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ENTRE A EUROPA DOS MERCADORES E A DOS CTDADÂOS^^

3.1. ESFERA ECONÔMICA

3.1.1 CONFEDERACÃO EUROPÉIA PE SINDICATOS TCES/ETUC)

A CES, (European Trade Union Confédération, ETUC), fiindada em 1973, aglutina a 67 sindicatos europeus, ultrapassando as fronteiras da própria UE. Apesar de manter no seu seio amplas divergências com respeito às políticas a adotar, derivadas da diferente força dos seus sindicatos, legislação em cada país e nível de bem-estar, possui uma política comum com respeito à UE. É junto ao empresariado europeu UNICE, interlocutor válido diante das instituições da UE. Obteve também, o reconhecimento como instituição de obrigada consulta pelos órgãos de governo europeus.

As reivindicações da CES podem-se dividir em vários planos. Um estritamente econômico, pela sua vez composto de uma parte referente às linhas econômicas gerais da UE e outra relativa às políticas sobre o emprego e trabalho, e à ampliação da UE. Um segundo bloco de reivindicações atinge os direitos sociais, de mulheres, meio ambiente e direitos sindicais, todos eles com um referente comum; a Carta de Direitos.

Um resumo das suas reivindicações pode-se encontrar no seu documento constituinte: • Extensão e consolidação das liberdades políticas e a democracia.

• O respeito dos direitos humanos e sindicais.

• A eliminação de toda forma de discriminação baseada no sexo, idade, cor, raça, preferência sexual, nacionalidade, crenças religiosas ou filosóficas, ou opiniões políticas.

• Procura de igualdade de oportunidades e tratamento entre homens e mulheres.

• Desenvolvimento econômico ambientalmente sustentável e geograficamente

compensado.

• Livre escolha de emprego, e emprego produtivo para todos.

• Desenvolvimento, implementação e aprimoramento da educação e a capacitação. • Democratização da economia.

• Continua melhora das condições de vida e trabalho.

• Sociedade livre de exclusão baseada nos princípios de liberdade, justiça e solidariedade (CES 1999).

Políticas M acro

A CES reivindicou novamente uma mudança na política macroeconômica da União, com motivo da Cimeira de Feira (Portugal) e o Conselho Europeu de chefes de Estado celebrado nos dias 19 e 20 de junho de 2000. Criticou fortemente às GOPE (Grandes Orientações para a Política Econômica da UE, ver capítulo V) já que estas medidas só seriam conseguidas em dez anos, e sempre vinculadas a estabilidade macro e ao crescimento econômico.

Em prego e Salário

A principal reivindicação da Confederação diz respeito ao emprego. Os diferentes pedidos articulam-se em base a exigir da UE a introdução de programas políticos e econômicos que visem acabar com o desemprego e conseguir um nível de trabalho perto ao pleno emprego. Tudo isto é claro, com um nível salarial justo e equânime para homens e mulheres. Em concreto a CES exige:

• Desenvolvimento de políticas ao nível nacional e europeu, visando como primeiro objetivo a procura do pleno emprego.

• Reforço das políticas ativas de emprego, dotando-as de fixndos adequados.

• Uma estratégia européia de luta em face a exclusão social e contra todas as formas de desigualdade e discriminação (CES 2000b)

• Políticas eficazes "para reduzir o desemprego, aprimorar a qualidade do trabalho e

apoiar a igualdade salarial e os direitos dos trabalhadores ".

Advogam pela mudança de "uma Europa do euro para uma Europa social dos

cidadãos”. Reclamou-se na Cimeira comunitária de Feira o desenvolvimento de "políticas econômicas coerentes que procurem o pleno emprego, a melhora das condições para chegar ao primeiro emprego, a máxima integração das mulheres no mercado de trabalho em condições de igualdade com o homem e uma nova estratégia

^“Sindicato camponês francês, famoso graças ao espírito combativo do seu líder, José Bové, máximo defensor dos sgb^orosos Roquefort em face ás edulcoradas Cheese Burguer.

européia contra a exclusão social e qualquer uma das form as de desigualdade e discriminação".

• A CES exige que o pleno emprego seja "uma prioridade política da UE sustentada mediante medidas coordenadas entre os Quinze em matéria de investimentos públicos, apoio fiscal e formação para os trabalhadores" com a progressiva introdução das novas

tecnologias (García 2000a).

Especificamente no que diz respeito às PYMES:

• uma das preocupações encontra-se no âmbito das pequenas e meias empresas, as quais dentro da política de incentivos europeus poderiam deixar de cumprir algumas obrigações;

“More specifically, the ETUC is asking for the Small Enterprise Charter to fiilly integrate the recognition o f these companies ’ social responsibilities given that their special status does not exonerate them from fulfilling obligations in the area o f social fundamental rights and in particular concerning health and safety in the work place, access to vocational training,

trade union representation and contractual relations"' (CES 2000a).

Ampliação da UE

A CES aposta com clareza pela ampliação da União Européia, já que, de fato, no seu seio já inclui organizações sindicais de toda Europa;

“Enlargement is a natural development in the process o f European integration. It would be a mistake to think that this is just about adding new members to the European Union. All the countries will own this house together. We must make clear to the public that the new members will bring in their valuable experience, culture and history to build this united Europe”{CES> 2000c).

Porém, a entrada do resto dos países deve ser feita com base em critérios de igualdade e expectativas de fiituro comuns, e não apenas por interesses econômicos. Marie-Hélène André, secretaria confederai, advoga por um ponto de vista essencialmente positivo; ''The

trade unions p lay an active role as pioneers to show the positive effects o f enlargement, both in the countries within today's E U as in the candidate countries" (CES 2000c).

Economicamente a ampliação também será positiva para as partes, que poderão incrementar a sua produção, a criação de emprego e o desenvolvimento social.

Carta d e Direitos

A inclusão da Carta de Direitos no Tratado da UE (CES 2000b) é a segunda grande

reivindicação. O desejo dos sindicatos, entre outros grupos, - como veremos depois é incluir nesta espécie de Constituição, os direitos trabalhistas e sindicais, além dos direitos humanos. A importância desta Carta radica no caráter que tenha, se fica simplesmente em uma declaração de intenções ou se tem uma maior obrigatoriedade. De qualquer maneira, para os sindicatos é um começo na tentativa de criar uma legislação ao nível europeu o mais ampla possível para defender os direitos dos trabalhadores e não só das empresas. A CES desenvolveu uma campanha européia, nesse sentido, conjuntamente com ONGs de direitos humanos de toda Europa (PESN 2000a).

Os governos mantinham diferentes posturas com respeito à Carta. Na Cimeira de Biarritz, entretanto, foi aprovada, mas como temiam os sindicatos, sem incluir as suas reivindicações (Ver capítulo V). Especificamente estas são:

• Reconhecimento dos direitos à informação e à consulta dos trabalhadores nas empresas. • Os direitos humanos são indivisíveis e incluem, não só os civis e políticos, mas também

os econômicos, sociais, culturais e sindicais, que devem ser reforçados e incluídos no Tratado da UE.

• O atual caráter de declaração política da Carta, limita a sua capacidade para defender e reforçar a dimensão social da UE, e para desenvolver o seu modelo social.

• A declaração deve incluir a salvaguarda dos direitos humanos de todos os cidadãos dos países membros e de aqueles cidadãos de terceiros países que morarem na UE. http://www. etuc.org/FUNDRIGHTS/EN/AIMS/DEFAULTaims.cfm^*

• Todas as pessoas têm direito à igualdade de tratamento e de oportunidades em todos os domínios da vida e do trabalho, independentemente do sexo, raça, origem social ou étnica, religião ou crença, deficiência, idade ou preferência sexual;

• Todas as pessoas têm direito à proteção social, jurídica e econômica;

• Todas as pessoas têm direito, independentemente do seu estatuto, a um rendimento mínimo digno que lhes permita, a eles e às suas famílias, viverem com dignidade e assegurarem a sua saúde e bem-estar;

• Direito à proteção social no caso de desemprego; • Direito à assistência social e médica;

^'Citamos de esta forma as páginas web que não incluem documentos que possam ser citados convencionalmente. Dado que as páginas web carecem de data e de título, colocamos o seu endereço no texto

• Todas as pessoas têm direito à privacidade e à proteção dos dados pessoais;

• Todas as crianças devem gozar dos direitos consignados na Convenção sobre os Direitos da Criança.

http://www.etuc.org/FUNDRIGHTS/EN/RESOURCE/BillfinPT.cfm

A Carta deve reconhecer o direito dos trabalhadores europeus a se organizar coletivamente, assim como a defender os seus direitos diante das empresas transnacionais, com a possibilidade de acordos coletivos e greves ao nível europeu. Este direito é absolutamente necessário, já que grande numero dos investimentos europeus e americanos, realizados em certos países de Europa Central e Oriental são feitos sob a condição de não existirem nem sindicatos organizados, nem direitos coletivos garantidos para os trabalhadores (CES 2000c).

Igualdade de Direitos, Igualdade de Salários

Um dos elementos principais da sua “campanha 2000” é a exigência de igual pagamento para homens e mulheres. Partindo do reconhecimento da diferença salarial, perto de 27%, a CES exige o final desta injustiça que apenas serve para aumentar a pobreza e depauperar ainda mais àqueles setores que maiores dificuldades têm para se defender. Nesse sentido, a CES apoiou plenamente os objetivos da Marcha Mundial da Mulher, que reclamava em Bruxelas em outubro de 2000 acabar com estas injustiças (CES 2000C).

Avaliação

No que diz respeito à avaliação que os sindicatos fazem sobre as suas reivindicações, eles já partem do fi'aco reconhecimento da UE.

Sobre a ampliação ao leste, discordam do rumo que estão tomando as negociações, onde o mercado e o economicismo serão postos sobre todas as demais variáveis. Porém, a CES concordava com o Comissário Günther Verheugen, quando disse: “(...) enlargement is

both a moral obligation and a strategic necessity" (CES 2000c). Também, apóiam-no nas

suas declarações em favor de fazer uma ampliação não somente econômica, de mercados, e sim cora grande importância para a dimensão social: "'The enlargement is not a process

made fo r the political elite. On the contrary, it must take place with everyone's

para que os trechos citados possam ser localizados sem problemas. Na bibliografia final aparecem novamente todas^ páginas citadas no texto.

participation. The trade unions must be given the means to fu lly play their role"" (CES

2000c).

Sobre o empreeo e as políticas econômicas:

“Los principales objetivos en la actualidad, son el empleo, fomentar planes y aportar iniciativas a los planes de empleo, para conseguir el pleno empleo, en este sentido por el momento la reacción de la UE ha sido muy débil, en el Consejo de Lisboa el primero de la presidencia portuguesa, se habló de tecnologias pero lo que se dijo sobre el empleo fue muy

light”{Dt Pascual 2000).

Sobre a Carta de Direitos:

“Unos [govemos] quieren incluirlos pero en forma de declaracióny que no sean vinculantes, que es como está ahora prácticamente aunque supondria un pequeno paso adelante porque fruto de la elaboración del tribunal Europeo de Justicia, los derechos humanos recogidos en las constituciones de los Estados Miembros se considera que forman parte de una cultura comün y de los principios de democracia... Otros países quieren hacerlos vincidantes y por lo tanto alegables ante las instancias jurídicas de la Union Europea ” (De Pascual 2000).

No documento ^'Direitos Fundamentais: no Coração da Europa"", realizado em colaboração com a Plataforma Européia de ONGs Sociais, se lembram os aspectos positivos dos diversos tratados que reconhecem certos direitos. Porém, se lembra que os direitos humanos têm que abranger também os econômicos e sindicais:

“Algumas pessoas defendem que a nova Carta é desnecessária, porque já existe a Convenção Européia dos Direitos do Homem e a Carta Social Européia. Mas estes documentos não só não são bastante amplos, como também não são siificientemente vinculativos para garantirem toda a gama dos direitos civis, políticos, sociais e econômicos. Uma Carta dos Direitos Humanos Fundamentais daria, pela primeira vez, a todos os que vivem na União Européia, um quadro comum de direitos aplicáveis e com uma base de sustentabilidade alargada.{..)

Os direitos do Homem são indivisíveis. O conjunto integral dos direitos civis, políticos, econômicos, sociais, culturais e sindicais devem ser integrados no Tratado de forma vinculativa. Uma Carta dos direitos fundamentais da UE que se limite a uma simples declaração política e solene, não corresponde ao que é preciso neste momento em termos dos objectivos da construção europeia, do alargamento da União e do nosso papel a nível mundial. Mais importante ainda, não restabeleceria a confiança dos nossos concidadãos europeus em que, paralelamente à União Econômica e Monetária, pretendemos dar igual importância á dimensão social da integração europeia, que se deve centrar nas pessoas. ”

(http://www.etuc.org/FUNDRIGHTS/EN/RESOURCE/BillfinPT.cfin) Os resuhados da Cimeira de Biarritz, na França, portanto, não levam ao otimismo no que diz respeito à influência dos sindicatos nas políticas mais recentes da UE^^. A inclusão

■" Os acordos assinados em Biarritz são muito limitados, e o texto muito pouco concreto! Mesmo assim, alguigjíaises rejeitam-rio por ser muito vinculante:

dos aspectos econômicos na Carta e o seu fortalecimento vinculante, continuam a causar grande rejeição, tanto entre as instituições comunitárias, quanto entre outras organizações como as dos empresários.

Os resultados da Cimeira de Nice, não puderam ser mais desanimadores. Lá apenas foi discutido o reparto do poder na futura União ampliada, saindo Alemanha como a mais beneficiada, mas as políticas concretas ficaram na gaveta, para o futuro? A CES avaliava de maneira negativa o Conselho de Nice, já que deixou de lado toda aparte social convertendo-se em uma luta nacional por obter o máximo poder:

''The ETUC regrets the lack o f ambition o f the Treaty o f Nice. This is the inevitable result o f negotiations being driven by a relentless and narrow defence o f national interests, rather than by a vision o f the kind o f integration that Europe needs for the future."

(http://www'.etuc.org/press/Release/PR64e-00.cj5n)

A CES criticou o nulo avanço na questão da maioria qualificada para questões chave como as políticas fiscais, sociais e de imigração, o que possibilita o veto de britânicos e demais euro-ceticos, permitindo-se de maneira ainda mais fácil o bloqueio. Com respeito á Carta de Direitos, a oposição de vários governos determinou a redução de dita carta ao mínimo possível, sendo simplesmente assinada como declaração não vinculante. Por outra parte, os sindicatos europeus não deixam de valorizar algumas decisões da Presidência francesa (segundo semestre do 2000), como a convocatória de uma reunião extraordinária para aprovar as diretivas que permitem a participação dos sindicatos nas empresas de nível europeu, e o direito a informação e consulta nas empresas. Também salienta-se que na Cimeira de Nice deu-se um progresso em algumas áreas, como a Agenda Social. Mesmo assim a CES encoraja a UE para conseguir uma mudança na posição da UNICE, e chegar a

« Sans créer la surprise, les chefs d'État et de gouvernement ont marqué leur accord unanime sur le

texte de la Charte des droits fondamentaux. Ils l'adopteront formellement au sommet de Nice où ils trancheront la question de son caractère juridique. Différentes solutions se présentent, mais le débat risque de tourner court, dans la mesure où l'Angleterre et l'Irlande ont confirmé samedi qu'lles ne voulaient pas d'un texte contraignant Certains, comme la Belgique et l'Italie, souhaitent par contre lui donner une force obligatoire. Le Parlement européen veut l'inclure au sein du traité fondateur“ (Le

Soir 2000).

«Ces droits ont été répartis en six grands chapitres : «Dignité», «Libertés», «Egalité», «Solidarité», «Citoyenneté», «Justice». Le chapitre le plus controversé a concerné la solidarité, qui regroupe les droits sociaux. La Grande-Bretagne était très réticente à l'idée de voir associés droits civiques et sociaux. Les organisations syndicales et une partie de la gauche européenne trouvaient au contraire que la convention était trop timide, en faisant la part trop belle au modèle libéral. Devant le Parlement européen, le ministre jrançais des affaires européennes, Pierre Moscovici, a défendu cette charte, en affirmant qu'elle « représente la plus grande avancée collective en matière d'affirmation des droits sociaux depuis le début de la construction européenne ». Elle constitue « l'acquis moral, le référentiel de valeurs dont l'Europe à quinze aujourd'hui, à trente demain, a besoin » (Le Monde

W

um acordo em meio prazo nas políticas sociais. A Carta de Direitos teria sido e ainda é um útil instrumento para marcar objetivos estratégicos para o futuro da UE,- "The Charter o f

Fundamental Rights, strengthened especially with regard to social and trans-national trade union rights, has to be an integral part o f such a pact" (CES 2000d) -, pelo que seu

enfraquecimento desenha um marco no qual o grande vencedor é a empresa e o capital financeiro.

3.1.2 UNION OF INDUSTRIAL AND EM PLO Y ERS CONFEDERATIONS O F