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Considerações prévias e ponto de partida

QUESTÕES ESTRUTURANTES DA INVESTIGAÇÃO E RESPECTIVA METODOLOGIA

Factor 6:Orientação para actividades recreativas (6 itens): 5, 21, 28, 37, 45 e 53.

6. Reformulação e validação da Escala de Investimento na Escolha Vocacional

6.1. Considerações prévias e ponto de partida

Blustein, Ellis e Devenis (1989), através da Commitment to Career Choice Scale (CCCS), tentaram operacionalizar empiricamente, a partir das teorias desenvolvimentistas mais relevantes neste domínio, duas dimensões do desenvolvimento vocacional, através da construção das sub-escalas: Vocational Exploration and Commitment Scale (VECS) – escala de exploração e investimento vocacional –, constituída por 19 itens e a subescala Tendency to Foreclose Scale (TTF) – escala de exclusão de opções –, constituída por 9 itens.

O conjunto dos itens da escala Vocational Exploration and Commitment Scale

(VECS) pretendia avaliar como os indivíduos percebem o nível do seu auto- -conhecimento, o conhecimento do mundo das formações e das profissões, o grau de

segurança com que investem numa escolha profissional específica, a necessidade ou não de se envolverem em actividades de exploração vocacional, a incerteza frente às escolhas vocacionais e a forma como estão disponíveis para contornar potenciais obstáculos para atingirem determinados objectivos profissionais (Blustein, Ellis & Devenis, 1989).

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O autor que realiza os estudos de adaptação da escala à população dos adolescentes portugueses denomina-a, fazendo uma tradução literal do inglês, de “Escala de Compromisso para as escolhas de Carreira” (Silva, 1995).

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Os itens da sub-escala Tendency to Foreclose Scale (TTF) pretendiam avaliar a disponibilidade dos sujeitos para considerarem, simultaneamente, nas suas escolhas, mais do que uma opção profissional, verificando se admitem a possibilidade de existir mais do que uma profissão específica para cada pessoa, e avaliar a sua tolerância à ambiguidade, à diversidade e ao conflito cognitivo no processo do investimento da escolha vocacional (Jordan, 1974).

A escala original Commitment to Career Choice Scale (CCCS) é constituída por 28 itens, tipo Likert, de 7 pontos, onde se avalia a intensidade da concordância com as afirmações propostas. Um resultado elevado na subescala VECS traduz momentos de elevada exploração vocacional, experienciados sob formas de indecisão e dúvidas e, simultaneamente, de baixos níveis de investimento vocacional; resultados elevados na subescala de TTF traduzem uma maior tendência para foreclosure, ou seja, o sujeito faz investimentos sem ter realizado comportamentos de exploração vocacional, tendência a excluir a exploração de outras alternativas (Blustein, Ellis & Devenis, 1989)36.

Apesar de os autores considerarem que a escala tem níveis muito aceitáveis de consistência interna e a análise factorial indicar um bom ajustamento dos itens ao modelo bifactorial, não foi esta constatação a que chegaram vários investigadores, nomeadamente no que concerne à estrutura bifactorial (Betz & Serling, 1993; Gonçalves, 1997; Silva, 1995; Stead & Watson, 1992; Stead, Watson & Mels, 1994).

O nosso estudo (Gonçalves, 1997), após uma leitura de várias análises factoriais exploratórias, com rotação ortogonal varimax, segundo o método dos eixos principais – principal axis factoring –, para confirmar a estrutura bifactorial correspondente às duas dimensões teóricas previstas pelos autores (Blustein, Ellis & Devenis, 1989), verificou que, para além das duas escala originais –– exploração e investimento (VECS) e tendência à exclusão de opções (TTF) ––, poderia existir um outro factor37 com um valor próprio (eigenvalue) de 1.8, explicando 4% da variância total.

Face a esta possibilidade, realizou-se uma nova análise factorial exploratória, encontrando-se uma estrutura de três factores e verificando-se que: cinco itens da escala

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A descrição da Commitment to Career Choice Scale (Blustein, Ellis e Devenis, 1989), a sua fundamentação teórica, a revisão da investigação sobre a mesma, bem como as suas características psicométricas estão pormenorizadamente desenvolvidas pelo autor deste trabalho no estudo de 1997, pp.176-195.

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Para determinar o número de factores a extrair, seguiu-se o método que consiste na comparação crítica das soluções resultantes da aplicação de diversos algoritmos e na selecção das soluções que melhor descrevem o padrão de relações existentes entre as variáveis (Tinsley & Tinsley, 1987).

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saturavam o factor III, tendo um peso de saturação igual ou superior a .30, valor considerado satisfatório, segundo Tabachnick e Fidel (1989); quinze itens saturavam a escala VECS e sete itens a escala TTF (cf. Gonçalves, 1997, p.193-194). Após uma análise pormenorizada de cada um desses itens, chegou-se à conclusão que estes estavam relacionados com comportamentos de investimentos e de decisão vocacional, enquanto que os outros itens da subescala original estavam mais direccionados para actividades de exploração, denotando um momento do processo da escolha em que predominam a dúvida, a incerteza e o questionamento.

A emergência deste novo factor é consentâneo com as teorias desenvolvimentistas (Campos & Coimbra, 1991; Erikson, 1968, 1980; Marcia, 1966, 1986) que sublinham que existe, ao longo do desenvolvimento, em geral, e no vocacional, em particular, momentos processuais em que prevalecem actividades de exploração, que envolvem procura, questionamentos, conflito cognitivo, experiências geradoras de ansiedade, e outros, por investimentos que implica a reconstrução de progressiva dos investimentos actuais, mediante a exploração.

Assim, o ponto de partida da reformulação da Escala Commitment to Career Choice Scale (Blustein, Ellis & Devenis, 1989) foi suscitada pelas discrepâncias encontradas, relativamente à sua estrutura bifactorial, em vários estudos internacionais e nacionais, mas, fundamentalmente, foram as questões que foram deixadas em aberto para futuros desenvolvimentos, aquando da sua utilização numa investigação para avaliar o desenvolvimento vocacional de adolescentes e jovens portugueses que nos lançaram nesta tarefa (Gonçalves, 1997): “A estrutura factorial encontrada neste estudo, com três factores, coloca a questão de se prosseguirem estudos de desenvolvimento da escala, nomeadamente no sentido de aumentar os itens da nova subescala, que se denominou por EIV (escala do investimento vocacional), porque, ao ter apenas cinco itens com níveis de saturação aceitáveis, acima de .30…” (p. 195).

A emergência deste terceiro factor, por um lado, parece colocar em causa os pressupostos teóricos de que parte o autor original na construção da escala, ao afirmar que baixos níveis de exploração estão relacionados com níveis altos de investimento. Em consonância com a teoria dos estatutos de identidade de Marcia (1966), o facto de existirem baixos níveis de exploração não significa linearmente que os indivíduos estão

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num momento de investimento; podem estar numa situação de total ausência de investimentos e exploração, como acontece aos sujeitos que estão num estatuto de difusão de identidade. De acordo com a teoria de Marcia (1966), aplicada aos estatutos de identidade vocacional, pareceu-nos ser oportuno no desenvolvimento da escala, acrescentar-lhe uma quarta subescala (difusão vocacional) para identificar os sujeitos que não fazem investimentos nem exploram: os difusos.

6.2. Processo de construção da Escala de Exploração e Investimento Vocacional

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