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Correição Parcial

No documento Manual de Recursos.pdf (páginas 159-163)

Sucedâneos Recursais

2. Espécies de Sucedâneos Recursais

2.2 Correição Parcial

A correição parcial é regida por algumas Leis de Organização Judiciária e Regimentos Internos de tribunais – não por lei, caso contrário seria recurso propriamente dito.

Sua natureza é não só processual mas principalmente disciplinar, embora culmine, na maioria das vezes, na normalização da marcha tumultuada do

processo321.

Segundo Nelson Nery Júnior, "trata-se de medida administrativa

ou disciplinar destinada a levar ao conhecimento do tribunal superior a prática de ato processual pelo juiz, consistente em error in procedendo caracterizador de abuso ou inversão tumultuária do andamento do processo, quando para o caso não existir um recurso previsto na lei processual"322.

A correição parcial tem por pressupostos:

1) existência de um ato ou despacho, que contenha erro ou abuso, capaz de tumultuar a marcha normal do processo;

2) o dano ou a possibilidade de dano irreparável para a parte;

3) inexistência de recurso para sanar o error in procedendo.

No Estado de Minas Gerais, a correição parcial encontra-se prevista no Regimento Interno do TJMG, que assim dispõe em seu art. 24, “caput” e inciso IX323:

Art. 24. “Compete ao Conselho da Magistratura: [...]

IX – proceder, sem prejuízo do andamento do feito e a requerimento dos interessados ou do Ministério Público, a correições parciais em autos,

321 Cf. T

HEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de direito processual civil. v.1. Rio de Janeiro: Forense, 2009. p. 559.

322

NERY JR., Nélson. Princípios fundamentais: teoria geral dos recursos. 5.ed. São Paulo: RT, 2000. p. 64.

323

Jurisprudência do TJMG: CORREIÇÃO PARCIAL – INEXISTÊNCIA DE INVERSÃO TUMULTUÁRIA DO PROCESSO. Não há que se falar em inversão tumultuada do processo quando o magistrado singular limita a oitiva de testemunha ao número máximo previsto no art. 398, do CPP. (Correição parcial N° 1.0000.07.463118-5/000, rel. Des. Silas Vieira, j. 05.05.2008)

para emenda de erros ou abusos, quando não haja recurso ordinário, observando-se a forma do processo de agravo de instrumento;

[...]”

Já em São Paulo, é disciplinada em Lei de Organização Judiciária, o “Código Judiciário do Estado” (Decreto-lei Complementar nº 3/1969), que enuncia, em seu art. 93324:

“Compete às Câmaras isoladas do Tribunal proceder a correições parciais em autos para emenda de erro, ou abusos, que importarem inversão tumultuária dos atos e fórmulas de ordem legal do processo, quando para o caso não houver recurso”.

Diante o exposto, conclui-se que a função primordial da correição parcial é regularizar os serviços prestados pelo magistrado ou pelos serventuários do fórum, e sendo necessário, aplicar as penalidades administrativas cabíveis, conforme se extrai do art.96 do Código Judiciário do Estado de São Paulo.

“[...], serão os autos encaminhados ao Conselho Superior da Magistratura para aplicação das penalidades disciplinares, se for o caso”.

Súmulas relacionadas

Súmula 267/STF – “Não cabe mandado de segurança contra ato judicial passível de recurso ou correição.”

324

Jurisprudência do TJSP: 1) Deferimento: CORREIÇÃO PARCIAL – Decisão que afronta o princípio da legalidade – Admissibilidade da pretensão em face da existência de erro de procedimento e de abuso que importam em inversão tumultuaria do feito – Deferimento. (Correição Parcial 993061415992 rel. Christiano Kuntz j. 19.03.2009 Órgão julgador: 7ª Câmara de Direito Criminal) / 2) Indeferimento: Considera-se prejudicada a correição parcial pela perda do objeto, se o requerente obtém do Tribunal, por outra via recursal, a reparação do gravame praticado pelo juiz inferior. (rel. Carlos Biasotti j. 18.06.2009) / 3) No sentido da inviabilidade da Correição Parcial após a nova sistemática recursal: CORREIÇÃO PARCIAL – Inexistência de previsão legal na legislação vigente – Com a nova sistemática processual (advento do atual e vigente Código de Processo Civil), desapareceu a correição parcial do sistema recursal, sendo impossível sua utilização como sucedâneo recursal – Correição parcial não conhecida (Correição Parcial 9326485600 rel. Rebouças de Carvalho Órgão julgador: 9ª Câmara de Direito Público j. 15.07.2009) / CORREIÇÃO PARCIAL – Alegação de inversão tumultuaria – Inadmissibilidade – Instituto não tutelado pelo ordenamento processual civil em vigência – Existência de recurso especifico de agravo para impugnar decisões atacadas – Ausência de caráter correcional – Recurso a que se nega seguimento. (Correição Parcial 6428504500 rel. Percival Nogueira Órgão julgador: 6ª Câmara de Direito Privado j. 07.05.2009)

Súmula 268/STF – “Não cabe mandado de segurança contra decisão judicial com trânsito em julgado.”

Súmula – 343/STF – “Não cabe ação rescisória por ofensa a literal disposição de lei, quando a decisão rescindenda se tiver baseado em texto legal de interpretação controvertida nos tribunais.”

Súmula 401/STJ – “O prazo decadencial da ação rescisória só se inicia quando não for cabível qualquer recurso do último pronunciamento judicial.”

Súmula 514/STF – “Admite-se ação rescisória contra sentença transitada em julgado, ainda que contra ela não se tenha esgotado todos os recursos.”

Súmula 734/STF – “Não cabe reclamação quando já houver transitado em julgado o ato judicial que se alega tenha desrespeitado decisão do Supremo Tribunal Federal.”

Quadro Sinótico

Sucedâneo recursal

Sucedâneo recursal é todo mecanismo processual que, apesar de não ter sido criado

legislativamente como um recurso, faz as vezes deste, e que não se encaixa também na categoria das ações autônomas de impugnação.

Ação anulatória (querella nullitatis insanabilis)

Tem por objeto anular ato da parte que independe de sentença ou sentença meramente homologatória. (art. 486/CPC)

Ação Rescisória

É ação que visa desconstituir a coisa julgada material, ao contrário da ação anulatória, que jamais a desafia. Cabível nas hipóteses taxativas do art. 485/CPC e no prazo de dois anos após o trânsito em julgado da decisão (495).

Mandado de Segurança

Tem por fim “proteger direito líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas

data, sempre que, ilegalmente ou com abuso de poder, qualquer pessoa física ou jurídica sofrer violação ou houver justo receio de sofrê-la por parte de autoridade, seja de que categoria for e sejam quais forem as funções que exerça” (art. 1º, “caput”/Lei 12.016-09)

No que concerne ao tema recursos, é ele utilizado no caso de decisões irrecorríveis (ex. art. 527, parágrafo único/CPC).

Reclamação

A reclamação é o meio de que dispõe a parte para atacar ato administrativo ou decisão judicial que atente contra a competência ou autoridade das decisões do Supremo

Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça (art. 102, I, “l” ou art. 105, I, “f”, todos da CF/88).

Correição Parcial

Segundo Nelson Nery Júnior, "trata-se de medida administrativa ou disciplinar destinada

a levar ao conhecimento do tribunal superior a prática de ato processual pelo juiz, consistente em error in procedendo caracterizador de abuso ou inversão tumultuária do andamento do processo, quando para o caso não existir um recurso previsto na lei processual"

A correição parcial tem por pressupostos:

1) existência de um ato ou despacho, que contenha erro ou abuso, capaz de tumultuar a marcha normal do processo;

2) o dano ou a possibilidade de dano irreparável para a parte; 3) inexistência de recurso para sanar o error in procedendo.

* atualmente bastante mitigado, em razão da abrangência do recurso de agravo.

Questionário

1. Quais os pressupostos da correição parcial? Continua ela sendo aceita pelos tribunais?

2. Qual o prazo para entrar com a ação rescisória? Transcorrido este, qual a qualidade que adquire a decisão final?

3. Para que serve a reclamação perante o STJ e o STF?

Provas de Concursos

Prova Concurso Público Procuradoria Geral do Estado/PA Procurador do Estado – Janeiro/2009 (Questão 64)

Elaboração: Procuradoria Geral do Estado

4. Analise as proposições abaixo e assinale a alternativa CORRETA:

a) As reformas do Código de Processo Civil trataram das tutelas urgentes na ação rescisória, admitindo a suspensão da execução da decisão rescindenda tanto por medidas de natureza cautelar, quanto por antecipatórias de tutela;

b) A ação rescisória é o meio processual adequado para a desconstituição de sentenças de mérito, proferidas em demandas cujos pressupostos processuais de existência estavam ausentes, e sendo este seu objeto;

c) O tribunal, ao julgar a ação rescisória procedente, atendendo à cumulação legal de pedidos, deverá proferir o juízo “rescindens” e então encaminhar o processo ao Juízo originário para proferimento do juízo “recissorium”, conforme a sistemática prevista na legislação vigente;

d) A ação rescisória, em função de sua natureza, pode ser intentada pelo Ministério Público em qualquer das hipóteses de cabimento previstas pelo Código de Processo Civil.

Prova Concurso Público TCE/CE Procurador de Contas – Dezembro/2006 (Questão 77)

Elaboração: FCC

5. No que concerne ao Mandado de Segurança, é correto afirmar:

a) Quando o direito ameaçado ou violado couber a várias pessoas, qualquer uma delas poderá requerer o mandado de segurança;

b) Não se dará mandado de segurança, quando se tratar de ato disciplinar, ainda que praticado por autoridade incompetente;

c) A sentença que conceder o mandado fica sujeita ao duplo grau de jurisdição, não podendo, portanto, ser executada provisoriamente;

d) A decisão prolatada no mandado de segurança impedirá que o impetrante, por ação própria, pleiteie os seus direitos e os respectivos efeitos patrimoniais;

e) O direito de requerer mandado de segurança extinguir-se-á decorridos cento e oitenta dias contados da ciência, pelo interessado, do ato impugnado.

Prova Concurso Público TRT/RJ Analista judiciário – Área Judiciária – Dezembro/2004 (Questão 57)

Elaboração: TRT

6. Não tem legitimidade para propor a ação rescisória:

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