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3 MÉTODO DE PESQUISA

4.3 MODELO DE AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO DO TRABALHO REMOTO

4.3.2.3 Construção das Taxas de Compensação

Após a realização dos julgamentos de diferenças de atratividade, na percepção do decisor, com base no método Macbeth, para todos os Pontos de Vista Fundamentais (PVF), é imprescindível integrá-los para concluir sua operacionalização. A integração é feita por intermédio das taxas de compensação ou substituição (ENSSLIN; MONTIBELLER; NORONHA, 2001).

De acordo com Ensslin, Montibeller e Noronha (2001, p. 223) “as taxas de

substituição de um modelo multicritério de avalição expressam, segundo o julgamento dos decisores, a perda de performance que uma ação potencial deve sofrer em um critério para

compensar o ganho de desempenho em outro”. A ponderação de cada critério é definida por

sua taxa de substituição.

Estas taxas de substituição são necessárias, pois em modelos multicritério, quando se analisam ações potenciais, dificilmente uma delas será melhor que as outras em todos os critérios analisados pelo modelo (KENNEY, 1992; ROY, 1996; ENSSLIN; MONTIBELLER; NORONHA, 2001). Trata-se do acréscimo de valor que se obtém em uma determinada alternativa quando esta passa do nível inferior para o superior.

A fim de determinar as taxas de compensação é necessário evidenciar as alternativas possíveis, ordená-las conforme as preferências do decisor e, então, determinar as taxas. Importante recordar que a determinação das taxas de compensação sem o estabelecimento dos níveis de referência é um equívoco (“The most Common Critical Mistake”) segundo Keeney (1992).

Figura 49- PVF '"1.Custos" - Escalas

Fonte: Elaborada pela autora (2017).

Para construir as taxas de compensação é necessário evidenciar as alternativas associadas a cada uma das taxas. Para o PVF “1. Custos” a figura a seguir evidencia as alterativas possíveis. O ponto de análise apresenta-se no nível bom e os demais no neutro:

Figura 50 - Evidenciação das Alternativas para PVF "1.Custos"

Fonte: Elaborada pela autora (2017).

Alternativas fictícias servem para valorar o quanto cada descritor contribuirá no total. Neste trabalho, para fins de exame das alternativas adotou-se o Método de Roberts. Consiste

em comparar par a par cada alternativa atribuindo “1” à preferida e “0” às outras, ordenando

as escolhas em uma matriz auxiliar (ROBERTS, 1979).

O facilitador questiona o decisor acerca de suas preferências entre as alternativas potenciais e preenche a matriz auxiliar atribuindo o valor “1” ou “0”. A fim de respeitar a transitividade, não deve haver nenhum valor zero entre os valores “1” de cada linha. O mesmo procedimento é realizado para todas as ações representando-se todas as alternativas fictícias possíveis par a par para os subcritérios (ENSSLIN; MOTIBELLER; NORONHA, 2001). O quadro abaixo ilustra a matriz construída a partir das percepções do decisor para o PVF “1.

Custos”:

Quadro 27 - Matriz de Roberts - Comparação par a par

Fonte: Elaborado pela autora (2017).

Uma vez construída a matriz auxiliar com as preferências do decisor em relação às alternativas fictícias, passe-se à determinação das taxas para cada um dos níveis. Com as alternativas ordenadas, utiliza-se o software Macbeth® para determinar a intensidade da preferência do decisor para cada uma delas. Nas figuras a seguir observa-se o processo de obtenção das taxas:

Figura 51 - Matriz de Roberts - Uso do Macbeth

Fonte: Dados da pesquisa (2017).

A partir dos julgamentos foi construída a escala Macbeth para os julgamentos da matriz acima representada, a saber:

Figura 52 - Escala Macbeth para os julgamentos da matriz de Roberts

Fonte: Dados da pesquisa (2017).

Normatiza-se os valores da escala a partir da divisão de cada um pelo somatório, tem- se então as taxas para cada critério. Ressalta-se que no método Macbeth as taxas são obtidas de forma indireta, exigindo uma prévia ordenação dos critérios (BANA E COSTA;

STEWART; VASNICK, 1995; ENSSLIN; MONTIBELLER; NORONHA, 2001). A tabela

abaixo representa as taxas para os critérios do PVF “1. Custos”: Tabela 2 - Taxas de Substituição dos subcritérios de Custos

Subcritério Taxa A2 19,61% A4 18,95% A5 17,65% A3 16,34% A1 13,73% A6 9,15% A7 4,57% A0 0%

Fonte: Elaborada pela autora (2017).

Uma vez explicitadas as taxas de substituição, é possível construir a equação geral do modelo para avaliar as alternativas. O processo deve ser repetido para todas as taxas em todos os níveis. Neste trabalho, ilustramos a equação para o PVF “1. Custos”:

Figura 53 - Equação do PVF "1. Custos"

As taxas encontradas são multiplicadas pelo perfil a fim de se obter a contribuição de cada um dos critérios para o modelo global:

Figura 54 - Equação do modelo para o PVF "1.Custos" - Exemplificação

Fonte: Elaborada pela autora (2017).

A partir desta equação é possível evidenciar o perfil de impacto do status quo para o PVF considerado, conforme figura a seguir:

Figura 55 - Evidencia do perfil de impacto do status quo para PVF "1. Custos"

Fonte: Elaborada pela autora (2017).

Analisando a figura acima se verifica que o perfil reflete situação aquém do desejável. Infere-se que alguns fatores contribuem para que não se tenha alcançado a almejada redução de custos até o momento, para citar alguns: pequena dimensão da equipe de trabalho remoto; baixo grau de ingerência da gestão local – dada a intervenção central para decisões que envolvem dispêndios –, bem como a necessidade de maior conscientização ou engajamento dos colaboradores, em geral, no que tange à preocupação com economia de recursos no cotidiano da instituição.

A Procuradoria preocupa-se muito com a economia de recursos ao erário nos processos judiciais, obtendo resultados bastante importantes, consoante amplamente divulgado em relatórios institucionais de acesso ao público. Possui programas internos de conscientização para economia de recursos no dia-a-dia e incentivo a ações de sustentabilidade – que muitas vezes contribuem para a economia do gasto público –, porém, ante o perfil apresentado, é necessário o desenho e implemento de ações de melhoria nesse sentido.

Cumpre ressaltar que os dados de custos foram obtidos mediante questionamentos e experiência vivenciada no âmbito local, eis que não havia até o momento prévia verificação para a realidade do ambiente em estudo.

4.3.3 Fase de Recomendações

A fase de recomendações é a etapa derradeira do instrumento MCDA-C e versa sobre a análise do perfil de desempenho dos fatores considerados pelo decisor como necessários e suficientes para a gestão do contexto examinado e os descritores. É considerada a discrepância do perfil apresentado (status quo) com relação à necessidade de elevação do nível de desempenho (nível de excelência) para, a partir destas informações, propor recomendações e sugestões de melhoria.

Para a presente pesquisa, a fase de recomendações leva em consideração o perfil de desempenho (status quo) gerado a partir da fase de estruturação. Será analisado o PVE “2.1

Gerenciamento”, especificamente, os descritores que apresentaram desempenho

comprometedor, quais sejam: “2.1.1.1 Erros de Triagem” e “2.1.3.2 Sistema E-SAJ”. Quanto

ao PVF “3. Pessoas”, serão analisados os PVE “3.2 Desempenho” e “3.3 Relacionamento”,

particularmente os descritores “3.2.1.2 Capacitação”; “3.2.2.4 Volume médio de trabalho” e

“3.3.1. Interação da Equipe Remota”. Foram trabalhados estes cinco descritores em razão do

perfil de desempenho comprometedor que apresentaram.

A Figura 30, na seção anterior, ilustrou em recorte do PVF “3. Pessoas” o perfil para o

PVE “3.2 Desempenho” e o perfil para o PVE “2.1 Gerenciamento” do modelo pode ser

observado na Figura 29.