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2.   METODOLOGIA 69

2.4   Contexto da pesquisa 82

Conforme já mencionado, os 7 participantes deste estudo graduaram-se em Letras – Português e Inglês em uma universidade federal no interior do estado de São Paulo. O curso de Licenciatura em Letras dessa instituição é noturno e tem duração de 5 anos. Das 40 vagas oferecidas, 20 são destinadas para habilitação português-inglês e 20 para português-espanhol. Kaneko-Marques (2011) nos lembra que a área de Língua Inglesa do curso de Licenciatura em Letras em questão passou por reformulações curriculares em 2004, as quaispossibilitaram o ensino baseado em conteúdos:

Assim, as disciplinas da área de língua inglesa na nova grade curricular têm o intuito de promover a construção e desenvolvimento dessas competências77, por meio de reflexões sobre os processos de ensino e aprendizagem de línguas desde os semestres iniciais do curso. Por meio de conteúdos sobre a profissão docente e sobre o processo de ensino e aprendizagem de línguas, desenvolvem-se discussões e atividades pautadas em materiais autênticos, ao longo das disciplinas, para o aperfeiçoamento linguístico-comunicativo e a formação profissional dos futuros professores. (KANEKO-MARQUES, 2011, p. 30)

Estudos como o de Claus (2005), Emidio (2007), Donadio (2007), Abreu-e-Lima et. al. (2007) e Kaneko-Marques (2011) revelam a peculiaridade desse contexto de ensino que é a integração do desenvolvimento da língua inglesa e a formação crítico-reflexiva dos alunos- professores.

Ainda em relação a esse contexto, julgamos válido retomar as características da disciplina “Avaliação e produção de material didático em língua inglesa” cursada pelos participantes durante a graduação. Tal disciplina é de natureza optativa, tem 4 créditos no total (2 teóricos e 2 práticos), é oferecida em período distinto do curso e ministrada por uma docente do Departamento de Letras da instituição em questão. A professora responsável é doutora em Linguística pela Universidade Estadual Paulista e atua nos cursos de graduação e pós-graduação.

77A pesquisadora refere-se às competências defendidas por Almeida-Filho (2003): linguístico-comunicativa,

Quadro 6. Características da Disciplina "Avaliação e produção de material didático em língua inglesa"

DISCIPLINA: AVALIAÇÃO E PRODUÇÃO DE MATERIAL DIDÁTICO EM LÍNGUA INGLESA

Objetivos Gerais:

Ao final do curso o aluno deverá ser capaz de: a) reconhecer a teoria subjacente às ideias veiculadas em materiais didáticos, b) elaborar instrumentos de análise de necessidades (needs and wants), c) selecionar atividades que possam ser alteradas e adequadas às necessidades do público-alvo, d) apresentar oralmente e por escrito sugestões elaboradas durante o curso utilizando a língua-alvo, e) elaborar material didático utilizando jogos, vídeos música e/ou diferentes mídias como material de apoio pedagógico, f) avaliar a produção dos colegas e sua própria produção de acordo com critérios estabelecidos pelo grupo, g) criar atividades para as diferentes habilidades orais e escritas.

Ementa: Estudo e análise de livros didáticos, análise de necessidades e consequente

adequação das atividades, reconhecimento de abordagens nos livros didáticos, seleção de material didático, confecção de materiais didáticos nas diferentes habilidades por intermédio de jogos, atividades com vídeo e música, e recursos de mídia tópicos de língua a partir da produção dos alunos. Utilização de recursos tecnológicos para interação escrita com os alunos, trabalhos em formato digital. Avaliação oral e escrita dos trabalhos apresentados.

Tópicos / duração: grammar: critical analysis, teoria e prática: discussão sobre como a

gramática pode ser estudada em LE e análise de como ela se apresenta em atividades propostas em livros didáticos (18 horas). Leitura e fichamento de textos teóricos (18 horas) análise de programas e tarefas de livros didáticos(24 horas).

Bibliografia:

BATSTONE, R. Grammar. C. N. Candlin & H. G. Widdowson, editors, Oxford University Press, 1994

CELCE-MURCIA,M. and HILLES, S. Techniques and Resources in Teaching Grammar. R.N. Campbell & W. E. Rutherford, editors, Oxford University Press, 1988.

FOTOS, S. Cognitive Approaches to Grammar Instruction. In: Teaching English as a second or

foreign Language, CELCE-MURCIA, M. editor, Heinle&Heinle, pp. 267-282, 2001.

HINKEL, E. & FOTOS, S. New Perspectives on Grammar Teaching in Second Language

Classrooms. Lawrence Erlbaum Associates, Publishers, London, 2002.

JOHNS, A. M. Genre in the Classroom: Multiple Perspectives, 350p, Lawrence Erlabaum Associates, Publishers, 2002

LARSEN-FREEMAN, D. Teaching Language: From Grammar to Grammaring. Newbury House Development, 170p. 2003

Fonte: Nexos78

Norteados pelo perfil da disciplina, podemos afirmar que, embora o foco seja análise de material didático, as teorias basilares que compõem a fundamentação da disciplina, e consequentemente, os estudos teóricos dos alunos-professores, são as de ensino-aprendizagem

78Fonte:https://nexos.ufscar.br/nexos/PlanosConsultaL.jsp?Disciplina=063746&Turma=A&Ano=2008&Semestr

de gramática, sobretudo voltadas para uma nova perspectiva sobre gramática: a possibilidade de desenvolvê-la como habilidade. Assim, seguindo o perfil da proposta curricular dessa instituição e, particularmente nessa disciplina, percebemos que os participantes desta pesquisa tiveram uma formação teórico-prática nessas teorias, integrando a leitura da bibliografia indicada e a análise e elaboração de material didático.

Dessa maneira, devido a essa particularidade da formação teórico-prática desses alunos-professores, nos propusemos a investigar se havia influência dessa formação na prática desses professores.

Tomando por base os estudo de Woods (1996), Borg (2003, 2006) e Barcelos (2006), que reforçam a importância de se estudar o contexto de atuação, observamos as aulas dos 7 participantes em 2 lugares distintos, totalizando de 14 contextos. Devido à diversidade de cenários educacionais que são também contextos de pesquisa, optamos por apresentar as características de cada um no capítulo de Análise e Discussão dos Dados. Esse procedimento nos permitiu relacionar as especificidades de cada ambiente à prática do professor. Desse modo, a fim de evitar repetições, não apresentaremos as descrições de cada contexto neste item.

É relevante esclarecer que, na etapa da coleta de dados, o participante Justin foi aprovado em um concurso público, assumiu aulas em outra cidade e parou de lecionar em um dos contextos previamente selecionados para este estudo. Desse modo, os dados referentes a esse local de ensino (coletados na entrevista B) foram descartados e fizemos uma nova entrevista com o participante a fim de obter dados sobre o outro contexto. Devido à distância desse local e o período de tempo disponível, já que essas mudanças ocorreram após o início do semestre letivo, não foi possível acompanhar, continuamente, 8 aulas desse participante, como fizemos com os demais. Optamos por observar 3 aulas em 3 turmas diferentes (na mesma instituição de ensino), o que nos possibilitou acompanhar um total de 9 aulas desse participante, conforme pode ser observado no seguinte quadro:

Quadro 7. Justin: contexto B JUSTIN: CONTEXTO B

Escola regular da rede pública – Ensino Fundamental(zona rural)

Número de aulas: 3 aulas para o 6º ano

3 aulas para o 8º ano 3 aulas para o 9º ano

Salientamos que no contexto B (projeto de extensão universitária) da participante Cathy também enfrentamos dificuldades com relação ao número de aulas observadas. Conforme esclarecido previamente, havíamos estabelecido o total de 8 (oito) aulas para cada participante em 2 contextos distintos. Contudo, conseguimos acompanhar 7 (sete) aulas de Cathy no contexto B, pois, ao final do semestre, devido a outros compromissos, os alunos faltaram às últimas aulas, o que acarretou o término antecipado do curso. Como havia apenas 3 alunos nesse grupo, a participante conseguiu trabalhar com o que havia sido planejado para esse módulo em menos aulas. Assim, não houve prejuízo para os alunos em termos de conteúdo programático. Julgamos que as 7 aulas observadas para esta investigação foram suficientes para analisarmos a prática de Cathy com relação ao ensino-aprendizagem de gramática.

2.5 Critérios para classificar as aulas sob a denominação “ensino de gramática como