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A CONTAGEM EM DOBRO DOS VOTOS FEMININOS PARA FINS

No documento DIVERSIDADE E POLÍTICAS PÚBLICAS VOL. 1 (páginas 187-190)

DE FUNDO ELEITORAL COMO FOMENTO À PARTICIPAÇÃO DAS MULHERES NA POLÍTICA

Amanda Amarante Oliveira Sobral Moreno51 Deyslane Neves Gomes Freitas52

1. A TRAJETÓRIA DAS CONQUISTAS LEGISLATIVAS DA MULHER NO BRASIL

O processo de luta e inserção social da mulher ao longo dos tempos jamais foi linear e se tornou primordial para a obtenção de direitos indi-viduais e coletivos por muito tempo sub-rogados, o que não foi diferente no Brasil.

As desigualdades sociais, a exposição dos atributos físicos, a participa-ção social e política, o trabalho, a educaparticipa-ção, a cultura sempre trouxeram

51 Procuradora Municipal, Advogada especialista em Direito Público, assessora Jurídica da Mosaico Inc. Consultoria, Mestre em Direito Internacional pela Universidad de la Empresa em Montevideo/Uruguai, Especialista em Direito Público, Direito Tributário, Direito Consti-tucional Aplicado, Direito Eleitoral e Direito Digital e Compliance pela Faculdade de Direito Damásio de Jesus/SP; MBA em Gestão de Negócios Internacionais pelo IBMEC.

52 Advogada especialista em Direito Eleitoral, professora universitária. Mestre em Desen-volvimento Social pela Universidade Estadual de Montes Claros, Especialista em Direito Civil e Processual Civil, Educação à Distância, Mediação e Conciliação de Conflitos, Compliance.

limites e contradições que impuseram (e ainda impõem) grandes barreiras para o reconhecimento e dimensão da força e poder feminino.

No contexto histórico social da mulher, o Brasil teve uma progres-são considerável na conquista de direitos e igualdade de tratamento, con-quistas que fortalecem e estimulam a pesquisa sobre o tema, aprimorando de forma técnica os argumentos que corroboram para o avanço social da igualdade de gênero, engendrando, por consequência, a construção social e jurídica de reconhecimento da mulher como cidadã, em igualdade de direitos e deveres em relação ao homem através da nossa Constituição Federativa do Brasil.

Do sistema de opressão do patriarcado à igualdade de tratamento e isonomia de gênero, a luta pela valorização da mulher no Brasil teve dois marcos importantes: em 1934, ao conseguir o sufrágio universal e em 1988, com a igualdade como princípio constitucional.

É cediço que as mulheres do Brasil têm uma história de luta e avanços, principalmente nas últimas décadas, resultado de relações sociais, etárias, raciais. A importância da família na vida das mulheres e o desenrolar de uma história de mudanças nesse núcleo social dão origem a um estudo dos modelos que pautaram e desafiaram a mulher ao longo do século XVII até os dias de hoje.

A partir dos anos 70, segundo Olga ESPINOSA (2004, p. 56) chama a atenção sobre o desenvolvimento do feminismo baseado em modelos teóricos e estratégicos diferentes, fortalecendo a participação da mulher em movimentos sociais e trabalhistas de forma efetiva.

O tema mulher teve, com a construção social obtida com o passar do tempo, um espaço importante em nosso ordenamento jurídico, além das políticas públicas de incentivo, de prevenção à violência e proteção.

Muito se evoluiu, muito ainda há que se manifestar para que se possa esclarecer o real papel da mulher na sociedade e sua participação ativa na construção da história. O que chama a atenção é que essas conquistas ainda não abarcam com deveria a mulher em espaços construídos cultu-ralmente como masculinos, principalmente no ambiente eleitoral. Hoje temos representantes femininas na política, nos altos cargos em empresas e instituições públicas, dividindo espaço e ganhando dimensões cada vez maiores na narrativa histórica brasileira.

ROGERIO BORBA DA SILVA (ORGS.)

A trajetória feminina na complexidade e diversidade de experiências e realizações vivenciadas ergueu uma responsabilidade sobre o estudo e a construção da história da mulher no cenário histórico. As formas de vio-lência e opressão, os sutis mecanismos de resistência, tudo isso resgata a importância histórica para as conquistas femininas.

No Brasil, o debate acerca das questões femininas vem sendo ampla-mente respaldadas, e ganham espaço no cenário político. Nesse contexto, a luta pelo direito das mulheres vem tendo avanços consideráveis, e no que tange a representatividade feminina na política, ainda há muito a que se desenvolver.

Neste contexto, muitas mulheres ainda têm dificuldades em ocupar cargos e serem inseridas no sistema eleitoral com voz ativa e espaço por conta de exclusão histórica e que reflete na pequena representatividade feminina nos cargos eletivos.

Assim, discutir um tema tão relevante é essencial para o fortaleci-mento das conquistas femininas, fomenta uma discussão importante para o desenvolvimento social de nosso pais: mais mulheres na política, com equidade e igualdade.

2. A MULHER E O SISTEMA ELEITORAL BRASILEIRO

A Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, que so-freu grande influência do neoconstitucionalismo, considerada a “Consti-tuição Cidadã”, estabeleceu pontos de extrema importância aos direitos das mulheres, como: a primazia da igualdade sob a égide legal, o fim do preconceito, da discriminação, acesso à justiça, entre outros. Tendo, em sua redação, de maneira explícita, a busca ao bem-estar de todos, sem qualquer distinção.

No âmbito eleitoral, de acordo com as estatísticas do Tribunal Su-perior Eleitoral, as mulheres representaram mais de 52% do eleitorado brasileiro no ano de 2018. No entanto, apenas um pequeno percentual dos cargos eletivos é ocupado por mulheres.

Segundo dados apresentados pela ex-ministra do TSE Luciana Lóssio, as mulheres constituem 44% dos filiados a partidos políticos, mas ocupam menos de 16% dos cargos no parlamento: 15% dos cargos de deputado federal e 14,8% dos cargos de senador são ocupados por mulheres. E cerca

de 11% dos cargos de prefeito foram ocupados por mulheres. Isso coloca o Brasil na 154ª posição em uma lista de 193 países, ficando à frente, no continente americano, apenas de Belize e Haiti.

Neste sentido, uma das maiores preocupações hoje é a participação fe-minina na política brasileira. Isso porque o nosso sistema, calcado em parti-dos políticos, em sua maioria, sóliparti-dos empreendedores, tem em seu históri-co a falta de fomento da mulher em seus espaços, segregando muitas vezes importantes nomes que poderiam fortalecer essa participação feminina.

Muitas são as dificuldades femininas para inserção na política. Po-demos citar a múltipla jornada de trabalho, que vincula à mulher obriga-toriamente ao ambiente doméstico e à obrigação de educação dos filhos.

É importante salientar também a ideia generalizada que associa à entrada da mulher no ambiente político com o apadrinhamento “masculino”, ou seja, sempre como filha, esposa ou outra referência de homens, na maioria públicos, que para muitos é crucial para a eleição.

Neste ambiente eminentemente “machista”, a mulher perde espaço importante, fazendo com que fatores externos, que fogem às regras insti-tucionais e legais influenciem, de sobremaneira, a sua entrada, permanên-cia e êxito na política.

2.1. A PARTICIPAÇÃO FEMININA NO SISTEMA

No documento DIVERSIDADE E POLÍTICAS PÚBLICAS VOL. 1 (páginas 187-190)