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Considerações acerca dos atores e instituições envolvidas no processo de adaptação

Ao descrevermos as suscetibilidades dos setores acima citados, demonstramos, ao mesmo tempo, quanto é significativo a vulnerabilidade das pessoas, quer em termos dos eventos extremos relacionados com as mudanças climáticas com os seus concomitantes impactos de natureza física, social económica e cultural, quer em termos dos impactos relacionados com as ações antrópicas. Para compreender e dar respostas à altura às consequências resultantes dessas alterações, São Tomé e Príncipe, a exemplo de outros países considerados como “Menos Avançados”, vem sendo contemplado com fundos derivados de diferentes programas ambientais para elaboração de importantes documentos de planificação para lidar com a problemática das mudanças climáticas. Não obstante a reduzida capacidade institucional e humana foi elaborado, o Inventario de Gases de Efeito Estufa em 2002, a Primeira Comunicação Nacional em 2004 e o Plano de Ação Nacional para Adaptação às Mudanças Climáticas (PANA/NAPA) em 2007, a segunda comunicação em 2011 e a terceira que em breve será divulgada.

Concebido mediante uma abordagem multissetorial e multidisciplinar através de consultas públicas, inquéritos e entrevistas ao longo do país, o NAPA é um dos documentos nacionais de maior relevância no que se refere à problemática ambiental ligado às mudanças climáticas porque, pontuou a lista de prioridades, traduzidas em perfis de projetos mais prioritários, a luz das necessidades mais urgentes para ser efetivado. De acordo com o ponto focal da Convenção Quadro das Nações Unidas sobre as mudanças climáticas, todos os projetos de adaptação às mudanças climáticos executados e em curso têm como diretriz o NAPA e permitiu:

[…] que pudéssemos avaliar, de fato, a situação de vulnerabilidade a nível nacional e identificar as medidas de adaptação para as comunidades consideradas vulneráveis. Nesse aspeto foi um sucesso porque os projetos

identificados com a ajuda das comunidades e implementado com apoio da Direção Geral do Ambiente e de outras instituições, muito deles ajudaram a resolver alguns problemas. Quem vai para Malanza hoje nota que houve alguma melhoria. Nota-se primeiro que as medidas identificadas foram corretamente identificadas e que as ações corresponderam às expectativas, só que as pessoas quem sempre mais (PONTO FOCAL DAS ONU PARA AS MUDANÇAS CLIMÁTICAS, 2018).

Definidas as atividades e as medidas prioritárias em função das suscetibilidades espaciais e vulnerabilidade das populações, as diversas instituições governamentais começaram a alocar recursos financeiros para executar projetos no âmbito de adaptação às mudanças climáticas como demonstra a tabela a seguir.

Tabela 02 – Projetos de adaptação às Mudanças Climáticas implementado e em execusão em São Tomé e Príncipe

Projeto Órgão Financiado r Período de Execução Montante

Projeto de Adaptação em África – STP (AAP) UNDP- Japão 2010 a 2012 US$2.750.000 Sistemas de Vigilância e de Monitoramento, Notificação e Verificação (S&MNV) FAO- COMIFAC- FFBC 2013 a 2014 US$131.304,50

Adaptação às Mudanças Climáticas em Zonas Costeira- PAMZC

GEF-Banco Mundial

2011 a 2016 US$4.1 milhões Gestão integrada dos recursos hídricos UNOPS-

GEF

2012 a 2016 US$ 600.000 Alerta precoce “reforço da informação

sobre o clima

PNUD-GEF 2014 a 2017 US$ 4.000.000 Adaptação em meio rural, “Reforço da

capacidade das comunidade rurais

PNUD-GEF 2015 a 2020 US$ 4.0 milhões

Integração da adaptação às mudanças climáticas no planeamento e desenvolvimento Fundo Português de Carbono 2013 a 2016 1/6 de 570.851,00 Euros Promoção da sustentabilidade

ambiental e de resiliência ao clima baseado na hidroeletricidade

PNUD-GEF 2015 a 2020 US$ 5.274.544

Redução do Risco e reforço da resiliência urbana na África Lusófona – STP

UNHABITA T-BAD

2015-2016 US$559.000

Redução da vulnerabilidade climática em STP

União Europeia

2014 a 2019 US$ 3.0 milhões de

Fonte: Elaborado pelo autor

Os projetos mencionados na tabela acima não representam a totalidade dos projetos de adaptação às mudanças climáticas executados e em execusão no período de 2010 a 2019. A multiplicidade de instituições que submetem seus respectivos projetos associado à ausência de um órgão nacional centralizador para todas as ações em proveito das mudanças climáticas dificulta saber quantos e quais e os projetos implementado e quais estão em andamento. De acordo com observação e entrevistas realizadas, identifiquei que as instituições e os atores locais conhecedores dos mecanismos e critérios para mobilizar financiamento, submetem seus projetos sem, no entanto, ter um diagnóstico das reais necessidades do grupo ou comunidade a ser beneficiada. Significa dizer que os projetos são gestados a partir da perspectiva top down, e por isso devem ser caracterizados como projetos executados em nível da comunidade e não com a comunidade. Este aspeto é particularmente:

[...] crítico no âmbito da sustentabilidade das ações uma vez que ao terminar Projeto cessa também a possibilidade de continuação de algumas atividades importantes ainda não consolidadas que requerem injeção de novos recursos. O contexto de desenvolvimento dos projetos em São Tomé e Príncipe colocam sérios desafios no que toca a sustentabilidade tendo muitos dos projetos falhados na continuidade das suas ações (DAIO; TINY; VIANA, 2013, p. 36?

Falhas na continuidade das ações dos projetos também estão correlacionadas à ausência de mecanismos de acompanhamento, a qualificação dos recursos humanos, de conhecimento prévio das reais necessidades e vulnerabilidades das comunidades alvo dos projetos, a falta de articulação entre as instituições executaras, a prática da execução financeira como medida de avaliação por parte das agências financiadoras70, a ausência de um Comité Nacional sobre as

mudanças climáticas atuante. Esses constrangimentos fazem que, em termos

70A coordenação usa a execução financeira como mecanismo de avaliação e execução do projeto. Isso faz que em termos práticos não se consiga identificar as melhorias sociais e ambientais em função dos resultados pós-implementação.

práticos, a médio e em longo prazo, esses projetos, não obstante, avultados recursos recebido em benefício da adaptação às mudanças climática, não geram as devidas melhorias preconizadas. Isto é, após os resultados as populações não se sentem resilientes. Um Comité atuante possibilitaria incorporar às ações ligadas a adaptação as políticas sociais e económicas do país, assim como identificar:

[...] quais os trabalhos que estão a ser feito, onde o projeto está a ser executado para permitir que quando uma empresa ou agência que queira desenvolver o mesmo projeto numa comunidade conheça bem aquilo que foi feito com vista evitar que o projeto venha a ser duplicado. O país está a sofrer muito com a falta de coordenação a nível de intervenção, devido muita duplicação do projeto, e acho que há possibilidade de corrigir este erro (REPRESENTATE DO PNUD PARA AS MUDANÇAS CLIMÁTICAS, 2016).

Do ano de 2012 à ano 2016 e 201771, as comunidades consideradas pelo NAPA

como mais vulnerável foram beneficiadas com projetos que visava melhorias das situações de vulnerabilidade. Após quatro anos, da realização da primeira pesquisa, voltei para as comunidade de Malanza, Ribeira Afonso e Santa Catarina, para verificar o nível de satisfação em relação as melhorias proporcionadas por esses projetos.

4.4 Análise do nível de satisfação das comunidades pesqueiras beneficiadas