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1. As relações bilaterais de cooperação entre Portugal e os sete Estados-membros da

1.2. Na área das atividades económica, diplomática e social

1.2.3. Relações diplomáticas

As relações diplomáticas entre os dois países foram restabelecidas nos finais de setembro de 1975. Em janeiro de 1976, Portugal abriu um Consulado Geral em Luanda. Em março de 1977 o Embaixador português em Angola, João Sá Coutinho, apresentou as suas cartas credenciais ao então Presidente de Angola, António Agostinho Neto. Em 1978, é aberta a Embaixada de Angola em Lisboa, sendo nomeado para Embaixador, Adriano Sebastião, que entrega as suas cartas credenciais a 16 de junho, ao então Presidente de Portugal, General António Ramalho Eanes.

A partir dessa data para cá, são assinados vários acordos de cooperação na área económica que foram ora progredindo, ora regredindo, por razões avultadamente de guerra, para este último caso, que assolava a Angola.

Actualmente, as relações diplomáticas entre os dois países têm sido aprofundadas e consolidadas em linha progressivamente ascendente.

1.2.3.1. Evolução atual das Relações diplomáticas

Contrariamente ao tradicional cenário de habituais boas relações diplomáticas entre Portugal e Angola que a CPLP e a comunidade internacional conheceram no pós-guerra angolana, elas, no entanto, começaram a declinar-se a partir dos meados de outubro de 2013.

Segundo o jornal moçambicano “Notícias”٭, no dia 15 de outubro de 2013, em Luanda (capital angolana), num discurso sobre o estado da nação, pronunciado na Assembleia Nacional de Angola, o Presidente angolano, José Eduardo dos Santos, anunciou a suspensão da construção da parceria estratégica com Portugal, apontando “incompreensões ao nível da cúpula e o clima político atual, reinante nessa relação, não aconselha à construção da parceria estratégica antes anunciada”.

Mais tarde, reafirmando a posição do Presidente da República, o Ministro dos Negócios Estrangeiros de Angola, Georges Chicoty, afirmou que “Angola deixou de considerar prioritária a cooperação com Portugal”, e acrescentou que “tem que haver por parte de Portugal algum respeito por entidades angolanas e talvez conseguir gerir bem esta relação, que não tem sido realmente a prática”, “E isso também afeta a elaboração de uma parceria estratégica porque, por parceria estratégica, queremos fazer muito mais do que aquela que temos e o clima político não permite justamente a elaboração (de parceria estratégica) como essa”.

Tudo começou quando, em setembro do ano de 2013, o Ministério Público português ordenou investigações a empresários angolanos que investem em Portugal.

Sobre o assunto em análise, e de acordo com o atrás citado jornal “Notícias”, nos meados de setembro deste ano, o Ministro dos Negócios Estrangeiros português, Rui Machete, pediu desculpas a Luanda pelas investigações levadas a termo pelo Ministério Público português a empresários angolanos, salientando que “as investigações não eram mais do que burocracias e formulários referentes a negócios de figuras do governo angolano em Portugal”.

Por outro lado, em conformidade com o já citado jornal “Notícias”, reagindo às declarações do Ministro angolano dos Negócios Estrangeiros, Georges Chicoty, o Ministro português na Presdidência, Luís Marques Guedes, disse que “Lisboa dá prioridade à resolução de “todas as perturdações que possam existir” na relação entre Portugal e Angola, mais “ a intenção do governo português é a intenção natural de não só manter como aprofundar permanentemente essas relações no âmbito da Comunidade

de Países de Língua Portuguesa, quer com Angola, quer com os restantes países de língua oficial portuguesa”.

Na verdade, Angola é o primeiro país dos PALOP que Portugal privilegia as suas relações diplomáticas, políticas e económicas e, como tal, a resolução do actual clima de tensão entre os dois países configura uma das prioridades na agenda político- diplomática lusa.

A esse propósito, o Vice-Primeiro Ministro, Paulo Portas, aquando da sua participação no Forum Macau, a 3 de novembro de 2013, afirmou categoricamente que “a relação com Angola é insubstituível”, conforme salientou o Jornal moçambicano “Notícias”, de que se vem fazendo menção, citando a Agência Lusa٭.

Portanto, como se pode depreender, o papel de Portugal no seio da CPLP, particularmente no que toca as relações diplomáticas bilaterais com Angola, Portugal não tem mãos a medir, não poupará esforços, nem descansará antes de ver resolvido o atual diferendo que opõe este país com Angola.

Tal posição estratégica da diplomacia portuguesa para com Angola é sobejamente compreensiva porquanto, como é do domínio público, este país é rico em petróleo e diamante, dois recursos naturais que, à partida, são de interesse vital para a economia portuguesa e, à chegada, é que nos últimos anos Angola tem investido no mercado português, com peso especial para a banca, petróleo e, de algum modo, no setor comercial.

Todo este cenário, que vinha sendo favorável a Portugal nesta época em que o mundo continua a ressentir-se dos efeitos da crise económica e financeira internacional, incluindo na lista este mesmo país, é de crer que os seus redobrados esforços tendentes a encontrar uma solução político-diplomática o mais urgente possível produzirá o seu efeito positivo desejado.

1.2.3.2. Considerações e recomendações em torno do problema

Sobre o problema atrás exposto, tomando em consideração que Angola e Portugal são ambos Estados-membros da CPLP, uma Comunidade de língua e cultura comum que precisa inadiavelmente de se afirmar coesa no plano internacional, resolvendo sabiamente os seus diferendos; tendo em atenção que desde que Portugal serviu de mediador do processo de paz angolano, criando os alicerces para o fim da guerra que opunha o MPLA, patrtido no poder, e a UNITA, movimento guerrilheiro da oposição de Jonas Savimbi, as relações entre os dois países foram consideradas boas, quer no âmbito diplomático, quer no domínio da cooperação em diferentes esferas da atividade económica e social, técnica e tecnológica até ao recente esfriamento;

Tendo em conta que as relações político-diplomáticas entre Estados, mesmo as tradicionalmente consideradas excelentes e estáveis, existem momentos em que experimentam um esfriamento por motivos diversos mas que, com vontade de parte a parte, procuram sempre soluções tendentes ao retorno à normalidade; em prol da salvaguarda da sã continuidade e consolidação da CPLP ao nível interno e na arena internacional; baseando-se nos laços históricos que unem os dois países e povos, e considerando que não há problema sem solução mas, no caso, importa a vontade política de ambas as partes; tomando em consideração que só uma solução diplomática baseada na crítica e autocrítica construtivas, na comprensão, na tolerência mútuas interessa a ambas as partes para o prosseguimento das relações de cooperação reciprocamente vantajosa, tanto no âmbito bilateral como no âmbito multilateral dentro da CPLP; tendo em conta que perdoar não é sinónimo de fraqueza senão de sabedoria; tendo em atençaõ que uma solução que conduza ao rápido restabelecimento das boas

relações até então existentes entre os dois Estados-membros da CPLP traz prestígio a esta Comunidade e une histórica e inquebrantavelmente os seus Estados e povos, grangeando respeito e prestígio no plano internacional; é recomendável que as partes reconsiderem as suas posições que originaram o esfriamento das suas relações político- diplomáticas, não considerem fraqueza as cedências mútuas que forem necessárias com vista a retornar, o mais rápido possível, à normalidade das relações político- diplomáticas que os caracterizou nestas últimas décadas.

1.2.4. Relações no âmbito da Educação e materialização de projetos de promoção e