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EDUCAÇÃO PARA A SUSTENTABILIDADE: PRIMEIROS MOVIMENTOS

DOS PRIMEIROS MOVIMENTOS À CONJUNTURA ATUAL

1. EDUCAÇÃO PARA A SUSTENTABILIDADE: PRIMEIROS MOVIMENTOS

Ao buscarmos pela gênese do TEASS, com o intuito de entendermos de onde e de quem partiu este entendimento, encontramos o artigo denominado “Lem- branças da construção do Tratado de Educação Ambiental”. Neste artigo Moema Libera Viezzer traz os testemunhos de alguns sujeitos que fizeram parte da, então denominada, “Comissão Facilitadora” para a criação do Tratado. Entre estes es- tavam Rachel Trajber, Marcos Sorrentino e Nilo Sérgio de Melo Diniz, no qual

ainda hoje continuam comprometidos com as propostas de políticas para educação sustentável.

No artigo, Trajber recorda o quão complexo foi a criação do TEASS, devido alguns fatores relacionados ao número de integrantes e pensamentos distintos, to- talizando aproximadamente 600 envolvidos de diversas partes do mundo. Outro fator determinante foi a construção de “um texto que trouxesse o consenso e a es- sência da utopia dos povos do norte e do sul, do oriente e do ocidente” (VIEZZER, 2009). Diniz destaca que o TEASS se deu através de uma “construção social”, onde um novo conceito de educação surge com a finalidade de orientar para socieda- des sustentáveis. E Sorrentino reforça, afirmando que o TEASS tem como função provocar para a construção de outros tratados de educação para a sustentabilidade. Percebemos, a partir do artigo de Viezzer, que todos os envolvidos na elaboração do TEASS, foram firmes em seus posicionamentos59.

Posterior à construção do TEASS, após intensos debates, foi aprovada no ano 2000, a Carta da Terra. Contou com a participação de representantes de diversos continentes, totalizando aproximadamente 46 países e mais de 100.000 pessoas.

A partir da Carta da Terra foi criada a Comissão de Políticas de Desenvol- vimento Sustentável (CPDS) que foi responsável pela elaboração da Agenda 21 brasileira, sendo um documento norteador para a realização de ações em Educação Ambiental.

A Agenda 21 brasileira, trata-se de um programa de ação, com mais de 40 capítulos, que busca promover, a nível planetário, um novo padrão de desenvolvi- mento, harmonizando métodos de proteção ambiental, justiça social e eficiência econômica. Ela incentiva para a educação para a sustentabilidade, porém recebe muitas críticas no que se refere as suas propostas. Ao mesmo tempo em que se volta para a educação para a sustentabilidade, abre caminho para a educação para o desenvolvimento sustentável, dependendo da visão política de quem a implementa. A partir da Agenda 21 e, principalmente, do TEASS, foi instituído pelo governo

59 O mesmo pode ser analisado no vídeo denominado “Tratado de Educação Ambiental”. Dispo- nível em:<https://www.youtube.com/watch?v=cMROurDoDWE#t=534>. Acesso em 01 out 2017.

federal, no ano de 2004, através de processo participativo, o Programa Nacional de Educação Ambiental –ProNEA60.

O ProNEA representa um constante exercício de Transversalidade, crian- do espaços de interlocução bilateral e múltipla para internalizar a educação ambiental no conjunto do governo, contribuindo assim para a agenda trans- versal, que busca o diálogo entre as políticas setoriais ambientais, educativas, econômicas, sociais e de infra-estrutura, de modo a participar das decisões de investimentos desses setores e a monitorar e avaliar, sob a ótica educacional e da sustentabilidade, o impacto de tais políticas. (BRASIL, 2005).

Como podemos perceber o ProNEA também pode ser entendido de acordo com a visão política de quem o aplica, porém seus idealizadores são enfáticos em seus posicionamentos no que se refere a ProNEA e a educação para sociedades sustentáveis. Ressaltam que

O conceito sociedades sustentáveis inclui uma visão transformadora, apoiada na diversidade de buscas e soluções para a construção simultânea e coletiva das sustentabilidades ambiental, social, econômica, política e ética. Diferente do desenvolvimento sustentável, um conceito datado, que se limita à dimen- são do crescimento econômico como balizador da sustentabilidade, sem criti- cidade e com manutenção do status quo. (BRASIL, 2007, p.29)

Coube ao ProNEA, em sintonia com o Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global, em conjunto com o Ór- gão Gestor da Política Nacional de Educação Ambiental (OG), composto pelos Ministérios do Meio Ambiente (MMA)26 e da Educação (MEC), implemen- tar e executar a Política Nacional de Educação Ambiental - PNEA (Lei Federal nº 9.795/1999), fortalecendo as ações do Sistema Nacional de Meio Ambiente (Sisnama) , que já atuava desde 1981 com a responsabilidade de contribuir para a proteção e melhoria da qualidade ambiental. A PNEA é apontada como uma das

60 O ProNEA foi instituído em 1999 e publicado em 2005. A primeira versão tinha a sigla toda em maiúsculo, PRONEA, a segunda edição, em 2014, passou a ser denominada ProNEA assim como a terceira, finalizada em 2005.

principais ferramentas legais para os avanços da Educação Ambiental brasileira, sendo incluída em diversos documentos voltados a educação.

Como vimos, até então inúmeros foram os esforços e iniciativas em prol da educação para a sustentabilidade, porém ainda é percebida a ausência de compre- ensão quanto à sua aplicação. Nesse sentido, em julho de 2004, ficando a cargo do Ministério de Educação (MEC) a responsabilidade pela Educação Ambiental brasileira, o MEC cria a Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Di- versidade (SECAD), que sete anos após sua implementação é reestruturada e passa a se chamar Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e In- clusão (SECADI). Atualmente a SECADI tem a função de implementar a PNEA, apoiando os educadores ambientais no que se refere ao conhecimentos, pesquisa e intervenção educacional, fortalecendo os valores voltados para a sustentabilidade em suas múltiplas dimensões61.

Em 2012, representantes do Órgão Gestor da Política Nacional de Educação Ambiental62, encaminham ao Conselho Nacional de Educação - CNE a proposta

para a formulação das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Ambien- tal (DCNEA). Esse documento é fruto de discussões e contribuições vindas dos sistemas de ensino, da sociedade civil, de diferentes instâncias do MEC e de vários eventos, como mais uma tentativa de reforçar e legitimar a educação para a susten- tabilidade em todos os níveis de ensino. No Art. 17, das DCNEA, é considerado que o planejamento curricular e a gestão da instituição de ensino devem:

promover trabalho de comissões, grupos ou outras formas de atuação coletiva favoráveis à promoção de educação entre pares, para participação no plane- jamento, execução, avaliação e gestão de projetos de intervenção e ações de sustentabilidade socioambiental na instituição educacional e na comunidade, 61 Sachs (1993) desenvolve o que chama de as cinco dimensões de sustentabilidade do ecodesenvol- vimento: sustentabilidade social; econômica; ecológica; espacial; e sustentabilidade cultural.

62 “O Órgão Gestor da Política Nacional de Educação Ambiental (criado pelo artigo 14 da Lei nº 9.795/99 e regulamentado pelo artigo 4º do Decreto nº 4.281/02) é integrado pela Diretoria de Educação Ambiental do Ministério do Meio Ambiente – DEA / MMA e pela Coordenação-Geral de Educação Ambiental – CGEA / MEC. Na educação formal, este Órgão Gestor tem o desafio de apoiar professores a estimularem uma leitura crítica da realidade, sendo educadores ambientais atuan- tes nos processos de construção de conhecimentos, pesquisa e intervenção cidadã com base em valores voltados à sustentabilidade da vida em suas múltiplas dimensões.” Disponível em:<http://portal.mec. gov.br/dmdocuments/publicacao13.pdf.> Acesso em: 10 nov 2017.

com foco na prevenção de riscos, na proteção e preservação do meio ambiente e da saúde humana e na construção de sociedades sustentáveis.

O documento prevê que a Educação Ambiental seja trabalhada de forma con- junta, interdisciplinar, contínua e permanente em prol da construção de socieda- des sustentáveis. De acordo com Parecer Conselho Nacional de Educação/CP Nº: 14/2012, as DCNEA

[...] contribuirão para incluir no currículo o estudo e as propostas para en- frentamento dos desafios socioambientais, bem como para pensar e agir na perspectiva de criação de espaços educadores sustentáveis e fortalecimento da educação integral, ampliando os tempos, territórios e oportunidades de aprendizagem.

O que precisa ser evidenciado, quando nos referimos a educação para a susten- tabilidade, são as preocupações relacionadas à minimização dos impactos ambien- tais e o cuidado com recursos naturais como garantia de futuro.

2. CONJUNTURA ATUAL DA POLÍTICA DE