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Infelizmente, ainda não totalmente

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ORGANIZAÇÃO DA DISSERTAÇÃO

4.3. OS SENTIDOS E SIGNIFICADOS DO ENSINO DA ARTE PARA GESTORAS E COORDENADORAS

4.3.6. Infelizmente, ainda não totalmente

Este núcleo apresenta os sentidos e significados das gestoras e coordenadoras sobre a questão se as escolas estão preparadas para receber estudantes com deficiências, que foram assim expressas:

Gestoras:

Kleyse: ―É... é muito complexa essa questão porque... que tipo de deficiência nós estamos falando né! A escola tem que receber todos os alunos que chegam‖; ―A gente tem que está preparado pra receber todos. Independente... nós estamos falando de deficiência, né! Independente da deficiência que a criança tem e então nós temos que saber nessa questão de está preparada‖.

Carla: ―Na minha opinião, as escolas procuram sim incluir os estudantes com deficiências, promovem desenvolvimento dos mesmos nas atividades educacionais garantindo a qualidade do ensino, porém, ainda deixam a desejar em muitos pontos os quais podem ser melhorados a cada ano‖; ―Para que realmente estejam inseridas de forma satisfatória e como devem ser tratadas de acordo com suas necessidades e anseios‖.

Coordenadoras:

Helena: ―Infelizmente, ainda não totalmente, né!. Como deveria ser, não. Mas a gente faz o que está a nosso alcance, né! Mas eu acho que deveria. Pela a repercussão da inclusão ela deveria ser mais preparada. Deveríamos ter algo mais... mais prático, ali mais preciso, entendeu‖; ―Para realmente atender a cada uma das deficiências. Mas apesar de tudo, a gente ainda tem... a gente ainda vai longe sabe, a gente ainda dá um pulo bem grande, apesar da gente não ter tudo que a gente gostaria que tivesse‖; ―Porque seria lindo se dentro da escola a gente tivesse a máquina em braile, se toda escola tivesse uma...

pessoas formadas em LIBRAS, se todos falassem, né!‖; ―Assim, pessoas realmente preparadas. Se a escola tivesse materiais realmente adequados pra gente trabalhar com esse tipo de pessoas, né! Então assim, totalmente não. Mas a gente já deu um grande avanço, viu! Eu vejo assim. Pode melhorar‖.

Madalena: ―Na minha opinião, as escolas procuram sim incluir os estudantes com deficiências, promovem desenvolvimento dos mesmos nas atividades educacionais garantindo a qualidade do ensino‖; ―Porém, ainda deixam a desejar em muitos pontos os quais podem ser melhorados a cada ano, para que realmente estejam inseridas de forma satisfatória e como devem ser tratadas de acordo com suas necessidades e anseios‖; ―Pois, uma escola inclusiva desencadeia uma ação pedagógica em defesa do direito de todos os alunos para garantir o que consta na constituição brasileira, ensino de qualidade e igualdade a todos‖.

As falas apontam que as escolas não estão cumprindo com sua função diante das políticas de inclusão, pois, já que existe uma obrigatoriedade legal para que as escolas recebam os/as estudantes com deficiências, neste ponto, os professores são obrigados pela legislação inclusiva vigente a acolher todos os/as estudantes matriculados, independentemente de ser deficiente ou não e, neste aspecto, o professor precisa se adequar para essa realidade e fazer o possível para atender as especificidades de todos/as os/as estudantes, inclusive, as diversidades das deficiências. Esses profissionais atuantes nas escolas comuns inclusivas estão tentando garantir a inclusão dos/as estudantes com deficiência, inserindo-os/as nas atividades educacionais, porém, ressaltam que as escolas não estão alinhadas na perspectiva inclusiva, afirmam que ainda faltam ações pedagógicas eficientes para a inserção do educando no processo educativo inclusivo e com qualidade.

Diante das falas, Mantoan (2003) aponta:

Tem-se um ensino de qualidade a partir de condições de trabalho pedagógico que implicam formação de redes de saberes e de relações, que se entrelaçam por caminhos imprevisíveis para chegar ao conhecimento; existe ensino de qualidade quando as ações educativas se pautam na solidariedade, na colaboração, no compartilhamento do processo educativo com todos os que estão direta ou indiretamente nele envolvidos. A aprendizagem nessas circunstâncias é a centrada, ora sobressaindo o lógico, o intuitivo, o sensorial, ora os aspectos social e afetivo dos alunos. Nas práticas pedagógicas predominam a experimentação, a criação, a descoberta, a co-autoria do conhecimento. Vale o que os alunos são capazes de aprender hoje e o que podemos oferecer-lhes de melhor para que se desenvolvam em um ambiente rico e verdadeiramente estimulador de suas potencialidades (p. 34).

Assim, ainda de acordo com Mantoan (2003):

personalidades humanas autônomas, críticas, espaços onde crianças e jovens aprendem a ser pessoas. Nesses ambientes educativos, ensinam-se os alunos a valorizar a diferença pela convivência com seus pares, pelo exemplo dos professores, pelo ensino ministrado nas salas de aula, pelo clima sócio-afetivo das relações estabelecidas em toda a comunidade escolar — sem tensões competitivas, mas com espírito solidário, participativo. Escolas assim concebidas não excluem nenhum aluno de suas classes, de seus programas, de suas aulas, das atividades e do convívio escolar mais amplo. São contextos educacionais em que todos os alunos têm possibilidade de aprender, freqüentando uma mesma e única turma. Essas escolas são realmente abertas às diferenças e capazes de ensinar a turma toda. A possibilidade de se ensinar todos os alunos, sem discriminações e sem práticas do ensino especializado, deriva de uma reestruturação do projeto pedagógico-escolar como um todo e das reformulações que esse projeto exige da escola, para que esta se ajuste a novos parâmetros de ação educativa (p. 35).

Os relatos das gestoras e coordenadoras revelam que em relação as escolas estarem preparadas para receber estudantes com deficiência, as respostas foram cautelosas. As falas apontam que a questão é muito complexa, quando se fala em deficiência e que a escola deve estar preparada para receber todos/as os/as estudantes independentes das diferenças ou deficiências. As falas desvelam que as escolas ainda não estão organizadas para lidar com as diversidades que chegam à instituição. Deste modo, é necessário um tempo de adaptação porque preparados de fato, para receber estudantes com deficiência, não estão.

Contudo, o esforço da equipe é de fato mais importante para alcançar bons resultados com os/as estudantes com deficiência. Pois, o posicionamento do/a educador/a perante esta questão é imprescindível para a integração e a inserção ao conhecimento e às práticas inclusivas do/a estudante ao espaço escolar.

Neste propósito de esclarecer sobre as escolas estarem preparadas para receber estudantes com deficiências, a gestora acrescentou o seguinte: ―Às vezes nós nos preparamos para um aluno e o outro nós vamos estudar e se preparar para ele. Então tudo requer um tempo. Porque acaba sendo novo, né para aquele professor, para tudo, para o amigo, para sala de aula. Existe um tempo de adaptação, uma compreensão. Preparado de fato, eu acho que não. Totalmente preparada, não. Mas quando a escola quer se preparar, ela se prepara e ela dá conta com certeza de receber um aluno com deficiência, basta ela querer, basta o professor querer, trabalhar com os seus colegas de sala de aula que são os alunos né! Que é onde a criança vai se identificar maior, que é com os coleguinhas na sala, né! Com o professor. Então essa questão do preparo é muito complexa porque isso vai depender da pessoa que está à frente, né! Nós aqui especificamente na instituição nós procuramos nos preparar. Sempre que chega a gente está sempre buscando. É um aprendizado.‖

Partindo desse princípio da inclusão, as escolas converteriam em espaços democráticos, atendendo a todos os alunos independentemente de suas diferenças. Implicaria ainda, em uma nova postura da escola que precisaria estar refletindo em seu projeto pedagógico, currículo, metodologia de ensino, avaliação e atitude dos educadores, ações que favoreciam a integração social, adaptando-se para oferecer serviços educativos de qualidade para todos.

Quando se trata da inclusão, é importante considerar aspectos ligados à formação do professor, uma vez que, este deve estar preparado e seguro para trabalhar com o aluno com necessidade educacional especial (p. 79).

Nesse sentido, Siluk (2013) nos alerta que as práticas e possibilidades para uma educação inclusiva devem:

Pensar uma sociedade para todos, na qual se respeite a diversidade da raça humana, atendendo às necessidades das maiorias e minorias, é concretizar a realização da sociedade inclusiva, na qual caberá à educação a mediação desse processo.

A prática da inclusão propõe um novo modelo de interação social, no qual há uma revolução de valores e atitudes que exigem mudanças na estrutura da sociedade e da própria educação escolar (p. 87).

Nessa direção, no ano de 2008, a Coordenadoria Nacional para Integração da Pessoa Portadora de Deficiência (CORDE), apontou que:

A inclusão escolar é o processo de adequação da escola para que todos os alunos possam receber uma educação de qualidade, cada um a partir da realidade com que ele chega à escola, independentemente de raça, etnia, gênero, situação socioeconômica, deficiências etc. É a escola que deve ser capaz de acolher todo tipo de aluno e de lhe oferecer uma educação de qualidade, ou seja, respostas educativas compatíveis com as suas habilidades, necessidades e expectativas. Por sua vez, a integração escolar é o processo tradicional de adequação do aluno às estruturas física, administrativa, curricular, pedagógica e política da escola. A integração trabalha com o pressuposto de que todos os alunos precisam ser capazes de aprender no nível pré-estabelecido pelo sistema de ensino (p. 84).

Diante dos relatos, de acordo com a Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e seu Protocolo Facultativo, assinada em Nova York, em 30 de março de 2007 e ratificada no Brasil, pelo Decreto nº 6.949 de 2006, afirma que uma escola inclusiva resulta de ações concretas garantindo os direitos de todos/a, da seguinte maneira:

Para a Convenção, um dos objetivos da educação é a participação efetiva das pessoas com deficiência em uma sociedade livre [§ 1°, ―c‖; § 3°], o que exige a construção de escolas capazes de garantir o desenvolvimento integral de todos os alunos, sem exceção. Uma escola em processo de modificação sob o paradigma da inclusão é aquela que adota medidas concretas de acessibilidade [§ 2°, ―d‖ e ―e‖; § 4°]. Quem deve adotar estas medidas? Professores, alunos, familiares, técnicos, funcionários, demais componentes da comunidade escolar, autoridades, entre outros. Cada uma destas pessoas tem a responsabilidade de contribuir com a sua parte, por menor que seja, para a construção da inclusividade em suas escolas (BRASIL, 2008, p. 84).

Portanto, frente o que apontam os relatos e a concepção, compreendemos que uma escola inclusiva é pensar em uma escola para todos/as. Desse modo, devem-se projetar atitudes e mudanças na estrutura de escola e da sociedade com uma nova postura da escola, refletindo em seu projeto pedagógico, currículo e metodologia de ensino, com ações que favoreçam a integração social para oferecer serviços educativos de qualidade. Assim, uma escola em processo de inclusão é aquela que adota medidas concretas a partir da realidade do/a estudante que chega à escola para garantir o desenvolvimento integral de todos os/as estudantes.

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