2. A Jordânia no contexto do Médio Oriente
2.3 Condicionantes geográficas, o domínio do deserto
rainha Rania, essencialmente nas questões das reformas educativas e sociais.
O principal desafio das primeiras décadas de governação da Jordânia era a transformação de uma sociedade nómada e tribal num estado viável e moderno. A família Hashemita, através das figuras de Abdullah e Hussein geriu com eficácia o relacionamento dos sheiks com o aparelho governativo, quer durante o protectorado, quer após a independência, criando os alicerces para a construção de um estado com características modernas, mas preservando os seus valores, tradições e identidade cultural. Desde a independência, a Jordânia tem continuado a ser regida pela dinastia Hashemita no âmbito de uma monarquia constitucional, que tem proporcionado à sua população e à região um clima de moderado desenvolvimento e segurança. Na actualidade conturbada do Médio Oriente e com excepção de manifestações contidas, resolvidas através de algumas cedências e alterações socio-‐políticas, o reino tem escapado incólume à contaminação das revoltas árabes e ao clima de conflito bélico vivido nos países adjacentes (Síria, Iraque, Israel/Palestina e recentemente Egipto), revelando uma equilibrada gestão da política externa e um adequado controlo securitário interno, num território marcado pela grande heterogeneidade geográfica.
2.3 Condicionantes geográficas, o domínio do deserto
O território jordano tem uma área de 91.880 km2 e consiste maioritariamente num planalto com uma altitude que não excede os 1.200 metros, dividido por vales e gargantas. A Este encontra-‐se uma extensa zona árida, parte do Grande Deserto Norte Arábico e a Oeste, o vale do rio Jordão e a depressão do Mar Morto, no centro da falha geológica que se prolonga até ao Golfo de Aqaba e ao Mar Vermelho. Nesta zona a Jordânia possui uma linha de costa de 28 km, que constituí o único acesso marítimo do país, com o porto de Aqaba através do qual entram e saem 65% das importações e 78% das exportações da Jordânia.
A Jordânia ocidental tem um clima temperado, com características mediterrânicas, constituído por Verões quentes e secos, Invernos húmidos e frios e duas estações intermédias, contudo cerca de 75% do país apresenta um clima
desértico, com menos de 200 mm de precipitação anual. O território jordano é habitualmente dividido em três grandes zonas geográfico-‐climatéricas:
-‐ O Vale do Jordão que faz parte do Grande Vale do Rift da África, que se estende para baixo do sul da Turquia através do Líbano e da Síria para a depressão salgada do Mar Morto, onde continua para sul através de Aqaba e do Mar Vermelho para a África Oriental. Esta fissura foi criada há 20 milhões de anos atrás, pela deslocação das placas tectónicas. A zona norte do Vale do Jordão, conhecida em árabe como o Ghor, é a região mais fértil do país e contém o rio Jordão que nasce a partir de várias fontes e flui para sul formando o Mar da Galileia, desaguando depois no Mar Morto que, a 407 metros abaixo do nível do mar, é o ponto mais baixo da terra. Não obstante o seu fluxo esteja significativamente reduzido, o rio é a principal fonte de abastecimento de água do país. Esta região possui um clima mediterrânico temperado e solos férteis, sendo em consequência a principal zona agrícola da Jordânia. A sul do Mar Morto, o vale do Jordão desemboca no vale quente, seco de Araba Wadi, onde se situam as principais minas de potássio. Este vale com 155 quilómetros de extensão e é conhecido pela moldura dos lados estéreis das montanhas, sobe de 300 metros abaixo do nível do mar no seu extremo norte a 355 metros acima do nível do mar em Jabal Risha, e depois cai de novo ao nível do mar em Aqaba.
-‐ Mountain Heights Plateau é a região planáltica que separa o Vale do Jordão do deserto oriental de norte a sul do país. Inclui os maiores centros urbanos da Jordânia, logo concentra a maior parte da população. É nesta zona que se situam os mais importantes locais históricos do reino (Jerash, Madaba, Petra), contribuindo assim com a importante receita do turismo para o Produto Interno Bruto (PIB) nacional.
-‐ Região de Badia, é toda a zona desértica que representa ¾ do território e se estende a Norte para a Síria, a Este para o Iraque e a Sul e Sudeste para a Arábia Saudita. Com um clima típico deste tipo de regiões, marcado por grandes amplitudes térmicas do dia para a noite e por uma quase total ausência de precipitação, é uma zona árida, com pouca vegetação e tirando raras excepções, sem condições para a fixação de populações ou desenvolvimento agrícola ou pecuário.
Figura X – Mapa da Jordânia com concentrações da vegetação e precipitação
Fonte: Nation Master19
2.4 População jordana – jovens e refugiados
A população jordana está estimada em 7.930.491 indivíduos, para Julho de 2014, segundo a CIA20. O último censo realizado no reino efectuou-‐se em 2004 e em 2012 o Conselho de Ministros aprovou a realização de novo censo para Novembro de 2014. Na última contagem o Departamento de Estatística jordano apurou 5.103.639 indivíduos.21 Desde essa altura, os dados demográficos têm sido trabalhados com base em estimativas. De acordo com as estimativas da CIA, a Jordânia tem a 4ª maior taxa de crescimento populacional22 a nível mundial (3,86%). No entanto, este facto não deriva de um valor elevado da taxa de fertilidade que se fica por uma média de 3,16
19
Nation Master, disponível online em http://maps.nationmaster.com/country/jo/1 (consultado em 23 de Maio de 2014)
20
CIA, disponível online em https://www.cia.gov/library/publications/the-‐world-‐factbook/geos/jo.html Consultado em 23 de Maio de 2014)
21
Dados oficiais do censo de 2004. Fonte: Departamento de Estatística do Governo Jordano.
22 A taxa de crescimento populacional representa a variação percentual média anual no número de indivíduos, resultante do excedente (ou déficit) de nascimentos e óbitos e do saldo de migrantes que entram e saem de um país.