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CONJUNTURA ATUAL DA POLÍTICA DE EDUCAÇÃO PARA A SUSTENTABILIDADE

DOS PRIMEIROS MOVIMENTOS À CONJUNTURA ATUAL

2. CONJUNTURA ATUAL DA POLÍTICA DE EDUCAÇÃO PARA A SUSTENTABILIDADE

No primeiro semestre de 2017, o Órgão Gestor da Política Nacional de Edu- cação Ambiental, e a malha de redes da Rede Brasileira de Educação Ambiental – REBEA, promoveram durante o processo preparatório do IX Fórum Brasileiro de Educação Ambiental (IX FBEA), uma consulta pública nacional sobre o Pro- grama Nacional de Educação Ambiental – ProNEA, tendo como objetivo “con- tribuir para a sua atualização a partir de diálogos sobre os temas listados abaixo e/ ou outros considerados apropriados por educadoras e educadores ambientais em todo o Brasil.”63 Para tal, foram listados 17 questões desafiadoras visando receber

contribuições de revisão e também de atualização do ProNEA, e assim fortalecer a

63 Disponível em: http://ixfbea-ivecea.unifebe.edu.br/wiew/information/consulta-publica.php>. Acesso em: 18 nov 2017.

motivação no campo socioambiental. As contribuições desta consulta foram discu- tidas e sistematizadas durante o IX FBEA, realizado em setembro de 2017.

Também em 2017, uma importante mudança ocorreu no âmbito do Órgão Gestor da Política de Educação Ambiental. Após algumas iniciativas de destituição da SECADI, o Ministério da Educação resolve transferir a CGEA, para a Secreta- ria de Educação Básica, na Diretoria de Currículos e Educação Básica, onde passa a ser denominada CGEAT (Coordenação Geral de Educação Ambiental e Temas Transversais). Esta mudança trouxe novas implicações pedagógicas para a Educa- ção Ambiental, assim como tornou visível às fragilidades enfrentadas pela coorde- nação no âmbito do ministério, onde inúmeros projetos e propostas se encontravam sem continuidade devido a falta de pessoal e a burocracia necessária devido a troca de secretaria.

Uma destas propostas, cujo andamento se encontra prejudicado, é o Programa Nacional de Escolas Sustentáveis, PNES, que visa propiciar o pensar coletivo sobre as estratégias e linhas de ação que possibilitem identificar as instituições de ensino como incubadoras de mudanças concretas na realidade social. Ainda inacabado, pois a partir de sua gênese no Órgão Gestor da PNEA, o PNES possui a pretensão de ser construído de forma colaborativa, entre educadores ambientais, seus pres- supostos buscam converter as DCNEA em ações que possam inspirar as redes de ensino em direção à constituição da escola enquanto um espaço educador susten- tável, definido pelas Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Ambiental (DCNEA ) como:

[...] aqueles que têm a intencionalidade de educar para a sustentabilidade, tornando-se referência para o seu território, a partir das ações coerentes en- tre currículo, a gestão e as edificações. Nesse sentido, os sistemas de ensino da Educação Básica, juntamente com as instituições de Educação Superior, devem incentivar a criação desses espaços, que enfoquem a sustentabilidade ambiental e a formação integral dos sujeitos, como também fontes de finan- ciamento para que os estabelecimentos de ensino se tornem sustentáveis nas edificações, na gestão e na organização curricular (BRASIL, 2012. p.12).

Inserida nas discussões e debates da área educativa, encontramos hoje inú- meras proposições do “Programa Nacional Escola Sustentável”. Este programa, conforme Moreira(2014), tem sua gênese em 2009, como contribuição de jovens e adolescentes presentes na III Conferência Nacional Infantojuvenil pelo Meio Ambiente na escola - CNIJMA.

No ano de 2017, o Órgão Gestor da PNEA, dá início a V Conferência Nacio- nal Infantojuvenil pelo Meio Ambiente – V CNIJMA, com o tema Vamos Cuidar do Brasil Cuidando das Águas. Essa ação em consonância com a implementação da Lei das Águas64 e com a Agenda 203065, na qual envolve os Objetivos do Desenvol-

vimento Sustentável – Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, assim como o 8º Fórum Mundial da Água66, previsto para ocorrer em Brasília, em março de 2018.

A CNIJMA consiste numa importante estratégia de mobilização, sensibili- zação e formação que envolve o universo de 71.852 escolas, sendo: 62.748 escolas do ensino fundamental que ofertam pelo menos uma turma das séries finais, 4.065 escolas de assentamentos rurais, 3.008 escolas localizadas em comunidades indíge- nas e 2.031 escolas quilombolas.

A primeira edição da CNIJMA ocorreu em 2003, 15.452 escolas participaram, mobilizando cerca de 5.658.877 pessoas em 3.461 municípios em todo o país. Teve como principal mobilizador em cada estado, os Coletivos Jovens de Meio Ambien- te - CJ´s, e uma das mais importantes propostas desta conferência foi a de criação de Comissões de Meio Ambiente e Qualidade de Vida na Escola – COM-VIDA.

Já a II Conferência, que ocorreu entre 2005/2006, atingiu 11.475 escolas e comunidades e 3.801.055 pessoas em 2.865 municípios, fez uma revisão em trata- dos internacionais na temática socioambiental, ratificados pelo Brasil e reforçou a importância da Agenda21 escolar.

A III CNIJMA aconteceu entre 2008/2009, possibilitou o debate sobre o tema das Mudanças Ambientais Globais em 11.631 escolas, envolvendo mais de 3,7 milhões de participantes em 2.828 municípios com a temática de mudanças ambientais globais.

64 Ver em: <http://www.mma.gov.br/index.php/comunicacao/agencia-informma?view=blo- g&id=2100>. Acesso em: 18 nov 2017.

65 Ver em: <https://nacoesunidas.org/pos2015/agenda2030/>. Acesso em 18 nov 2017.

66 Ver em: http://www2.ana.gov.br/Paginas/imprensa/noticia.aspx?List=ccb75a86-bd5a-4853-8c- 76-cc46b7dc89a1&ID=13018. Acesso em 18 nov 2017.

Em sua quarta e última edição, que ocorreu em de 2013, a CNIJMA envolveu jovens de diversos estados e municípios, totalizando 16.945 escolas participantes. O destaque desta conferência se deu pelo tema proposto, “Vamos Cuidar do Brasil com Escolas Sustentáveis.” Foi através da IV CNIJMA que as escolas públicas se- riadas de 6º ao 9º ano receberam o livreto que apresenta o conceito de Escola Sus- tentável, e decorreram sobre os problemas ambientais da escola e da comunidade, construíram possíveis soluções e buscaram a concretizá-las.

Ainda em 2013, foi disponibilizado para cerca de 10 mil escolas, o valor de R$100 milhões do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação - FNDE, dentro do Programa Dinheiro Direto na Escola– PDDE (BRASIL, 2013) em sua temática “Escola Sustentável”. Este recurso teve como principal finalidade dar as- sistência financeira a escolas da rede pública de ensino, se as mesmas propusessem projetos com ações voltadas à melhoria da qualidade socioambiental, considerando o currículo, a gestão e o espaço físico, de forma a se tornarem espaços educadores sustentáveis.

Em 2014 a assistência financeira aos projetos de educação ambiental tem con- tinuidade. Esta edição do PDDE - ES, assim como na primeira, apresenta três critérios utilizados para selecionar as escolas passíveis de financiamento, sendo eles, conforme a Resolução nº18

Situarem-se em município sujeito a emergências ambientais tal como defi- nido na Lei 12.340, de 1º de dezembro de 2010 Peso 3 - Terem participado da III ou IV versões da Conferência Infanto Juvenil pelo Meio Ambiente (fonte: banco de dados Coordenação Geral de Educação Ambiental). Terem participado do Processo Formativo em Educação Ambiental: Escolas Sus- tentáveis e Com-Vida, oferecido pelo Ministério da Educação em parceria com a Universidade Aberta do Brasil. (BRASIL, 2013)

Segundo Grohe (2016) o PDDE Escolas Sustentáveis subsidia recursos para ações com capacidade de dar visibilidade à intenção de educar para a sustentabili- dade. Estas ações devem basear-se em uma ou mais das dimensões apresentadas:

• Espaço físico: utilização de materiais mais adaptados às condições locais e de uma arquitetura que favoreça o conforto térmico e acústico, que garanta

a acessibilidade, a gestão eficiente da água e da energia, o saneamento e a destinação adequada de resíduos.

• Gestão: compartilhamento do planejamento e das decisões que dizem res- peito ao destino e à rotina da escola, buscando estabelecer pontes entre a comunidade escolar e o seu entorno, respeitando e valorizando a diversidade cultural, etnicorracial e de gênero existente.

• Currículo: inclusão de conhecimentos, saberes e práticas sustentáveis no Projeto Político Pedagógico das instituições de ensino e em seu cotidiano a partir de uma abordagem que seja contextualizada na realidade local e estabe- leça nexos e vínculos com a sociedade global. Implementação das Diretrizes Curriculares para a Educação Ambiental. (BRASIL, 2013. p. 03)

Mesmo que as estratégias pensadas pelo PNES no âmbito do Órgão Gestor da PNEA não se encontrem efetivamente em desenvolvimento, Moreira (2014) relata que o PNES, através do PDDE-ES, encontra-se com ações em andamento em cerca de 17 mil escolas, as mesmas que hoje se mobilizam para a realização da V CNIJMA, visando colaborar para a efetividade da DCNEA e para a constituição de escolas como espaços educadores sustentáveis.

3. EXPERIÊNCIAS DE EDUCAÇÃO