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Regularidade formal

No documento Manual de Recursos.pdf (páginas 85-88)

Juízo de Admissibilidade e Juízo de Mérito 1 Considerações Iniciais 2 Distinções entre o juízo de admissibilidade e o

5. Requisitos de admissibilidade

5.5 Regularidade formal

Quando do exercício do direito de recorrer, o vencido tem de fazê-lo com a observância de seus requisitos formais, fixados na lei.

O recurso não é um ato de forma livre, que possa ser praticado pelo recorrente da forma que melhor entender. Tem ele de observar a forma inerente à cada espécie recursal. Há formalidades que valem para a generalidade dos recursos; outras, são específicas de cada qual.

Como já fora estudado no princípio da dialeticidade (Cap. II, item 7, retro), o recurso deve trazer em seu bojo as razões do inconformismo, sob pena de não ser atendido o requisito da regularidade formal. É exigência para toda e qualquer espécie recursal.

A prática do ato de interposição, salvo disposição legal em contrário164, há de ser feita por escrito.

Quanto àquelas específicas de cada recurso, cita-se, a título de exemplo, a exigência do art. 526/CPC165 em relação ao agravo de instrumento e a interposição do recurso cabível. – Tal conclusão não se altera pelo fato de tais publicações terem sido feitas em nome de outros advogados que igualmente tenham poderes para atuar no feito representando a parte. Agravo no recurso especial provido.” (STJ, 3ª T., AgRg no REsp 954.701/MS, rel. Min. Nancy Andrighi, j. 25.03.2008, DJ 11.04.2008, p. 1).

164

Exceções: a) agravo retido (Art. 523, §3º/CPC); b) embargos declaratórios nos Juizados Especiais (Art. 49/Lei 9099-95).

165

Art. 526/CPC – “O agravante, no prazo de 3 (três) dias, requererá juntada, aos autos do processo de cópia da petição do agravo de instrumento e do comprovante de sua interposição, assim como a relação dos documentos que instruíram o recurso. Parágrafo único. O não cumprimento do disposto neste artigo, desde que argüido e provado pelo agravado, importa inadmissibilidade do agravo.”

necessidade da demonstração de repercussão geral para a admissibilidade do recurso extraordinário (art. 543-A, “caput”/CPC166).

A não observância de qualquer das exigências legais, ao exercer o direito de recorrer, importará no não conhecimento do recurso.

5.6 Preparo

O preparo consiste no adiantamento das despesas judiciais para

o processamento do recurso, o que inclui o porte de remessa e retorno dos autos.

Em outras palavras: “por preparo se entende o pagamento prévio das despesas

relativas ao processamento do recurso, isto é, as custas do processamento do mesmo”167.

É ônus atribuído ao recorrente, cujo pagamento deve ser comprovado no ato de interposição do recurso, sob pena de deserção (art. 511/CPC)168.

O porte de remessa e retorno dos autos não se confunde com a

taxa judiciária169 (despesas judiciais). Representa ele os valores devidos pela

remessa dos autos ao juízo ad quem, para ser julgado, e o seu retorno à origem (juízo a quo)170. Em regra, esse serviço não é feito pelos Tribunais. Daí não ser incluso propriamente na taxa judiciária.

166

Art. 543-A, “caput”/CPC – “O Supremo Tribunal Federal, em decisão irrecorrível, não conhecerá do recurso extraordinário, quando a questão constitucional nele versada não oferecer repercussão geral, nos termos deste artigo.”

167

CHEIM JORGE, Flávio. Apelação cível – teoria geral e admissibilidade. 2.ed. São Paulo: RT, 2002. p. 196.

168

Art. 511/CPC – “No ato de interposição do recurso, o recorrente comprovará, quando exigido pela legislação pertinente, o respectivo preparo, inclusive porte de remessa e de retorno, sob pena de deserção. § 1o São dispensados de preparo os recursos interpostos pelo Ministério Público, pela União, pelos Estados e Municípios e respectivas autarquias, e pelos que gozam de isenção legal. § 2o A insuficiência no valor do preparo implicará deserção, se o recorrente, intimado, não vier a supri-lo no prazo de cinco dias.”

169

À guisa de exemplo, no Estado de São Paulo, a taxa judiciária e seus valores são regidos pela Lei Estadual 11.608, de 29 de dezembro de 2003.

170

Obviamente que, se o recurso for interposto diretamente no tribunal, como é o caso do agravo de instrumento, somente haverá o porte de retorno.

A ausência de preparo leva à deserção. “Recurso deserto é

recurso não preparado no tempo e modo devidos”171.

Por outro lado, se a parte recolheu quantia inferior àquela devida, não é caso de ser declarada a deserção de imediato. Primeiramente, em atenção ao que dispõe o art. 511, §2o/CPC, deve o recorrente ser intimado para que complemente o valor dentro do prazo de cinco dias. Se, transcorrido o prazo, o valor não houver sido complementado de forma integral, aí sim será tido por

deserto. Oportuna a observação que na Lei 9.099/95 (Juizados Especiais Cíveis),

o preparo deverá ocorrer em até 48 horas após a interposição do recurso, independentemente de intimação.172

Pode ocorrer, ainda, que o preparo não seja realizado por motivo justo. Nesse caso, se o juiz acolher a justificativa da parte, será fixado novo prazo para efetuá-lo (art. 519/CPC173).

Alguns entes públicos são isentos do ônus de realizar o preparo, quais sejam, aqueles constantes do art. 511, §1o/CPC, ao enunciar que “são

dispensados de preparo os recursos interpostos pelo Ministério Público, pela União, pelos Estados e Municípios e respectivas autarquias, e pelos que gozam de isenção legal”.

Por fim, a lei excepciona algumas hipóteses em que o próprio

recurso (e não o ente que o interpõe) é dispensado do preparo. São elas: a)

agravo retido (art. 522, parágrafo único/CPC); b) os embargos infringentes de alçada (art. 34/Lei 6830-80); c) o agravo de instrumento contra decisão que nega seguimento a recurso especial ou extraordinário (art. 544, §2o/CPC), os recursos

171

BUENO, Cassio Scarpinella. Curso sistematizado de direito processual civil. v.5.: recursos, processos e incidentes nos tribunais, sucedâneos recursais: técnicas de controle das decisões jurisdicionais. São Paulo: Saraiva, 2008. p. 65.

172

Art. 42/CPC – “O recurso será interposto no prazo de dez dias, contados da ciência da sentença, por petição escrita, da qual constarão as razões e o pedido do recorrente.§ 1º O preparo será feito, independentemente de intimação, nas quarenta e oito horas seguintes à interposição, sob pena de deserção.”

173

Art. 519/CPC – “Provando o apelante justo impedimento, o juiz relevará a pena de deserção, fixando-lhe prazo para efetuar o preparo”. Como vem sendo demonstrado no decorrer deste Livro, muitas das normas e institutos recursais encontram correspondência em outras relativas à fase inicial do conhecimento. O art. 519/CPC, acima, nada mais é que especificação daquela prevista no art. 183, § 2o/CPC, que enuncia que “verificada a justa causa o juiz permitirá à parte a prática do ato no prazo que Ihe assinar.”

no Estatuto da Criança e do Adolescente (art. 198, I/Lei 8069-90), o agravo interno (art. 557, §1o/CPC) e os embargos de declaração (art. 536/CPC)174.

No documento Manual de Recursos.pdf (páginas 85-88)