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A opção pela última versão publicada do documento prende-se com o facto de ser esta a versão que sustentou o PAIE no momento do nosso estudo, ainda que a estrutura de base não tenha sido alterada, como se verifica pelo afirmado: “este

2 1 Programas de avaliação das escolas promovidos pelo Ministério da Educação

49 A opção pela última versão publicada do documento prende-se com o facto de ser esta a versão que sustentou o PAIE no momento do nosso estudo, ainda que a estrutura de base não tenha sido alterada, como se verifica pelo afirmado: “este

Programa […] é sustentado por um conjunto de documentos instrumentais, que, depois de aplicados durante dois anos consecutivos, foram revistos no sentido de, sem alterar a sua estrutura, lhes dar maior operacionalidade” (IGE, 2002b, p. 5).

as como áreas-chave de autonomia das escolas e da responsabilidade do Estado.

-Princípio da intervenção selectiva – parte de uma concepção de escola

enquanto organização complexa e unidade socialmente construída; neste sentido, a escola caracteriza-se por uma diversidade de realidades que só um olhar multidisciplinar e plurifocalizado poderá proporcionar uma abordagem mais completa e abrangente que, através de uma equipa multidisciplinar, convoca as vertentes social, política, pedagógica e cultural para aceder de modo holístico ao conhecimento da escola; são estes os motivos que conferem à avaliação o estatuto de integrada.

-Princípio da finalidade intencional – a atenção avaliativa baseada na recolha de informação centra-se nos aspectos que considera relevantes para a melhoria do serviço educativo, considerando-se não ser necessário saber tudo sobre a escola, pois nem todos os aspectos são importantes para a avaliação.

-Princípio da convergência de interesses – valoriza-se o plano da intervenção

em aspectos considerados menos fortes e propõe-se a articulação das modalidades de avaliação externa com as de avaliação interna das escolas e com os seus projectos de reestruturação (cf. IGE, 2002b, pp. 10-12).

No domínio das metodologias, a IGE, com a Avaliação Integrada, procura pôr fim a uma análise dicotómica da realidade escolar em que a intervenção inspectiva se centra na área administrativa e financeira e na área pedagógica. O PAIE, de acordo com o princípio da intervenção estratégica, propõe uma avaliação em três áreas e o fim da análise compartimentada da organização escolar (cf. IGE, 2002b. pp.12-14).

Relativamente aos objectivos propostos, a IGE (2002b, pp. 14-15), através dos objectivos delineados (quadro 5), procura “[…] contribuir para o aperfeiçoamento da educação escolar e prestar contas do esforço realizado e dos seus efeitos em termos de mais valia ou de valor acrescentado” ( IGE, 2002b, pp. 15).

No quadro 5, procuramos sintetizar o que, em termos formais, caracteriza o plano da apresentação.

Quadro 5 – O PAIE: princípios orientadores, metodologias de intervenção e objectivos do programa Princípios orientadores da intervenção

Intervenção selectiva Intervenção estratégica Intervenção integrada Finalidade intencional Convergência de interesses Metodologias de intervenção Objectivos da avaliação · Privilegia, apenas, modalidades de intervenção cujos efeitos contribuam para melhorar a prestação do serviço educativo e as aprendizagens dos alunos · Intervenções que, pelas suas características de avaliação externa, conduzem à identificação de pontos fortes e fracos do funcionamento do das escolas · Definição de duas áreas-chave - da autonomia das escolas - da responsabi- lidade do Estado · Dimensões da avaliação - avaliação de resultados - organização e gestão escolar - educação, ensino e aprendizagens - clima e ambiente educativos · Conduzida por um equipa de especialistas e não por pessoas isoladas · Recolher informações relevantes no quadro de uma estratégia de apoio à melhoria progressiva do serviço educativo · Definição de um plano de acção interno direccionado para a intervenção nos aspectos considerados menos fortes · A avaliação integrada ganha valor de dinâmica pedagógica se se articular com a avaliação interna das escolas e com os seus projectos de reestruturação

· Abrange as áreas da administração e da gestão e a área pedagógica

· Abrange a educação básica numa

perspectiva integrada, atendendo à especificidade de cada ciclo, quer no ensino regular, quer no ensino recorrente

· É efectuada por equipas de

inspectores, de diferentes áreas de formação e com diferente composição, conforme a dimensão e os níveis ministrados em cada escola ou agrupamento de escolas

· valorizar as aprendizagens e a

qualidade da experiência escolar dos alunos

· devolver informação de regulação às

escolas, identificando os pontos fortes e fracos do seu funcionamento e contribuindo para a manutenção dos níveis de qualidade já alcançados ou para o seu aperfeiçoamento

· induzir processos de auto-avaliação

como a melhor estratégia para garantir a qualidade educativa, consolidar a autonomia das escolas e

responsabilizar os seus actores

· criar níveis mais elevados de

exigência no desempenho global de cada escola

· desempenhar uma das funções de

regulação do funcionamento do sistema educativo escolar, que compete ao Estado, no contexto da crescente autonomia das escolas e da descentralização do sistema

· disponibilizar informação e

caracterizar o desempenho do sistema escolar através de um relatório nacional, no qual, ao mesmo tempo que se dá conta do estado da educação, se identificam as

disfunções e os constrangimentos, em relação a uma política de autonomia e de desregulamentação

2.1.2.2. Plano de conceptualização

Tendo em atenção o que anteriormente mencionámos em relação aos princípios orientadores do PAIE, às metodologias a adoptar e aos objectivos a atingir, retomamos a abordagem da avaliação integrada com base na matriz conceptual definida pela IGE (figura 2), “na qual se representam as grandes dimensões em análise e os campos de observação que as operacionalizam” (IGE, 2002b, p.19). É neste contexto que se percebe a importância atribuída à avaliação das aprendizagens dos alunos, como se depreende do que a seguir transcrevemos:

“ […] as preocupações com os direitos dos alunos a uma educação de qualidade, isto é, a uma educação que permita desenvolver, tanto quanto possível, o seu potencial enquanto pessoas, enquanto cidadãos e enquanto membros de uma sociedade da cultura e do trabalho, fazem com que as questões do sucesso escolar e das aprendizagens dos alunos sejam centrais no trabalho a desenvolver.

[…] ao avaliar a educação prestada pelas escolas, a IGE toma como questão central, simultaneamente, o sucesso dos alunos e as condições que são criadas para tornar o sucesso possível para todos”(IGE, 2002b, pp. 18-19).

Matriz conceptual das avaliações integradas

fig. 2 Fonte: IGE (2002b, p. 20)

Compreende-se, assim, uma relação de dependência entre os resultados escolares e as restantes dimensões em análise. É esta relação de dependência que confere o

Avaliação de resultados · Competências essenciais · Taxa de sucesso · Qualidade do sucesso · Valor acrescentado · Fluxos escolares Organização e gestão · Órgãos de administração e gestão · Estruturas de orientação educativa · Serviços administrativos · Recursos financeiros · Apoios sócio-educativos · Equipamentos pedagógicos · Planeamento da acção educativa · Organização pedagógica · Actividades de enriquecimento curricular

Clima e ambiente educativo · Integração escolar · Informação e comunicação · Interacção com o meio · Dinâmica de escola

Educação, ensino e aprendizagem · Projectos Curriculares · Trabalho em sala de aula · Recursos de aprendizagem · Avaliação das aprendizagens

· Dispositivos de apoio educativo

Enquadramento socioeconómico

· Índice de desenvolvimento social (IDS)

· Nível de carência económica da população escolar

carácter contextualizado à avaliação integrada.

A implementação da dinâmica de avaliação, representada na fig.1 (p.112) e protagonizada pelos diferentes intervenientes no processo (equipas inspectivas e escolas), foi acompanhada, em cada uma das áreas, por um roteiro elaborado especificamente para o efeito, como fica claro no texto que se segue:

“Considerando a especificidade dos objectivos e cultura pedagógica de cada nível de ensino ou de cada ciclo de escolaridade, desenvolveu-se um Roteiro por cada nível de ensino, mantendo a mesma estrutura interna” (IGE, 2002b, p. 20)50.

Assim, depois de autonomizado o Roteiro relativo à Organização e Gestão51:

“ […] cada Roteiro referente a um nível ou ciclo de ensino é composto pelos seguintes módulos, que correspondem a três restantes dimensões nucleares do modelo conceptual da avaliação integrada: i) resultado das aprendizagens; ii) educação, ensino e aprendizagem; iii) clima e ambiente educativos” (IGE, 2002b, p. 21).

Paralelamente, para facilitar a leitura de cada módulo e a compreensão da forma como se desenvolveu o processo avaliativo nas quatro dimensões referidas na matriz conceptual (fig.2), foram identificadas, de acordo com a matriz organizativa de cada roteiro, as respectivas áreas-chave, os campos de observação e os indicadores de

desempenho52.

Assim, com base no exposto, no quadro 6, apresentamos agora cada uma das dimensões.

50 Neste sentido, na sequência do documento “Apresentação e Procedimentos”, foram produzidos os seguintes roteiros: “ i) roteiro

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