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ESTUDO DE CASO: ANÁLISE ERGONÔMICA DO TRABALHO EM UMA UNIDADE DE ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO

3.3 ANÁLISE DA TAREFA

3.3.1 Condições Ambientais e Físicas da UAN

Na análise da tarefa, o foco é sobre as nutricionistas estudadas e todas as condicionantes que podem interferir na realização de seu trabalho, ou seja, seu ambiente de trabalho. Para analisar esse ambiente, tornou-se necessário investigar além de sua sala, a UAN, ou seja, o setor de produção de refeições. Esta área também faz parte do local específico de trabalho desse profissional, que acompanha e interfere no processo produtivo.

As características ambientais incluem o ambiente térmico, acústico e lumínico, a estrutura física e os equipamentos disponíveis. Para coleta dos dados acústicos, foram selecionados momentos menos e mais barulhentos; para os térmicos, horários de maior concentração de funcionamento dos equipamentos geradores de calor e umidade e também

horários onde poucos equipamentos estavam funcionando. Os valores lumínicos foram coletados aleatoriamente, pela não interferência de algum fator específico.

3.3.1.1 Condições Térmicas

Considerando o ambiente térmico, a temperatura encontrada na sala da nutricionista chefe foi de 18,6°C, logo após seu horário de almoço, com funcionamento de alguns caldeirões a vapor. No mesmo horário, a sala apresentava 79% de umidade. A temperatura verificada na sala da nutricionista da produção, também durante o funcioname nto dos caldeirões a vapor, no período da manhã, foi de 16,3°C e 18°C, nos dois horários verificados, e a umidade variou entre 71 e 77%. A temperatura média da região, na época da coleta, é de 15,5°C, segundo informações da Climerth, parceiros da EPAGRI (2002).

3.1.1.2 Condições Acústicas

Quanto ao ambiente acústico analisado, a tabela 3.3 abaixo apresenta os valores encontrados durante as medições nas salas e alguns pontos da UAN.

Tabela 3.3 Demonstra nível de ruído encontrado nos ambientes de trabalho dos nutricionistas na UAN, Santa Catarina, 2001. Local Nível de ruído dB(A) Período Condição/Interferência Sala da nutricionista chefe

74,7 – 76 Início da tarde Condicionador de ar – desligado Sem passagem de carrinhos de transp. Ante-sala da nutr. chefe 79 e 81,6 Troca do 1° e 2° turno Fluxo intenso de carrinhos de transp. Sala da nutr. chefe 82,5 – 83,3 Início trab. 2° turno Fluxo intenso de carrinhos de transp. Lado externo sala nutr

chefe (próx. caldeirões)

89,4 – 92 Meio da tarde Funcionamento dos caldeirões a vapor

Sala da nutr. produção 83,7 Início da manhã Poucos equipamentos funcionando Sala da nutr. produção 86 Início da manhã Ao lado do telefone Sala da nutr. produção 82 Início da manhã Ao lado do computador Sala da nutr. produção

(lado do computador)

85,8 Final da manhã Nutricionista trabalhando no equipamento

Sala da nutr. produção 79 – 83 Final da manhã Ao lado do computador, durante horário de almoço dos funcionários do 1° turno Lado externo sala da nutr

prod. (próx. caldeirões)

88 – 91 89,4 – 92

Início da manhã Início do 2° turno

Junto aos caldeirões

Lado externo sala da nutr prod. (próx. caldeirões)

78 – 83 Final da manhã Durante horário de almoço dos funcionários do 1° turno Área de higienização de bandejas 84,5 – 86,7 82,9 – 84,7 92 Pré-lavagem Secagem Empilham/Conferência

3.3.1.3 Condições Lumínicas

Quanto ao ambiente lumínico da sala da nutricionista chefe, na mesa de trabalho onde encontravam-se os materiais que estavam sendo manuseados, a luminosidade verificada no final da manhã, foi de 949 a 1055 lux. O dia estava ensolarado e as persianas da sala, entreabertas. Já na sala da nutricionista da produção, a iluminação conta basicamente com seis luminárias fluorescentes. Os dados coletados estão apresentados na tabela 3.4, logo abaixo.

Tabela 3.4 Demonstra o ambiente lumínico da sala da nutricionista da produção, em diferentes pontos analisados, Santa Catarina, 2001.

Local Índice luminosidade (lux) Período

Mesa de trabalho sem o computador 201 Início da manhã

Mesa com o computador 186 Início da manhã

Mesa com o computador, próximo ao monitor 102,5 Meio da manhã Mesa com o computador, ao lado do monitor 116 – 133 Final da manhã Reflexo do monitor do computador no rosto do nutr. 103 – 112 Final da manhã

Luminosidade no teclado 97 Final da manhã

Luminosidade nos papéis de leitura, lado do monitor 77 Final da manhã Luminosidade no caderno e papéis de anotações 141 Final da manhã Luminosidade ao lado do monitor do computador 82 Durante almoço funcion.

3.3.1.4 Estrutura Física e Equipamentos

Quanto à estrutura física e equipamentos, foram coletadas as medidas das salas de trabalho e verificados os equipamentos existentes para o trabalho. A sala de trabalho da nutricionista chefe é toda em tom creme, mede 4,8 m de comprimento por 2,22 m de largura, podendo ser melhor visualizada no leiaute (Anexo B). Externamente, a sala é revestida por meia parede de alvenaria e o restante em vidro, e internamente a separação é feita com divisórias. As janelas que ficam para a parte externa da UAN são de vidro com persianas, permitindo a entrada da luz natural. A parede externa da sala está a 2,5 m do primeiro caldeirão a vapor por um lado, e o lado oposto encontra-se em parede conjugada com a câmara fria.

Os móveis, equipamentos e demais itens disponíveis na sala da chefia são: mesa de trabalho com cadeira; mesa de reunião com quatro cadeiras; estante; arquivo; telefone e condicionador de ar; livros de nutrição clínica, básica, administração, higie ne e receitas. Na ante -sala, onde trabalha uma auxiliar administrativa que atende à chefe e as demais necessidades do setor, encontram-se: computador conectado à internet e intranet com impressora, fax, telefone, arquivo, armário, equipamento de som para disponibilizar som ambiente no refeitório, materiais de expediente, mesa de apoio com café, chá e biscoitos.

A estrutura física da sala da nutricionista da produção está representada no leiaute da UAN (Anexo B), com dimensões de 6,67 m de comprimento por 3,06 m largura, não é delimitada por paredes e porta. De um lado tem uma meia parede conjugada de alvenaria, do setor de higienização de bandejas e do outro, a delimitação é feita por uma pequena divisória. Contudo, a sala é aberta, estando de frente para o setor produtivo, a 3,8 m do primeiro caldeirão a vapor.

Em relação aos móveis, equipamentos e demais itens disponíveis na sala dos nutricionistas da produção, estão: duas mesas pequenas com duas cadeiras, sendo que em uma permanece o computador conectado à internet e intranet, ligado com a impressora da sala do auxiliar administrativo; calculadora; material de expediente, além de abrigar pia exclusiva para higienização das mãos dos funcionários da UAN, com porta papel, sabonete bacteriostático e álcool gel. Ao lado da pia, há uma bancada com as luvas de látex descartáveis, telefone e alguns folhetos para anotações dos funcionários da produção. O lixo da sala é separado para reciclagem, em papel e plástico. Fixado na meia parede está o Manual de Normas Operac ionais da UAN. Os softwares instalados no computador são editores de texto, planilha eletrônica e o sistema Brand?, para gerenciamento da UAN.

As medidas tomadas dos móveis das salas das nutricionistas da chefia e da produção foram quanto às mesas e cadeiras de trabalho. As cadeiras de trabalho para o trabalho sentado são padronizadas no setor, sendo também giratória e com rodas, assento e encosto regulável, sendo o último item também anatômico. As medidas podem ser visualizadas na Tabela 3.5 abaixo, que traz as verificações do posto de trabalho dos dois profissionais analisados, a nutricionista da chefia e da produção.

Tabela 3.5 Medidas dos móveis utilizados no trabalho dos nutricionistas chefe e da produção, Santa Catarina, 2001.

Variáveis Medidas dos Móveis da Nutricionista Chefe (cm)

Medidas dos Móveis da Nutricionista da Produção (cm)

Altura da mesa de trabalho 73,5 75,5

Altura da mesa com computador Inexistente 52

Espaço para pernas sob a mesa 48 50

Largura do encosto 26,5 26,5

Altura do encosto 23 26

Altura encosto ao chão 84 93

Espaço livre assento-encosto 15 13

Largura do assento 43 43

Altura do assento 46 54

3.3.1.5 Uniformização e Risco de Acidentes

Outros aspectos relacionado às condições ambientais seriam a utilização de uniformes adequados e a análise de riscos potenciais de acidentes na UAN. A roupa utilizada pela chefia não faz parte do uniforme dos funcionários do setor, adequado às condições climáticas. A nutricionista da produção utiliza calça branca de algodão e camiseta branca de manga curta com logotipo da empresa durante o verão. No inverno, substitui por blusa de manga comprida, que também faz parte do uniforme. O calçado é o tênis anti-derrapante.

Quanto aos riscos de acidente, em análise anterior, realizada por especialistas em segurança do trabalho, as maiores ameaças detectadas de acidente foram em relação ao choque térmico, principalmente pela entrada na câmara fria após contato direto com a área de cocção, sendo recomendada a utilização de casaco térmico. Outros riscos apresentados no relatório foram quanto à necessidade de usar os calçados adequados ao piso pelos fatores que aumentam o risco de cair, como piso molhado ou engordurado. Não há registro de acidentes de trabalho no local envolvendo a população analisada.