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Constelação de Frank: Tios-avôs repudiados e tio desprezado

No documento Ordens Do Amor - Bert Hellinger - 30-4-2013 (páginas 59-63)

FRANK: Sou Frank e conheço Bert há bastante tempo. Sou divorciado e tenho dois filhos, de vinte e um e cator- ze anos, e felizmente me relaciono muito bem com eles. Moro com a Dagmar, numa casa própria. Depois de anos tempestuosos, conseguimos chegar agora a uma relação bem mais pacífica. Trabalho como psicoterapeuta, com uma abordagem bem sistêmica. Quando trabalho com as pessoas, noto que certas coisas me atingem emo- cionalmente de uma tal maneira que receio ter ainda algo para trabalhar. Aqui algumas coisas também me toca- ram fundo. Primeiro, foi o destino da irmã de Robert, que não foi admitida, e depois o caso do suposto crimino- so de guerra. Há pouco, eu tremia tanto que parei de escrever. Tenho de descobrir, de qualquer maneira, que di- nâmica é esta.

HELLINGER: Então coloque-a. Quando a dinâmica é tão forte, é preciso enfrentá-la imediatamente.

FRANK: Estou pensando em minha família de origem.

HELLINGER: Justamente. Quem pertence a ela?

FRANK: Meu pai, minha mãe, minha irmã, eu, que sou o segundo, meu irmão mais novo e uma outra irmã.

HELLINGER: Algum dos pais esteve antes casado ou noivo ou teve um vínculo estável?

FRANK: Não.

HELLINGER: Talvez ainda falte alguém?

FRANK: Sim, existem pessoas na família que foram repudiadas.

HELLINGER: Vamos começar com o núcleo da família. Mais tarde, procuraremos saber se ainda faltam pessoas, e então as introduziremos.

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P Pai

M Mãe

1 Primeira filha

2 Segundo filho (=Frank)

3 Terceiro filho 4 Quarta filha

HELLINGER: Numa constelação, quando todos olham na mesma direção, como acontece aqui, faltam pessoas na frente. Para quem estão olhando? Quem deveria estar ali?

(para Frank): Aconteceu algo de especial na família de sua mãe?

FRANK: Meu avô tombou na primeira guerra mundial, quando minha mãe tinha doze anos. Outra coisa impor- tante: o irmão dela, meu tio, era a ovelha negra da família.

HELLINGER: O que entende por ovelha negra?

FRANK: Em primeiro lugar, era homossexual, o que era grave. E depois, era considerado um incapaz, e isso na família também era grave.

HELLINGER: Vamos incluí-lo também. O que mais aconteceu na família de sua mãe?

FRANK: Dois tios dela foram mandados para os Estados Unidos por terem fracassado. Um deles bebia e era tido como um fracassado, e o outro era um boêmio.

HELLINGER: São esses os dois que faltam. O irmão de sua mãe era apenas o representante deles. Precisamos colocá-los ali, de frente para a família. A importância desses dois tios da mãe, para esse sistema, não provém do seu comportamento, mas do seu destino. O fato decisivo é terem sido mandados para os Estados Unidos.

FRANK: Aliás, meu irmão também foi para lá.

Hellinger introduz os excluídos. Figura 2

IrM Irmão da mãe

1TM Tio mais velho da mãe 2TM Tio mais novo da mãe

HELLINGER: O que mudou para o pai?

PAI: Antes, eu estava olhando para o vazio e me deixei levar. Agora, existe paz e uma certa estabilidade, e pos- so ficar aqui.

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HELLINGER: Como está a mãe?

MÃE: Estou vendo os três com um olho só, mas gostaria de olhar direito para eles.

HELLINGER: Coloque-se de maneira que possa vê-los.

MÃE: Agora está bem.

HELLINGER: Como é isto para a filha mais velha?

PRIMEIRA FILHA: Ficou muito melhor. Antes, estava tão aberto aqui que poderia surgir algum perigo e eu me sentia colocada na frente pela turma. Tinha de ficar na primeira fila. Agora, sinto simpatia pelos tios lá na fren- te. Na presença deles eu me sinto bem.

HELLINGER (para o representante de Frank): Como é isto para o segundo filho?

SEGUNDO FILHO: Não sei bem o que devo pensar disto, se tem algo que me atrai ou que me apavora.

HELLINGER: Como é a sensação? O que se modificou?

SEGUNDO FILHO: Sinto-me mais centrado.

HELLINGER: Como é a sensação? Melhor ou pior?

SEGUNDO FILHO: Melhor.

HELLINGER: Como é para o irmão mais novo, que quis ir para os Estados Unidos?

TERCEIRO FILHO: Antes, eu me sentia muito bem. Não era afetado pelos que estavam atrás de mim. Sentia-me desvinculado.

HELLINGER: Vamos mandá-lo logo para os Estados Unidos.

TERCEIRO FILHO: É para já. Quando eles ficaram ali, ficou claro para mim que tenho de ir para lá.

FRANK: Aliás, meu irmão está sempre visitando parentes e também quer me arrastar para lá.

Figura 3

HELLINGER: Como está a filha mais nova?

QUARTA FILHA: Estou contente porque tem alguém lá na frente. Eu estava achando horrível, porque estava ab- solutamente sem contato com a família atrás de mim. Sentia-me bastante perdida. Agora, estou contente porque tem algumas pessoas lá na frente. Sinto-me um tanto espremida aqui no meio, mas dá para aguentar.

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HELLINGER (para Frank): Existe algo de especial na família do seu pai?

FRANK: Meu pai era nazista. Eu nunca soube ao certo o que ele realmente fez. Mas deve ter sido figura impor- tante, porque não o mobilizaram.

HELLINGER: Ele esteve internado depois da guerra?

FRANK: Foi internado e espumou e esbravejou, durante anos, contra a injustiça que fizeram a ele e à Alemanha.

HELLINGER: Vou colocar agora a ordem, de modo que os excluídos fiquem visíveis para a mãe, mas fora da vista dos filhos.

Figura 4

HELLINGER: Como está a mãe?

MÃE: Sinto-me bem aqui, ao lado de meu marido.

HELLINGER: Como está o pai?

PAI: Também muito melhor do que antes.

HELLINGER: Como estão os filhos?

TODOS: Bem.

HELLINGER (para Frank): Você quer colocar-se agora em seu lugar? — Como se sente aí? FRANK: Sinto-me bem assim.

HELLINGER: Esta é a ordem agora. E os rejeitados foram reconhecidos, embora não estejam diante dos olhos.

FRANK: O que absolutamente não me agrada é que meu tio homossexual fique junto com os outros excluídos.

HELLINGER: Uma pessoa se torna homossexual, entre outras razões, se precisa representar pessoas excluídas como más. E isso é bem típico no caso presente. E um destino pesado, no qual você não pode interferir.

FRANK: Sim. Talvez também seria bom que tivéssemos o olhar livre para o futuro.

HELLINGER: Posso mostrar-lhe como se olha para o futuro? Os quatro filhos se viram e então têm os pais pelas costas. Os pais ficam parados e os filhos podem seguir em frente. Isso é o futuro. Mas, por enquanto, vocês po- dem tranquilamente olhar um pouco mais para os pais.

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Figura 5

HELLINGER: Bem. Ficamos por aqui. Mas não deixe de anotar a constelação. Ás vezes ajuda.

No documento Ordens Do Amor - Bert Hellinger - 30-4-2013 (páginas 59-63)