CONSIDERAÇÕES FINAIS

Esta pesquisa buscou compreender os sentidos e significados do ensino da arte na perspectiva dos/as estudantes com deficiências, professoras, coordenadoras e gestoras da rede escolar municipal na cidade de Araguaína (TO). Para apresentar o contexto do ensino da arte, o estudo fez um percurso histórico do ensino da arte e das políticas públicas para pessoas com deficiências no Brasil. Destacando a arte e suas linguagens (artes visuais, dança, música e teatro) e sua relação com o ser humano, a sociedade e a educação ao longo da história.

Constatamos que uma formação lúdica pode proporcionar a integração entre a arte, o estudante e o ensino e apendizagem. Pois, o ensino da arte no conjunto de suas principais linguagens (artes visuais, música, teatro e dança) pode possibilitar a inclusão do sujeito, principalmente, do estudante com deficiência, tanto na escola, quanto na sociedade. Assim, as artes visuais podem propiciar ao estudante o explorar das múltiplas culturas visuais em diferentes tempos históricos, dialogando com as diferenças existentes entre si e criar novas formas de interação cultural na produção artística; a dança pode contribuir na percepção acerca do significado das relações entre o corpo e a produção estética e pode vincular os processos cognitivos e as experiências no movimento dançado, ampliando o conhecimento dos sentidos; a música pode ser favorável para a participação crítica e ativa do sujeito na sociedade, desenvolvendo saberes musicais fundamentais para ampliar a produção dos conhecimentos e vivenciar a música inter-relacionada à diversidade e o teatro pode ser proveitoso para desenvolver os sentidos por meio de experiências artísticas criando diferentes tempos, espaços e sujeitos envolvendo a si próprio e o coletivo, interagindo com o outro em performance (BRASIL, 2017).

Portanto, a importância do ensino da arte na formação humana está consolidada como os outros conhecimentos do currículo escolar. Assim, apontamos que o ensino por meio da arte favorece o ensino e a aprendizagem, instiga os/as estudantes a expressarem seus sentimentos na produção artística e pode contribuir para a interação social, para o desenvolvimento integral, como potencializadora na socialização e inclusão das pessoas com deficiências.

O estudo também realizou um percurso histórico para compreender as políticas públicas existentes para o amparo das pessoas com deficiências na sociedade brasileira, visando defender seus direitos. Assim, vale observar que ao longo da história, as iniciativas por parte da sociedade civil organizada fortaleceram a criação de várias políticas públicas

que buscam garantir os direitos da pessoa com deficiência.

Deste modo, constatamos um conjunto de leis, decretos, decretos-leis, planos, conferências, que versam especificamente a acerca das pessoas com deficiências verificamos uma diversidade de políticas públicas, que são importantes na luta pela educação inclusiva da pessoa com deficiência. Neste ponto, apontamos a Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva (BRASIL, 2008) que foi aprovada na perspectiva de promover e assegurar a inclusão e o acesso ao ensino regular dos sujeitos com deficiência, a Lei nº 13.146/2015 (BRASIL, 2015), que trata do Estatuto da Pessoa com Deficiência, estabelecendo instrumentos para garantir a inclusão já amparada pela Constituição Federal do Brasil (1988) no curso para a integração plena das pessoas com deficiências à sociedade.

Portanto, neste cenário, existe uma diversidade de políticas públicas específicas para as pessoas com deficiências, dando amparo legal a vários direitos, entre os quais: vagas nas escolas; atendimento preferencial; isenções de vários impostos (contas de água, contas de energia, entre outras); moradia; acessibilidade; cotas para concursos públicos; tecnologias; materiais pedagógicos, entre outras ações dos órgãos municipais que têm atuado na assistência a pessoas com deficiências, contemplando as áreas de Educação, Saúde e Assistência Social.

Os relatos dos/as participantes da pesquisa revelam que a arte no processo educativo dos estudantes com deficiência é transformadora e socializadora em sua amplitude, pois acrescenta aos sentidos, a expressão dos sentimentos e emoções, facilita a alfabetização, desenvolve a criatividade, favorecendo a socialização. Logo, constata-se que por meio da música, da dança, da pintura, do teatro, os estudantes interagem entre si de forma prazerosa, sendo o ensino da arte ferramenta potencializadora no processo de aprendizagem, desenvolvimento de habilidades motoras e cognitivas, sensoriais, proporciona a autonomia, expressões de sentimentos e da afetividade.

O trabalho desvelou que as escolas não estão preparadas para o processo de inclusão, uma vez que faltam recursos pedagógicos, profissionais de apoio, espaços físicos adequados, incluindo de acessibilidade, adaptações dos currículos, entre outras ações, condições imprescindíveis para a integração e a inserção ao conhecimento e as práticas inclusivas aos estudantes ao espaço escolar. Apesar da existência de dispositivos legais que apontam a resolutividade destas condições. Assim, as políticas públicas apresentam garantias de direitos às pessoas com deficiência, mas a realidade de efetivação destes direitos nos municípios ainda é de muita preocupação pela falta de iniciativas para as

modificações necessárias no atendimento das pessoas com deficiência. Desse modo, devem-se projetar atitudes e mudanças na estrutura da escola e da sociedade com uma nova postura da escola, refletindo em seu projeto pedagógico, currículo e metodologia de ensino, com ações que favoreçam a integração social para oferecer serviços educativos de qualidade.

Contudo, somos cientes que estes dispositivos legais necessitam ser colocados em prática para, de fato, garantir direitos fundamentais para as pessoas com deficiência em relação a sua inclusão na escola, para que os estudantes com deficiência não se sintam inferiorizados/as e excluídos/as. Como também, se faz necessário, potencializar o projeto pedagógico, currículo e metodologia de ensino, com ações que favoreçam a integração social para oferecer serviços educativos de qualidade a todos os estudantes.

Assim, este trabalho sobre o ensino da arte para estudantes com deficiência em turmas de fundamental 1, na cidade de Araguaína – Tocantins, quer contribuir para as discussões acerca da inclusão de estudantes com deficiência nas escolas do Estado do Tocantins, consequentemente, nas escolas brasileiras, colaborando para o arcabouço teórico dos estudos existentes sobre o ensino da arte para estudantes com deficiência, contribuindo com o avanço dos estudos nesta área. Portanto, quer também subsidiar os atores sociais que lutam pela superação das desigualdades sociais e opressões que passam as pessoas com deficiência na luta por seus direitos, entre os quais, o acesso à educação, que necessitam ser garantidos para todos.

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