2. A Jordânia no contexto do Médio Oriente
2.5 Desequilíbrio da realidade económica
que a coloca em 77º lugar no ranking mundial, em conjunto com a Sérvia, em 2013. Segundo os dados das sondagens do Programa de Desenvolvimento das Nações Unidas sobre a qualidade de vida, 81% consideram que o país tem segurança, 72% estão satisfeitos com a qualidade dos serviços de saúde, 61% estão agradados com a qualidade do ensino e 65% com a liberdade de escolha, revelando uma população medianamente satisfeita com os serviços e o bem estar que o governo proporciona.
2.5 Desequilíbrio da realidade económica
“A história da Jordânia Hashemita é marcada tanto pela luta constante contra a dependência de ajuda financeira externa, como pela difícil batalha do reconhecimento político e legitimidade”26. A economia jordana encontra-‐se fortemente condicionada pelas condições geográfico-‐climatéricas, bem como pela limitada presença de recursos naturais, pelo que a assistência financeira vinda do exterior é uma realidade desde os tempos do protectorado, assistência essa providenciada inicialmente pelo império britânico e posteriormente pelos Estados Unidos. A debilidade económica do reino determinou a intervenção do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial em 1988, facto que veio impor uma alteração significativa nas políticas económicas da Jordânia. Em 2011 a economia nacional foi severamente abalada pelo crescente aumento dos preços do combustível, bem como pelas consequências da instabilidade regional, especialmente com a guerra na Síria que afectou negativamente o turismo, as remessas dos emigrantes e o investimento estrangeiro directo. Fruto desta conjuntura desfavorável o rei Abdullah II viu-‐se obrigado a recorrer a novo pedido de ajuda ao FMI através de um Stand-‐By Arrangement a 36 meses, aprovado em 2012, que assegura liquidez ao estado até 2015, período no qual o Gabinete terá de implementar medidas rigorosas que incluem a reforma do sector energético.
Nas últimas duas décadas, a taxa de crescimento do PIB jordano revela uma extrema volatilidade, com valores a oscilar entre -‐1,11% e 10,58% para o período
25 United Nations Development Programme, disponível online em:
http://hdr.undp.org/en/content/human-‐development-‐index-‐hdi (consultado em 24 de Maio de 2014) 26 Beverley Milton-‐Edwards, Peter Hinchcliffe Op. cit. p. 71
compreendido entre 1993 e 2014, sofrendo os efeitos dos conflitos regionais e crises mundiais. Após a tomada de posse de Abdullah II, a economia verificou um impulso positivo, revelando uma tendência de moderado crescimento, embora com oscilações, até à crise financeira mundial de 2008, quando iniciou um processo de queda, até aos valores actuais a rondar os 3%.
Figura XII – Taxa de crescimento anual do PIB jordano de 1993 até 2014
Fonte: Trading Economics/Central Bank of Jordan
Como se pode verificar na Figura XIII, cerca de dois terços do Produto Interno Bruto jordano é assegurado pelo sector terciário por conta do turismo, transportes, telecomunicações e finanças, ficando a restante percentagem a cargo da indústria e agricultura.
Apesar de possuir apenas 9% de terras aráveis, associadas à escassez de água, o país consegue exportar produtos agrícolas e o sector da agricultura, representa cerca de 4% do PIB. Embora em decréscimo, a extracção e transformação de produtos minerais, tem um importante papel na economia do país, sendo que a Jordânia está entre os cinco maiores produtores de fosfatos a nível mundial. Ainda no sector secundário, a indústria têxtil e a manufactura de medicamentos têm uma contribuição significativa para o PIB. Saliente-‐se o peso dos serviços públicos, que na Jordânia, emprega cerca de 40% da população activa, embora uma forte percentagem esteja afecta às forças armadas.
Figura XIII – Contribuição relativa de cada sector para o PIB jordano, 2010
Fonte: Central Bank of Jordan
Um dos maiores problemas da economia jordana prende-‐se com a excessiva dependência das importações de produtos, as quais representam 61% do PIB, contra 23,6% das exportações, resultando numa balança comercial deficitária. A figura XIV, com os valores da balança comercial em dinares jordanos, nos últimos três anos, revela que o país tem aumentado o peso das importações, mantendo um resultado equivalente de exportações, tendo como consequência elevado o saldo negativo. Em em Abril de 2014 a Jordânia atingiu o valor recorde de défice negativo de -‐ 1.033.550.910 dinares, o equivalente a 1.457.142.851 dólares americanos.
Figura XIV – Balança Comercial entre 2011 e 2013
Fonte: Central Bank of Jordan27
As duas figuras seguintes mostram o tipo de produtos exportados e importados, revelando por um lado as áreas de negócio onde a Jordânia consegue ser competitiva nos mercados externos e por outro, aquelas onde é deficitária, e que consequentemente provocam a sua extrema dependência do exterior. É significativa a sua extrema necessidade de importar petróleo e seus derivados, sendo que as importações para satisfazer as necessidades internas representam mais de um terço do orçamento anual do estado. Apenas 10% da procura energética é satisfeita sem recurso às importações.
Figura XV – Principais exportações e países de destino das mesmas (2013)
Fonte: Central Bank of Jordan28
27 -‐ Annual Report 2013, Central Bank of Jordan
http://www.cbj.gov.jo/pages.php?menu_id=12&local_type=0&local_id=0&local_details=0&local_details 1=0&localsite_branchname=CBJ p.58 (consultado em 2 de Junho de 2014)
Figura XVI – Principais importações e países de origem das mesmas (2013)
Fonte: Central Bank of Jordan29
Os gráficos revelam igualmente os países com quem as trocas comerciais são efectuadas. No caso das exportações, verificamos que se destinam, em mais de 50% dos casos, ao mercado árabe. Os Estados Unidos aparecem com uma percentagem relevante, 17,6% em provável consequência do acordo de livre comércio, assinado entre os dois países e que entrou em vigor em 2001. Os restantes 29% das exportações destinam-‐se a mercados variados, quer na União Europeia, como para países asiáticos.
A origem das importações para a Jordânia revela uma realidade distinta. Neste caso, os países árabes representam apenas um terço do total, aparecendo a União Europeia em segundo lugar, com 21,4% do total importado. A China é, neste ano, responsável por 10% das importações e os Estados Unidos, por 6%. Note-‐se que quase 28% do total é proveniente de origens variadas, não discriminadas no gráfico do banco central jordano. A compra de petróleo e seus derivados representou em 2013, 24% do total de importações, valor que diminuiu significativamente face ao ano anterior, quando representava 28,8% do total, não deixando contudo de ter um peso importante no orçamento geral do estado, bem como uma extrema influência na economia global jordana.
28
-‐ Annual Report 3013, p.60 29 -‐ Annual Report 3013, p.62