUTAD. No capítulo 4 é efetuado um ensaio sobre um estudo denominado “A origem sócio-educacional dos estudantes da UTAD”, que pretende demonstrar e compreender como os indicadores sócio-educacionais dos pais dos estudantes podem ser um precioso indicativo no acesso e frequência do ensino superior. No capítulo 5, é efetuada uma descrição detalhada e específica sobre o tipo de controlo da qualidade do trabalho que é realizado na instituição durante a realização das atividades no âmbito da atribuição das bolsas de estudo. Por fim, no capítulo 6 e último, é efetuada uma análise dos resultados mais relevantes obtidos com a realização deste trabalho.

O presente relatório sobre a atividade profissional é realizado no âmbito do Mestrado em Serviço Social, Ramo em Gestão de Organizações, pela Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, ao abrigo da “recomendação do CRUP”. Foi desenvolvido no Setor de Bolsas de Estudo, da Divisão de Apoio ao Estudante, dos Serviços de Ação Social da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro.

Os SASUTAD são uma unidade orgânica integrada na UTAD, com autonomia administrativa e financeira, que têm por fim a execução da política de ação social no ensino superior, através da prestação de apoios e serviços, visando promover a igualdade de oportunidades para o sucesso de frequência de um curso de ensino superior e para a formação integral do estudante.

É neste contexto que desenvolvo a minha atividade como Assistente Social, onde exerço funções há mais de 10 anos, mais precisamente no setor de bolsas de estudo, na análise de processos de

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Capítulo I – Introdução

14

candidatura à bolsa de estudo. Ainda no âmbito das bolsas de estudo efetuo relatórios sociais, visitas domiciliárias e entrevistas para uma atribuição de bolsas de estudo mais equitativa, otimizando os recursos públicos e tendo em vista as exigências de controlo de qualidade dos serviços prestados. Desenvolvo ainda outras atividades, sempre que necessário, nomeadamente pareceres e projetos, com diversos graus de complexidade, a execução de outras atividades de apoio geral ou especializado nas áreas de atuação comuns, instrumentais e operativas dos órgãos e serviços.

Colaboro ainda na receção aos estudantes caloiros, divulgando, esclarecendo e tirando dúvidas no âmbito da ação social no ensino superior, assim como, sinalizando e encaminhando os estudantes para o alojamento nas residências universitárias dos SASUTAD ou para outros apoios. Colaboro também com a UTAD participando em feiras do ensino superior de divulgação da oferta educativa da UTAD no ensino superior e divulgando também os apoios prestados pelos Serviços de Ação Social da UTAD aos seus estudantes.

Esta atividade é desenvolvida na sede dos SASUTAD, em Vila Real, e noutros locais da academia ou ainda em locais no exterior dependendo da atividade a desenvolver.

Tornar a educação acessível a todos os indivíduos é fundamental para o crescimento económico inclusivo e para uma sociedade saudável. O ensino superior tem um papel específico a desempenhar neste processo, prepara os cidadãos para empregos altamente qualificados na economia do conhecimento (Eurostudent, 2012). É por este motivo que a ação social no ensino superior é tão importante, tentando atenuar as diferenças na acessibilidade e frequência do ensino superior. Este trabalho desenvolve um ensaio para um estudo, de nome “A Origem Sócio-educacional dos Estudantes da UTAD”, que envolve os estudantes da UTAD, incluindo os estudantes bolseiros, e pretende demonstrar e compreender como os indicadores sócio-educacionais dos pais do estudante podem ser um precioso indicativo da sua maior ou menor proximidade com a lógica, linguagem, personagens e cultura universitária, assim como, poderão afetar o seu acesso ao ensino superior, desempenho académico, e, eventualmente, contribuir para o abandono escolar.

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Capítulo I – Introdução

15

1.2 Serviços de Ação Social da UTAD

A política de ação social no ensino superior é executada pelos serviços de ação social (SAS), unidades orgânicas das instituições de ensino superior, politécnicos ou universidades, como estabelecido pelo Decreto-Lei n.º 129/1993, de 22 de abril, e, no caso das instituições de ensino superior privadas, é executada diretamente pela Direção-Geral do Ensino Superior (DGES).

Os SASUTAD nasceram, não com esta designação, em 1973, com o Instituto Politécnico de Vila Real, eram os Serviços Sociais do Instituto Politécnico de Vila Real. Este instituto teve um importante papel na região e contribuiu para o desenvolvimento de Trás-os-Montes e Alto Douro, tendo em 1979 sido criado o Instituto Universitário de Trás-os-Montes e Alto Douro, e os Serviços Sociais passaram a designar-se Serviços Sociais do Instituto Universitário de Trás-os-Montes e Alto Douro. Passados menos de 10 anos, na sequência da sua intensa atividade nos domínios do ensino e da investigação científica e tecnológica, o Governo transformou a instituição em Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, assim como, os respetivos Serviços Sociais da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, que viram a sua orgânica alterada em 1993, como referido no Decreto-Lei anterior, passando para os atuais Serviços de Ação Social da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro.

Como referido no regulamento interno dos SASUTAD, Despacho n.º15055/2012, de 22 de novembro, estes têm uma estrutura simples e dinâmica apoiada nos seus técnicos superiores, enquanto estrutura de topo, com capacidade de autonomia, coordenação e supervisão, para assegurar as funções de maior complexidade.

Os SASUTAD são um Organismo da Administração Pública, equiparado a Fundo e Serviço Autónomo, de acordo com o regulamento interno têm a seguinte missão (Manual de Acolhimento do Trabalhador, s.d., pág. 14):

“Ser uma organização, vocacionada para proporcionar aos estudantes e à comunidade académica da UTAD, apoios diretos, na atribuição de bolsas de estudo e subsídios, e indiretos no domínio da educação para a saúde e do bem-estar físico e psíquico, contribuindo decisivamente para a formação e a integração plena de todos os estudantes, com o fim de garantir a igualdade de oportunidades no acesso e na frequência bem-sucedida de um curso de ensino superior”.

No âmbito das suas atribuições, compete aos SASUTAD, prestar aos estudantes da UTAD ou de outras instituições nacionais ou estrangeiras, os seguintes apoios: bolsas de estudo e subsídios, promover o acesso à alimentação em cantinas e bares, promover o acesso ao alojamento, promover o acesso a

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Capítulo I – Introdução

16

serviços de saúde, apoiar atividades desportivas e culturais e desenvolver outras atividades que, pela sua natureza, se enquadrem nos fins gerais de ação social no ensino superior.

Estes serviços gozam de autonomia administrativa e financeira, assim como, autonomia orçamental, de tesouraria, dispondo da capacidade para praticar atos jurídicos, de tomar decisões com eficácia externa e de praticar atos definitivos, bem como de dispor de receitas próprias e de capacidade de as afetar a despesas aprovadas de acordo com orçamento próprio. Ao nível do financiamento os SASUTAD são apoiados centralmente pelo Estado, através do Orçamento Geral do Estado, assim como, por receitas próprias provenientes da prestação de serviços no âmbito da sua atividade, rendimentos provenientes da venda de bens e serviços e quaisquer outras receitas que por lei, por contrato ou a outro título lhe sejam atribuídas. Os SASUTAD estão sujeitos à fiscalização exercida pelo fiscal único e as suas contas são consolidadas com as contas da UTAD.

Quadro 1 – Organograma dos SASUTAD.

Fonte: Manual de Funções dos SASUTAD.

Os SASUTAD estão organizados em 3 órgãos (ver quadro 1), nomeadamente, o Conselho de Ação Social, que lhe cabe orientar o apoio a conceder aos estudantes e é constituído pelo Reitor, pelo

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Capítulo I – Introdução

17

administrador para a ação social, pelo presidente da associação académica e um estudante bolseiro nomeado pelo presidente da associação académica. O Conselho Administrativo, é constituído pelo Reitor, Administrador e Coordenador da divisão de recursos humanos, físicos e financeiros, ou em substituição, o supervisor do núcleo administrativo e financeiro. Este órgão compete gerir, fiscalizar e promover a gestão financeira e patrimonial. Ao Administrador, nomeado pelo Reitor, cabe-lhe a gestão corrente dos SAUSTAD, superintender e gerir os recursos humanos e financeiros, propor instrumentos de gestão, elaborar a proposta de orçamento, plano de atividades, relatório de contas, autorizar a atribuição e pagamento de bolsas de estudo, entre outras competências.

O Administrador dispõe de 2 gabinetes de apoio, na sua dependência direta de apoio à gestão, que são os seguintes: o Gabinete de Qualidade, Auditoria e Apoio à gestão, que lhe compete implementar sistemas de gestão da qualidade, garantir a manutenção de um sistema de autocontrolo na área da qualidade, higiene e segurança alimentar, implementar sistemas de controlo e monitorização de indicadores de desempenho transversais à organização, elaborar programas de auditorias, gerir e monitorizar parcerias e protocolos com todas as entidades externas protocoladas, monitorizar o plano de atividades e compilar os dados necessários à elaboração do respetivo relatório de atividades, apoiar a implementação de sistemas de comunicação e informação; e o Gabinete de Manutenção Otimização Energética e Ambiental, que lhe compete zelar pelas infraestruturas, pelos equipamentos e pela manutenção dos mesmos, coordenar o pessoal afeto à manutenção, e implementar boas práticas de gestão ambiental.

Com estabelecido no Regulamento Interno2 dos SASUTAD, a sua estrutura é composta por 3 divisões

de apoio direto às atribuições dos SASUTAD, designadas de Divisão de Apoio ao Estudante (DAE), Divisão Alimentar (DAL) e a Divisão de Recursos Humanos, Físicos e Financeiros (DRHFF).

À Divisão de Apoio ao Estudante compete-lhe coordenar e potenciar todas atividades que promovam a integração do estudante por via da sua fixação no contexto académico, designadamente, na área de bolsas de estudo e outros apoios diretos, alojamento, promoção de uma política de saúde, a rouparia e fardamento e atividades culturais e desportivas. Compreende ainda elaborar estudos ou participar em parcerias, assim como, elaborar manuais e materiais de apoio e divulgação dos apoios concedidos, incluindo a participação em ações de divulgação da UTAD junto da comunidade. Esta divisão é composta ainda pelos seguintes setores: Bolsas de Estudo, Alojamento, Cuidados de Saúde, Tratamento de Roupas e Fardamentos e Setor de Atividades Culturais e Desportivas.

À Divisão Alimentar compete coordenar e potenciar todas atividades que promovam o bem -estar dos estudantes e da academia em geral, no que concerne a um aporte alimentar seguro e adequado, dando

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Capítulo I – Introdução

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resposta a diferentes necessidades nutricionais, designadamente, nas seguintes áreas: gestão de todas as unidades alimentares, ementas, garantir a implementação da promoção da alimentação para a saúde, garantir o controlo sanitário de todos os produtos alimentares e fazer estudos sobre a taxa de cobertura dos serviços. Esta divisão é constituída ainda pelos seguintes setores: Planificação, Controlo e Existências, Unidades Alimentares e Serviço de Catering.

A Divisão de Recursos Humanos Físicos e Financeiros integra o Núcleo Administrativo e Financeiro (NAF) e o Núcleo de Aprovisionamento e Património (NAP). Ao NAF compreende, designadamente, assegurar a gestão e a programação financeira, gerir e controlar as verbas, prestar informação aos órgãos de superintendência, tutela ou inspeção, elaborar as contas, assegurar as funções de tesouraria, garantir um cadastro do pessoal e assegurar a boa circulação e organização de documentos. Este núcleo tem ainda os seguintes setores: Gestão dos Recursos Humanos, Contabilidade e Arquivo e de Tesouraria. O NAP compreende, designadamente, gerir o economato, armazéns, a frota e restantes equipamentos, assim como, o processo de compras, garantir a inspeção sanitária dos produtos alimentares, verificação e cadastro de todos os contratos de aquisições de bens e serviços, atualizar de forma permanente a inventariação de bens, e salvaguardar o património. A esta área estão afetos os seguintes setores: Património e Inventário, Compras, armazém e transporte, Inspeção Sanitária, Merchandising e Gestão de Loja.

Os SASUTAD possuem na sua estrutura, em 2016, 122 trabalhadores e prestam vários tipos de apoios aos estudantes da UTAD, que vamos passar a descrever de seguida.

Bolsas de Estudo e Outros Apoios

As bolsas de estudo são um apoio social direto, pecuniário, para comparticipação nos encargos com a frequência de um curso, atribuída pelo Estado, a fundo perdido, sempre que o agregado familiar em que o estudante se integra não disponha de um nível mínimo adequado de recursos financeiros (este tema será posteriormente mais desenvolvido em capítulo próprio). As candidaturas à bolsa de estudo são efetuadas pelos estudantes, numa plataforma informática disponibilizada pela DGES, em prazo a definir pelo regulamento de atribuição de bolsas. Os processos de bolsa de estudo são avaliados pelos 4 Assistente Sociais dos SASUTAD, na mesma plataforma informática, que faz interoperabilidade3 de

dados com a Segurança Social, Finanças e Serviços Académicos da UTAD. Os resultados são publicados eletronicamente, via e-mail e disponibilizados no processo individual do estudante, onde o mesmo efetua “oposição” ou “reclamação” e pode consultar também outros dados, como por exemplo o

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estado do processo, os documentos entregues e recebidos, o estado do pagamento da bolsa de estudo, entre outros dados. No presente ano letivo, até à presente data, já foram avaliadas mais de 2900 candidaturas e atribuídas cerca de 2275 bolsas. Os SASUTAD atribuem ainda outros apoios, nomeadamente o Subsídio de Emergência e a Bolsa de Colaboração (este tema também será mais desenvolvido mais à frente). Estes apoios fazem parte do Fundo de Apoio Social no âmbito da responsabilidade social da UTAD, para estudantes economicamente carenciados, apoiados ou não pelas bolsas de estudo da DGES.

Alojamento

O alojamento nas residências universitárias são um apoio social indireto, neste caso os SASUTAD disponibilizam aos estudantes da UTAD, academia e população em geral, cerca de 523 camas, em quartos individuais, duplos ou triplos, distribuídas por 5 edifícios. O acesso às residências é prioritariamente para os estudantes bolseiros, no entanto, no caso de existirem vagas, podem também ingressar estudantes não bolseiros. Os SASUTAD possuem ainda camas protocoladas com o Gabinete de Relações Internacionais e de Mobilidade (GRIM), para os estudantes Erasmus, e outras protocoladas com entidades parceiras, como por exemplo com as escolas profissionais. Um dos edifícios é o mesmo onde se encontra a sede dos SASUTAD, os outros 4 edifícios localizam-se no Complexo Residencial de Além-Rio. As residências regem-se por um regulamento interno, do qual constam, designadamente, as condições de ingresso e de utilização de equipamentos, normas de disciplina interna e de participação dos estudantes na respetiva gestão, conservação e limpeza. As candidaturas ao alojamento são efetuadas pessoalmente ao balcão de atendimento dos SASUTAD ou on-line, através do site da UTAD, em “Alojamento On-Line”, e devem ser efetuadas no início do ano letivo, aquando do ingresso no ensino superior ou no final do ano letivo no caso das recandidaturas.

As residências universitárias disponibilizam aos estudantes, roupa de cama, casas de banho privativas, salas de convívio, salsa de estudo, salas de informática, cozinhas, lavandarias self-service e internet wi-fi em todos os edifícios. Os preços de alojamento são estabelecidos pelos SASUTAD. Com a exceção da mensalidade para os estudantes bolseiros (€73,36), que é definida diretamente pelo Governo, através de regulamentação própria, os restantes são acordados no Conselho de Ação Social (CAS), nomeadamente a mensalidade para os bolseiros em quarto individual, no valor de €110,00 para estudantes não bolseiros em quarto duplo, que é de €120,00 e em quarto individual €155,00.

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Cuidados de Saúde

A Unidade de Saúde é um apoio social indireto, ao qual têm acesso os estudantes da UTAD e restantes elementos da academia, onde têm ao dispor consulta de Clínica Geral, Ginecologia e Obstetrícia, assim como, Psicologia, acompanhamento Psicopedagógico, Nutricionista e Enfermagem, que presta Cuidados de Enfermagem e consultas de Saúde Sexual e Reprodutiva e Promoção da Saúde, assim como, tratamentos injetáveis e análises clinicas. As consultas são gratuitas para os todos os estudantes da UTAD, apenas têm de pagar despesas com tratamentos ou exames, com a exceção dos estudantes do 3.º ciclo de estudos (doutoramento) e dos colaboradores da UTAD, que têm de pagar entre €2,50 e €10,00 por consulta. A Unidade de Saúde dos SASUTAD funciona em instalações próprias, inauguradas no presente ano letivo, na Residência Universitária de Codessais, com 5 gabinetes. No ano de 2014 efetuaram 1811 consultas e 126 tratamentos de enfermagem. Os SASUTAD possuem ainda protocolos com duas clínicas dentárias privadas que praticam descontos especiais para os estudantes e restante academia da UTAD. As consultas do serviço de saúde podem ser agendadas pessoalmente ao balcão de atendimento dos SASUTAD ou on-line, através do site da UTAD em “Marcação de Consultas”.

Atividades Culturais e Desportivas

Os SASUTAD assumem o desporto como uma componente essencial do desenvolvimento integral dos cidadãos. Neste sentido, no âmbito da educação, ganha especial relevância a dinamização do Desporto, quer como programa que fomenta a prática desportiva regular e a competição, quer enquanto estratégia de promoção do sucesso educativo e de estilos de vida saudáveis.

É objetivo dos SASUTAD promover a participação desportiva, cultural e social no seio da comunidade académica (estudantes, trabalhadores e antigos alunos), proporcionando condições para o acesso democrático a essa prática, num ambiente educativo, aberto à comunidade. Este é um apoio social indireto, através dos seus serviços desportivos, pretende-se incrementar, melhorar e diversificar a oferta desportiva, assente numa gestão racional e inovadora, apoiando de forma criteriosa o associativismo, desenvolvendo sinergias com a educação, e com demais entidades. Programando e desenvolvendo serviços próprios, tendo em conta não só as tendências do desporto de rendimento, mas também as do desporto escolar, de lazer/tempo livre, do desporto turismo e principalmente as necessidades e interesses da população na perspetiva da saúde. O Active-Gym dos SASUTAD dispõe à comunidade académica da UTAD as seguintes modalidades desportivas: musculação, natação, personal training, kyokushin, taekwondo, defesa pessoal, yoga koreano, karaté, kickboxing, esgrima, ténis de mesa, atividades de fitness e dance kids – hiphop kids. Os preços para estudante variam entre

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os €2,00 por sessão e os €150,00 por anuidade, enquanto para os colaboradores ou comunidade em geral varia entre os €3,00 e €4,00 e os €179,00 e €215,00 respetivamente.

Alimentação

A área alimentar tem como missão satisfazer as necessidades em alimentação da população da UTAD, apelando sempre à diversidade do serviço. Este também é um apoio social indireto, conta com três refeitórios, um snack-bar restaurante, um restaurante panorâmico e uma rede de bares e snacks que oferecem um serviço alternativo de refeições. Paralelamente aos serviços prestados, o Departamento Alimentar procura disponibilizar as instalações e prestar outros serviços complementares (serviços de catering) mediante adequadas comparticipações financeiras. Os preços mínimos praticados nas refeições sociais para estudantes são indexados automaticamente ao Salário Mínimo Nacional, atualmente a refeição completa para os estudantes é de €2,50, que pode ser decomposta à unidade pagando o equivalente por cada “peça”. Na gestão das unidades alimentares para além de estarem implementadas normas que permitem com rigor a utilização dos bens, existe uma permanente preocupação com as questões de higiene e segurança alimentar. Para esse efeito existe uma equipa técnica que cria, aplica e mantém os processos baseados em princípios da análise dos pontos críticos de controlo (PCC) e HACCP que constituem o sistema de segurança e controlo alimentar. Este sistema inclui também a colaboração de um laboratório externo que efetua análises aos pratos confecionados e superfícies. Em 2015, as 7 maiores superfícies alimentares (os 3 refeitórios, o restaurante panorâmico e os 3 snack-bares), serviram 226.840 refeições (Relatório de Atividades e Contas, 2015).

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2.1 Ação Social no Ensino Superior

Para dar início a este relatório sobre atividade profissional, vamos começar por abordar alguns conceitos intimamente relacionados com a ação social, nomeadamente a “igualdade”, a “equidade” e a “igualde de oportunidades”. De seguida vamos abordar a evolução da ação social no ensino superior, inclusive, fazer uma descrição pormenorizada da evolução histórica da legislação e dos apoios no âmbito da ação social no ensino superior em Portugal.

Para a sociologia, ação social refere-se a qualquer procedimento que leve em conta ações ou reações dos indivíduos e é modificado baseando-se nesses eventos. Em sentido lato, ação social é toda e qualquer ação que afeta a conduta de outros.

Em 1979, para Max Weber, a ação social é:

“… aquela que a defende como uma ação que é orientada pelas ações de outros. Isto é, ação social é todo comportamento cuja origem depende da reação ou da expectativa de reação de outras partes envolvidas. Essas “outras partes” podem ser indivíduos ou grupos, próximos ou distantes, conhecidos ou desconhecidos por quem realiza a ação. A ideia central da ação social é a existência de um sentido na ação”.

Deste modo, a ação social pode explicar-se como um conjunto de práticas de apoio nos âmbitos social, cultural e educativo, direcionadas para um determinado público, designadamente: crianças, adolescentes, adultos, idosos, entre outros grupos com um determinado perfil, que se encontrem em situações de exclusão social, dependência, marginalidade, desigualdade socioeconómica e grupos de risco ou vulneráveis.

Braddock e Partland (2000) referem que a igualdade de oportunidades é o processo através do qual indivíduos provenientes de diferentes origens sociais ou com uma vivência e uma formação diferente conseguem atingir determinados objetivos. Segundo Singer (2004) as diferenças de rendimentos ou de estatuto social entre cidadãos de sociedades ocidentais são vistas com normalidade desde que essas diferenças tenham surgido de situações de igualdade de oportunidade. Já para Kaufmann (2010) ninguém é igual ao outro, a igualdade é a abstração da diferença e a diferença a abstração da igualdade.

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A sociedade tem-se vindo a tornar mais igualitária no que se refere a diferentes formas de discriminação, apesar da persistência das desigualdades económicas, sobretudo quando comparada com gerações anteriores (Giddens, 2004).

As diferenças entre o Homem são inerentes à humanidade e à própria natureza e nem sequer lhe é possível evitar que tal ocorra, pois muitas das diferenças são construídas culturalmente. O que determina essas diferenças, resulta da diversidade inerente ao conjunto dos seres humanos e às suas caraterísticas como: sexo, etnia, idade, quer nos motivos que lhes são externos, tais como a localidade em que nasceram ou a cidadania que os vincula a determinado país ou região (Barros, 2005).

Segundo Gielis (2009) a equidade diz respeito à qualidade de se ser imparcial ou justo, tendo em conta a diversidade, de modo a que possam ser satisfeitos diferentes requisitos e necessidades, tem como objetivo o reconhecimento e a correção da discriminação, consiste na diferença no acesso às oportunidades, independentemente das diferenças individuais.

Segundo Amaral, Moreira, & Madelino (2006), Portugal é, entre os países da União Europeia, aquele cujo acesso ao ensino superior é menos equitativo, pois há uma probabilidade dez vezes superior de um estudante proveniente de famílias com recursos económicos aceder ao ensino terciário relativamente a um estudante originário de um agregado familiar de baixos recursos, assim como, na escolha do subsistema, pois acedem à universidade aqueles com maiores recursos e ao politécnico, predominantemente, os de menores possibilidades económicas.

Para Richardt & Shanks (2008) a igualdade de oportunidades é a ausência de discriminação em função de características específicas dos indivíduos, nomeadamente, o sexo, a raça ou a origem étnica, a religião ou crença, a incapacidade, a idade, ou a orientação sexual. Este conceito, igualdade de oportunidades, tem por base uma competição justa por recursos escassos, mas não combate a distribuição desigual de recursos dentro da sociedade

Segundo Boaventura de Sousa Santos (2005), não se consegui atingir a democratização do acesso ao ensino superior português, porque em vez de democratização houve massificação e segmentação do acesso, ingressando nas universidades os segmentos sociais superiores. A verdadeira descriminação encontra-se no sistema educativo anterior, nos ensinos básico e secundário. Este autor defende um ensino superior gratuito com a atribuição de bolsas para a permanência dos mais carenciados e não o estímulo à contração de empréstimos por parte dos estudantes para custearem os seus estudos. Posto isto, tendo em consideração o acesso e frequência do ensino superior por estudantes economicamente mais desfavorecidos, é importante que, através dos apoios prestados pela ação social no ensino superior, criem igualdades de oportunidade para todos. Sabendo que nunca ficarão todos em pé de igualdade, no entanto, a descriminação positiva de alguns em relação a outros é

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fundamental, sob pena de se agravarem as desigualdades no ensino superior, tornando-se essencial políticas equitativas entre os diferentes sistemas de ensino superior.

Se analisarmos as políticas de apoio no ensino superior entre os diferentes países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE)4, vamos verificar que diferem consideravelmente

entre eles, a única coisa que os une é a expansão muito rápida do ensino superior, o que significa que em vez de ser uma experiência exclusiva de uma minoria privilegiada, tem vindo a tornar-se numa experiência alargada a novos grupos sociais (OECD, 2009). Constatam-se ainda outras tendências, como por exemplo, o crescimento do mercado internacional de ensino superior e a maior formalização de garantia de qualidade. Muitos mais jovens adultos possuem agora formação superior (OECD, 2012). A ajuda financeira por parte dos Estados aos estudantes do ensino superior é ainda muito diversa entre os diferentes países da europa. Em 2011, em Portugal a percentagem da despesa com a educação no ensino superior era de 15,4%, no entanto, em países como a Holanda era de 28,8%, na Dinamarca 28,4%, e na Alemanha 21,9% (PORDATA, 2016-02-03). Estas diferenças são de igual modo evidentes quanto ao apoio público concedido na forma de subsídios aos estudantes e aos seus agregados familiares. Desde uma situação, tal como a dos cinco países nórdicos, da República Checa, da Irlanda e da Polónia, nos quais estudantes não pagam propinas, até outra, como a dos Estados Unidos, cujas propinas atingem montantes entre os 5.000 e os 45.000 dólares anuais (Fulbright, Portugal), as diferenças são significativas. Para efeitos de ação social no ensino superior a OCDE considerou cinco grupos:

 Apenas empréstimos públicos sem bolsa de estudo: Islândia e Noruega;

 Combinam um sistema de empréstimos público com um esquema de bolsas de estudo com financiamento público: Austrália, Japão, Holanda, Nova Zelândia, Suécia e o Reino Unido;

 Empréstimos assegurados por bancos comerciais, com um subsídio público e/ou garantia pública: Estónia, Finlândia, Polónia e Portugal;

 Aqueles que oferecem uma mistura de fundos públicos de empréstimo, bancos comerciais e bolsas de estudo: Chile, China e Coreia; e

 Os que não têm sistema de empréstimos, baseando o apoio aos estudantes em bolsas de estudo: Comunidade Flamenga da Bélgica, Croácia, República Checa, México, Grécia, Rússia, Espanha e Suíça (OECD, 2009).

A Ação Social no Ensino Superior surge como necessidade de estabelecer igualdade de oportunidades entre os indivíduos, de superação das desigualdades económicas de estudantes e de famílias, de uma sociedade, com um percurso histórico específico. Este percurso permitiu, face ao processo de

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massificação do ensino superior e sua democratização, trazer novos extratos sociais, que até à data estavam circunscritos a uma minoria de uma classe socioeconómica mais elevada. Com esta democratização do ensino superior resultaram problemas específicos, com origem quer no aumento no número de estudantes quer da abertura do ensino superior a novos públicos.

O Estado consciencializou-se que o investimento no ensino superior é muito importante, tanto no número de estudantes como na qualidade da formação obtida. Para que os indivíduos frequentem o ensino superior é necessário um sistema de ação social que atenue as dificuldades económicas sentidas por alguns, visto que nem todos reúnem as condições ideais para a sua frequência.

Os princípios da Ação Social são os da “justiça social”, manifestando-se através do apoio direto a estudantes mais carenciados através de apoios financeiros, o da “universalidade”, porque se destina aos estudantes em geral, o da “complementaridade” através da atribuição de apoios financeiros e outros que possam contribuam para atenuar as desigualdades, e o princípio da “equidade” mediante a atribuição de determinados apoios em casos concretos (Vaz, 2005).

Para Pedrosa (2005), o principal papel da ação social é o de refletir as políticas do Estado e da sua legislação, mas deverá também assumir objetivos integrados com a missão e estratégia de cada instituição. Na sua opinião a ação social no ensino superior cumpre a sua missão ao assegurar as condições institucionais para a concretização da ideia de ensino superior como um bem público, permitindo que a educação integral de todos os estudantes e promovendo o seu bem-estar, não permitindo discriminações de ordem económica, social, étnica e religiosa ou de género.

É nesse sentido que a ação social no ensino superior presta apoios em várias áreas e a estudantes com características diferentes, nomeadamente, aos estudantes com carências económicas, através da atribuição de apoios pecuniários, que constituem, assim, uma fonte de rendimento complementar ao das famílias de onde provém o estudante. São exemplos deste grupo a isenção ou redução de propinas, as bolsas de estudo, auxílios de emergência, bolsas de colaboração, subsídios de emergência e outros tipos de apoios financeiros previstos no sistema, podendo estes assumir a forma de subsídios a fundo perdido ou de empréstimos.

Outro apoio, mas direcionado para a população estudantil em geral, é a alimentação, que inclui o fornecimento de refeições diárias em cantinas ou bares em instalações dos próprios serviços. Como referido por Vaz (2003), que se preconiza numa política alimentar com uma variedade dietética diversificada oferecida aos estudantes a custos inferiores aos praticados pelo mercado. Esta forma de apoio indireto visa contribuir para o desenvolvimento equilibrado dos jovens estudantes e tem como objetivo último contribuir para a promoção de um estilo de vida saudável, e consequentemente, para o sucesso escolar.

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O alojamento em residências universitárias, sublinhando-se o facto de terem um custo inferior aos preços praticados pelo mercado em geral. Estas residências são administradas pelos serviços de ação social de cada instituição de ensino superior, dispõem de um regulamento interno que estipula as condições de admissão de residentes, de utilização, e que descreve as normas internas e de participação dos estudantes na sua gestão, conservação e limpeza.

Também as questões relacionadas com a saúde dos estudantes são responsabilidade da ação social, para esses efeitos são postos à disposição dos utilizadores, por parte de alguns serviços de ação social, cuidados médicos aos estudantes.

Ainda no que diz respeito aos cuidados de saúde, sabe-se que as populações socialmente mais desfavorecidas têm, em geral, maior dificuldade no acesso a esses cuidados e estão, em regra, menos informadas relativamente aos cuidados preventivos.

Outra valência importante, no âmbito do papel da ação social no ensino superior é o apoio às atividades desportivas e culturais. A prática deste tipo de atividades é fundamental para a formação integral dos jovens estudantes e, consequentemente, fator de melhoria do sucesso escolar.

Pode caber, igualmente no âmbito da ação social, a prestação de serviços de índole diversa de que destacaríamos o apoio bibliográfico, os serviços de reprografia e material escolar, o apoio à infância, mediante o estabelecimento de creches e jardins-de-infância, os serviços de procuradoria e outros similares.

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2.2 Evolução Histórica da Legislação na Atribuição de Bolsas de Estudo no

Ensino Superior

A configuração da ação social escolar no ensino superior português, tal como a conhecemos nos dias de hoje, começou a partir da década de 80, com a criação dos serviços sociais do ensino superior. Até lá, os primeiros apoios começam a ser notados em 1309, através do rei D. Dinis, fundador da universidade portuguesa, com a publicação dos primeiros estatutos da Universidade de Coimbra, a “Charta Magna Privilegiorum”, onde constam as primeiras preocupações de carácter social para com os estudantes. Em 1911, são aprovadas as bases da constituição universitária que, para além de outros, criam as bolsas de estudo destinadas a estudantes do secundário e do ensino superior, através do Diário da República, de 22 de março de 1911 (Teixeira, Vaz, Osório, Carvalho, & Gonçalves, 2003). Durante o período do Estado Novo, entre 1926 e 1974, verificam-se posturas diferentes por parte do Estado, no início uma postura minimalista, onde é reduzida a escolaridade obrigatória e os programas escolares são simplificados. Posteriormente, na década de 40, o Estado reconhece a Educação como um meio para o desenvolvimento económico e cultural da sociedade portuguesa, construindo-se as universidades de Lisboa e Porto. Importa referir que neste período, apesar dos benefícios sociais, os estudantes universitários provinham maioritariamente das classes mais altas da sociedade portuguesa. Em 1966, são criados os Serviços Sociais da Universidade de Lisboa e da Universidade Técnica de Lisboa (Decreto-Lei n.º47206/1966, de 16 de setembro), no mesmo ano são também criados os Serviços Sociais da Universidade de Coimbra (Decreto-Lei n.º 47303/1966, de 7 de novembro). A revisão constitucional de 1971, altera, entre outros artigos, o artigo 43.º, no qual se passa a referir que o Estado assegurará a todos os cidadãos o acesso ao ensino e à cultura.

O primeiro diploma estruturante da ação social no ensino superior surge em 1980, com o Decreto-Lei 132/1980, de 17 de maio, que define a orgânica dos serviços sociais do ensino superior, dotando-os de autonomia administrativa e financeira, funcionando junto de cada instituição. Este decreto-lei define também os objetivos da ação social no ensino superior, que passa por atribuir bolsas de estudo e empréstimos, propor à instituição de ensino superior a concessão de isenção ou redução de propinas, providenciar o funcionamento de residências de estudantes e refeitórios, desenvolver atividades de informação e procuradoria, desenvolver outras atividades que pela sua natureza se enquadrem nos fins gerais da ação social escolar. Através da Portaria n.º 1027/1981, de 28 de novembro, são criados os Serviços Médico-Sociais, destinados aos estudantes e com a Portaria n.º 853-B/1987, de 4 de novembro, é atualizado o valor da bolsa de estudo e a regulamentação da sua atribuição.

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Outro marco da ação social no ensino superior surge com a publicação do Decreto-Lei n.º 129/1993, de 22 de abril, que, em parte, continua ainda vigente, revoga a anterior legislação sobre esta matéria, cria o Conselho Nacional para a Ação Social do Ensino Superior (CNASES), procede-se à alteração da orgânica dos Serviços Sociais, que passam a designar-se por Serviços de Ação Social, assim, como, a ação social é alargada aos estudantes do ensino superior privado e a estudantes estrangeiros cidadãos de CEE e o desporto é integrado como vertente da ação social.

O Despacho n.º 209/1997, de 9 de maio, fixa os critérios orientadores para atribuição de bolsas, estabelecendo normas orientadoras que permitiam harmonizar o procedimento de atribuição de bolsas de estudo. Até esta data a atribuição de bolsas de estudo era regulamentada por um protocolo entre o Ministério da Educação e as instituições de ensino superior, em que definia os montantes e as condições em que os estudantes se podiam candidatar, este diploma não chegou a estar vigente mas lançou as bases para o primeiro regulamento de atribuição de bolsas de estudo.

Em 1997, é publicada a Lei de Bases de Financiamento do Ensino Superior, Lei n.º 113-1997, de 16 de setembro, onde estabelece valores mínimos para os montantes das bolsas de estudo, esclarece quais são os apoios diretos, bolsas de estudo e auxílios de emergência, e apoios indiretos, acesso à alimentação e ao alojamento, acesso a serviços de saúde, apoio a atividades culturais e desportivas, e acesso a outros apoios educativos, nomeadamente o acesso, por parte dos estudantes a informação, reprografia, apoio bibliográfico e material escolar, em condições favoráveis de preço. Esta Lei, para além de outras alterações, cria um novo organismo, o “Fundo de Apoio ao Estudante é criado, no âmbito do Ministério da Educação, e é dotado de personalidade jurídica, de autonomia administrativa e financeira e património próprio, com a atribuição de proceder à afetação das verbas destinadas à ação social escolar e promover, coordenar e acompanhar o sistema de empréstimos para autonomização do estudante”, e o seu âmbito de jurisdição é público e privado.

Na sequência da Lei anterior, é editado o primeiro Regulamento de Atribuição de Bolsas de Estudo a Estudantes do Ensino Superior Público, através do Despacho n.º 10324-D/1997, de 31 de outubro, que estabelece num único documento as regras para a atribuição de bolsas de estudo para todas as instituições de ensino superior público. No entanto, carece das Regras Técnicas, a serem estabelecidas por cada instituição de ensino superior, onde são definidos os prazos, procedimentos administrativos, metodologias de cálculo de rendimentos per capita e definição dos montantes exatos dos complementos. Este documento define o que é a bolsa de estudo, considerando-a como uma prestação pecuniária, de valor variável, para comparticipação dos encargos com a frequência de um curso de ensino superior, visando contribuir para custear despesas de alojamento, alimentação, transporte, material escolar e propinas, sendo suportada integralmente pelo Estado a fundo perdido. Estabelece o limiar de elegibilidade indexado ao Salário Mínimo Nacional, descreve detalhadamente

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vários conceitos, como o aproveitamento escolar (requisitos para transitar de ano) e aproveitamento mínimo (requisitos de aprovação mínima para obtenção de bolsa: 40% dos créditos ou das cadeiras), estabelece os encargos com a habitação (até ao limite de 30% dos rendimentos), deduzível aos rendimentos, e os abatimentos (até ao limite de 10% dos rendimentos) por vários motivos, designadamente por o agregado familiar possuir dois ou mais elementos do agregado a estudar no ensino superior, os rendimentos do agregado provirem apenas de subsídios, por os titulares de rendimentos serem portadores de doenças incapacitantes para o trabalho ou caso o estudante tenha obtido aproveitamento escolar a todas as disciplinas.

Em 1998, surge o Despacho n.º 13766-A/1998, de 7 de agosto, que altera o regulamento anterior, despacho que tem por objetivo central o reforço da ação social. Introduz ainda algumas alterações, nomeadamente, reduz a exigência ao nível do aproveitamento escolar, permitindo que o estudante continue a ser elegível após duas reprovações desde que tenha aproveitamento mínimo de 40% em um das reprovações, deixa de considerar as reprovações antes do ano de 1997/1998, aumenta o valor do complemento de alojamento (de até 25% do SMN) para estudantes deslocados em alojamento privado sem vaga em residência de estudantes e do complemento de transportes (até 15% do SMN) para os estudantes não deslocados e permite a acumulação da bolsa de estudo com outros apoios. No ano seguinte o Despacho n.º 20768/1999, de 3 de novembro, vem apenas salvaguardar, através de uma disposição transitória, mais uma vez aos alunos que tinham usufruído de bolsas de estudo em 1996/1997 e cuja capitação média mensal do agregado familiar se tenha mantido idêntica, estabelecendo que a bolsa de estudo no ano letivo 1999/2000 não poderia ser inferior.

Com o início de uma nova década é assinada a Resolução da Assembleia da República n.º 83/2000, de 22 de abril, que aprova para ratificação o Tratado de Amizade, Cooperação e Consulta entre a República Portuguesa e a República Federativa Brasileira, em Porto Seguro. Esta Resolução, basicamente estabelece o estatuto de igualdade entre portugueses e brasileiros, gozando dos mesmos direitos e dos mesmos deveres.

Um outro documento, não diretamente relacionado com o regulamento de atribuição de bolsas de estudo, mas que merece destaque, é a Lei n.º 90/2001, de 20 de agosto, define medidas de apoio social às mães e pais estudantes. Nesta Lei, são determinadas formas de apoio social e escolar às mães e pais estudantes que se encontrassem a frequentar os ensinos básico, secundário, profissional ou superior e vocaciona-se muito especialmente para as jovens mães grávidas, puérperas e lactantes. Prevê-se, para quem se encontrar abrangido pela Lei, vários benefícios sobretudo escolares, nomeadamente: faltas justificadas (relacionadas com a gravidez ou acompanhamento do filho), época especial para

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exames, transferência de estabelecimento quando pretendam, aulas de compensação, entre outros benefícios.

Por proposta apresentada pelo CNASES, com base na experiência obtida do anterior regulamento, é publicado o Despacho n.º 7424/2002, de 10 de abril, tendo origem no Gabinete do Secretário de Estado do Ensino Superior. Este diploma vem fundamentalmente adequar o regulamento à entrada em circulação do Euro e alterar o valor dos complementos de bolsa para os estudantes deslocados alojados em alojamento privado sem vaga em residência de estudantes (de 25% a 35% do SMN) e não deslocados para o complemento de transporte (até 25% do SMN), assim como, alterar o valor das prestações complementares nos mesmos valores dos complementos anteriores. Outra inovação deste Despacho foi permitir a acumulação dos complementos existentes com complementos para estágios. Como medida de proporcionar equidade na ação social escolar é publicado pela primeira vez legislação especificamente dirigida a apoios indiretos, Despacho n.º 22434/2002, de 18 de Outubro, que vem estabelecer a indexação automática dos preços mínimos de refeição (0,5% do SMN) e de alojamento (15% do SMN) para estudantes do ensino superior ao salário mínimo nacional (0,5% do SMN), com efeitos a partir da data da assinatura do diploma e ainda em vigor.

No ano seguinte, é publicada a Lei n.º 1/2003, de 6 de Janeiro, que aprova o Regime Jurídico do desenvolvimento e da Qualidade do Ensino Superior, o qual sustenta que cabe ao Estado, no domínio do ensino superior assegurar as condições de igualdade de oportunidades no acesso aos cursos ministrados nos estabelecimentos de ensino, através da atribuição de Bolsas de Estudo, do acesso à alimentação, alojamento, apoios educativos a serviços de saúde, bem como o apoio a atividades culturais e desportivas. Esta Lei vem ainda assegurar os mesmos apoios e benefícios, no âmbito da ação social do ensino superior, aos estudantes dos estabelecimentos de ensino superior não público. Posteriormente é publicada a Lei n.º 37/2003, de 22 de agosto de 2003, na qual se estabelecem as bases do financiamento do Ensino Superior. Esta Lei vem revogar a Lei n.º 113/97, de 16 de setembro, anteriormente analisada. No que à ação social diz respeito, o Estado assume o compromisso de garantir um sistema de Ação Social que possibilite a frequência do Ensino Superior por todos os estudantes, ou seja, assume-se que nenhum estudante será excluído do sistema por falta de recursos financeiros.

O Despacho n.º 24386/2003, de 18 de dezembro vem alterar o regulamento anterior no sentido de que o Estado assegura aos estudantes bolseiros o pagamento integral da propina de cada estabelecimento onde se encontre matriculado. Assim, com este regulamento, foram estabelecidos novos parâmetros para a definição de estudante economicamente carenciado, ou seja, o limiar de carência foi aumentado para 120% do SMN, visando compensar o aumento do valor das propinas, que

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Figura 2 – Evolução do número de estudantes, candidatos a bolsa e bolseiros da UTAD.
Figura  3  –  Evolução  das  taxas  de  candidatura,  aprovação,  cobertura  no  âmbito  das  bolsas  de  estudo  e  percentagem de bolseiros na UTAD e em Portugal
Figura 4 – Evolução dos motivos de indeferimento da bolsa de estudo na UTAD.
Figura 5 – Comparação, em percentagens, dos motivos de indeferimento, em 2015/2016, nos ensinos  superiores público e privado e na UTAD
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