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Procedimento no juízo a quo

No documento Manual de Recursos.pdf (páginas 176-179)

Recursos em Espécie

5. Procedimento no juízo a quo

A apelação há de ser interposta mediante petição escrita dirigida ao juiz prolator da decisão no prazo de quinze dias (regra), a contar da intimação

contra-razões (p.ex. ocorrência de julgamento antecipado da lide, em cerceamento ao direito de defesa de uma das partes). (MEDINA, José Miguel Garcia, WAMBIER, Teresa Arruda Alvim. Recursos e ações autônomas de impugnação. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2008. p. 140)

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Art. 458/CPC – “São requisitos essenciais da sentença: I – o relatório, que conterá os nomes das partes, a suma do pedido e da resposta do réu, bem como o registro das principais ocorrências havidas no andamento do processo; II – os fundamentos, em que o juiz analisará as questões de fato e de direito; III – o dispositivo, em que o juiz resolverá as questões, que as partes Ihe submeterem.”

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“É nula a sentença que não declina os fundamentos e os parâmetros adotados na formação do convencimento e na fixação do quantum indenizatório. Clara inobservância do disposto nos arts. 165 e 458, II do CPC e no art. 93, IX, da CF. Preliminar acolhida. Apelo provido. Sentença desconstituída. Unânime.” (Tribunal de Justiça do RS, Apelação Cível Nº 70016311185, 9ª Câm. Cível, j. 08.11.2006 Relator: Iris Helena Medeiros Nogueira, , DJ 14.11.2006)

da sentença339 ou, se proferida em audiência, de sua leitura. No entanto, se o apelante for a Fazenda Pública ou o MP (art. 188/CPC), ou havendo litisconsortes com procuradores distintos (art. 191/CPC), o prazo será contado em dobro.

Uma vez interposta, o juiz realizará um juízo de admissibilidade sobre a apelação antes de remetê-la ao tribunal competente. É medida que tem por intuito barrar, já na origem, recursos que não sejam capazes de chegar ao juízo de mérito, poupando o tempo dos julgadores da instância superior para aqueles que efetivamente possam sê-lo, conforme visto no Cap. III, item 4 do

Tomo I deste Livro.

A rigor, o juiz prolator da sentença dispõe de autorização legal para realizar o juízo de admissibilidade e tão-só ele. Na hipótese excepcional do art. 518, §1º/CPC, também conhecido como “súmula impeditiva de recursos”, é-lhe conferida autorização também para proferir juízo de mérito sobre o recurso de apelação. Assim enuncia o dispositivo em comento:

Art. 518, §1º/CPC – “O juiz não receberá o recurso de apelação quando a sentença estiver em conformidade com súmula do Superior Tribunal de Justiça ou do Supremo Tribunal Federal.”

É inovação trazida pela Lei 11.276/06 que se reveste da mesma

ratio da autorização legal para o juízo de admissibilidade pelo juízo a quo: barrar

recursos, todavia, aqui, recursos que indiscutivelmente seriam capazes de adentrar o mérito, mas que trazem em seu bojo matéria sobre as quais já há entendimento sumulado dos Tribunais Superiores340.

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No caso do terceiro prejudicado (aquele que não interveio no processo, caso contrário seria também parte), já se decidiu que o dies a quo para a contagem do prazo recursal é o mesmo das partes. Vide: STJ, REsp 82.191/SP, 4ª T., j. 14.04.1997, rel. Min. Barros Monteiro, DJ 09.06.1997, p. 25.545.

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Por razões de ordem lógica, o §1º do Art. 518/CPC não se aplica em duas situações: a) se a apelação tiver por fundamento error in procedendo, pretendendo o apelante invalidar a decisão judicial, uma vez que o recorrente não está impugnando a solução que o juiz deu à controvérsia, mas sim que solucionou a causa de maneira viciada ou que esta última já se encontrava viciada; b) se o apelante discutir a incidência da súmula no caso concreto, uma vez que, neste caso, o recorrente não discute a tese jurídica sumulada, mas sim se o caso se subsume (encaixa) ou não na hipótese trazida pela súmula. (Cf. DIDIER JR., Fredie; CUNHA, Leonardo José Carneiro da. Curso

de direito processual civil: meios de impugnação às decisões judiciais. 5ª.ed. Salvador: JusPodivm, 2008. p. 128)

Assim como possuem mesma ratio, aplicam-se a eles as mesmas consequências: negado o seguimento pelo juízo a quo, cabível será

agravo de instrumento, que deverá ser interposto diretamente na instância superior (art. 522, “caput”/CPC341), não importando se o motivo fora juízo negativo

de admissibilidade ou juízo de mérito do recurso.

Por outro lado, havendo juízo positivo de admissibilidade, “o juiz,

declarando os efeitos em que a recebe, mandará dar vista ao apelado para responder” (art. 518, “caput”/CPC), se assim desejar, no prazo de 15 dias, em

atenção ao princípio da ampla defesa e contraditório e do princípio da isonomia

processual, respectivamente.

O apelado não tem o ônus (dever) de contra-arrazoar, podendo, se assim desejar, permanecer inerte sem que corra o risco de lhe ser imputada qualquer sanção. Nada mais racional, dado que já traz consigo título executivo judicial (sentença) dotado de certeza atestando a procedibilidade de sua pretensão. Entretanto, grande valia apresenta as contra-razões para o apelado, uma vez que nelas poderá “suscitar a existência de vícios da apelação,

provocando a manifestação do magistrado, a respeito (cf. §2º do art. 518 do CPC), bem como para realizar o prequestionamento342 de questões constitucionais e federais infraconstitucionais que deseja ver enfrentadas no acórdão que julgar a apelação.”343

Portanto, contra-arrazoada a apelação, o juiz poderá realizar um

novo juízo de admissibilidade recursal, no prazo de cinco dias, atentando aos

eventuais vícios suscitados pelo recorrido. Caso seja convencido, pelo recorrido, da ausência de um requisito, o juiz negará seguimento ao recurso, decisão essa

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Art. 522, “caput”/CPC – “Das decisões interlocutórias caberá agravo, no prazo de 10 (dez) dias, na forma retida, salvo quando se tratar de decisão suscetível de causar à parte lesão grave e de difícil reparação, bem como nos casos de inadmissão da apelação e nos relativos aos efeitos em que a apelação é recebida, quando será admitida a sua interposição por instrumento.” [grifou-se] 342

Conforme se verá nos capítulos relativos ao recurso extraordinário e ao recurso especial, para a admissibilidade destes dois recursos excepcionais, a questão haverá de ter sido prequestionada no juízo a quo (in casu, será o tribunal de segunda instância), isto é, deverá haver prévia manifestação sobre a questão constitucional ou infraconstitucional federal pelo juízo a quo, sob pena de não ser conhecido o recurso extraordinário ou especial, na devida ordem.

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MEDINA, José Miguel Garcia, WAMBIER, Teresa Arruda Alvim. Recursos e ações autônomas de impugnação. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2008. p. 138.

que poderá ser contrastada por agravo de instrumento. Outrossim, se mantiver seu posicionamento inicial quanto à presença de todos os requisitos de admissibilidade, ordenará a imediata remessa dos autos à instância superior.

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