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Como pode ser observado através da análise legislativa do Brasil (Império- República), a aprendizagem de oficio é tão antiga quanto a exploração da mão de obra infantil. Nos decretos, cartas e regulamentos analisados, foi possível identificar que as crianças eram objetos sociais à disposição dos arsenais de Guerra e da Marinha para exercer atividades de oficio em troca de ensinamentos das primeiras letras, de mínimo de vestimentas e de alimentação.

29 BRASIL. Lei n. 10.097, de 19 de dezembro de 2000. Altera dispositivos da Consolidação das Leis do Trabalho – CLT, aprovada pelo Decreto-Lei no 5.452, de 1o de maio de 1943.

30 BRASIL. Lei n. 8.036, de 11 de maio de 1990. Dispõe sobre o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço, e dá outras providência.Diário oficial [da] União, Brasília, 14. Maio. 1990 p.01.

Foi possível evidenciar inclusive que as preocupações predominantes não eram a proteção ou o zelo para com a criança e com o adolescente, denominados menores, mas, sim, com a busca de solução para o problema social, ao retirar os abandonados e os miseráveis das ruas e das praças. O objetivo era, de certo modo, manter o controle da sociedade, sem o mínimo de atenção para o desenvolvimento moral, físico, social ou econômico da criança.

Ao analisar o período contemporâneo, pode-se observar que o menor passa de objeto social para criança e/ou adolescente, sujeito de direitos e de proteção. Há ainda, no entanto, lacunas na legislação que devem ser observadas com o intuito de proteger o melhor interesse da criança e do adolescente.

Enfim, é importante dizer que no período império-república, a exploração de mão de obra infantil estava fortemente legitimada pelo discurso falacioso de aprendizagem nos arsenais de Guerra e da Marinha do Brasil, e heranças dos mitos como “trabalhar engrandece” e “melhor trabalhar que estar pelas ruas” estão fortemente relacionadas a esse período de exploração.

REFERÊNCIAS

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BRASIL. Decreto n. 265, de 04 de agosto de 1834. - MARINHA. Determina que sejão desembarcados todos os marinheiros ou Grumetes impossibilitados que continuam no serviço. E os que, tendo completado o tempo de seus engajamentos, não quiserem continuar a servir. Collecção de Leis do Império do Brasil, Parte I. 1834. p. 35.

BRASIL. Decisão n. 365, de 27 de outubro 1834. Dando providências acerca dos meninos brasileiros órfãos, e desvalidos, que a bordo dos navios de guerra aprendem

as primeiras letras, e toda obra de marinheiro. Collecção de Leis do Império do Brasil, Parte I. 1834. p. 209.

BRASIL. Decreto n. 53, de 22 de março de 1838. GUERRA. Estatuto para o Estabelecimento dos Aprendizes Menores do Arsenal de Guerra. Collecção de Leis do Império do Brasil, Parte I. 1838.

BRASIL. Circular n. 366, de 27 de julho de 1837. MARINHA. Autorizando o Presidente da província do Rio de Janeiro a mandar para o Arsenal da Marinha da corte todos os meninos orphãos e desamparados que houver na dita província para nello aprenderem os officios e artes a que suas inclinações o chamarem. Collecção de Leis do Império do Brasil, Parte I. 1837.

BRASIL. Circular n. 410, de De 18 de agosto de 1837. Mandando inspeccionar o deposido dos menores, separando se das companhias, os que pela sua pequena idade não puderem prestar serviço útil, os quaes deverão ser applicados a outros estudos, vencendo a soldada correspondente a dos antigos pagens que embarcavam nos navios da armada: ficando em regra fazer –se a classificação logo que recebam os recrutas, ou indivíduos para marinhagem. Collecção de Leis do Império do Brasil, Parte I. 1837.

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1990, p.01.

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FÉ OBJETIVA E SUA APLICAÇÃO NO CONTRATO DE MANDATO DO

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