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A crise económnica e financeira internacional veio a debilitar os esforços, de per si, frágeis, em regra, dos governos dos Estados-membros da CPLP na concepção e implementação de políticas agrícolas de produção de alimentos para os seus povos.

Débeis ficaram, ainda mais, os PALOP, cujas economias dependem, em grande medida, de doações de países estrangeiros, que se vêm, igualmente, flagelados por esta grande e grave crise económica e financeira à escala munidial.

A solução deste problema, e enquanto a crise durar, urge adoptar medidas de racionalização máxima dos recursos, tanto financeiros, como materiais e ainda humanos, bem como estreitar cooperação económica multifacetada com os países por ela menos afectados, como o Brasil, a China, a Índia, entre outros.

Finalmente, no que tange à problemática da Segurança Alimentar no Espaço da CPLP, à semelhança doutros setores estratégicos da Comunidade, o papel de Portugal na liderança da CPLP está patente, pelo menos a avaliar pelas intenções manifestadas por este país no IV Simpósio de Segurança Alimentar e Nutricional e Desenvolvimento Sustentável (SANDS), realizado a 13 de Novembro de 2013, na Cidade da Praia, Cabo Verde: “No Simpósio Portugal defendeu a elaboração de estratégias nutricionais e de segurança alimentar conjuntas nos países lusófonos, manifestando disponibilidade para apoiar os esforços comuns da CPLP no combate à fome e à escassez de alimentos”, conforme reportou o jornal “Notícias”, de Moçambique, pág.48, de 15 de Novembro de 2013.

Para fechar a análise do problema da fome no espaço da CPLP, não sendo um problema isolado que só afeta a esta Comunidade senão ao mundo inteiro, dada a sua importância na consciencialização de todos os Estados, instituições e povos à escala mundial, vejamos, de seguida, as citações de alguns apelos do Papa Francisco, feitos na segunda-feira, dia 9 de dezembro de 2013, num vídeo gravado para uma campanha da organização católica, Caritas Internacional, visando combater a fome no mundo inteiro: “Convido todas as instituições, a Igreja e a cada um de nós, como uma única família humana, a fazermos ouvir o grito das pessoas que sofrem de fome em silêncio, para que este eco se torne um grito capaz de sacudir o mundo”. E expressou o seu “apoio absoluto” à campanha de 164 organizações que compõem a Caritas, presente em 200 países, defendendo, a dado passo, que é “o direito dado a todos por Deus para ter acesso a uma alimentação adequada”.

Como se pode depreender do apelo dado pelo Papa, é preocupação de toda a humanidade, em particular dos dirigentes de todas as instituições, tanto governamentais como religiosas e doutra natureza, em combater este flagelo, que é da fome que afeta, nos nossos dias, um grande número de pessoas em todo o nosso planeta.

Paradoxalmente, numas situações as pessoas morrem de fome ou por falta de alimentos, resultante de políticas inadequadas de planos agrícolas que garantam uma segurança alimentar e nutricional da maioria dos países em vias de desenvolvimento, que se associa à falta de conhecimentos adequados e domínio das técnicas e tecnologias agrárias, ou, por outro, resultante da infertilidade dos solos ou, ainda, da insuficiência de terra para a prática necessária de agricultura em certos países. Noutras situações, porém, havendo alimentos, eles apodrecem nos armazéns, às vezes, devido à falta de condições de armazenamento, ou de vontade ou por egoismo dos seus proprietários para doá-los a quem tanto deles necessita, com um infundado receio de perder o retorno do capital investido.

Diga-se, sem rodeios, que no mundo contemporâneo em que vivemos hoje, a humanidade, em larga medida, perdeu a tradicional noção de solidariedade, de ajuda e de amor ao próximo, tudo por apegar-se ao dinheiro, aos bens materiais, sem o mínimo de sentimento de piedade pelo sofrimento do seu semelhante.

No mesmo sentido do que atrás ficou sublinhado, num outro trecho, considerando a gravidade do problema em apreço, o Papa Francisco lançou severas críticas ao mundo, ao afirmar que:

“escândalo mundial é ter cerca de um bilião de pessoas que passam fome, problema para o qual não podemos virar as costas e fazer de conta que não existe”. E que “Os alimentos disponíveis no mundo são suficientes para todos”, mas que, no entanto, “o que às vezes se traduz em desperdício de alimentos e na má utilização de recursos”. Acresce àquelas críticas do Sumo Pontífice, às feitas pela FAO, organização da ONU para a Alimentação e Agricultura, quando advertiu que:

“um terço da produção mundial de alimentos se perde devido a problemas relacionados com o armazenamento”.

Sobre estas duas críticas, do Papa e da FAO, quanto à primeira, nota de realce ressalta que dos cerca de um bilião de pessoas que passam fome no mundo, 28 milhões fazem parte da CPLP, cifra que não é pouca, o que constitui uma chamada de atenção aos chefes de Estado e de Governos de todo o mundo e, no caso particular, dos países membros desta nossa Comunidade, no sentido de redobrarem esforços na elaboração de políticas agro-pecuárias dinâmicas, realistas e pragmáticas, viradas ao combate à forme, quer nos seus respetivos países, quer num plano estratégico comum no espaço da CPLP, por forma a começarem a produzir comida para as populações carentes, o mais rápido possível.

Portanto, a fome é uma realidade visível, a olho nú, que não deve ser ignorada por ninguém em todo o nosso planeta Terra. Nos países industrializados produzem-se milhões e milhões de toneladas de alimentos, até em excesso. Restos são deitados nos contentores de lixo, quando biliões de pessoas no mundo morrem de fome por faltarem- lhes esses alimentos. Muitos recursos utilizados no processo de confecção desses alimentos não são devidamente racionalizados, quando, se o fossem, podiam ser destinados para outros fins proveitosos para a humanidade. Com estes reparos, procurou-se responder à segunda crítica lançada pela FAO.

Em síntese, é responsabilidade de todos os países do mundo inteiro, em particular dos países industrializados, por um lado, em apoiarem os países carentes de alimentos, e, por outro, apoiarem na formação de quadros médios e superiores com capacidade de saber fazer, os sectores prioritariamente agro-pecuária e indústria alimentar, bem assim, estradas e pontes para o escoamento desses alimentos aos seus destinatários.

1.4. A XVI Reunião Ordinária do Conselho de Ministros da CPLP, Luanda (2011) A XVI Reunião Ordinária do Conselho de Ministros da CPLP, que teve lugar a 22 de julho de 2011, em Luanda, e presidida pelo Ministro das Relações Exteriores de Angola, Dr. Georges Chikoti, contando com a participação dos Ministros dos Negócios Estrangeiros e das Relações Exteriores da República Federativa do Brasil, da República de Cabo Verde, da República da Guiné-Bissau, da República de Moçambique, da República Portuguesa, da República Democrática de São Tomé e Príncipe, do Vice- Ministro dos Negócios Estrangeiros da República Democrática de Timor-Leste e do Secretário Executivo da CPLP, aprovou os seguintes documentos: a Resolução sobre a Revisão dos Estatutos da CPLP; a Resolução sobre a Revisão do Regulamento do

Fundo Especial da CPLP; a Resolução sobre a Implementação do Roteiro CEDEAO- CPLP para a Reforma do Setor da Defesa e Segurança da República da Guiné-Bissau; a Resolução sobre o Regulamento do Prémio José Aparecido de Oliveira; a Resolução sobre a Concessão da Categoria de Observador Consultivo da CPLP; a Resolução sobre Direitos Humanos das Pessoas com Deficiências; a Resolução sobre a Estratégia Regional de Segurança Alimentar e Nutricional da CPLP; a Resolução sobre a Realização do I Fórum da Sociedade Civil da CPLP; a Resolução sobre o Reforço da Cooperação Económica e Empresarial na CPLP; a Resolução sobre o Orçamento de Funcionamento do Secretariado Executivo para o Exercício de 2011; a Resolução sobre o Orçamento de Funcionamento do IILP para o Exercício de 2011; a Resolução sobre o Relatório da Auditoria Conjunta às Demonstrações Financeiras da CPLP no ano de 2010; a Declaração sobre as Eleições Presidenciais em São Tomé e Príncipe; a Homenagem ao Presidente Itamar Augusto Cauteiro Franco; o Relatório de Balanço da Presidência Angolana ao Conselho de Ministros da CPLP; o Relatório do Coordenador do Comité de Concertação Permanente; a Nota do Coordenador da Reunião de Pontos Focais ao 145º Comité de Concertação Permanente; o Relatório do Secretário Executivo ao Conselho de Ministros; o Relatório da Direção Executiva do IILP; o Relatório sobre o Processo de Adesão da Guiné Equatorial à CPLP 82.

Como se pode depreender pelo volume de atividades atrás apontado que a CPLP vem realizando é, no seu conjunto, extenso, e, grosso modo, leva a alimentar esperanças dum futuro promissor desta Comunidade, se esta dinâmica assim continuar, pese embora reste ainda longo caminho por percorrer para conduzi-la à verdadeira afirmação no plano internacional. Não é projeto impossível, antes pelo contrário, é efetivamente possível como exequível mas, para tanto, exige esforços concertados, quer coletivos, quer por cada um dos Estados-membros na prossecução dos objetivos e princípios estabelecidos nos Estatutos desta grande Comunidade linguística e cultural intercontinental, cujo crescimento económico e desenvolvimento económico e social sustentado, são a condição essencial para o efeito, desde que haja vontade política dos governos dos Estados-membros na sua globalidade para a sua concretização.