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Criado pelo Decreto-Lei n.º229/97, de 30 de Agosto.

1 1 Avaliação das escolas: enquadramento legal e normativo

21 Criado pelo Decreto-Lei n.º229/97, de 30 de Agosto.

19.º, ponto 1), compete:

“Apoiar, no respectivo enquadramento normativo da avaliação do ensino não superior, o processo de caracterização e avaliação global e continuada do sistema, coordenando as avaliações especializadas, a cargo dos órgãos e serviços centrais e regionais e das entidades aferidas no artigo 7.º, articulando a avaliação externa com a auto-avaliação das escolas e tratando de forma consolidada a análise e os resultados respectivos” (artigo 19.º, ponto 2, alínea f);

“Propor o aperfeiçoamento e o desenvolvimento das áreas de avaliação do sistema educativo, dos parâmetros de avaliação, das metodologias de avaliação, da interpretação integrada e contextualizada dos respectivos resultados e da identificação de termos de referência para melhores níveis de exigência e responsabilidade no desempenho das várias estruturas do sistema, bem como de boas práticas que se constituam como incentivo de processos de melhoria do funcionamento dessas estruturas e dos resultados do sistema educativo” (artigo 19.º, ponto 2, alínea g);

“Apoiar, em termos técnicos e logísticos, a estrutura orgânica do sistema de avaliação da educação e do ensino não superior” (artigo 19.º, ponto 2, alínea o).

Deste modo, ao GIASE, numa perspectiva meramente centralizadora, cabe a avaliação do sistema educativo, a coordenação das avaliações especializadas, a cargo dos serviços centrais e regionais, e a articulação da avaliação externa e a auto-avaliação das escolas.

Ao Gabinete de Gestão Financeira compete:

“Desenvolver e executar metodologias de avaliação financeira das orientações, acções e programas a cargo dos órgãos e serviços, relatando os resultados da análise das variáveis de interesse para a avaliação, global e sectorial, do sistema educativo” (artigo 20.º, ponto 2, alínea h).

Na sequência das competências que o Decreto-Lei n.º 208/2002, na área da avaliação das escolas, atribui aos diferentes organismos centrais do Ministério da Educação, como se constata pelo apresentado anteriormente, é aprovado, de acordo com a Lei n.º 31/2002, de 20 de Dezembro, o Sistema de Avaliação da Educação e do Ensino não Superior. Este diploma legal reflecte a importância que, no contexto das políticas educativas, é atribuída à avaliação institucional. Deste modo, a Lei n.º 31/2002, contrariamente ao que acontecia até à data, na medida em que a avaliação das escolas se encontrava em diferentes diplomas legais, constitui-se como o primeiro documento destinado exclusivamente à avaliação do ensino não superior. Este sistema de avaliação, de acordo com os artigos 1.º e 2.º da presente Lei, abrange a educação pré-escolar, os ensinos básico e secundário, incluindo as suas modalidades especiais de educação e a educação extra-escolar, e abarca os sistemas de educação e de ensino da rede pública, privada, cooperativa e solidária.

Por outro lado, como objectivos do sistema de avaliação, numa perspectiva em que se enfatiza a apologia da qualidade, da eficiência e da eficácia, destacamos, por entendermos que os mesmos reafirmam (uma vez que já era evidente no Decreto-Lei n.º 208/2002) o valor instrumental que a avaliação assume nos processos de regulação da escola aos níveis central e local, mas também ao nível social, os seguinte objectivos:

“Promover a melhoria da qualidade do sistema educativo, da sua organização e dos seus níveis de eficiência e eficácia, apoiar a formulação e o desenvolvimento das políticas de educação e formação e assegurar a disponibilidade de informação de gestão daquele sistema” (artigo 3.º alínea a);

No entanto, outros objectivos de avaliação, mencionados na Lei 31/2002, merecem a nossa atenção, sobretudo pela especificidade que os caracterizam, nomeadamente o recurso à auto-avaliação.

Assim, numa perspectiva em que os resultados do desempenho das escolas são direccionados não só para a administração como também para a sociedade em geral, o que revela a presença de perspectivas gerencialistas, segundo as quais as escolas respondem publicamente pelo serviço prestado, pode ler-se no texto que apresentamos:

“Dotar a administração educativa local, regional e nacional, e a sociedade em geral, de um quadro de informações sobre o funcionamento do sistema educativo, integrando e contextualizando a interpretação dos resultados da avaliação” (artigo 3.º, alínea b).

Ainda neste âmbito e numa lógica de mercado, o mesmo documento destaca a necessidade da avaliação:

“Assegurar o sucesso educativo, promovendo uma cultura de qualidade, exigência e responsabilidade nas escolas” (artigo 3.º, alínea c).

Continuando a analisar os objectivos da avaliação que a Lei enumera, destacamos, numa perspectiva que apela à participação dos diferentes actores educativos nos processos de avaliação, os seguintes objectivos:

“Sensibilizar os vários membros da comunidade educativa para a participação activa no processo educativo;

Valorizar o papel dos vários membros da comunidade educativa, em especial dos professores, dos alunos, dos pais e encarregados de educação, das autarquias locais e dos funcionários não docentes das escolas” (artigo 3.º, alíneas e e g).

Todavia, associado a esta perspectiva de envolvimento dos diferentes intervenientes no processo educativo está um mecanismo de regulação pelo mercado, que se justifica pela necessidade de “garantir a credibilidade do desempenho dos

estabelecimentos de ensino” (artigo 3.º alínea f). Neste processo de regulação, o papel dos pais na escolha da escola, tendo como critério a credibilidade da escola, ou seja, o resultado das aprendizagens apresentados pelas mesmas, assume uma importância preponderante. Esta lógica de livre escolha obriga as escolas a conduzirem a sua acção de forma a que os resultados que apresentam lhes assegurem uma boa imagem pública, garantindo-lhes, logicamente, a sua permanência no mercado educacional.

Desta forma, a Lei n.º 31/2002, de 20 de Dezembro, assume claramente a ideia de escola como organização. Neste enquadramento legal, a auto-avaliação (artigo 6.º) constitui-se como uma das modalidades de avaliação a desenvolver em paralelo com a avaliação externa (artigo 8.º), no sentido de “promover uma cultura de melhoria continuada da organização, do funcionamento e dos resultados do sistema educativo e dos projectos educativos” (artigo 3.º, alínea h), princípios que se baseiam nos pressupostos dos movimentos das escolas eficazes. Por outro lado, num documento que alude claramente à autonomia, compreende-se a importância atribuída à auto-avaliação, na medida em que é a modalidade que melhor serve a escola como organização autónoma. Porém, o carácter de obrigatoriedade que a mesma assume (artigo 6.º) traduz de forma clara o papel do Estado Avaliador e uma perspectiva de autonomia decretada que conduzem à coexistência das modalidades de avaliação interna e externa, permitindo ao Estado alimentar a ideia de autonomia e, paradoxalmente, recentralizar o modo de actuação, como se torna evidente na necessidade de certificar o processo de auto-avaliação (artigos 7.º e 8.º, ponto 3, alínea b), ainda que os resultados da avaliação se devam repercutir: no modo como a escola organiza o seu funcionamento e, consequentemente, no projecto educativo da escola; no plano de desenvolvimento a médio e longo prazos; no programa de actividades; na interacção com a comunidade educativa; nos programas de formação; na organização das actividades lectivas e na gestão dos recursos (artigo 15.º).

É nesta dinâmica normativa e legal da evolução da avaliação do sistema educativo para a avaliação da escola enquanto unidade organizacional co-responsável pela sua avaliação que, no ponto seguinte, abordamos as funções da Inspecção-Geral da Educação.

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