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DITADA PELO MERCADO

4.1.2.1 COORDENADORA DAS CENTRAIS SINDICAIS DO CONE SUL ÍCCSCS)

Em 1986 criou-se a Coordenadora para organizar as atividades e reivindicações dos sindicatos do Mercosul e apresentá-las de maneira conjunta e articulada frente aos govemos. É composta pela Confederación General dei Trabajo de Argentina, a Central

Única dos Trabalhadores (CUT), e a Confederação Geral de Trabalhadores (CGT), e a Força Sindical do Brasil, a Central Unitária de Tràbajadores (CUT) do Chile; a Central Unitária de Trabajadores (CUT) do Paraguay e o Plenário Intersindical de Trabajadores

(PIT-CNT) do Umguay.

Graças à pressão da Coordenadora em 1992, criou-se o Subgmpo 11 de “Assuntos Trabalhistas” que, depois, abrangeu a Seguridade Social, nomeando-se desde então, Subgmpo de "Relações de Trabalho, Emprego e Seguridade Social". Porém, apenas tem caráter consultivo.

Neste tempo, intensificaram-se os contatos entre as centrais da região, sendo possível formular propostas altemativas sobre vários aspectos do processo de integração através da sua atuação nas instituições do Mercosul e da articulação política através da Coordenadora. Esta tenta desde 1996 reivindicar o “Dia intemacional de Luta pelos Direitos Sociais no Mercosul” com mobilizações unitárias e simultâneas nos países do Cone Sul, embora não tenham tido muito sucesso.

O processo no Mercosul, parece evoluir no sentido de uma desregulamentação de direitos sociais e trabalhistas, de acordo com os interesses empresariais (Ver ponto anterior e capítulo VI). Dado que a situação tanto econômica quanto sindical, política e social não é favorável às centrais, estas apenas puderam ou quiseram procurar planos de resistência. A base de toda esta política tem sido exigir a regulamentação pelos govemos do Mercosul de direitos considerados flindamentais:

• A aprovação de uma Carta de Direitos Fundamentais, parecida à européia.

• A ratificação das cláusulas sociais consideradas essenciais pela OIT. Entre elas consta, o direito à liberdade sindical e à negociação coletiva, o veto ao trabalho infantil e

escravo e a não-discriminação no emprego por motivo de raça, gênero, religião, etc. (Folha de São Paulo 1996:2-4).

• A adoção de um “selo social” para os produtos de exportação como garantia de padrões trabalhistas mínimos.

• Pedem o aumento dos salários e a liberdade de circulação dos trabalhadores.

De especial importância é o projeto de Carta de Direitos Fundamentais para o Mercosul, sob exemplo da “Carta dos Direitos Básicos dos Trabalhadores” da UE de 1989, e as petições atuais no seno da UE (Ver capítulo III). A idéia da Coordenadora era que a Carta de Direitos funcionasse como um Protocolo Trabalhista com índole vinculante, abrangendo os assuntos sociais e trabalhistas mas, por enquanto, as suas petições nada têm obtido.

Coincidindo com a aprovação pelos presidentes do Mercosul do relançamento de mesmo, os sindicatos criticam fortemente o conteúdo meramente economicista dos acordos os quais segundo eles, apenas teriam como objetivo cumprir os planos de ajuste estruturais impostos pelo FMI:

"Depois de seis meses de negociações o Relançamento se resumirá ao estabelecimento de um cronograma de metas comuns para os níveis de déficit fiscal, dívida pública e inflação - ou seja, como cumprirão com as medidas de ajuste determinadas pelos acordos com o FMI - e para o aprofundamento da integração aprovarão uma agenda de 11 pontos que envolve acesso a mercados, agilização dos tramites de fronteira, incentivo aos investimentos na produção e as exportações, nova regulamentação para as zonas francas e regimes de

convergência tarifaria temporário.

Essas últimas negociações do Mercosul se deram num cenário em que os governos implantaram duras medidas de ajuste para cumprir com os compromissos da dívida externa, o que tem significado cortes de verbas para programas sociais, redução de salários e mais privatizações. Na Argentina por exemplo, há um estudo que demonstra que para cada peso que o Estado paga em salários a administração pública nacional, destina 1,15 peso para dívida. E no Brasil, onde o responsável das finanças é um ex -funcionário do FMI, os pagamentos dos juros da divida contraída em 98 estão sendo feitos com adiantamento. Todas essas medidas tem elevado a níveis dramáticos a exclusão social e os níveis de conflito e violência nas grandes cidades ”(CCSCS 2000).

As medidas apenas estariam provocando mais desemprego e precarização social, queda dos salários, concentração de renda, corte nos recursos para os serviços públicos. Com este panorama parece-lhes difícil caminhar pela trilha do Mercosul:

“E no entanto, no Relançamento do Mercosul se desconhece totalmente essas questões. Como falar de aprofundamento da integração, fortalecimento do bloco e ao mesmo tempo desconsiderar totalmente a participação da grande maioria da população do Mercosul nesse processo? Como aumentar a produção e a competitividade se ao mesmo tempo estão caindo os salários, piorando as condições de trabalho e se pratica uma verdadeira destruição da forca de trabalho ativa?’’{CCSCS 2000).

A Coordenadora opõe-se aos planos dos governos é reclama dos trabalhadores uma ação maior e mais unificada em face às medidas neoliberais:

“É preciso dar mais um salto e unificar essas lutas. Nossos problemas são os mesmos e são conseqüência das mesmas políticas neoliberais e da ação predadora do capital financeiro internacional e da política de exploração das multinacionais. Nossas demandas são as mesmas e serão mais fiartes se consolidarmos nossa unidade.

A integração da luta dos trabalhadores e trabalhadoras é a única via pela qual poderemos exigir que o Relançamento do Mercosul signifique a adoção de medidas comuns de promoção do desenvolvimento sustentável de geração de emprego, de distribuição de renda, de aprofundamento da democracia e de real fortalecimento externo do bloco e não a sua transformação em uma base exportadora das multinacionais - política que não gerará empregos e muito menos a distribuição de renda que necessitamos para alterar tamanha exclusão sociaF (CCSCS 2000).